BELENENSES-FC PORTO, 1-2
Esta equipa parece ter ganho o terrível prazer de vencer pelo sofrimento. Depois de se habituar a entrar a perder por quatro vezes nos últimos cinco jogos, o Dragão adquiriu um novo gostinho: sofrer até ao último apito do árbitro.
Por um golo qualificou-se o FC Porto para a Final Four da Taça da Liga a disputar-se em Braga entre 22 e 26 de Janeiro. Os Dragões ficaram empatados em tudo na classificação com o Desp. Chaves, excepto num factor determinante. Fizeram sete golos contra cinco dos flavienses. De resto, igualaram-se em pontos, na diferença de golos marcados e sofridos e em número de empates.
O carimbo da qualificação para a Final Four só aconteceu mesmo no final do jogo. Os últimos quinze minutos dos jogos Chaves-Varzim e Belenenses-FC Porto foram extremamente enervantes e emocionantes. Ora o Chaves que, em Trás-os-Montes, sufocava o Varzim mas a bola não entrava na baliza varzinista, ora o FC Porto via o Guarda-Redes Mika negar um punhado de golos feitos aos Dragões.
Sérgio Conceição apostou praticamente no seu onze habitual com duas alterações. Uma já esperada na baliza com Vaná a surgir no lugar de Casillas e outra de Bruno Costa a formar o trio do meio-campo com Danilo e Herrera. O técnico portista não facilitou e por isso não poupou pedras influentes na equipa azul-e-branca.
O jogo começou com uma entrada muito má do FC Porto. Aos 4 minutos, o Belenenses, a jogar sem nove habituais titulares, logrou adiantar-se no marcador. Após uma falta cometida por Maxi, Matija cobrou o livre na esquerda entre a linha lateral e a linha da grande área, Cleyton cabeceou para defesa incompleta de Vaná e Reinildo, mais lesto que toda a gente, rematou para a baliza.
O golo afectou bastante a equipa do FC Porto. Os Dragões não conseguiam organizar uma jogada com princípio, meio e fim e até aos 20 minutos de jogo, os azuis-e-brancos estavam, no fraco relvado do Jamor, com alguma dificuldade em entrar na partida.
Depois, os Dragões encontraram-se e começou a ver-se jogo com sentido único. Surgiram quatro oportunidades de golo. Todas para a equipa portista. Bruno Costa rematou a rasar o poste e depois Corona por três vezes desperdiçou o ensejo de empatar a partida. Primeiro, num cabeceamento deficiente, com tudo para atirar à baliza, depois num remate ao poste da baliza de Mika e, por fim, bem enquadrado com a baliza, à meia volta rematou ao lado.
A seis minutos do intervalo e sem ver resultados práticos, Sérgio Conceição, irritado, nervoso e impaciente, retirou do campo Maxi e Bruno Costa e lançou Hernâni e Soares. O FC Porto passava a jogar com uma disposição mais ofensiva. Corona desceu para lateral, Hernâni colocou-se a extremo e Soares apoiou Marega no ataque. O miolo ficou entregue apenas a Danilo e Herrera.
Ao intervalo, o resultado era injusto, mas castigava a inoperância do FC Porto nos primeiros vinte minutos e o desperdício dos seus jogadores. A etapa complementar foi terrivelmente intensa. O jogo continuava com sentido único. O Belenenses a defender e a procurar o contra-golpe e o FC Porto a apostar tudo no assalto à baliza de Mika.
A equipa portista assumia riscos elevados, mas não podia actuar de outra forma. A equipa estava toda balanceada para o ataque e dava muitos metros atrás para o contra-golpe dos azuis de Belém. A sorte dos azuis-e-brancos foi que o Belenenses apenas ameaçou por uma vez em lances de transição ofensiva, com Dramé a rematar cruzado ao lado da baliza de Vaná.
Aos 53 minutos, no entanto, o empate chegou com toda a naturalidade. Soares desmarcou Brahimi na esquerda e o argelino cruzou, por alto, para o coração da área onde Marega rematou forte sem deixar pousar a bola. O FC Porto estava nesse momento apurado, mas em Chaves, a registar-se um empate na altura, tudo poderia mudar a qualquer momento. Haveria que chegar à vitória e, se possível, marcar mais golos.
O Belenenses procurou reagir e o seu treinador Silas apostou em jogadores rápidos para tentar surpreender os Dragões. Mas o FC Porto estava demasiado comprometido com o jogo para permitir qualquer veleidade ao Belenenses. Aos 63 minutos, Alex Telles bateu mais um dos seus infindáveis livres e Soares, com um excelente toque de cabeça, fez a bola entrar junto ao poste e bateu Mika.
Com vantagem de um golo no seu jogo e a verificar-se um empate em Chaves, o FC Porto passou a controlar a partida e o resultado. No entanto, acerca de vinte minutos do fim, chegam notícias de Trás-os-Montes. O Chaves acabava de marcar dois golos em quatro minutos e o apuramento dos Dragões estava preso por arames. Apenas um golo separava a linha muito ténue entre o apuramento e a eliminação.
Até ao final assistiu-se a uma franja de nervos e a mais um punhado de golos desperdiçados pelo FC Porto. Mika, guarda-redes do Belenenses, fazia três grandes defesas a remates de Hernâni por duas vezes e depois a um remate de Adrián, defendido por instinto.
Em Chaves, o sufoco à baliza do Varzim era de tal ordem que se temia que a qualquer momento, os flavienses marcassem um golo que lhes daria a qualificação para a Final Four da prova. Danilo, no Jamor, viu ainda um golo anulado por fora de jogo, mas em Chaves, a equipa local acabaria por não marcar e os Dragões acabaram por se qualificar, onde vão defrontar o Benfica, nas meias-finais, no próximo dia 22 de Janeiro.
Até lá, muitos jogos esperam o FC Porto. Jogos exigentes, intensos e desgastantes a começar já no terceiro dia do Ano Novo, na sempre difícil deslocação à Vila das Aves a contar para a 15ª Jornada da Liga NOS.
DECLARAÇÕES
Sérgio Conceição: "A Taça da Liga é vivida de forma diferente"
Objetivo cumprido e o recorde
“Estamos contentes. Tal como no ano passado, chegamos à Final Four. Lembro-me que perdemos nos penáltis na meia-final, mas queremos mais, queremos vencer a competição. Houve emoção. Acredito que a Taça da Liga é aquilo que não foi no início, é vivida de uma forma diferente. A 16.ª vitória equivale a um recorde, mas é um recorde para o clube. Para mim é bom porque coincide com a passagem à meia-final da Taça da Liga”.
Reação após mau início
“Entramos mal, tivemos 20 a 25 minutos fracos. A partir do momento em que acordamos um pouco para o jogo, principalmente naquilo que foi a disponibilidade mental dos jogadores para este encontro, o jogo teve praticamente sempre um sentido. O Belenenses é uma equipa com jovens jogadores com qualidade, e o golo deu-lhes ânimo, mas falhamos dez oportunidades de golo graças a Mika, que foi o melhor jogador em campo. Por tudo isto, a vitória é merecida, e continuamos a colher o fruto que advém do nosso trabalho”.
Final Four equilibrada
“Desculpe estar aqui com a braçadeira, mas é para a Liga não me multar outra vez. Os clubes hoje dão imensa importância a esta competição, e a verdade é que os quatro primeiros clubes da Liga estão na Final Four. Acho que as meias-finais vão ser muito competitivas e isto só ajuda a dar um maior prestigio à Taça da Liga”.
A mesma ambição no virar do ano
“A conquista do campeonato foi o maior momento do ano, mas é um prazer trabalhar todos os dias nesta casa. Vivemos com uma ambição muito grande, houve momentos muito positivos em 2018, mas temos de dar continuidade em 2019. Aproveito para desejar um grande 2019, cheio de saúde, paz e de muito sucesso, que é isso que todas as pessoas procuram”.
RESUMO DO JOGO