FC Porto 4-0 Vitória de Guimarães
Liga 2012/13, 2.ª jornada.
25 de Agosto de 2012.
Estádio do Dragão, no Porto.
Assistência: 35.503 espectadores.
Árbitro: Hugo Miguel (Lisboa).
Assistentes: Pedro Garcia e Hernâni Fernandes.
Quarto árbitro: Luís Ferreira.
FC PORTO: Helton; Danilo, Maicon, Otamendi e Alex Sandro; Fernando, Lucho e João Moutinho; Hulk, Jackson Martínez e Atsu.
Substituições: Lucho por James (76m), Atsu por Varela (76m) e João Moutinho por Defour (80m).
Não utilizados: Fabiano, Kleber, Miguel Lopes e Mangala.
Treinador: Vítor Pereira.
V. GUIMARÃES: Douglas; Alex (cap.), N’Diaye, Defendi e Bruno Teles; El Adoua e André André; Ricardo, Barrientos e Toscano; Soudani.
Substituições: Barrientos por Marco (46m), Marco por Lalkovic (64m) e Toscano por Leonel Olímpio (73m).
Não utilizados: Matej, Leandro Freire, João Ribeiro e Siaka Bamba.
Treinador: Rui Vitória.
Ao intervalo: 1-0.
Marcadores: Lucho (16m e 71m), Hulk (66m) e Jackson Martínez (80m, g.p.).
Cartão amarelo: Defendi (80m) e Leonel Olímpio (90m).
Desta vez o meu lugar anual foi ocupado pela minha mãe. À festa de anos de um grande amigo nunca se diz que não, pelo que escrevo esta crónica a partir de Ofir, tradicional estância balnear nortenha.
Tradicional foi também este dia, com o sol a queimar durante a tarde, a água gelada e a sempre presente a nortada. Praia à norte, portanto. E agora por estas horas, óbvio, a humidade a entranhar-se nas roupas e nos cabelos e a necessidade imperiosa de um casaco que nos aconchegue. São assim os Verões por esta zona.
Depois de um dia de boa praia, nada melhor que um fino e uns mexilhões a acompanhar uma partida do nosso Porto juntamente com os amigos.
Sempre estranhei aquelas equipas que começam a época todo o gás, com goleadas e correrias desenfreadas, a prometer mundos e fundos. Nestas coisas, costumo acreditar no dito de que isto não é como começa, mas como acaba. É por isso que acho tão esquisito - no mínimo e para ser elegante - as críticas dirigidas ao nosso treinador Vítor Pereira, aqui e ali, presentes em todas as conversas de café, em todos os finos de bar de praia, pela blogosfera e pelas redes sociais. Isto logo após a primeira jornada, recordo.
Então isto ainda nem começou e já começam a criticar (de novo!) o homem?, penso eu. Mas depressa relembro que o portista, recentemente, tem vindo a transformar-se em alguém de memória curta para umas coisas e de memória longa para outras. Na realidade, o treinador actual não serve pelo mesmo motivo que o Prof. Jesualdo Ferreira também não servia. Mas isso é conversa para ir desenvolvendo ao longo da época.
Mas vamo-nos então debruçar sobre a partida!
Melhor resposta à exibição de Barcelos era difícil. Notou-se em todos os jogadores que subiram ao relvado do Dragão um objectivo claro de acelerar o jogo em cada passe, em cada jogada, em cada iniciativa. A saída de James do onze não terá sido alheia a esta maior velocidade. A primeira parte jogou-se, assim sendo, em sentido único e somente no meio-campo vimaranense.
Resultado disso mesmo foi o belíssimo golo de Lucho (que classe!), que nos lançou para uma exibição mais tranquila e descomplexada, marcada pelo ritmo e pelo compasso de El Comandante. De facto, Lucho está a iniciar a época a todo o vapor, contrariando quem vinha referindo vezes sem conta a sua idade. A naturalidade com que chega a zonas mais adiantadas e faz dois golos é assustadora. Conforme dizia alguém ao meu lado durante o jogo, Lucho representa para o nosso jogo o que o pai do aniversariante representa naqueles jogos de festas de anos da criançada. É aquele que distribui a bola, que organiza o jogo, que deixa todos felizes, que não deixa ninguém de fora, serve todos de igual forma, de modo a que ninguém amue. Com ele em campo, tudo parece fácil.
O resto da partida não diferiu muito dos primeiros minutos. À excepção do início da segunda parte, em que o Vitória dispôs de dois lances de golo eminente, o Porto foi dono e senhor da bola, pelo que me parece fazer mais sentido ir já para as apreciações individuais.
O nosso trinco Fernando merece a primeira referência, pois foi o grande exterminador dos ataques dos minhotos (juntamente com Moutinho, que melhorou muito face a Barcelos), percorrendo léguas de terreno a pressionar e a impulsionar o ataque. Confirma com este jogo que começa a época em grande plano. E é nele que reside, em grande parte, a chave do tri.
Alex Sandro e Atsu formaram uma dupla dinâmica e irreverente, com combinações que parecem treinadas há anos. Álvaro Pereira, que se acha sem dúvida mais do que na verdade é, não deixará saudades. Isso vê-se ao longe. Já agora, aproveito o espaço para lhe agradecer e desejar uma boa viagem... sem retorno! Atsu, com esta irrequietude e atrevimento, arrisca-se a deixar James no banco de suplentes.
Declaração prévia de interesses: não sou um grande apreciador de James. Reconheço-lhe inúmeras qualidades, noto-lhe o génio, descubro-lhe a classe, a diferença no toque de bola, o perfil de craque. Mas não consigo gostar dele. Acho-o peneirento, pouco esforçado, enganador. Joga com o corpo, mas não com a alma. É a antítese do jogador à Porto. Vai a tempo de mudar, claro. Mas, para já, mal de nós se pensássemos que era com ele que íamos substituir Hulk no papel de desiquilibrador da equipa. Continua para mim a fazer mais a diferença quando entra no decorrer do jogo. E isso significa que é um jogador de banco.
E por falar n' O Incrível, destaque para a sua atitude e empenho durante todo o jogo. Isto numa altura em que vem a lume uma proposta milionária da terra dos czares. Um profissional de corpo e alma, que dá tudo pelo clube seja em que campo for. Apesar de não ter combinado muitas vezes com Danilo (o brasileiro parece ainda algo inadaptado à posição), jogou sempre num registo elevado, culminando a sua exibição com um golo bem ao seu estilo, repleto de classe e potência, à super-herói. No crepúsculo da sua pele azul e branca, mostrou tudo aquilo com que nos foi encantando ao longo destes anos. Vénia.
O avolumar do resultado foi uma consequência natural da avalanche atacante azul e branca, com notas elogiosas para Jackson Martinez, pelo penalty superiormente batido à Panenka, mas também pela forma cada vez mais natural como combina com os colegas e se solta pelo relvado do Dragão. Já perto do final da partida tem um lance que define um ponta-de-lança, com uma recepção fantástica, um encarar dos defesas com altivez, e uma finta desconcertante em direcção à baliza... só faltou o golo, mas o remate saiu a rasar o ferro. É um daqueles lances que aguça o apetite para o que aí vem, qe nos convida a segui-lo durante a temporada.
Em jeito de conclusão, a forma como a equipa encarou este jogo deu uma cabal resposta a quem já nos fazia a prematura cerimónia fúnebre depois do embate frente ao Gil Vicente. Vítor Pereira deu a ideia de ter dado um abanão na equipa e em certos jogadores mais adormecidos neste sempre complicado início de temporada com a janela de transferências no sub-consciente da maioria dos jogadores. Assim sendo, o nosso treinador terá uma semana de tréguas. Mas cuidado com o canto das sereias, Mister...
Até para a semana!
DECLARAÇÕES
Vítor Pereira
"Fizemos um jogo sem mácula. Dinâmica muito grande. Todos os jogadores contribuíram para um bom jogo. Bom jogo também para quem viu".
"Todos contribuíram para um excelente jogo e estou satisfeito pela massa associativa, que merecia um jogo assim".
"Só comentarei saídas e entradas concretas. Hulk fez mais um grande jogo. Está cá, conto com ele. Quero dar os parabéns à equipa pelo jogo que fez, mereceram esta salva de palmas".
Lucho González
"Não mudou nada, o que nos faltou no primeiro jogo foi concretizar uma das muitas ocasiões. Sabemos que neste clube não se pode ter dois empates seguidos e fizemos um bom jogo. O importante é a equipa ganhar, quem marca não interessa. Ainda nos falta um pouco de ritmo, mas jogámos a ritmo alto e alcançámos uma boa diferença no marcador".
"Neste clube é normal notícias de transferências, até dia 31 vai haver mais, mas, como dizemos, todos estamos concentrados neste grupo. Se ficarem connosco muito melhor. Se alguém sair há que lhe desejar o melhor".
RESUMO DO JOGO