30 junho, 2008

Estupidez

Na sua senda de anormalidades e estupidezes, próprias de quem não tem nada na cabeça, o parvalhão francês que preside à UEFA voltou à carga com a sua habitual imbecilidade.

Então não é que este burro francês veio dizer que a inclusão do FC Porto na Liga dos Campeões não lhe satisfazia. De facto, desde que vi um porco (não, não é o Michel) a andar de bicicleta, que acredito em tudo: Um presidente de uma instituição que organiza uma competição, a emitir um juízo de valor (sim, é de valor, não de facto) sobre uma das equipas que vai participar nessa mesma competição é, no mínimo, revelador que a inteligência não é o forte desse anormal. Que elementos é que esse idiota tem para acusar o FC Porto do que quer que seja? Ah, pois, vamos a alguns dos possíveis:

- Um processo judicial que decorre nos tribunais civis à 4 anos e que ainda não conseguiu provar nada;
- Duas acusações em dois jogos que o FC Porto nada tinha a ganhar nem a perder, frente a equipas do fundo da tabela, e que constituem os únicos jogos em que recai a suspeita de “tentativa de eventualmente corromper o árbitro”; ou
- Uma acusação baseada em coisas tão estúpidas, quanto alguns clubes que querem chegar a certas competições via secretaria.

Bem, acho que já chega de falar em excremento, apenas quero partilhar convosco um pequeno receio que começo a ter: à semelhança do que já aconteceu noutras alturas, temo bem que o FC Porto seja muito prejudicado pelas arbitragens na próxima edição da Liga dos Campeões. Basta olhar para o que aconteceu neste Europeu para se perceber que as arbitragens na Europa não são melhores que em Portugal. Com isto é que o francês se deveria preocupar, mas não, está é preocupado com o FC Porto e a sua participação na Liga dos Campeões!! É caso para se dizer, se a estupidez pagasse imposto, este francês estava desgraçado…

O FC Porto venceu, muito naturalmente, a 7ª edição consecutiva do campeonato nacional de Hóquei em Patins. Uma série histórica que destaca o trabalho realizado por Franklim Pais e pelos seus pupilos, bem como todos os dirigentes responsáveis por esta secção. Sem esquecer, claro, o trabalho desenvolvido pelo MELHOR presidente de todos os tempos de um clube de futebol: Jorge Nuno Pinto da Costa. Sem dúvida, o grande impulsionador da força que o FC Porto demonstra década após década.

Terminou ontem o Euro-2008. Comparativamente ao que tinha acontecido há quatro anos atrás em Portugal, a qualidade futebolística melhorou consideravelmente, e o vencedor foi uma selecção que jogou para ganhar, não apenas no erro do adversário, ganhou por isso o futebol positivo. Do que vi desta competição, uma das selecções que mais me impressionou foi a Rússia: excelentes jogadores, boa organização, óptimo treinador e disponibilidade física impressionante. A este propósito, uma reflexão ocorreu-me: ao longo dos anos o FC Porto tem apostado fortemente nos mercados brasileiro e argentino, essencialmente devido a razões financeiras. Nuns casos (Lisandro, Lucho, Anderson, etc) com sucesso, noutros nem por isso. Que tal pensar noutros mercados, tipo, por exemplo, o russo? Até porque umas das últimas apostas nesse mercado, foi Alenitchev, que tantas alegrias nos deu, não se lembram?

29 junho, 2008

Nobre Mitologia !

Quem não se lembra ?

Quem não se lembra daquela entrada assassina, por trás, de Eusébio contra Rodolfo? Foi na época 1971-72. Eu estava nas bancadas. Um dos últimos jogos que vi nas Antas.

A partida estava equilibrada. Rodolfo, defesa do Porto, estava a marcar, primorosamente, Eusébio não lhe dando qualquer espaço. Foi, então, que surgiu aquele lance. Rodolfo saiu do campo de maca, tendo que ser substituído.

Eu tinha uma certa consideração por Eusébio. Mas, desde esse dia, ela baixou muito. E à minha volta ouvia dizer: “Ele já não é o que era ! Agora só consegue assim !“.

Esta lembrança remeteu-me para uma época em que o futebol era diferente. A sua concepção nada tinha haver com a actual. Raras eram as imagens transmitidas ou difundidas.

Era preciso ir ao estádio para ver futebol. E no estádio só podíamos captar fragmentos. O resto era, unicamente, acessível pelos jornais e pelos comentários radiofónicos. Ou, então, em roda de animadas trocas de opiniões. Hoje, para trocarmos opinões, estamos, em grande parte, dependentes dum “bem querer” tecnológico que está sempre a avariar. Era um sistema que obrigava a ler e, igualmente, a ter capacidade de escuta.

Para descobrir os jogadores, era preciso fazer colecção de cromos. Este sistema tinha o mérito de ensinar, nos pátios de recreio, os rudimentos da sociedade de mercado. Podes trocar quantos quiseres, mas quem mete no bolso é sempre o Boss (o fabricante de cromos e da respectiva caderneta)!

Era um sistema muito mais satisfatório no campo artístico. Hoje só nos queda a imagem. O desenho, a pintura..., essas belas disciplinas, praticamente, desapareceram. Quem não se lembra das colecções de carteiras de fósforos com as caricaturas dos jogadores? E que não me digam que as imagens, em grande plano, que mostram saliva, baba, mucosidades e etc e tal são estéticas! Pergunto-me, por vezes, se alguns operadores, câmera em mão, não são pagos pela concorrência.

Nobre Mitologia?

Terei imaginado? Terei mal interpretado? Terá a minha memória falhado?

Quem se lembra do Porto-Benfica da época 1971-72?

E Viva o Porto !

28 junho, 2008

É triste...

Contentamento descontente...

Há quem diga que a verdadeira felicidade só se atinge à custa de alguma ignorância, mas talvez o inverso também seja verdade. Pelo menos a julgar pelas palavras de Michel Platini, em entrevista ao diário espanhol Mundo Deportivo, na qual o presidente da UEFA confessava não estar nada contente com a inclusão do FC Porto na Liga dos Campeões. E afinal porque está tão infeliz o ex-internacional francês? Porque, diz ele, nenhum clube que tenha sido sancionado pela sua Federação ou pela UEFA por corrupção pode participar numa competição europeia. Ora aí está. Michel Platini ignora que o FC Porto não foi sancionado pela Federação Portuguesa de Futebol. E ignorando isso, ignora que esse foi precisamente um dos argumentos para o Comité de Apelo anular a primeira decisão da Comissão de Controlo e Disciplina da UEFA, permitindo assim a participação do FC Porto na Liga dos Campeões. De resto, também parece ignorar que a Juventus - onde, apenas por coincidência, jogou durante a sua longa carreira de futebolista - foi, ela sim, sancionada pela respectiva Federação, tendo, no entanto, escapado à justiça da UEFA. Aliás, Michel Platini ignora tanta coisa e de forma tão veemente que, se a felicidade dependesse da ignorância, o presidente da UEFA deveria ser tão genuinamente feliz como o proverbial idiota da aldeia em dia de romaria. Mas não é. E isso é triste.

Jorge Maia
# crónica publicada no diário desportivo O JOGO em 27Jun2008.

Vou ser lacónico. Algo está fétido, no organismo que tutela o futebol europeu, quando o seu máximo dirigente resolve ir contra o seu próprio órgão judicial a favor de uma fábula popular encarnada muito mal sustentada. A presunção de inocência é, e deveria ser, sempre assegurada pelo clube contra este tipo de ataque inquisitório selectivo, com uma reacção enérgica e esclarecedora, sobre o processo em curso. É inconcebível que se denigra a imagem de um clube com a leviandade, ignorância e desonra - imposta e patrocinada pela comunicação social - numa clara e inequívoca atitude persecutória do presidente da UEFA, sedento de uma justiça cega e obscura de modo a reforçar a sua autoridade com tiques de medievalismo. Reforçando e corroborando com o artigo publicado: É triste.

Abraço.
CJ

27 junho, 2008

Campeões, Campeões, nós somos Campeões...

Já muita coisa foi dita aqui sobre o HEPTA em hóquei em patins mas eu tinha que deixar aqui mais um registo. Foi com muita unha ruída que no sábado assisti a mais um jogo de hóquei (fiquei fã). O entusiasmo de derrotar as galinhas e de nos sagrarmos HEPTA campeões no galinheiro, deram cá um friozinho na barriga durante o jogo todo…

Foi lindo! Um jogo excelente proporcionado pelos MARAVILHOSOS jogadores do FC Porto! A verdade é que poderíamos ter arrumado o campeonato com três vitórias seguidas, mas parece que eles fizeram de propósito perder o primeiro jogo no galinheiro para depois se sagrarem HEPTA campeões na casa do inimigo!

E o triunfo foi tão bom que mais uma vez, as galinhas mostraram o seu fair-play e arranjaram confusão dentro do pavilhão, tempo ainda para antes incendiaram a camioneta dos adeptos azuis e brancos! Uns têm a fama... outros o proveito!

Adiante... mais uma vez o FC Porto esteve em grande e mostrou que é um clube que nada abala, somente cria fortificações para vencer tudo e todos!

Parabéns à equipa, ao treinador e aos adeptos!

Saudações azuis e brancas,
Sodani

26 junho, 2008

Marcha do Dragão 2008

E bem no seguimento do passado S. João a tradição mantêm-se.
A marquise continua enfeitada e as sardinhas nas Fontainhas estão, outra vez, a 1 Euro cada.
E nem sequer a teimosia da chuva miudinha impediu a saída da Marcha.

Dos vencidos continua a não haver memória
e o FC Porto é tricampeão
Mais uma marcha para a história.
Como sempre, a Marcha do Dragão

Depois de Roterdão, em Agosto,
foi-se a Super-Taça sem queixas da mão do Tonel
2-1 ao Braga e a espera, outra vez ao Sporting,
desta vez no nosso quartel.

Talvez fosse do barulho,
e de muitos que não queriam ir embora,
que o homem não conseguiu ouvir
Ó Stoikovich...põe a bola fora.

Setembro continuou tranquilo,
sempre com muita fé e raça.
Em hóquei ficou mais um troféu,
a 15ª. super taça.

Nada de novo em Outubro
nem em Istambul nem em Marselha.
Nós discutíamos a falta de espectáculo
e os outros a beberem tinto e a bater mal da telha.

Em Novembro as nuances andavam
entre o satisfeito e o contente.
Foi mês de colocar nas bancas,
se não leram leiam agora, 'Ele o Presidente'.

Dezembro mês do Natal.
Visita à cesta do pão.
Sai da frente ó David Luís,
deixa passar o Quaresma, da equipa do tricampeão.

Janeiro tudo tranquilo,
mas ficamos pela metade.
Do 1-0 à Naval em casa
à derrota por 2-0 em Alvalade

Fevereiro com a super taça da liga em basquete,
o Bosko em Paris e 4-0 para a taça na Sertã.
Pena foi dar 20 minutos de avanço em Gelsenlkirchen,
na Champions, à esquadra Alemã

Em Março estivemos mal.
Grande Neuer no seu momento.
Foi o adeus na Champions, em pénaties
e numa longa noite de sofrimento.

Mas nem tudo, neste mês, foi mau
o nosso Lucho que o diga.
Mais uma para a vitrina,
em andebol, a taça da liga.

Em Abril rebentou a bomba,
com 6 ao Estrela no Dragão.
Champanhe, luzes e muita festa.
A bomba: Porto TRI CAMPEÃO.

Ainda neste mês de águas mil,
em casa e com muita perícia.
Mais uma vitória, desta vez por dois secos.
Num misto de olés e do chamem a polícia.

Maio sem grande fulgor
mas a corda sempre tensa.
Perdemos para a Ovarense
e no Jamor, com o Benquerença.

Junho mês de calor,
à sombra para evitar insolações.
De nada valeu as artimanhas.
Somos NÓS na Liga dos Campeões.

E ainda na casa do adversário
em patins e bem rodado.
Valeu apenas e tão só o HEPTA,
pena foi a cebolada com o autocarro queimado.

Dos queixinhas não reza a história.
Deixem lá, não chorem mais.
Fica por aqui a nossa Marcha.
Embrulhem, pró ano há mais.

BiBa o São João.
BiBa o Porto carago.

[nota do administrador: atingimos ontem a «bonita» marca das 300.000 visitas... nada mais que número simpático e engraçado. Em jeito de agradecimento, atentem aqui ao vosso lado direito, quem são afinal os únicos e Berdadeiros «notáBeis» do nosso FC Porto. Deliciem-se nessa viagem entre os heróis de «ontem» e os de «hoje». Mais uma vez, o nosso Obrigado!!]

Álvaro Magalhães na primeira pessoa

Álvaro Magalhães nasceu no Porto, em 1951. Começou por publicar poesia no início dos anos 80 e, em 1982, publicou o seu primeiro livro para crianças, intitulado História com muitas Letras. Desde então construiu uma obra singular e diversificada, que conta actualmente com mais de três dezenas de títulos e integra contos, poesia, narrativas juvenis e textos dramáticos.

Considerado um dos mais importantes escritores da sua geração, pela originalidade e singular irreverência da sua obra, Álvaro Magalhães foi várias vezes premiado pela Associação Portuguesa de Escritores e pelo Ministério da Cultura, logo desde o início da sua carreira literária.

De Álvaro Magalhães também se conhece a sua paixão pelo futebol e em particular pelo nosso mágico FC Porto por quem sofre desde criança. Escreve aos domingos no JN uma crónica sobre futebol que sigo muito atentamente e que aconselho a todos os leitores deste espaço.

Muito simpaticamente aceitou esta minha solicitação e por isso podem ler, de seguida, a entrevista com o Escritor Álvaro Magalhães, uma personalidade que muito admiro.

ENTREVISTA EXCLUSIVA

- Desde quando surgiu essa sua paixão pelo FC Porto?

O meu pai era boavisteiro e levava-me pela mão a ver os jogos ao Bessa, mas não conseguiu convencer-me. Pedi-lhe para ser sócio do FC Porto e ele fez-me a vontade. Porquê? Não sei. Nunca se sabe quando, como ou porque nasce uma paixão. No meu caso, só sei que começou muito cedo, ainda antes de aprender a ler ou escrever.

- O que sente a defender o FC Porto na Comunicação Social, nomeadamente, na crónica que assina no JN (que, diga-se, sigo quase religiosamente)?

Não escondo a minha condição de adepto do FC Porto para não enganar ninguém, mas tento fazer mais do que defender o FC Porto e erguer uma interpretação da nossa realidade futebolística geral. Sou um estudioso do jogo e já publiquei um ensaio sobre as origens e motivações internas, algo entre a antropologia e a sociologia (História Natural do Futebol) e gostava de falar mais dessas coisas, mas a actualidade sobrepõe-se sempre e acabo a tratar os assuntos mais correntes, que são também os que mais interessam aos leitores.

- O Álvaro Magalhães vê-se de alguma forma a desempenhar no futuro um cargo no FC Porto?

Não me vejo a exercer outro cargo além deste: adepto comum. Não desejo nem espero mais nada, nem me parece que haja posição mais honrosa do que a de simples adepto. Os adeptos leais, abnegados, fiéis, são, com os jogadores, o melhor do futebol. O resto…

- Qual a sua opinião sobre a frieza e indiferença com que Rui Rio trata o FC Porto? Sendo o FC Porto um dos maiores vectores de afirmação da Cidade Invicta não há aqui uma ingratidão absoluta?

Não se compreende, sendo o clube um símbolo da cidade e uma imagem eloquente da sua afirmação. Talvez seja um caso único, raro é, mas este presidente é um inimigo moral (e mortal) do futebol. E da cultura também. Corridas de automóveis, piruetas de aviões, concertos de música pimba, isso sim, é com ele. Mas os presidentes de câmara passam, e os grandes clubes ficam

- Como são as horas seguintes do Álvaro depois de uma derrota num jogo importante?

Por vezes, se estiver em casa, adormeço no sofá, para desligar da realidade. Outras vezes refugio-me na criação literária, também para afastar a realidade da minha cabeça. Se vier do estádio, desabafo com os amigos.

- Concorda comigo quando digo que alguma Comunicação Social tem encetado nos últimos tempos uma perseguição ao FC Porto e ao seu Presidente como nunca havíamos assistido? Quais os verdadeiros interesses desta gente?

Não é só a Comunicação Social, como se sabe. Os interesses são claros: atingir, através dele, o F.C.Porto e a sua hegemonia insuportável (para eles, é claro) do futebol português.

- Qual a vitória do FC Porto que mais o entusiasmou ?

A de Viena, por ser a primeira Liga dos Campeões, foi a mais marcante, a de Gelsenkirschen, a única a que assisti ao vivo, foi comovente, mas a mais entusiasmante e intensa foi a final de Sevilha.

- Escreva-nos o seu onze ideal da história do Porto.

Siska, Virgilio, Miguel Arcanjo, Ricardo Carvalho e Branco, Pavão, Hernâni, Cubillas, Oliveira, Pinga e Jardel.

- Dê-nos a sua opinião sobre estes 5 nomes da nossa história:

Pinto Costa: O melhor presidente de sempre. Criou uma nova era, a Era do Dragão, com uma sucessão impensável de títulos nacionais e internacionais.

Vítor Baía: um dos melhores guarda-redes de sempre, herdeiro da linhagem de Siska, Acurcio, Barrigana, Américo… Tem o estatuto de símbolo e, no futuro, pode ser o que quiser dentro do clube.

Jorge Costa: o último grande “jogador à Porto”. Já não há disso. Espera-se que cresça como treinador para poder ser um dia também um “treinador à Porto”, espécie de treinador-residente ou treinador-vitalício (pois, o nosso Ferguson).

Pedroto: um treinador providencial, que mudou mentalidades, sobretudo isso. Corajoso e arrojado, é um “histórico”, que mudou uma página. Serviu o clube como grande jogador e, depois, como grande treinador, o que também é muito raro.

Mourinho: Sorte nossa ele ter cá caído quando ainda não era “special one”. As duas vitórias na Taça UEFA e na Liga dos Campeões foi um feito incrível e só por isso ele ficará na história do clube. Foi pena ter saído de um modo tão frio e lamentável.

- Um comentário a este tricampeonato ganho esta época.

Os últimos campeonatos, ganhos à sombra do Apito Dourado e do Apito Final têm sido os mais saborosos de todos. Quanto mais apitam, mais nós ganhamos. Este campeonato foi melhor ainda pela diferença de pontos, que foi arrasadora e humilhou a concorrência.

- Acha que toda esta envolvência do apito dourado tem condicionado as arbitragens dos jogos do FC Porto?

Só um cego (ou um benfiquista) é que não vê isso. E prevejo um próximo ano ainda mais complicado.

- Costuma visitar blogs desportivos? Já conhecia o nosso? Uma palavra para os nossos leitores.

Não sou grande frequentador, confesso, embora já tivesse visitado alguns (o vosso também). Leio mais jornais e revistas (todos, se me deixarem).

Um abraço,
Álvaro Magalhães.

25 junho, 2008

Desfiar de recordações...

Todos nós, fiéis seguidores do emblema do Dragão, teremos histórias e estórias para contar. Ano após ano, acompanhando o périplo dos azuis e brancos pelo País fora, fomos confrontados com situações pouco ortodoxas, excêntricas, cómicas, trágicas, insólitas ou simplesmente sensíveis…

Aqui ficam algumas:

1. dia 28 de Agosto de 1994. A madrugada tinha sido dramática. A notícia, conhecida ao despertar, chocante. Rui Filipe, uma das grandes promessas do futebol portista, tinha falecido, vítima de um brutal acidente de viação. Consternado, sentado de forma apática no sofá da sala, tentava processar o desaparecimento do loirinho portista, exemplo de profissionalismo, dedicado inteiramente ao clube, mantendo aquele ar tímido, como se envergonhado de jogar ao lado dos monstros sagrados como Baía, João Pinto, André ou Fernando Couto. Recordei o seu último golo, brilhante, em pleno Estádio da Luz, no empate conseguido para a Supertaça. E o cartão vermelho, perto do final do jogo, que se revelou fatal…

O jogo desse dia tinha adquirido um papel transcendente. O Porto jogaria, não apenas pela comum vitória, mas por algo mais nobre. Pela memória de um companheiro, de um amigo, de um jogador cujo futuro brilhante tinha sido cerceado, de forma abrupta. Vivendo a poucos minutos de Aveiro, a deslocação ao Mário Duarte, planeada há algum tempo atrás, adquiriu também para mim um significado especial: prestar uma homenagem ao bravo guerreiro de azul vestido…

Fiat Punto a caminho [o meu primeiro carro, adquirido 5 dias antes do jogo], cachecol e camisola envergados e uma enorme ânsia. De cantar, a plenos pulmões. De bradar aos céus, naquele dia mais do que nunca, quão injusto era o Destino. A viagem, de apenas míseros 10 quilómetros, não chegou ao fim. Parado nuns semáforos, ouvi um som arrepiante: o de travões a chiarem, em desespero. Depois, só mesmo o embate na traseira do meu carro. E a escuridão. Acordei poucos minutos depois, no Hospital, felizmente sem grandes mazelas físicas. O jogo, esse, ficou para 2º plano. Aquele jogo que eu não queria perder, por nada deste Mundo. “A sad, sad day”. As palavras de Bobby Robson, ao recordar esse dia, dizem tudo!

2. Gelsenkirchen foi uma agradável surpresa, depois da canícula brutal de Sevilha. Temperatura amena, temperada com um ar fresco que aconselhava o uso de um casaco, numa cidade onde a arquitectura teutónica mostrava a imponência e majestade de um País que está habituado a ser vanguarda.

O tempo que falta, antes de um jogo decisivo, é o que mais custa a passar. O nervoso miudinho tomando conta de nós, esmagando qualquer outra emoção, mantendo apenas a ansiedade galopante. E o cérebro, que não descansa, dissecando cenários apocalípticos, catastróficos. O medo da derrota tudo condiciona.

Deambulava eu pelas imediações do Estádio, obra de grande impacto visual e estético, a mente processando, vezes sem conta, imagens de glória misturadas com derrotas contundentes. O ar frio do dia, sorvido em pequenas golfadas, não ajudava a distrair os pensamentos. Queria aquela Taça. Imaginava o momento de glória. A festa. A loucura sadia. E faltava ainda tanto tempo. Tempo demais. Com os sons da tradicional música de baile portuguesa a soar nos ouvidos, o cheiro a febras e sardinhas assadas a alimentar o estômago, sentei-me numa sombra frondosa, vendo o bulício de quem passava, irmanado nas mesmas crenças. O meu olhar fixou-se numa figura pouco convencional, naquele cenário. Um rapaz, de tez pálida, aparentando não mais do que 12/13 anos, deambulando perdido pelo meio da multidão. Os olhos de um azul brilhante, o cabelo louro, cortado à escovinha, eram sinais claros da sua ascendência germânica. Pensei que seria mais um exemplar da diáspora lusitana. Contudo, o que mais me atraiu foi a camisola que envergava. Toscamente feita, com umas listas verticais claramente pinceladas à mão, ostentava um curioso símbolo no peito, vagamente semelhante ao orgulhosamente cozido nas camisolas da nossa adoração. Atrás, pintadas em letras garrafais, um enorme 10 prestava vassalagem a quatro letrinhas: DECO.

Lembro-me de ter sorrido. Curioso, procurei conversar com o adolescente. Para grande surpresa minha era alemão de gema, não sabendo articular nenhum som na língua de Camões, mas era apaixonado pelo Porto. O diálogo, possivelmente curioso a quem passaria nas imediações, foi entabulado num inglês macarrónico. Arne, assim se chamava o germânico adepto portista, desfiou as suas memórias. Confessou-se seguidor dos Dragões desde o correctivo aplicado pelos portistas ao vigente campeão alemão, o Werder Bremen, com a chapa 5 a servir de factor de angariação clubista. Ver aquele fervor, a forma apaixonada como ele falava de atletas azuis e brancos, mostrando um conhecimento minucioso da realidade portista, envaideceu-me. E, ali parado, a mais de 3000 quilómetros de casa, senti uma pontada vibrante de orgulho. Em ser portista. Adepto de um clube à escala Mundial. Teci um agradecimento mudo a todos os que, décadas a fio, lutaram por isso. Fiz a única coisa que tinha que fazer. Emocionado. Despi a minha camisola, aquela que me tinha acompanhado na epopeia de Sevilha, e dei-a. Ao Arne. Os olhos humedecidos dele, ao perceber que a oferta lhe permitiria ter uma camisola oficial do clube que aprendeu a admirar, foram uma imagem que guardei, até hoje.

O final da história já todos sabem. Vencemos. Sentimos aquele rejúbilo triunfante, ao ver Jorge Costa a erguer o mais belo dos troféus. Nunca mais vi o Arne. Mas quero acreditar que, onde quer que esteja, continua um indefectível adepto portista.

ps - Prometeram, segundo a sempre bem informada imprensa lisboeta, “4 nomes de primeiro plano” a Quique Flores. Sabendo o que a casa gasta, não vou estranhar quando desembarcarem com a devida pompa 4 brasileiros do Icaturimpinupim ou 4 argentinos do Cordoba S.Luis. O circo de sempre, com o mesmo esplendor.

Meu querido Benfica...

... porque não te calas?

Há uma história da Mafalda em que uma senhora simpática se aproxima de um menino de dois anos com um pacote cheio de bolachas na mão e lhe estende uma, sorridente. A mãe, enlevada, pergunta à criança: "O que é que se diz?" A criança olha para a sua bolacha solitária, olha para o pacote bojudo da senhora, e responde: "Egoísta!" O que tem graça dito por uma criança de dois anos perde bastante da sua piada se for defendido por uma instituição centenária. Nesta telenovela em que se transformou a alegada punição do FC Porto pela UEFA, o Benfica comportou-se como um menino mimado que grita e esperneia por não lhe ser oferecido aquilo a que nunca teve direito. Durante a época, o Benfica nada fez para merecer a Liga dos Campeões, terminou a 17 pontos do FC Porto e arrastou-se pelos relvados. Mas quando surgiu a possibilidade do afastamento do FC Porto - para todos os efeitos, um presente caído dos céus -, apressou-se a querer transformar um golpe de sorte numa obrigação moral. Esta sofreguidão é um enorme erro.

Eu não sou ingénuo, e percebo que o Benfica faça o que está ao seu alcance para entrar na Liga dos Campeões. O prestígio é grande e o dinheiro envolvido demasiado importante para que se assobie para o ar. Mas para provar os pecados do FC Porto e da Federação Portuguesa de Futebol não é preciso andar a rasgar as vestes na praça pública. O Benfica que o faça nos bastidores. Nos escritórios de advogados. Nos lugares mal iluminados da SAD. Nunca - mas nunca - em público, com Luís Filipe Vieira novamente armado em paladino da honra e dos bons costumes, arvorando-se em consciência da Pátria, o que provoca azia até em alguém como eu, que torce pelo Benfica desde que é gente. Todo este processo é péssima política. Primeiro, porque fica mal a Vieira fingir que tem um par de asas brancas escondidas debaixo do casaco. Segundo, porque a instituição Benfica, por mais razão que tenha, não deve fazer esta figura ridícula, de mão estendida pelos corredores europeus a choramingar por um lugar entre os grandes. É deselegante. É pobrezinho. É contraditório com o discurso de grandeza do clube.

Eu gosto de acreditar que há momentos em que uma nova geração de adeptos deixa de ter paciência para os conflitos de sempre, para as guerrinhas de sempre, para as queixinhas de sempre. Eu sou do Benfica, eu adoro o Benfica, mas já não tenho mais pachorra para a velha guerra com o Porto, que dura há 20 anos. Já não tenho pachorra para as ironias de Pinto da Costa. Já não tenho pachorra para as indignações de Luís Filipe Vieira. Meus amigos: eu gosto é de bola. Se o Porto roubou, que seja punido. Mas a primeira preocupação do Benfica tem de ser as vitórias que realmente interessam - aquelas que se conseguem em 90 minutos, em cima de um relvado. Portanto, meu querido Benfica, é como se costuma dizer nas peladinhas entre amigos: cala-te e joga.

João Miguel Tavares
Jornalista
jmtavares@dn.pt
DN, 24-06-2008

# crónica originalmente publicada no diário de noticias.

Um banho de humildade

‘Nortada' do Miguel Sousa Tavares

Portugal deveria e poderia ter ido mais longe.

Uma imprensa desportiva eufórica antes de tempo, um país acometido de delírio patriótico e um insuportável blitz de publicidade dos patrocinadores da Selecção, criaram a certeza de que esta equipa de Portugal só poderia chegar ao céu - ao título de Campeão da Europa de 2008. Tal como sempre aconteceu na era Scolari, caímos no mais fácil dos grupos da fase final- onde, como disse Mourinho, era impensável não passarmos aos «quartos».

Veio primeiro uma Turquia borrada de medo, que vencemos com uma exibição segura, mas não sublime, como logo apregoaram; e, depois, uma República Checa, contra quem, mais uma vez, só obtivemos o golo da tranquilidade nos descontos e após enfrentar alguns calafrios finais, imprevistos e desnecessários. Mas passámos, que era o importante.

A seguir, veio o jogo das reservas contra a Suíça, perdido sem nenhum brio nem desculpa (e todos os outros apurados à 2.ª jornada - Espanha, Croácia e Holanda - puseram também as reservas no terceiro jogo e ganharam-no). Aqui, deveríamos ter tido um primeiro sobressalto de humildade, antes de enfrentarmos uma Alemanha que já se sabe que é sempre competitiva e tem espírito de equipa.

Aliás, nessa 1.ª fase, pese às nossas milionárias vedetas e ao delírio da imprensa, eu vi jogar melhor futebol à Croácia, à Holanda, à Espanha e à Rússia - sem esquecer a Itália e a Alemanha, que, mesmo quando não têm grandes equipas, têm uma cultura de vitória entranhada. Esperava-se que fizéssemos a diferença pelas nossas individualidades, mas afinal o que mostrámos de melhor foi a condição física e o jogo colectivo.

Contra a Alemanha, no primeiro verdadeiro jogo a doer, nós partíamos com uma vantagem imensa: oito dias de descanso contra três, numa competição em que, tal como no Mundial, os grandes jogadores já chegam estafados por uma época sem tréguas. Para nos ganhar, a Alemanha sabia que tinha de construir o resultado de início e defendê-lo depois. Foi isso que fizeram e conseguiram-no curiosamente, não como equipa, mas porque, na hora da verdade, os seus valores individuais suplantaram os nossos. E assim saímos deste Europeu, onde, tirando o próprio Scolari, que afirmou sair «de consciência supertranquila», todos nós achamos que poderíamos e deveríamos ter ido mais longe.

A seu tempo, talvez faça aqui o balanço destes seis anos de Scolari à frente da Selecção. Agora, faço apenas uma apreciação individual daqueles que ele lançou na batalha perdida.

RICARDO - De todos os 40 ou 50 jogadores chamados por Scolari nestes seis anos, nenhum lhe deve mais do que Ricardo. Ele começou por ser o instrumento da querela particular de Scolari contra Baía. E, logo aí, como ao longo daquelas patéticas conferências de imprensa dos jogadores da Selecção em que participou, Ricardo mostrou a falta de humildade e de elegância que sempre o caracterizou. Mesmo quando suplente no Sporting ou no Bétis, Ricardo contou sempre com a fidelidade de Scolari. E, entre os postes, que era o que mais interessava, mostrou tudo o que já se sabia: que é óptimo a defender penalties, bom a defender remates frontais e a jogar com os pés, e um zero no jogo aéreo. Contra a Alemanha (e tal como já sucedera no Mundial de 2006, com o mesmíssimo resultado), não teve de fazer uma única defesa e encaixou três golos: no primeiro, não teve culpas; no segundo, teve algumas; e, no terceiro e decisivo, teve bastantes. Lothar Mathaus tinha avisado.

BOSINGWA - Foi dos melhores, ao longo dos três jogos e tudo ponderado. Não deslumbrou, mas cumpriu.

MIGUEL - Segundo parece, acha que o Valência já é pouco para ele. Só teve uma oportunidade- contra a Suíça- para mostrar a razão porque pensa isso, mas não o conseguiu: foi o pior em campo.

PAULO FERREIRA - Temia-se a sua adaptação à esquerda e os temores saíram confirmados. Jogou os quatro jogos e em todos esteve mal.

JORGE RIBEIRO - Contratado pelo Benfica para a próxima época (na véspera do jogo contra o «seu» Boavista), não justificou, contra a Suíça, as razões da contratação.

PEPE - O novo «português» aprendeu o hino e mostrou raça e vontade de honrar a chamada. Jogou sempre no risco e acertou umas vezes, falhou outras. Mas foi à luta, sempre.

RICARDO CARVALHO - O oposto de Pepe: atravessou todo o Euro dando sinais de esgotamento e de precisar urgentemente de férias. Defendeu-se, nunca correndo riscos e tudo fazendo para não se dar por ele. O jogo contra a Alemanha é o paradigma disto: não esteve directamente ligado a nenhum dos golos, mas alguém é capaz de dizer onde parava ele nos três golos, todos facturados no centro da pequena área- a zona coutada dos centrais?

BRUNO ALVES - Apenas o jogo contra a Suíça, reeditando a dupla de centrais do FCP de 2007, ao lado de Pepe. Não comprometeu nem deslumbrou. Mas, não fossem os lugares cativos na Selecção de Scolari, e talvez tivesse justificado mais a titularidade do que Ricardo Carvalho.

PETIT - A mais inexplicável escolha de Scolari, depois de toda uma época falhada. Esteve no Euro como esteve no Benfica: só se dava por ele quando cometia aquelas faltas maldosas, com ar de inocente. Não haveria mesmo ninguém mais útil para a posição?

MIGUEL VELOSO - Consta que vale largos milhões e que a Itália inteira suspira por ele. Não vejo porquê, e o jogo contra a Suíça não ajudou em nada a perceber.

JOÃO MOUTINHO - Dizem, também, que vale trinta milhões e que andará meio mundo atrás dele. E também nunca percebi porquê. Vejo-o como um jogador sempre regular e um grande profissional, mas jamais como um n.º 10 com rasgo e clarividência, como um Deco, um Lucho González ou um Rui Costa. Fez um primeiro jogo razoável contra a Turquia, que serviu para o porem nos píncaros, e um segundo jogo absolutamente medíocre contra os checos. Contra a Alemanha, saíu à meia-hora, magoado, e, não fosse ter falhado um golo na cara do guarda-redes, teria passado invisível pelo jogo. Mais Alcochete não lhe fará mal algum.

RAUL MEIRELES - Entrou e marcou um golo, contra a Turquia. Jogou muito pouco contra a Suíça e aproveitou razoavelmente uma hora de jogo contra a Alemanha. Não desiludiu, mas foi igual ao costume: fez três remates à baliza e saíram todos para fora.

DECO - Este, sim, foi o homem da Selecção. Três jogos e em todos foi o melhor da equipa. Foi o Deco dos grandes tempos do FC Porto de 2004 (o tal ano da «tentativa de corrupção» e que deu cinco jogadores a esta Selecção), muito melhor do que o Deco dos últimos tempos no Barcelona.

FERNANDO MEIRA - Foi mais importante como «falador» do que em campo. Sem lugar entre os centrais, fez um jogo e parte de outro no meio-campo, onde não acrescentou nada.

SIMÃO - Três jogos sem história. Deve o lugar cativo ao facto de ainda ser, emocionalmente, jogador do Benfica.

NUNO GOMES - Na véspera do jogo com a Alemanha, declarou ter um «pressentimento» de que iria marcar. E marcou mesmo. Mas um ponta-de-lança que marca golos só quando tem «pressentimentos», parece-me pouco. Tal como outros, deve o lugar à regra da antiguidade - a mais sagrada da era Scolari - e ao facto de, como nenhum outro, ser o jogador com melhor imprensa.

HÉLDER POSTIGA - Facto extraordinário, também marcou um golo. E foi contratado pelo Sporting.

HUGO ALMEIDA - Era o sucessor mais aconselhável para preencher o deserto deixado por Pauleta. Mas estava em 3.º lugar na lista da antiguidade e Scolari só lhe deu um quarto de hora, contra a Suíça.

CRISTIANO RONALDO - Não se pode ser herói todos os dias e toda a época, mas o facto é que, se contava com o Euro para o título de melhor do mundo, Cristiano passou ao lado. Vontade, é indiscutível que tinha, assim como talento e génio. Mas, não chegou: foi dos piores contra a Alemanha e desiludiu em todos os jogos. Não sei se foi o Real Madrid que lhe deu volta à cabeça ou a grande época que fez que o rebentou, mas umas férias nas Caraíbas e uns mergulhos nos vídeos do Arshavin só lhe farão bem.

RICARDO QUARESMA - Idem, idem, aspas. Se está à espera que alguém banque os 40 milhões por ele, das duas uma: ou fica sentado à espera, ou confia em que Pinto da Costa não cumpra a sua promessa de não fazer desconto. É verdade que Scolari só lhe deu uma oportunidade e nunca soube dar-lhe a confiança de que precisa e aproveitá-lo para a Selecção. Mas, quando se ganha 150.000 euros por mês e se quer ganhar 300.000, não basta fazer um cruzamento «de letra» em 90 minutos de jogo.

NANI - Foi dos menos maus contra a Suíça e contra a Alemanha. Tentou, mas raramente foi consequente até ao fim. Fica de reserva para o futuro e para o próximo selecionador.

in jornal “A BOLA” de 2008.06.24
fonte: "All Dragons fórum"

24 junho, 2008

A homenagem merecida aos nossos heróis

21 de Junho, sábado de intenso calor em Lisboa. Quase uma centena de adeptos Portistas conseguem passar a fronteira de Alverca e entram num Pavilhão da Luz descrente no que aos adeptos da casa diz respeito. Os nossos cantam que cheira a cebola, os cobardes dizem que cheira a queimado. E realmente devia cheirar, a bomba estava prestes a explodir, ali mesmo em terra de infiéis.


SL Benfica, 3 - FC Porto, 4
4º jogo da final do play-off de hóquei em patins:
(FC Porto é heptacampeão Nacional com um parcial de 3-1 na final)

O Lucho senta-se confortavelmente no sofá e liga a RTP2, ainda está a abrir a Carlsberg nº1 quando Reinaldo Ventura lhe provoca o primeiro sorriso. Nova bomba do mesmo suspeito e o 0-2 a levar à euforia os Super Dragões que corajosamente lá entraram. Mas nem tudo são rosas e Ventura comete um erro que dá o empate a duas bolas já depois dos casa terem reduzido. O intervalo chega mas a confiança do Lucho está intacta. Aguarda-se pelos últimos 25 minutos do histórico hepta.

A segunda parte traz o equilíbrio mas eis que o nosso «playboy» Caio fura entre os defesas lampiões e remata com estrondo à trave para à boca do golo surgir André Azevedo a empurrar para o 2-3 deixando o repórter da RTP desalentado. O coração bate forte, os minutos não passam mas a confiança continuava em alta. A 4 minutos do fim Caio, quem mais poderia ser, após jogada do capitão Filipe, faz o 2-4 e o Lucho explode gritando pelos heptacampeões! Já nada nos tiraria o título, nem o 3-4 me trouxe receio. A Carlsberg (seria a segunda?) é degolada em breves segundos.

Este Clube é assim, especial, mágico, fantástico, hepta-campeão. No final ouviram-se as opiniões, viu-se um pouco da festa dos jogadores junto dos nossos adeptos, viu-se Franklim num abraço profundo e sentido a Ilídio Pinto. Mas viu-se pouco, porque a RTP logo fechou a emissão.

A festa continuou com os nossos hepta heróis a celebrarem mais esta histórica conquista em pleno pavilhão do inimigo. Enquanto isso alguns lampiões furiosos com a sucessão de desaires ( Champions, Rodriguez, Futsal e hóquei) eram espancados pela Polícia.

Este foi o 17º título do FC Porto contra os 20 campeonatos já ganhos pelo Benfica em 68 edições da prova. De realçar no entanto que o 1º título ganho pelo Porto foi só em 1983 o que demonstra o claro domínio azul e branco nas últimas duas décadas e meia. Desde 83 o Porto conseguiu um penta, depois um tri, depois um bi e agora um hepta. Quanto ao Benfica já não é campeão desde 98. Nos últimos 10 anos ganhamos 9 títulos contra 1 do Barcelos (2001).

Dos 10 jogadores do nosso plantel apenas 5 são na realidade heptacampeões, Edo Bosch, Ricardo Figueira, Filipe Santos, Reinaldo Ventura e Emanuel Garcia. Já Franklim foi o nosso técnico principal nestes 7 títulos depois de assumir essa posição a meio da época 2001/2002 após a sáída de Aguero. Antes Franklim tinha sido campeão como adjunto de Livramento (99) e de Cristiano (2000), além dos vários campeonatos ganhos como guarda redes do FC Porto.

Este heptacampeonato é o 2º melhor registo do desporto Nacional. Melhor apenas o Salgueiros no polo aquático que chegou a ganhar 12 títulos consecutivos. Uma nota final para referir que na fase final de juvenis (hóquei), em Peniche, o FC Porto ficou-se pelo 4º lugar não repetindo o título do ano transacto. Ainda não se jogaram as fases finais de juniores, iniciados e infantis.

Depois do (TRI) campeonato ganho no futebol, da taça da liga no andebol, da taça da liga no basquetebol e da supertaça no hóquei registe-se então este (HEPTA) campeonato de hóquei 2007/08 faltando ainda saber se esta época ganharemos também a taça de Portugal de hóquei.

Os nossos heróis, um a um:


Edo Bosch: O Catalão que defende a nossa baliza está cada vez melhor. Enorme, concentrado e muito eficiente, é ele que nos salva nos momentos difíceis da nossa equipa. Até com 40º de febre jogou no 3º jogo da final diante do Benfica. Brilhou intensamente nos jogos 1 e 4 da final do play-off.


Nelson Filipe: O suplente de Bosch. Na final do ano passado jogou um dos encontros e esteve muito bem. Desta vez jogou apenas alguns jogos na fase regular. Foi pouco utilizado, ele e alguns juniores (por exemplo, o Nelson Pereira) que em face de castigos dos titulares eram chamados à equipa principal.


Filipe Santos: O nosso capitão é como o Vinho do Porto. Mais uma grande época. Marcou 2 golos ao Benfica que demonstram toda a sua classe, um na goleada de 6-0 e outro também, magnífico, nos 5-3. Dois momentos sublimes que demonstram bem toda a sua classe.


Reinaldo Ventura: O bombardeiro de serviço, o melhor marcador do campeonato (57 golos) que fez, provavelmente, a melhor época de sempre. Na fase regular foi decisivo na vitória na Luz por 4-2 apontando 3 golos... Nos quartos de final frente ao Gulpilhares o Porto ganhava ao intervalo por 4-0 com 4 golos de Reinaldo...Frente ao Viana foi decisivo na 1ª mão (4-2) com 2 golos importantes e diante do Benfica esteve em destaque na goleada dos 6-0 assinando 2 golos e depois no jogo final bisando na vitória em Lisboa por 4-3. Duas bombas no jogo do título que «abanaram» Lisboa!

Ricardo Figueira: Outro dos homens bomba do FC Porto. Esteve em destaque no jogo de Viana apontando os nossos 2 golos e também se mostrou no jogo 3 da final diante do Benfica apontando um grande golo e participando decisivamente num outro golo.



Pedro Moreira: Um dos mais jovens da equipa mas com o seu valor a subir exponencialmente a cada jogo que passa. Titular na maior parte dos jogos, julgo ter sido esta a temporada de afirmação do nosso Pedro Moreira. Foi o responsável por uma das grandes alegrias vividas por mim esta época em Fânzeres. Foi ele que a 13 segundos do fim empatou a 6 o jogo da fase regular diante do Benfica. Como vibrei com aquele momento!

Caio: Guardou toda a sua inspiração para o play-off onde surgiu endiabrado sendo decisivo na «negra» com a J.Viana marcando 2 golos na nossa vitória por 4-3. Na final diante do Benfica marcou um dos golos do jogo 2 e foi decisivo no jogo 3 na nossa vitória difícil por 5-3 marcando 2 golos importantíssimos (o 3-3 e o 4-3). Foi ele que a 4 minutos do fim no jogo do título fez descansar os nossos corações apontando o decisivo 4-2. Uma das contratações da época depois das saídas importantes de Pedro Gil e Reinaldo Garcia.

Jorge Silva: Fez uma época muito positiva embora nunca assumisse a condição de titular. Frente ao Benfica na final, no 1º jogo, foi o autor dos 2 últimos golos do Porto na goleada por 6-0. Nunca vira a cara à luta e por isso dá gosto vê-lo jogar. Aliás tanto o Jorge como os restantes jogadores mereceram bem que o Pavilhão de Fânzeres estivesse cheio nos 2 jogos da final. O Lucho e mais alguma malta do blog marcaram presença nesses 2 jogos mas também nas meias finais e em vários encontros da fase regular.

Emanuel Garcia: O Argentino é o nosso homem de área, jogando ali bem metido no quadrado defensivo do adversário. Marca imensos golos de emenda à boca da baliza, bem ao estilo do nosso antigo capitão Tó Neves. Marcou o golo que acabou com o nosso sofrimento nas meias finais diante do Viana (golo de ouro no prolongamento) e na final diante do Benfica marcou sempre nos 3 primeiros jogos.

André Azevedo: Outra das contratações da época que contabilizou exibições muito positivas, sendo um jogador muito rápido e muito inconformado. Marcou 2 golos ao Benfica no 6-6 da fase regular. Foi o regresso à Invicta depois de cá ter jogado nas camadas jovens. Absolutamente decisivo foi o seu golo na partida que nos deu o hepta. O 3-2 ao Benfica a meio da 2ª parte deixou o adversário completamente ko.


Franklim Pais (treinador): Ganhou logo na entrada a supertaça goleando o Cambra conseguindo no campeonato (fase regular) um percurso imaculado sem nenhuma derrota e com 15 pontos de avanço para o 2º classificado, o Benfica. No play-off goleou o Gulpilhares nas duas mãos mas frente ao Viana já teve que disputar a negra onde só ganhou com um golo de ouro no prolongamento. Na final diante do Benfica ganhou os jogos em casa, o 1º com uma goleada (6-0) e depois com uma vitória mais complicada mas justa por 5-3. Nos jogos fora perdeu o 1º de forma tangencial mas ganhou com brilhantismo o jogo seguinte que nos deu o título. Além do hepta-campeonato conquistado, Franklim Pais pode ainda juntar a taça de Portugal que se disputa no próximo fim de semana em Aljustrel, no Alentejo. Nas meias finais o Porto defronta o Barcelos (sábado, 17h, RTP2). Na outra meia final jogam Braga e Alenquer. Afinal é no domingo também às 17h (RTP2). Venha de lá essa tripla, porque campeonato e supertaça já cá cantam.

Ilídio Pinto: É o dirigente responsável pelo Hóquei em patins do FC Porto. Com 71 anos de idade, Ilídio Pinto esteve em todos os momentos altos do hóquei do FC Porto – e foram muitos desde que em 1973 assumiu o comando da secção de hóquei em patins. O curriculum de glórias do hóquei do FC Porto é também o do Sr. Ilídio Pinto, vejamos:

2 Taças dos Campeões Europeus
2 Taças das Taças
1 Supertaça Europeia
2 Taças da Europa (Taças Cers)
17 Campeonatos Nacionais
11 Taças de Portugal
15 Supertaças António Livramento.

São assim 50 títulos, os ganhos pelos Dragões, mais 12 que o Benfica e mais 33 que o Sporting. É o clube Português mais triunfador nesta modalidade e o 2º da Europa, logo a seguir ao FC Barcelona. E tudo isto, sem contar com os inúmeros títulos jovens onde também aí dominamos de forma esmagadora. O Sr.Ilídio Pinto já acompanha Pinto da Costa na direcção do FC Porto desde o seu 1º mandato e é com naturalidade que se sabe que Pinto da Costa (que também já exerceu um cargo no hóquei do FCPorto) é presença habitual nos jogos decisivos da modalidade, há uns anos atrás no Américo de Sá, nos últimos tempos no pavilhão de Fânzeres e muito em breve no Dragão Caixa... Este ano no 1º jogo da final foi Vítor Baía a marcar presença enquanto Jorge Nuno Pinto da Costa esteve no 3º encontro. E em ambos a satisfação foi visível... OctoCampeão, é assim não é? Vamos treinando que este Clube só sabe vencer!

Treinador da Semana: Franklim Pais
Jogador da Semana: Reinaldo Ventura.

ps - faz esta quinta feira um ano que escrevi a minha 1ª crónica neste blog. Ao bLuE bOy, o meu obrigado pela oportunidade concedida de partilhar convosco as minhas memórias, emoções e alguns desalentos... é um orgulho para mim escrever neste fantástico espaço de adoração ao nosso mágico FC Porto. E desde esse dia, tenho a certeza, ganhei vários amigos. A vossa amizade é algo que estimo muito.