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Académica 0-3 FC Porto
Liga 2012/13, 24.ª jornada
30 de Março de 2013.
Estádio Cidade de Coimbra.
Assistência: 5.832 espectadores.
Árbitro: Bruno Esteves (Setúbal).
Assistentes: Rui Teixeira e Mário Dionísio.
Quarto árbitro: Rui Patrício.
ACADÉMICA: Ricardo; João Dias, João Real, Flávio (cap.) e Hélder Cabral; Bruno China, Makelele e Marcos Paulo; Rodrigo Galo, Edinho e Wilson Eduardo.
Substituições: Bruno China por Cleyton (59m), João Dias por Marinho (67m) e Wilson Eduardo por Cissé (86m).
Não utilizados: Peiser, Halliche, Keita e Ogu.
Treinador: Pedro Emanuel.
FC PORTO: Helton; Danilo, Otamendi, Mangala e Alex Sandro; Fernando, João Moutinho e Lucho; James, Jackson e Izmaylov.
Substituições: Lucho por Castro (74m), James por Defour (74m) e Danilo por Maicon (81m).
Não utilizados: Fabiano, Liedson, Abdoulaye e Kelvin.
Treinador: Vítor Pereira.
Ao intervalo: 0-1.
Marcadores: Mangala (15m), Danilo (52m) e Castro (89m).
Cartões amarelos: Bruno China (23m), Mangala (34m), Otamendi (62m) e João Moutinho (87m).
Cartões vermelhos: nada a assinalar.
Na cidade dos estudantes, os portistas não levaram lições de ninguém. Muito pelo contrário, cedo mostraram vontade em mandar no jogo. Mas como depressa e bem há pouco quem, as coisas foram emperrando, complicando-se por vezes o que parecia fácil.
No entanto, ponto prévio e merecedor de registo: os comandados de Vítor Pereira entraram no relvado com genica e ganas de chegar ao golo. Desde o tristonho jogo de Alvalade que não víamos esta irreverência dentro de campo, que se manifestou por exemplo na quantidade de homens que o FC Porto colocava dentro da grande área adversária. O golo de Mangala, aliás, foi o resultado natural do cerco que os azuis e brancos foram montando em redor da baliza à guarda de Ricardo.
O golo do francês (mostrando mais uma vez todo o seu ímpeto e poderio no jogo aéreo) sossegou e deu confiança à equipa, permitindo que, durante determinadas alturas do jogo, víssemos o famoso carrossel que outrora já foi tão elogiado. Fernando, Moutinho, Lucho e James protagonizaram jogadas de belo recorte, muitas delas ao primeiro toque, com desmarcações e tabelas bem desenhadas. Já tínhamos saudades deste FC Porto. Não tanto pelo nível de jogo, que esteve longe do brilhantismo, mas mais pela atitude e perseverança.
Depois do patético episódio Gabão, Paulo Bento voltou a fazer das suas durante a semana, optando pela utilização de João Moutinho nos jogos de qualificação. As coisas só correram bem, na verdade, porque estamos a falar de João Moutinho, que quase parece alimentar-se dos próprios jogos que efectua. Ironicamente, os jogos na equipa da FPF trouxeram Moutinho de novo para os patamares físicos adequados, voltando a ser o compasso que marca o ritmo de jogo do FC Porto. Foi dele, note-se, a assistência para o primeiro golo dos portistas. Quem ganha com este regenerado Moutinho é Lucho González que, para não variar, voltou a exibir-se em excelente plano. Mesmo ainda faltando algum campeonato, não será arriscado dizer que o argentino foi o jogador mais regular de toda a época, passando incólume pelos períodos mais obscuros da equipa, raramente baixando o seu rendimento.
Um parágrafo também para falar de James. É pena que tenha demorado tanto tempo a recuperar da lesão, mas também mais vale tarde que nunca. E o colombiano ainda vem muito a tempo, assim o esperamos, de ajudar a equipa de Vítor Pereira voltar ao primeiro lugar da classificação. Já quase não nos lembrávamos de como funciona aquele pé esquerdo. É certo que ainda falta a mudança de velocidade, a capacidade de deixar adversários para trás apenas com uma finta de corpo, mas a classe está toda lá. É urgente trabalhar a condição física do atleta, pois necessitamos do melhor James para esta recta final da temporada. É ele quem pode dar o toque de Midas a esta equipa.
Mas nem tudo foram boas notícias. Se Danilo na segunda parte se exibiu finalmente em bom plano, marcando inclusivamente um golo de belo efeito (porque não fez mais vezes este movimento durante o ano?), Alex Sandro parece algo cansado e a necessitar de refrescar as ideias. Foi autor de maus passes e optou muitas vezes pela jogada individual, levando o seu esforço ao extremo, agindo com sofreguidão e sem racionalizar as jogadas. Perde-se, além disso, em fintas desnecessárias, em nada contribuindo para o jogo da equipa, que se pretende fluido. Está, sem dúvida. numa quebra de forma.
Também Izmailov se mostrou muito abaixo do que sabe e pode fazer. Nunca foi capaz de esticar o jogo da equipa, actuando quase sempre pelo miolo do terreno. Mas esses feudos e coutadas pertencem, como se sabe, a Lucho e a Moutinho pelo que faria mais sentido se o russo optasse por pisar outros terrenos, dando à equipa outro tipo de solução que Varela, decididamente, não tem conseguido oferecer.
O terceiro golo, quase a terminar, alegrou bastante os portistas. Aquele festejo, alegre e sincero, genuíno, só podia ver de alguém que sente o Porto desde pequeno. Digam o que disserem, um jogador das escolas é sempre diferente. Faz-nos pensar que podíamos ser nós a estar ali, a bater com a mão no coração, a indicar o emblema que ali mora. A forma como Castro é tratado pela massa associativa é disso claro exemplo. E o jogador, aos poucos, tem correspondido, fruto da sua entrega e do seu futebol simples e escorreito, sem ligar o "complicómetro". Fica a ideia, quem sabe, de que o jogador deveria ter sido alvo de mais oportunidades durante a época. Isso traria vantagens a todos: daria maior descanso aos habituais titulares e seria fundamental na evolução técnico-táctica do jogador. Se Castro tivesse sido comprado a peso de ouro e fosse de outro continente, certamente teria mais oportunidades de explanar o seu futebol.
Em resumo, tratou-se de uma vitória justa, que se adivinhou desde os minutos iniciais do encontro. Os momentos de desconcentração não apagam uma exibição a fazer lembrar, em determinados momentos, o início da época. Há algum tempo que não se via a equipa com esta alma e com este compromisso. Resta saber se ainda vai a tempo. Eu acredito. Até ao fim, cumpre-nos acreditar. Nestes jogadores. Neste treinador. Nesta estrutura. Neste clube. Os jogadores só têm que fazer o mais fácil: ganhar os jogos. Continuem a fazer-nos acreditar! Com esta vitória, estamos de volta. Em Coimbra, deu-se a ressurreição de quem nunca esteve morto. Contem connosco. Como diriam os americanos, we're back to the game!
Rodrigo de Almada Martins
DECLARAÇÕES
VÍTOR PEREIRA:
“Fundamentalmente, acho que fizemos um jogo sereno e sério. Apresentámo-nos com personalidade, fomos tendo a bola, fazendo o nosso jogo e acabámos por chegar a um resultado de 3-0. Podíamos ter feito mais um ou outro golo, mas fiquei muito satisfeito com a equipa. Enalteço, mais uma vez, o trabalho dos jogadores. Se pudermos ter a bola, se a gestão for feita com bola, o desgaste é menor. E nós soubermos ter bola e esperar o momento certo. Controlámos os ritmos de jogo e isso foi a equipa que o fez. O Moutinho e o James são jogadores de muita qualidade que, mesmo tendo chegado fatigados, sabem gerir a intensidade do seu jogo e acrescentam qualidade. Temos que fazer o nosso trabalho, ganhar os nossos jogos e no fim fazemos as contas.”
DANILO:
“Fizemos por merecer a vitória, conseguindo controlar todas as acções do jogo e o resultado foi fruto daquilo que fizemos durante a partida. Somos jogadores de carácter, acostumados com as vitórias, e dois resultados que não sejam vitórias deixam-nos incomodados. Procurei ajudar a equipa, como sempre, e hoje, graças a Deus, consegui fazer o golo e uma boa partida. Esta equipa ainda tem muito para crescer.”
RESUMO DO JOGO
Liga 2012/13, 24.ª jornada
30 de Março de 2013.
Estádio Cidade de Coimbra.
Assistência: 5.832 espectadores.
Árbitro: Bruno Esteves (Setúbal).
Assistentes: Rui Teixeira e Mário Dionísio.
Quarto árbitro: Rui Patrício.
ACADÉMICA: Ricardo; João Dias, João Real, Flávio (cap.) e Hélder Cabral; Bruno China, Makelele e Marcos Paulo; Rodrigo Galo, Edinho e Wilson Eduardo.
Substituições: Bruno China por Cleyton (59m), João Dias por Marinho (67m) e Wilson Eduardo por Cissé (86m).
Não utilizados: Peiser, Halliche, Keita e Ogu.
Treinador: Pedro Emanuel.
FC PORTO: Helton; Danilo, Otamendi, Mangala e Alex Sandro; Fernando, João Moutinho e Lucho; James, Jackson e Izmaylov.
Substituições: Lucho por Castro (74m), James por Defour (74m) e Danilo por Maicon (81m).
Não utilizados: Fabiano, Liedson, Abdoulaye e Kelvin.
Treinador: Vítor Pereira.
Ao intervalo: 0-1.
Marcadores: Mangala (15m), Danilo (52m) e Castro (89m).
Cartões amarelos: Bruno China (23m), Mangala (34m), Otamendi (62m) e João Moutinho (87m).
Cartões vermelhos: nada a assinalar.
Na cidade dos estudantes, os portistas não levaram lições de ninguém. Muito pelo contrário, cedo mostraram vontade em mandar no jogo. Mas como depressa e bem há pouco quem, as coisas foram emperrando, complicando-se por vezes o que parecia fácil.
No entanto, ponto prévio e merecedor de registo: os comandados de Vítor Pereira entraram no relvado com genica e ganas de chegar ao golo. Desde o tristonho jogo de Alvalade que não víamos esta irreverência dentro de campo, que se manifestou por exemplo na quantidade de homens que o FC Porto colocava dentro da grande área adversária. O golo de Mangala, aliás, foi o resultado natural do cerco que os azuis e brancos foram montando em redor da baliza à guarda de Ricardo.
O golo do francês (mostrando mais uma vez todo o seu ímpeto e poderio no jogo aéreo) sossegou e deu confiança à equipa, permitindo que, durante determinadas alturas do jogo, víssemos o famoso carrossel que outrora já foi tão elogiado. Fernando, Moutinho, Lucho e James protagonizaram jogadas de belo recorte, muitas delas ao primeiro toque, com desmarcações e tabelas bem desenhadas. Já tínhamos saudades deste FC Porto. Não tanto pelo nível de jogo, que esteve longe do brilhantismo, mas mais pela atitude e perseverança.
Depois do patético episódio Gabão, Paulo Bento voltou a fazer das suas durante a semana, optando pela utilização de João Moutinho nos jogos de qualificação. As coisas só correram bem, na verdade, porque estamos a falar de João Moutinho, que quase parece alimentar-se dos próprios jogos que efectua. Ironicamente, os jogos na equipa da FPF trouxeram Moutinho de novo para os patamares físicos adequados, voltando a ser o compasso que marca o ritmo de jogo do FC Porto. Foi dele, note-se, a assistência para o primeiro golo dos portistas. Quem ganha com este regenerado Moutinho é Lucho González que, para não variar, voltou a exibir-se em excelente plano. Mesmo ainda faltando algum campeonato, não será arriscado dizer que o argentino foi o jogador mais regular de toda a época, passando incólume pelos períodos mais obscuros da equipa, raramente baixando o seu rendimento.
Um parágrafo também para falar de James. É pena que tenha demorado tanto tempo a recuperar da lesão, mas também mais vale tarde que nunca. E o colombiano ainda vem muito a tempo, assim o esperamos, de ajudar a equipa de Vítor Pereira voltar ao primeiro lugar da classificação. Já quase não nos lembrávamos de como funciona aquele pé esquerdo. É certo que ainda falta a mudança de velocidade, a capacidade de deixar adversários para trás apenas com uma finta de corpo, mas a classe está toda lá. É urgente trabalhar a condição física do atleta, pois necessitamos do melhor James para esta recta final da temporada. É ele quem pode dar o toque de Midas a esta equipa.
Mas nem tudo foram boas notícias. Se Danilo na segunda parte se exibiu finalmente em bom plano, marcando inclusivamente um golo de belo efeito (porque não fez mais vezes este movimento durante o ano?), Alex Sandro parece algo cansado e a necessitar de refrescar as ideias. Foi autor de maus passes e optou muitas vezes pela jogada individual, levando o seu esforço ao extremo, agindo com sofreguidão e sem racionalizar as jogadas. Perde-se, além disso, em fintas desnecessárias, em nada contribuindo para o jogo da equipa, que se pretende fluido. Está, sem dúvida. numa quebra de forma.
Também Izmailov se mostrou muito abaixo do que sabe e pode fazer. Nunca foi capaz de esticar o jogo da equipa, actuando quase sempre pelo miolo do terreno. Mas esses feudos e coutadas pertencem, como se sabe, a Lucho e a Moutinho pelo que faria mais sentido se o russo optasse por pisar outros terrenos, dando à equipa outro tipo de solução que Varela, decididamente, não tem conseguido oferecer.
O terceiro golo, quase a terminar, alegrou bastante os portistas. Aquele festejo, alegre e sincero, genuíno, só podia ver de alguém que sente o Porto desde pequeno. Digam o que disserem, um jogador das escolas é sempre diferente. Faz-nos pensar que podíamos ser nós a estar ali, a bater com a mão no coração, a indicar o emblema que ali mora. A forma como Castro é tratado pela massa associativa é disso claro exemplo. E o jogador, aos poucos, tem correspondido, fruto da sua entrega e do seu futebol simples e escorreito, sem ligar o "complicómetro". Fica a ideia, quem sabe, de que o jogador deveria ter sido alvo de mais oportunidades durante a época. Isso traria vantagens a todos: daria maior descanso aos habituais titulares e seria fundamental na evolução técnico-táctica do jogador. Se Castro tivesse sido comprado a peso de ouro e fosse de outro continente, certamente teria mais oportunidades de explanar o seu futebol.
Em resumo, tratou-se de uma vitória justa, que se adivinhou desde os minutos iniciais do encontro. Os momentos de desconcentração não apagam uma exibição a fazer lembrar, em determinados momentos, o início da época. Há algum tempo que não se via a equipa com esta alma e com este compromisso. Resta saber se ainda vai a tempo. Eu acredito. Até ao fim, cumpre-nos acreditar. Nestes jogadores. Neste treinador. Nesta estrutura. Neste clube. Os jogadores só têm que fazer o mais fácil: ganhar os jogos. Continuem a fazer-nos acreditar! Com esta vitória, estamos de volta. Em Coimbra, deu-se a ressurreição de quem nunca esteve morto. Contem connosco. Como diriam os americanos, we're back to the game!
Rodrigo de Almada Martins
DECLARAÇÕES
VÍTOR PEREIRA:
“Fundamentalmente, acho que fizemos um jogo sereno e sério. Apresentámo-nos com personalidade, fomos tendo a bola, fazendo o nosso jogo e acabámos por chegar a um resultado de 3-0. Podíamos ter feito mais um ou outro golo, mas fiquei muito satisfeito com a equipa. Enalteço, mais uma vez, o trabalho dos jogadores. Se pudermos ter a bola, se a gestão for feita com bola, o desgaste é menor. E nós soubermos ter bola e esperar o momento certo. Controlámos os ritmos de jogo e isso foi a equipa que o fez. O Moutinho e o James são jogadores de muita qualidade que, mesmo tendo chegado fatigados, sabem gerir a intensidade do seu jogo e acrescentam qualidade. Temos que fazer o nosso trabalho, ganhar os nossos jogos e no fim fazemos as contas.”
DANILO:
“Fizemos por merecer a vitória, conseguindo controlar todas as acções do jogo e o resultado foi fruto daquilo que fizemos durante a partida. Somos jogadores de carácter, acostumados com as vitórias, e dois resultados que não sejam vitórias deixam-nos incomodados. Procurei ajudar a equipa, como sempre, e hoje, graças a Deus, consegui fazer o golo e uma boa partida. Esta equipa ainda tem muito para crescer.”
RESUMO DO JOGO