Três semanas, três pontos e três vitórias depois… ela ai está no seu esplendor máximo, a Champions!!!
Reavivadas as esperanças, muito por culpa do
in-extremis volte face de Kiev, os azuis e brancos fazem escala em Istambul com vista a carimbarem o passaporte para a fase seguinte da mais elitista prova de clubes. Se a Ucrânia e seus Czares, foi um jogo épico, a Turquia, Istambul e o Fenerbahçe afiguram-se como uma verdadeira encruzilhada no caminho do Dragão.
O Grupo G é um daqueles onde ainda tudo pode acontecer, talvez por isso os turcos da antiga Constantinopla acalentem ainda a esperança de qualificação. Após temporada histórica e de sucesso, os comandados de Luís Aragonés encaram por estes dias a forte proximidade com a eliminação precoce na actual edição da liga milionária.
Quando em meados de Setembro de visita ao palco dos Dragões foram derrotados por 3-1, tendo passado ao lado da goleada, mas onde com um pouco mais de fortuna a história podia ter sido outra, estavam longe de imaginar que à entrada para a quinta jornada o seu pecúlio de pontos se confinasse apenas um par deles, e que na antecâmara do seu último jogo em casa nesta fase de grupos ainda não conheçam o sabor da vitória.
Se o panorama na Champions tem pouco de cor-de-rosa, o que dizer do cenário do campeonato turco onde o actual vice-campeão já averbou quase tantas derrotas como em toda a época transacta,
(quatro contra cinco), ocupando actualmente o sexto posto da classificação, nada condizente com os seus pergaminhos. Desenganem-se no entanto aqueles que vêem neste menor fulgor da equipa turca uma porta aberta às facilidades.
Na verdade, os eurasiáticos depois de alguns resultados escabrosos, com expoente máximo na goleada sofrida intra muros às mãos do Arsenal, os vulgarmente chamados de
“canários amarelos”, não perdem à seis jogos e após o normal período de mudança e tempo de adaptação aos novos métodos, encetaram uma boa recuperação onde para além do empate em pleno Emirates Satadium, vulgarizaram o rival Galatasaray por expressivos 4-1, retomando dessa forma os níveis de confiança apenas acossados pelo empate a zeros da última jornada frente ao desconhecido Ankaragucu.
É por entre estes exercícios de contraditório do adversário e somado ao inferno do estádio Fenerbahçe Sükrü Saracoglu,
(onde poucos foram os clubes que garantiram os três pontos), que os comandados de Jesualdo irão tentar não hipotecar a passagem a próxima fase e garantir desde logo o objectivo mínimo, a UEFA Cup.
Sem histórico de confrontos entre os emblemas em contenda, os azuis escudam-se no conforto estatístico dos embates em solo turco, onde por entre outros dados salta à vista a certeza de nunca terem perdido na Turquia, tendo como aliado de peso no reforço da moral, a vitória da última época no terreno do Besiktas, para muitos considerado, o mais infernal e assustador ambiente turco.
No seio do adeptos anfitriões, graça à desconfiança, sobram incógnitas sobre o potencial deste Fenerbahçe de Aragonés, por entre ausências por castigo
(Lugano e Selçuk), e as dúvidas até a última da hora sobre as recuperações de Roberto Carlos, Alex e Senturk, muitos são os nomes que sobram, para em conjunto com as 50 mil gargantas fanáticas, tudo fazerem para conduzir a equipa da casa aos três pontos.
Basicamente a estrutura da época passada mantêm-se, assentes num colectivo forte onde o ataque é o seu sector mais forte, mas onde a tenacidade e voraz capacidade de luta na zona nevrálgica ditam algumas leis. A sua debilidade maior parece ser defensivamente sobretudo quando confrontados com ataques cuja capacidade de visar a baliza se centra no factor velocidade. Jogadores como Güiza, Josico, Edu Dracena, Yilmaz, Boral, Kazim Kazim e o nosso velho conhecido Deivid, estarão por certo nas cogitações do técnico campeão europeu de selecções.
Do outro lado da barricada está um FC Porto que optou por ter todo o tempo do mundo para preparar este importante confronto, mesmo conscientes dos factores de risco que os hiatos competitivos acarretam, o acertar de agulhas fez-se dentro da tranquilidade necessária, apenas perturbada pelas lesões de Sapunaru e Pedro Emanuel. Sem poder contar com Lucho, os cenários de mudança multiplicam-se pelas soluções que o plantel encerra em si mesmo.
Com um discurso pouco eloquente como é seu timbre, o técnico dos azuis e branco sempre foi adiantado que os processos de jogo sustentam a capacidade do Dragão em ser audaz o suficiente para lutar pela vitória. Se na direita a vaga está atribuída ao uruguaio Fucile, na esquerda persiste a dúvida entre Lino e o capitão, voz de comando nas horas mais apertadas, Pedro Emanuel.
Com Fucile na direita, não restam dúvidas no utilizar de Tommy como substituto directo de
“El Comandante”, Fernando e Meireles são unidades consensuais e de escolha pacífica no universo do meio campo azul. No papel, parece-me que tacticamente não há nenhum rebuscamento nesta configuração, até porque com Fucile e Tomas Costa, ficamos à partida resguardados daquele que para mim é o flanco mais forte do opositor. Em perspectiva uma zona intermédia em 4x4x2, de labor altruísta, credível se conseguir impor desdobramentos próximos de um registo suporte do 4x3x3, órfã naturalmente do toque de classe, criatividade e inteligibilidade que Lucho denota no rendilhar do jogo e qualidade que dá a posse e endosso da bola.
Mesclam-se opções, abrindo-se como é habito espaço ao devaneio táctico de Jesualdo e seu pares. Guarin e Mariano são inaptas soluções a meu ver, sendo certo que falta no plantel alguém capaz de dar o toque de magia ao último passe das transições e às perigosas diagonais de Licha, seja qual for a decisão, são precisos golos!!!
Como tal, passa por fazer a vontade ao mister adversário e faze-lo t(r)emer em boa verdade com as transições sem grandes floreados, pondo a nú as fragilidades defensivas do
“Fener”, através do explosivo contra-ataque portista. Para tal, Hulk, Rodriguez, Lisandro e até Tarik são importantes trunfos na dinâmica e rumo do jogo.
O
“cebola” pode ser pedra fulcral na dinâmica das saídas para o ataque, ele que se aproxima muito mais de um interior direito com apetência por galgar metros no encalço da baliza contrária. Ao ser adicionado à estratégia ofensiva, poderá fazer a ponte entre a primeira linha de recuperação de bola e o lançar incisivo do ataque para zonas mais próximas do último reduto caseiro.
Durante o meu tempo de retempero psicológico e físico de um dia de trabalho, lia nos pasquins cá do burgo, que uma entrada forte dos azuis e brancos somado ao demorar do acertar das marcações dos turcos costuma redundar em golos,
(foi assim naqueles 30 minutos de sonho, aquando da 1ª jornada), mas se os inícios são bons, o dealbar das partidas são também profícuos no aproveitar do cansaço físico e psicológico do adversário, por isso, se a ideia é madrugar, eu acrescento que convêm não arrumar a tenda cedo demais.
É comum dizer-se que estes jogos se decidem nos pormenores, que o futebol moderno vive hoje e cada vez mais dos equilíbrios que as equipas conseguem absorver dos esquemas tácticos alvitrados, consistência, concentração, dinâmica, intensidade são sempre conceitos que aparecem agregados aos princípios base de uma equipa, é também por estas e outras razoes que Lucho se cobre de razão ao afirmar que não ganha jogos sozinho, é também com a mente nestas premissas que o Dragão tem de ganhar autonomia e fazer versar a tónica de que o todo é bem mais forte que a soma das partes.
O FC Porto tem sido uma equipa de ritmos e desempenhos variáveis, agora em nova batalha frente ao império otomano. A equipa portista, apesar da diferença pontual para o contendor lhe oferecer margem de manobra face ao apuramento, sabe que tal como noutras circunstancias, falhar nesta fase da época, pode custar caro na solução da equação da qualificação para a ronda seguinte.
A vitória, ainda que conjugada com outros resultados, talvez possa não ser significado de nada nas nossas pretensões, no entanto, todos sabem que filosofias com contornos que não propiciem uma fé inabalável nos três pontos sempre derivam em exibições pouco ou nada condizentes com o espírito Dragão. A hora é de confirmar a retoma. Não há pois espaço para voltar a descarrilar e enfermar de novo estado comatoso, como tal pelo Ar, por Terra ou por Mar, só ganhando nos manteremos na Rota dos Milhões…
LISTA DE CONVOCADOS
Guarda-redes: Helton e Nuno.
Defesas: Bruno Alves, Fucile, Lino, Pedro Emanuel, Rolando e Stepanov.
Médios: Fernando, Guarin, Mariano, Pelé, Raul Meireles, Rodríguez, Tarik e Tomás Costa.
Avançados: Farias, Hulk e Lisandro.# post publicado em simultaneo no fórum
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