http://bibo-porto-carago.blogspot.pt/
Que são. Estes.
Aqueles que vimos vivendo nos últimos três anos, equivalentes a mais de mil dias de horror, apocalipse, trevas e decadência moral (que a física ainda não se materializou… ainda não). Os dias do fim do nosso mundo. O mundo, nosso habitat natural, como nós o conhecíamos. Bonito que ele era. Perfeito, tão redondinho, azulinho.
Algum dia teria de ser, todos o sabíamos. Apenas esperávamos que o amanhã não fosse a véspera dele. Chutávamos a bola para a frente e esperávamos que isso fosse adiando a coisa, prolongando os minutos de jogo. Que a bola entrasse por algum golpe de sorte ou tiro certeiro de um qualquer jogador de empresário certo e nacionalidade incerta. E assim íamos indo.
Afinal o fim auto se anunciou e proclamou. Confortavelmente, instalou-se bem mais rápido do que o previsto. E, pelo volume da bagagem visível a olho nu e do tamanho do balde de pipocas, veio para ficar durante uns tempos. Largos. Botem largos nisso.
Serão meteoritos. Bué deles. Napalm. O cheiro primeiro, a recordação dele depois... Será chuva pardacenta, morrinhenta, alternando com dias armados em parvos de grandes e gordas nuvens cinzentas e outros de pura tempestade e inclemência. Será sol impiedoso e tórrido num deserto a atravessar, sem água, sinal de verde ou sombra de oásis fortuito. Será a ausência de luz, em mais um túnel escuro e sinuoso que teremos de ser capazes de atravessar e calcorrear até ao fim, indiferentes ou resistentes a tropeções sucessivos e às pancadas com a cabeça. Serão vales profundos e montanhas altas, quase sem oxigénio. Tudo subitamente inóspito. Já não redondinho. Com as cores de outros. Como é aquela frase que agora o universo SDiano apregoa como se não houvesse amanhã? Ah, sim. “Só os mais fortes sobrevivem. Nós seremos eternos”.
Pois é… o Amanhã não está garantido, gente. Teremos de lutar, combater por ele. Tentar que chegue rápido e que nos seja simpático. Até lá, será como disse. Agonia, muita. Dor atroz. Fenómenos climáticos extremos e extremados. Provações e privações. Provocações. Limpezas. Purgas. Sedimentações. Eliminações cirúrgicas. Formatações. Perseguições. Caças às bruxas. Injustiças. Exterminações. Perdas. Erradicação de toda a espécie de regimes e esquemas, estatutos de deuses e semideuses. Fontes de rendimentos e luxos e vício$ já secas. Galinhas com ovos normais, já não de ouro. A decadência finalmente física.
Sobreviveremos. E um Clube como o nosso saberá ser Eterno. É Eterno.
Isso sei. Recomeçaremos do quase zero, seguiremos e revisitaremos exemplos de sucesso felizmente ainda bem enraizados dentro de nós, reconstruiremos o que foi demolido intramuros. Voltaremos a erguer a Alma Azul e Branca. O Imenso Orgulho Tripeiro. O Famoso e Lendário Espírito, a Mítica Raça de Dragão. Com o mesmo ou outro Líder. No fundo, não interessa o nome: Fernando, André, Paulo, Pedro, Nuno, Ruka, Eduardo, Joaquim, Vasquinho, Rui, Vítor, Manelinho, Jorge ou José, o objectivo comum que todos partilhamos e partilharemos é o bem do clube que veneramos e amamos acima de tudo. O Mágico Emblema e a Mágica Camisola. Só isso perdura, acima de qualquer obra, gratidão, homem ou nome…
Quanto a mim, já tenho o meu plano de acção devidamente delineado, o meu kit de sobrevivência analisado e repensado para os tempos madrastos deste estúpido Armagedão, o nosso Apocalipse Now. Vou ficar mais zen, praticar a meditação, procurar implementar e interiorizar a calma e a total aceitação dos elementos que se nos atravessem à frente. Mantas fofinhas, guarda-chuvas, impermeáveis, tendas. Livros. Revistas. Contentores de kleenex. Lanternas recarregáveis, capacete com luz incorporada para a noite do longo túnel, óculos de sol, tank tops, um espelho, protector solar e GPS para a travessia das areias do deserto… coisas assim. Oxigénio, água, latas de atum. Baralhos de cartas não, que não gosto.
Vou continuar a ver jogos, a ouvir relatos, a torcer e a sofrer, a puxar cabelos, a atirar-me para o sofá, a dar saltos e pinotes, a criticar este ou aquele, mesmo o pateta do treinador, mas sempre com uma atitude profundamente holística, construtiva, serena e muito, fantasticamente, desesperadamente zen. Imbuída do motivacional espírito do “perder e ganhar tudo é desporto”, “não interessa ganhar, importa é participar”, “os campeões crescem nas derrotas”, “ri melhor quem ri por último”, “grão a grão, enche a galinha o papo”, whatever!, serei uma adepta fiel, apaixonada, equilibrada, pura e simplesmente desinteressada. Ou seja, alguém que não quer ficar no clube e com o clube porque ele ganha, mas ficar nele e com ele mesmo quando perde… fundamentalmente quando perde. Dar sem pedir nada em troca. Sem nada exigir. Um Portismo, um orgulho sempre maior.
Na saúde e na doença, Porto.
São estes os votos que hoje te faço, neste horrível texto que nunca quis escrever.
Demore um, quatro ou até mais anos. Décadas.
Bastará o teu emblema, vê-lo, adorá-lo, dar-lhe um mimo ou um beijo e tudo ficará bem.
Outros mundos virão.
Bonitos, redondinhos. Azulinhos.
Aqueles que vimos vivendo nos últimos três anos, equivalentes a mais de mil dias de horror, apocalipse, trevas e decadência moral (que a física ainda não se materializou… ainda não). Os dias do fim do nosso mundo. O mundo, nosso habitat natural, como nós o conhecíamos. Bonito que ele era. Perfeito, tão redondinho, azulinho.
Algum dia teria de ser, todos o sabíamos. Apenas esperávamos que o amanhã não fosse a véspera dele. Chutávamos a bola para a frente e esperávamos que isso fosse adiando a coisa, prolongando os minutos de jogo. Que a bola entrasse por algum golpe de sorte ou tiro certeiro de um qualquer jogador de empresário certo e nacionalidade incerta. E assim íamos indo.
Afinal o fim auto se anunciou e proclamou. Confortavelmente, instalou-se bem mais rápido do que o previsto. E, pelo volume da bagagem visível a olho nu e do tamanho do balde de pipocas, veio para ficar durante uns tempos. Largos. Botem largos nisso.
Serão meteoritos. Bué deles. Napalm. O cheiro primeiro, a recordação dele depois... Será chuva pardacenta, morrinhenta, alternando com dias armados em parvos de grandes e gordas nuvens cinzentas e outros de pura tempestade e inclemência. Será sol impiedoso e tórrido num deserto a atravessar, sem água, sinal de verde ou sombra de oásis fortuito. Será a ausência de luz, em mais um túnel escuro e sinuoso que teremos de ser capazes de atravessar e calcorrear até ao fim, indiferentes ou resistentes a tropeções sucessivos e às pancadas com a cabeça. Serão vales profundos e montanhas altas, quase sem oxigénio. Tudo subitamente inóspito. Já não redondinho. Com as cores de outros. Como é aquela frase que agora o universo SDiano apregoa como se não houvesse amanhã? Ah, sim. “Só os mais fortes sobrevivem. Nós seremos eternos”.
Pois é… o Amanhã não está garantido, gente. Teremos de lutar, combater por ele. Tentar que chegue rápido e que nos seja simpático. Até lá, será como disse. Agonia, muita. Dor atroz. Fenómenos climáticos extremos e extremados. Provações e privações. Provocações. Limpezas. Purgas. Sedimentações. Eliminações cirúrgicas. Formatações. Perseguições. Caças às bruxas. Injustiças. Exterminações. Perdas. Erradicação de toda a espécie de regimes e esquemas, estatutos de deuses e semideuses. Fontes de rendimentos e luxos e vício$ já secas. Galinhas com ovos normais, já não de ouro. A decadência finalmente física.
Sobreviveremos. E um Clube como o nosso saberá ser Eterno. É Eterno.
Isso sei. Recomeçaremos do quase zero, seguiremos e revisitaremos exemplos de sucesso felizmente ainda bem enraizados dentro de nós, reconstruiremos o que foi demolido intramuros. Voltaremos a erguer a Alma Azul e Branca. O Imenso Orgulho Tripeiro. O Famoso e Lendário Espírito, a Mítica Raça de Dragão. Com o mesmo ou outro Líder. No fundo, não interessa o nome: Fernando, André, Paulo, Pedro, Nuno, Ruka, Eduardo, Joaquim, Vasquinho, Rui, Vítor, Manelinho, Jorge ou José, o objectivo comum que todos partilhamos e partilharemos é o bem do clube que veneramos e amamos acima de tudo. O Mágico Emblema e a Mágica Camisola. Só isso perdura, acima de qualquer obra, gratidão, homem ou nome…
Quanto a mim, já tenho o meu plano de acção devidamente delineado, o meu kit de sobrevivência analisado e repensado para os tempos madrastos deste estúpido Armagedão, o nosso Apocalipse Now. Vou ficar mais zen, praticar a meditação, procurar implementar e interiorizar a calma e a total aceitação dos elementos que se nos atravessem à frente. Mantas fofinhas, guarda-chuvas, impermeáveis, tendas. Livros. Revistas. Contentores de kleenex. Lanternas recarregáveis, capacete com luz incorporada para a noite do longo túnel, óculos de sol, tank tops, um espelho, protector solar e GPS para a travessia das areias do deserto… coisas assim. Oxigénio, água, latas de atum. Baralhos de cartas não, que não gosto.
Vou continuar a ver jogos, a ouvir relatos, a torcer e a sofrer, a puxar cabelos, a atirar-me para o sofá, a dar saltos e pinotes, a criticar este ou aquele, mesmo o pateta do treinador, mas sempre com uma atitude profundamente holística, construtiva, serena e muito, fantasticamente, desesperadamente zen. Imbuída do motivacional espírito do “perder e ganhar tudo é desporto”, “não interessa ganhar, importa é participar”, “os campeões crescem nas derrotas”, “ri melhor quem ri por último”, “grão a grão, enche a galinha o papo”, whatever!, serei uma adepta fiel, apaixonada, equilibrada, pura e simplesmente desinteressada. Ou seja, alguém que não quer ficar no clube e com o clube porque ele ganha, mas ficar nele e com ele mesmo quando perde… fundamentalmente quando perde. Dar sem pedir nada em troca. Sem nada exigir. Um Portismo, um orgulho sempre maior.
Na saúde e na doença, Porto.
São estes os votos que hoje te faço, neste horrível texto que nunca quis escrever.
Demore um, quatro ou até mais anos. Décadas.
Bastará o teu emblema, vê-lo, adorá-lo, dar-lhe um mimo ou um beijo e tudo ficará bem.
Outros mundos virão.
Bonitos, redondinhos. Azulinhos.