Ok, bem sei que as cores tugas e os seus clubes são pródigos em vitórias morais, vezes sem conta o pragmatismo do adversário causa mossa e nos atira para fora das competições, sobretudo quando toca a eliminar… mas a Champions é diferente, mormente nesta fase de grupos onde o que conta são os pontos, ainda mais quando conquistados fora de portas.
Prelúdios à parte, a segunda jornada da liga milionária de clubes, a tal liga elitista onde figuram os mais emblemáticos clubes da velha Europa, e onde só hino nos arrepia, põe no caminho dos Dragões os “Gunners” londrinos, reeditando-se assim o confronto de 2006/2007, que se saldou num desfecho de 2-0, para as cores anfitriãs. Desse jogo aquilo que de certo todos ainda retêm foram as invenções tácticas (muitas outras se haveriam de seguir), do então rookie Jesualdo em jogos fora de portas para a Liga do Campeões.
Inglaterra, assim como Londres, tem sido ponto de passagem dos Portistas na prova, verdade é que pese embora o poderio de muitos dos emblemas da Premier League a estatística é francamente arrasadora, dez embates, um empate, nove derrotas e algumas exibições agridoces e resultados bem amargos, atravessam a garganta do emblema dos da Cidade Invicta.
O jogo no Emirates Stadium põe em confronto as equipas apontadas como candidatas à passagem aos oitavos de final da prova, os Azuis começaram como há muito não se via, aumentado ainda mais a pressão sobre os comandado de Wenger, com um registo imaculado nos embates em casa, o Arsenal apenas consentiu quatro empates ao adversário no seu reduto, num total de vinte e duas partidas na Uefa Champions League.
Com um começo pouco convincente e até comprometedor, fruto do empate arrancado a ferros em Kiev, os visitantes pouco ou nada têm a perder, uma vitória em solo inglês atira o Dragão para uma posição invejável de liderança, onde a equipa de Arsène Wenger é grande favorita ao triunfo no Grupo G, obrigando os arsenalistas a pontuar em escala máxima frente a Fenerbahce e Dínamo nos confrontos seguintes.
Na ressaca da jornada inglesa para o Arsenal sobram incógnitas, dilemas e traumas, arrasados pela sempre corrosiva imprensa britânica, a surpreendente derrota com o mais recente primo divisionário Hull Citty, fez soar o alerta, e o jogo da Champions é apontado por todos como determinante no futuro imediato da jovem equipa londrina. O recém-promovido Hull mostrou que conjugando alguns factores é possível bater o pé à equipa da casa, saltam à vista as carências e limitações defensivas nas bolas paradas, os cantos parecem ser o calcanhar de Aquiles da formação inglesa, mas nem só desta fraqueza vive o “trauma” dos londrinos, fortes a defender quando o adversário privilegia as zonas centrais, impacientam-se com o rendilhar do futebol de pé para pé.
Os “Gunners” são uma equipa que gosta de atacar com muitos jogadores, impõe e incutem ritmos fortes ao jogo, provocando desgaste suficiente por si só capaz de causar e potenciar o erro no adversário. Adepto do 4x4x2, Wenger vive da imaginação de Fabregas, dos raides supersónicos de Walcott e dos desequilíbrios nas alas provocados pelo Holandês Van Persie. Adebayor é um perigo constante nas áreas adversárias, sendo o avançado do Togo o principal aríete do onze na hora de atirar a baliza.
Com um desenho táctico que se desdobra quase sempre para 4x1x3x2, sempre numa intensidade de jogo de tirar o ar, só um FCPorto pressionante, sobretudo em zonas afastadas do seu último reduto, com qualidade na circulação da bola, gizando as tão propaladas transições rápidas bem do agrado do Mister Jesualdo, poderá de alguma forma consubstanciar o aproveitamento das costas da defesa contrária, abrindo brechas no balanço e equilíbrio defensivo arsenalista.
Fica bom de ver que num onze onde pontificam nomes como Gallas, Sagna, Toure, Clichy, Denilson, Eboue, Bendtner ou Carlos Vela um qualquer pormenor de classe deita por terra conceitos como concentração, espírito de sacrifício e entreajuda, que terão de estar associados a exibição portista em Londres.
Com menos rodagem europeia mas experimentados qb em atmosferas adversas, sabe-se como essas experiências pesam nos desfechos de muito jogos deste cariz. Evidente obstáculo que se depara ao azuis e brancos é o menor fulgor exibicional que os portistas atravessam e apresentam neste inicio de época, desfeita a dúvida Lucho, que integra os convocados para a jornada europeia, sobram as questões sobre quem ocupará a faixa esquerda do último reduto azul, com Lino em estado de graça, resultante das exibições competentes que assinou nos últimos jogos, parece-me partir no lugar cimeiro da grelha de partida pelo lugar em causa, ainda mais com Fucile arredado das escolhas, as alternativas não são muitas.
A convocatória abre contudo uma janela ao debate e ao receio de novas invenções por parte do técnico azul e branco, é que Stepanov está de volta aos eleitos, com Bruno Alves e Rolando de pedra e cal no onze, e a experiência de Pedro Emanuel a ter por certo uma palavra a dizer neste género de confrontos, a inclusão de quatro centrais na convocatória poderá querer indiciar alguma estratégia menos conhecida e utilizada, fica a dúvida.
No meio campo abundam incertezas, Tomaz Costa devolverá o lugar a Mariano???..., alinhará um trio???... ou apresentará um quarteto???... Meireles e Lucho cabem de certo numa ou noutra das opções, “el comandante” é a referência das transições ofensivas, após o que se espera ter sido uma paragem pontual de base preventiva, estará por certo de regresso o acelerador de jogo portista.
Rodriguez será outro dos eleitos, apesar de condicionar todo o seu futebol ao abrigo do condicionalismo táctico imposto, o uruguaio tem sido um jogador à Porto, ainda longe de todo do seu potencial futebolístico dará por certo plenitude as extremidades do jogo dos Dragões.
Até por isso se percebe o porquê de Candeias espreitar com legitimas aspirações estrear-se em tão nobre palco na Champions, ele que tem o condão de ser um agitador de jogo com o associar do talento a atitude competitiva que transmite, assegurando assim que vai haver gente a fomentar a permissividade nas alas que as equipas inglesas por norma apresentam.
Fora da carruagem fica o inócuo Farias, não sendo contudo de esperar que Hulk apareça no onze, regressando Lisandro ao seu lugar de origem, depois de nova passagem pelo lado direito do ataque sem resultados visíveis.
Confesso que não levo jeito para as artes advinhatórias, por norma antevejo sob uma plataforma realística sem exacerbados fundamentalismos ou obstinados devaneios, como tal acredito e aposto numa equipa muito à imagem da apresentada na Luz aquando da segunda jornada da liga interina, ao fim e ao cabo decorridos que estão seis jogos oficiais esse jogo foi em largos períodos e salvo excepções já escalpelizadas e argumentos vilipendiados, a melhor exibição da época até a data, assim voto em Helton, Sapunaru, B. Alves, Rolando; Lino; Fernando, Meireles, Lucho, Tomaz Costa, Rodriguez e Lisandro.
Pede-se um Porto descomplexado no Emirates, fazendo do seu bloco médio/baixo um factor forte de estabilidade, concentração em patamares elevados, solidariedade entre sectores em doses capazes de estancar as ofensivas adversárias, para depois pacientemente lançar veneno e intranquilidade na defensiva anfitriã. A tarefa avizinha-se árdua, mas não impossível sendo por isso uma boa oportunidade para jogar futebol, sem lugar a receios ou espartilhos tácticos que nos tolhem o futebol e inibem a vontade de ganhar.
Lista de convocados:
Guarda-redes: Helton e Nuno.
Defesas: Sapunaru, Bruno Alves, Rolando, Pedro Emanuel, Lino, Stepanov e Benítez.
Médios: Lucho, Raul Meireles, Fernando, Tomás Costa, Mariano González e Guarín.
Avançados: Lisandro López, Cristian Rodriguez, Candeias e Hulk.