http://bibo-porto-carago.blogspot.com/
Entre os muitos comentários de boas-vindas que recebi ao publicar o meu primeiro post, e que aproveito para agradecer, vi também expresso o desejo de que mantivesse o optimismo na minha participação aqui no BiBó PoRtO. Optimismos e pessimismos à parte, que nem sempre dá para ver o mundo com óculos cor-de-rosa (e nem creio que seja o mais saudável), posso garantir-vos que há uma equipa da qual me orgulho de não fazer parte: a equipa do bota-abaixo. Por isso, podem contar que, quando apontar o dedo a algo que considero uma falha no FC Porto, fá-lo-ei sempre de uma perspectiva construtiva e com o intuito de colaborar, nem que seja pela simples promoção da discussão, para que as coisas melhorem. É isso que tento fazer no post de hoje.
Tive recentemente o prazer de receber uma amiga húngara por alguns dias, que passei a mostrar-lhe o que de melhor tem a nossa cidade – com uma excepção: ela não tem o mínimo interesse em futebol, e como tal o ponto mais bonito e importante da cidade ficou de fora do itinerário. Ainda assim, disse-lhe: se estiveres atenta, vais ver FC Porto em todo o lado. E ela viu. Viu galhardetes e cachecóis nos carros e bandeiras nas janelas, viu pessoas que envergavam orgulhosamente vestuário alusivo ao clube, viu posters e postais da equipa colados por trás das bancas no Bolhão, no compartimento de aluguer de cadeiras da praia de Gondarém ou no sapateiro da rua Mouzinho da Silveira. Mas há uma coisa que ela não viu: uma presença oficial do FC Porto na zona nobre da cidade que lhe dá nome.
É frequente conversar com portistas sobre as limitações do actual modelo da Loja Azul, temática já discutida no BiBó PoRtO aqui e, mais recentemente, aqui. Mas para lá dos problemas da nossa loja a nível de oferta, atendimento e outras questões específicas que, por já terem sido discutidas nos posts mencionados, me coibirei de abordar neste, algo que há muito tempo defendo é a criação de uma Loja Azul no centro da cidade.
Se a minha amiga húngara tivesse querido comprar um cachecol do FCP para um irmão ou um amigo, tê-lo-ia comprado numa dessas lojas de souvenirs manhosas que tanto vendem cachecóis do FCP como do Benfica, do Sporting, do Real ou do Manchester. Se tivesse querido comprar uma camisola, teria largado 70 euros na Sportzone. São cada vez mais os turistas que visitam o Porto, e certamente que o clube não ignora as potenciais receitas a eles associadas, mas esperar que se dêem ao trabalho de se dirigir ao Dragão, numa zona periférica da cidade, para ter uma experiência do FC Porto, limita o público-alvo àqueles que efectivamente gostam muito de futebol e fazem questão de visitar o estádio. Por sua vez, estar representado no coração da cidade recordaria constantemente locais e forasteiros de que “esta é a cidade do FC Porto”. Compre aqui a sua recordação, aprenda um pouco mais sobre o clube, veja como o nosso estádio é bonito – se quiser ir visitá-lo ou assistir a um jogo, adquira aqui o seu bilhete. Não tenho qualquer experiência em marketing mas tenho larga experiência enquanto turista ;), além da convicção de que não é preciso inventar a roda e de que não é vergonha nenhuma copiar o que já foi feito, e bem feito, em outros países. A maioria dos grandes clubes europeus marca presença no centro das respectivas cidades (admito a excepção dos clubes de Londres, que, pela dimensão da urbe e número de clubes médios/grandes nela sedeados, têm maior identificação com o bairro/zona do que propriamente com a cidade) com uma ou mais lojas que, além de venderem artigos do clube, constituem um estandarte, uma verdadeira marcação de território.
Quem esteve na apresentação da equipa no passado Domingo deve ter reparado que os ecrãs do estádio exibiram durante grande parte do tempo, como pano de fundo ao resultado e tempo de jogo, imagens de zonas emblemáticas do Porto – a Ribeira, os Clérigos, entre outras – decoradas com desenhos de autocarros azuis, bandeiras azuis nas janelas, pessoas vestidas de azul e balõezinhos azuis a subir ao céu. A essa imagética foi aparentemente dado o nome de “Cidade FC Porto”, mas desconheço se se enquadra num conceito mais vasto ou se é apenas isso mesmo: uma série de imagens bonitas da cidade do Porto em tons de azul e branco. De qualquer forma, vejo com bons olhos essa reaproximação do clube à cidade, marcada também pela recente aquisição da antiga sede nos Aliados (e, num âmbito já supra-municipal, pelas “flash mob” de publicidade ao Dragon Seat em vários concelhos da Área Metropolitana do Porto), sobretudo tendo em conta as débeis relações institucionais com a Câmara desde 2001. A realidade é que a relação do FC Porto com o Porto (e boa parte do Grande Porto) é tão vincada e tão intensa que não pode ficar refém de conjunturas políticas locais. O FC Porto é o grande símbolo da cidade do Porto e tem que se assumir como tal, independentemente de lhe serem ou não abertas as portas dos Paços do Concelho de cada vez que eleva mais um pouco o nome da cidade em Portugal, na Europa e no Mundo.
E insisto: a meu ver, parte dessa afirmação da “Cidade FC Porto” passa pelo estabelecimento de uma Loja Azul no centro da cidade. Sobre a mais-valia económica associada a esse estabelecimento, pouco mais posso fazer do que atirar postas de pescada; mas sobre a mais-valia simbólica posso afirmar sem qualquer dúvida que seria extremamente significativa. E como se isso, por si só, não fosse já muito importante, convém ter em conta que, no futebol como em outras áreas, a vertente simbólica, sobretudo quando inteligentemente aproveitada (não confundir com “despudoradamente explorada”, que a fronteira não é assim tão ténue), mais cedo ou mais tarde se transforma em dinheiro. Parece-me que o nosso clube nem sempre dá a devida importância a isso.
Tive recentemente o prazer de receber uma amiga húngara por alguns dias, que passei a mostrar-lhe o que de melhor tem a nossa cidade – com uma excepção: ela não tem o mínimo interesse em futebol, e como tal o ponto mais bonito e importante da cidade ficou de fora do itinerário. Ainda assim, disse-lhe: se estiveres atenta, vais ver FC Porto em todo o lado. E ela viu. Viu galhardetes e cachecóis nos carros e bandeiras nas janelas, viu pessoas que envergavam orgulhosamente vestuário alusivo ao clube, viu posters e postais da equipa colados por trás das bancas no Bolhão, no compartimento de aluguer de cadeiras da praia de Gondarém ou no sapateiro da rua Mouzinho da Silveira. Mas há uma coisa que ela não viu: uma presença oficial do FC Porto na zona nobre da cidade que lhe dá nome.
É frequente conversar com portistas sobre as limitações do actual modelo da Loja Azul, temática já discutida no BiBó PoRtO aqui e, mais recentemente, aqui. Mas para lá dos problemas da nossa loja a nível de oferta, atendimento e outras questões específicas que, por já terem sido discutidas nos posts mencionados, me coibirei de abordar neste, algo que há muito tempo defendo é a criação de uma Loja Azul no centro da cidade.
Se a minha amiga húngara tivesse querido comprar um cachecol do FCP para um irmão ou um amigo, tê-lo-ia comprado numa dessas lojas de souvenirs manhosas que tanto vendem cachecóis do FCP como do Benfica, do Sporting, do Real ou do Manchester. Se tivesse querido comprar uma camisola, teria largado 70 euros na Sportzone. São cada vez mais os turistas que visitam o Porto, e certamente que o clube não ignora as potenciais receitas a eles associadas, mas esperar que se dêem ao trabalho de se dirigir ao Dragão, numa zona periférica da cidade, para ter uma experiência do FC Porto, limita o público-alvo àqueles que efectivamente gostam muito de futebol e fazem questão de visitar o estádio. Por sua vez, estar representado no coração da cidade recordaria constantemente locais e forasteiros de que “esta é a cidade do FC Porto”. Compre aqui a sua recordação, aprenda um pouco mais sobre o clube, veja como o nosso estádio é bonito – se quiser ir visitá-lo ou assistir a um jogo, adquira aqui o seu bilhete. Não tenho qualquer experiência em marketing mas tenho larga experiência enquanto turista ;), além da convicção de que não é preciso inventar a roda e de que não é vergonha nenhuma copiar o que já foi feito, e bem feito, em outros países. A maioria dos grandes clubes europeus marca presença no centro das respectivas cidades (admito a excepção dos clubes de Londres, que, pela dimensão da urbe e número de clubes médios/grandes nela sedeados, têm maior identificação com o bairro/zona do que propriamente com a cidade) com uma ou mais lojas que, além de venderem artigos do clube, constituem um estandarte, uma verdadeira marcação de território.
Quem esteve na apresentação da equipa no passado Domingo deve ter reparado que os ecrãs do estádio exibiram durante grande parte do tempo, como pano de fundo ao resultado e tempo de jogo, imagens de zonas emblemáticas do Porto – a Ribeira, os Clérigos, entre outras – decoradas com desenhos de autocarros azuis, bandeiras azuis nas janelas, pessoas vestidas de azul e balõezinhos azuis a subir ao céu. A essa imagética foi aparentemente dado o nome de “Cidade FC Porto”, mas desconheço se se enquadra num conceito mais vasto ou se é apenas isso mesmo: uma série de imagens bonitas da cidade do Porto em tons de azul e branco. De qualquer forma, vejo com bons olhos essa reaproximação do clube à cidade, marcada também pela recente aquisição da antiga sede nos Aliados (e, num âmbito já supra-municipal, pelas “flash mob” de publicidade ao Dragon Seat em vários concelhos da Área Metropolitana do Porto), sobretudo tendo em conta as débeis relações institucionais com a Câmara desde 2001. A realidade é que a relação do FC Porto com o Porto (e boa parte do Grande Porto) é tão vincada e tão intensa que não pode ficar refém de conjunturas políticas locais. O FC Porto é o grande símbolo da cidade do Porto e tem que se assumir como tal, independentemente de lhe serem ou não abertas as portas dos Paços do Concelho de cada vez que eleva mais um pouco o nome da cidade em Portugal, na Europa e no Mundo.
E insisto: a meu ver, parte dessa afirmação da “Cidade FC Porto” passa pelo estabelecimento de uma Loja Azul no centro da cidade. Sobre a mais-valia económica associada a esse estabelecimento, pouco mais posso fazer do que atirar postas de pescada; mas sobre a mais-valia simbólica posso afirmar sem qualquer dúvida que seria extremamente significativa. E como se isso, por si só, não fosse já muito importante, convém ter em conta que, no futebol como em outras áreas, a vertente simbólica, sobretudo quando inteligentemente aproveitada (não confundir com “despudoradamente explorada”, que a fronteira não é assim tão ténue), mais cedo ou mais tarde se transforma em dinheiro. Parece-me que o nosso clube nem sempre dá a devida importância a isso.