26 fevereiro, 2019

ÀS PORTAS DO JAMOR.


FC PORTO-SC BRAGA, 3-0 (ap)

O FC Porto deu um passo e meio de gigante para carimbar a passagem à final da Taça de Portugal, que se realiza no Jamor, no dia 25 de Maio. Os Dragões bateram o Sp. Braga por números claros e quase carimbaram o passaporte para a Final de Oeiras.

Sérgio Conceição apostou no mesmo onze utilizado frente ao Tondela, excepto o Guarda-redes Casillas. A equipa mostrou que tem verdadeiras alternativas ao onze-base, muito embora o técnico portista não goste muito de apelidar as opções por esse termo. Mas o facto é que um banco com jogadores como Militão, Danilo, Marega e Soares é um banco de luxo, atendendo ao onze que entrou em Tondela e frente ao Braga e que deu um recital de futebol, vencendo os dois jogos.


O FC Porto não fez um jogo espectacular, mas teve uma atitude e uma postura em campo que não deu quaisquer hipóteses à equipa bracarense. O jogo começou bastante equilibrado com ambas as equipas a pressionarem-se e a jogar o jogo pelo jogo. O FC Porto com mais iniciativa atacante, o Sp. Braga com mais poder de controlo.

Nos minutos iniciais, o Braga foi a equipa que criou mais perigo no jogo com um remate de Wilson Eduardo que bateu nas malhas laterais, desviada por Alex Telles. O FC Porto só perto da meia hora é que respondeu com uma boa oportunidade. Pepe cabeceou à figura de Marafona. Antes, os campeões nacionais tinham ameaçado à baliza contrária, mas Pepe e Adrián viram os seus lances anulados por fora-de-jogo.

Aos 32 minutos, o FC Porto teve a oportunidade de inaugurar o marcador. Marafona saiu da baliza, socou a cabeça de Herrera em vez da bola e o árbitro do jogo assinalou de pronto a marca de grande penalidade. Depois de algum compasso de espera por supostos problemas técnicos de comunicação do árbitro, a grande penalidade foi convertida superiormente por Alex Telles e estava feito o 1-0.

Até ao intervalo, os Dragões estiveram mais perto do segundo golo do que o Sp. Braga do empate, mas não se vislumbraram situações dignas de registo. Ao intervalo, Sérgio Conceição mudou uma peça no onze. Fernando Andrade saiu, algo apagado, e entrou Soares.


O Sp. Braga regressou do intervalo disposto a mudar os acontecimentos. Aos 54 minutos, Dyego Sousa teve a oportunidade do jogo da sua equipa nos pés. Num centro para a área portista, o ponta-de-lança brasileiro dominou a bola e rematou fortíssimo para uma enormíssima defesa por instinto de Fabiano. Um momento de grande inspiração do Guarda-redes brasileiro do FC Porto.

Aos 61 minutos, Corona imitou o avançado do Sp. Braga. Óliver desmarcou Corona na área, o mexicano driblou um defesa contrário e depois rematou estrondosamente contra o Guarda-redes Marafona. Uma oportunidade de ouro desperdiçada pelo extremo portista.

Dois minutos volvidos, os campeões nacionais aumentaram a marcha do marcador. Otávio cruzou na direita para a área, Claudemir desviou a bola para Soares que, dominando o esférico com a coxa esquerda, só teve que empurrar com o pé direito para as malhas. Um lance de pura classe do avançado portista.

O Sp. Braga sentiu o golo e procurou reagir de imediato para minimizar os estragos. Aos 67 minutos, os bracarenses criaram grande perigo na conversão de um canto. A bola foi desviada na pequena área, mas depois não apareceu ninguém a desviar a bola para a baliza com sucesso.


Até ao fim do jogo realce para as substituições operadas nos dois conjuntos que não tiveram grandes efeitos práticos, excepto no derradeiro. Os Dragões acabaram por sentenciar praticamente a eliminatória no último lance de jogo. Óliver recuperou uma bola junto à linha lateral na zona do meio-campo, progrediu pela ala, foi agarrado, continuou a jogada, assistiu brilhantemente Brahimi na esquerda e o argelino fez o resto. O extremo portista puxou a bola para o pé direito e rematou, sem hipóteses, para Marafona. Que golaço!

Óliver, um senhor jogador que, de jogo para jogo, vai provando que é um dos indiscutíveis da equipa do FC Porto de Sérgio Conceição. Que classe, que brilhantismo!

O FC Porto está, desde já, com as portas do Jamor escancaradas. Só tem que ir a Braga, no mês de Abril, carimbar o acesso para a Final de Oeiras. Até lá outros compromissos esperam os azuis-e-brancos. A começar já no Sábado pelo jogo quase decisivo frente ao Benfica, no Estádio do Dragão. Uma vitória portista pode começar a definir muitas coisas na Liga NOS.




DECLARAÇÕES

Sérgio Conceição: "Fizemos um jogo bastante acima da média"

Eliminatória não está fechada
“É uma margem que nos deixa muito satisfeitos, mas ainda não está nada decidido. Já vi muita coisa no futebol. Temos que ter respeito por este Braga, uma equipa muito competitiva, com excelentes individualidades. O importante era ganhar e não sofrer golos. Este foi o terceiro jogo consecutivo sem sofrer golos e isto mostra a coesão defensiva da equipa, na qual todos os jogadores contam. Também soubemos perceber os pontos fortes daquilo que são os esquemas táticos, uma vez que o Braga se apresentou com uma equipa muito alta. Acho que fizemos um jogo bastante acima da média. Dou os parabéns aos meus jogadores. Este não foi um 11 alternativo, foi o melhor 11 para defrontar o Braga. Agora é preciso descansar. Os jogadores podem saborear a vitória durante uma hora ou duas e daqui a três, quando se estiverem a deitar, já devem estar a pensar no próximo jogo.”

Entender o adversário
“Percebendo como o Braga iria jogar, aquilo que eu queria era que tivéssemos a mesma inteligência e paciência em termos posicionais e a conseguir preencher os espaços, principalmente pelos médios e também dos nossos alas, daquilo que era a reação à perda de bola, algo que estivemos sempre preparados para combater desde o apito inicial.”


Espírito de equipa
“A situação do Brahimi e do Danilo foram problemas de entorse, enquanto o Marega foi um problema muscular. Arriscar por dez minutos, estando, na minha opinião, o jogo controlado, acho que não fazia sentido, era muito mais prudente desta forma. O Brahimi entrou muito bem, fez um bom golo, mas tal como Óliver disse na semana passada, os golos são a equipa que os fazem e não o jogador. Quando eu disse há umas semanas atrás, na final da Taça da Liga, que não foi o Óliver que fez o penalti, mas sim toda a equipa que o cometeu, é este o espírito de equipa que se sente aqui. Obviamente, há jogadores mais contentes do que outros, como é normal em todas as equipas, mas eu estou aqui para os motivar e, nesse sentido, tenho um grupo fantástico. Tenho de dar os parabéns aos jogadores porque, mais uma vez, demonstraram esse espírito.”

Concentrado no próximo encontro
“O jogo já acabou, agora o pensamento é já no próximo jogo. Quero chegar a casa tranquilo e, depois disso, se calhar ainda hoje à noite, vou tomar umas notas para amanhã. É o trabalho de um treinador.”



RESUMO DO JOGO

UMA REAÇÃO À PORTO.


Com praticamente meia equipa titular indisponível, nomeadamente, Danilo, Marega e Aboubakar lesionados, Soares castigado e Militão autoexcluído, o FC Porto teve uma demonstração de grande competência e seriedade competitiva na passada 6ª feira em Tondela.

Olhando para o histórico do FC Porto em Tondela, e mesmo tendo em conta os jogos dos beirões no estádio do Dragão (na 1ª volta, Soares marcou o golo da vitória perto do fim), as coisas não se afiguravam fáceis. O treinador e os jogadores portistas sabiam perfeitamente o que iriam encontrar em Tondela, ou seja, o mesmo de sempre, uma equipa agressiva, com bloco baixíssimo, tentando parar o ritmo de jogo sempre que possível e procurando o contra-ataque como forma de surpreender o FC Porto. Em resumo, um jogo difícil, apertado, com alta intensidade e grau de dificuldade. O FC Porto seguramente sabia que não iria encontrar um adversário com atitude competitiva miserável, sabia que nem iria estar a ganhar já aos 30 segundos de jogo, nem iria marcar 10 golos a um pobre adversário.

Dito isto, foi belíssima a atitude da equipa no jogo de Tondela. Uma enorme prova de vida, uma equipa coesa, segura e competente. Um saboroso regresso aos golos de Pepe ao serviço do seu clube do coração, um grande golo de Óliver - caso o espanhol vestisse outras cores, aquele golo seria seguramente capa num qualquer pasquim com parangonas do tipo "Golo para Prémio Puskas" e uma exibição geral muito positiva.

O principal objetivo foi conseguido, chegar ao jogo da próxima jornada na liderança do campeonato, infelizmente apenas com um mísero de ponto de vantagem, muito pouco para aquilo que o FC Porto tem demonstrado ao longo da época. Afirmo com total certeza que com um ponto de vantagem, mesmo estando a escrever estas linhas ainda antes do jogo do nosso rival, uma vez apenas resta saber quantos segundos irá aguentar o Chaves (o Nacional nem 35 segundos aguentou!) até sofrer o primeiro de muitos golos.

Agora é apontar baterias para o jogo da Taça, um importantíssimo jogo de uma competição que essa sim assume alguma relevância na globalidade da época do clube. Veria por exemplo com muitos melhores olhos poupar jogadores nos 2 jogos da final-four da taça da Liga do que no jogo de 3ª feira frente ao Braga, mesmo tendo em conta o clássico que se disputa no sábado. A questão é que havendo tantas ausências de jogadores fundamentais, se calhar agora vai pesar na consciência de Conceição uma possível recaída ou nova lesão de algum jogador fundamental. Ainda assim, entre quem entrar, é muito importante ganhar, de preferência com uma boa vantagem para encarar o jogo da 2ª mão com mais tranquilidade. É importante chegar à final da Taça!

Nota Off-topic: Achei muita piada à forma histérica e generalizada a nível nacional com que se reagiu às declarações de um comentador adepto do FC Porto na CMTV em relação a um suposto doping de um clube. Em primeiro lugar, pelo que ouvi das declarações de Aníbal Pinto, o mesmo referiu que aguardava com enorme curiosidade os resultados dos testes de antidoping de um determinado clube. Em momento algum, referiu que algum jogador desse clube estava dopado, apenas referiu a sua curiosidade em ver os resultados dos testes de antidoping. Há uma coisa que existe em Portugal desde 1974 que se chama liberdade de expressão. O que é assustador (e muito curioso!!!!) é ver a reação oficial de um clube a um comentário de um comentador. Acho mesmo muita piada e também eu por vezes tenho enorme curiosidade em ver os resultados dos testes de antidoping não do nosso rival direto mas sim de algumas das equipas com as quais o FC Porto joga, nomeadamente algumas que fazem pressão forte depois do meio-campo os 90 minutos, etc, etc. Não, isto não é uma acusação ou suspeita, apenas uma constatação de que por vezes apetecia-me ser a ADOP e selecionar alguns jogadores de algumas equipas em alguns jogos para fazer os testes ao "xixi". As diferenças de atitude às vezes são gritantes, é que uns mordem a língua literalmente, outros aos 34 segundos já estão a mamar golos...


22 fevereiro, 2019

SEGUROS NA LIDERANÇA.


TONDELA-FC PORTO, 0-3

Muitos previam uma difícil deslocação do FC Porto à Beira Alta. Atendendo à tradição, os Dragões têm, por norma, grandes dificuldades em sair com a vitória no bolso, mas esta noite a equipa de Sérgio Conceição venceu categoricamente e está seguríssima na liderança, preparada para receber o segundo classificado, no próximo sábado.

Os portistas apresentaram-se com algumas baixas em Tondela, mas nada que abalasse a confiança azul-e-branca. Pepe, Óliver Torres e Fernando Andrade ocuparam as vagas de Militão, Danilo e Soares. De resto tudo na mesma, com Manafá a repetir a titularidade.

O jogo começou muito bem para o FC Porto. A equipa iniciou a partida muito determinada e não foi com surpresa que o golo inaugural tenha chegado bastante cedo. A equipa de Sérgio Conceição teve duas ameaças à baliza de Cláudio Ramos, mas o golo surgiu aos 11 minutos. Num livre cobrado na direita por Óliver para a área, a bola sobrou para Pepe, que rematou bem colocado ao ângulo inferior da baliza contrária, sem quaisquer hipóteses para o Guarda-redes contrário.


O Tondela tentou alvejar a baliza portista, mas os jogadores de Pepa não conseguiam pôr à prova Casillas. Adrián desperdiçou o segundo golo da partida, a corresponder a uma assistência perfeita de Óliver. Depois disso, Felipe cometeu um erro que poderia ter custado caro, num corte deficiente para Casillas. Todavia, Tomané não aproveitou e rematou à figura do guardião portista. Nos últimos minutos da primeira parte, Adrián e Fernando Andrade, por duas vezes, estiveram perto do segundo tento, mas a falta de pontaria ditaram o resultado pela vantagem mínima ao intervalo.

Regressados das cabines, a tónica do jogo era a mesma. Entrada forte sobre o adversário, na tentativa de alcançar o segundo golo. Aos 52 minutos, chegou o grande momento da noite. Após cruzamento na direita de Corona, a bola foi afastada pela equipa beirã para a entrada da área e Óliver, sem deixar cair, rematou fortíssimo com o esférico a bater no poste e a entrar na baliza. Um golo que há muito Óliver procurava e que se revelou merecidíssimo. O jovem espanhol esteve irrepreensível e foi o homem da noite pelo que jogou e pelo que fez jogar.

Os Dragões mantiveram a bitola e tentaram terceiro golo. Otávio desperdiçou um golo feito quatro minutos depois, mas a baliza parecia demasiado pequena para o médio portista. A seguir, Adrián desperdiçou mais outra oportunidade, num remate de trivela. O Tondela, por sua vez, não existiu na segunda parte.


Sérgio Conceição decidiu mexer na equipa a cerca de 20 minutos do fim. Manafá, com cãibras, deu o lugar a Maxi e Brahimi entrou para o lugar de Fernando com Adrián a deslocar-se para o meio.

Aos 74 minutos, o FC Porto aumentou para 3-0 e arrumou, em definitivo, com a questão do jogo. Otávio apareceu pela direita, a cruzar na direita, Brahimi surgiu no segundo poste e serviu Herrera de bandeja que só teve que encostar para as malhas.

Sérgio Conceição esgotou as substituições no jogo. Herrera, em risco de exclusão para a próxima jornada, cedeu o lugar a André Pereira. O avançado portista juntou-se a Adrián na frente. O FC Porto passava a apresentar, no miolo, Óliver e Otávio, e Brahimi e Corona nas alas.


A terminar, os Dragões desperdiçaram o quarto golo numa bela jogada de combinação entre Corona e Otávio, com o médio brasileiro a rematar inacreditavelmente por cima da baliza.

O jogo chegou ao fim pouco tempo depois com mais uma vitória justíssima, com destaque, naturalmente, para a portentosa exibição de Óliver. O médio espanhol forma com Herrera uma dupla muito interessante no miolo. Danilo, na minha opinião, deverá esperar pela sua oportunidade.

Os campeões nacionais não perdem tempo e passam desde já a preparar o jogo da Taça de Portugal, diante do Sp. Braga. A primeira mão das meias finais da prova disputa-se no Estádio do Dragão, na próxima Terça-feira.




DECLARAÇÕES

Sérgio Conceição: "A força do FC Porto é a importância que todos os jogadores têm"

Parabéns aos jogadores
“A consistência e a organização defensiva, como digo sempre, são a base do sucesso. Os jogadores fizeram um jogo fantástico, dentro de toda a adversidade, com muita gente de fora, mas todos estão presentes e todos querem muito ganhar. É esse o espírito no grupo de trabalho e esta vitória é de todos eles.”

Estratégia preparada ao pormenor
“Temos uma capacidade para jogar por dentro muito forte e, com um sentido posicional muito forte dos nossos dois médios, pudemos dar profundidade através dos laterais. Foi um jogo menos físico, de futebol mais apoiado, mais capacidade técnica, com mobilidade. Fizemos três golos, podíamos ter feito mais, frente a um Tondela que se bateu bem. Foi tudo preparado ao pormenor, depois depende dos jogadores, e por isso é que digo que hoje esta vitória é para eles.”

O regresso de Brahimi
“Nota-se que não está a cem por cento mas não sentiu dores. Foi importante para ele ter alguns minutos neste jogo e a sua entrada coincidiu com uma quebra do Fernando Andrade. A força do FC Porto é a importância que todos os jogadores têm, ninguém é mais importante que ninguém.”


A ausência de Éder Militão
“Parafraseando o nosso mestre do futebol, o Pedroto, os problemas não se resolvem porque não chegam a existir. Aqui não há Militões, nã há Conceições, não há ninguém. Há o FC Porto. É um assunto interno que não chega a ser assunto. Não chega a ser um problema, são situações momentâneas. Tenho de ver sempre o que é melhor para o grupo de trabalho. O Militão treinou hoje e amanhã estará no treino.”

A entrada tardia dos adeptos
“É de lamentar. Num dia da semana, um jogo às 21h15, a uma sexta-feira, as pessoas vêm do Porto apoiar o seu clube, pagam o bilhete, mais gasolina e jantar. Imaginem o que é entrarem aos 25 minutos de jogo. É uma falta de respeito para com os adeptos. Se é culpa das forças de segurança, se é da Liga, não sei, mas alguém tem de assumir essa responsabilidade, porque não é normal. É inexplicável, é de lamentar esta situação com os adeptos.”



RESUMO DO JOGO

21 fevereiro, 2019

BIPOLARIDADE NACIONAL

marcação a avançado do FC Porto Vs. marcação a avançado do slb
Lugar comum à esmagadora maioria dos adeptos, independentemente das cores que envergam, é fazer julgamentos aos rivais, suportando o seu conhecimento opinativo num resumo de duas ou três dezenas de segundos de determinado encontro ou, pior, nos boatos e opiniões de companheiros de emblema, ou debates, crónicas e notícias do nosso "isento" mundo do jornalismo desportivo.

Exceptuando os jogos contra o nosso clube, e um ou outro desafio maior, a verdade é que a grande parte dos adeptos não vêem os jogos de outras equipas para além da sua, opinando assim sobre coisas que não sabem, nem viram. Ouviram dizer, diz-se...

Fazendo um mea culpa, apesar de tentar manter-me actualizado com os resumos da jornada, também confesso que raras são as vezes que me disponibilizo a ver, na íntegra, jogos banais dos rivais. Como tal, por regra prefiro abordar os jogos e outros temas do FC Porto, com conhecimento de causa, do que opinar sobre algo que não tenho dados suficientes, ou estes possam ser desvirtuados por análises de terceiros.

Toda esta introdução vem a propósito de um sentimento que nos está entranhado, nomeadamente aquela sensação de que as equipas que jogam contra o benfica têm uma atitude diferente em campo da que colocam quando enfrentam o FC Porto. Como tal, e no seguimento daquilo que me pareceu um escândalo de falta de profissionalismo e competência insular, que foi o slb 10 - Nacional 0, decidi ver um jogo banal dos encarnados, neste caso contra o Aves, e tentar encontrar pontos de encontro e suporte, para esta ideia que sentimos.

Sobre o jogo em si:
Resumindo brevemente, os encarnados entraram pressionantes no início da partida, marcando logo no início da mesma (3º minuto), o Aves tentou dar réplica, mas neste momento nota-se confiança no benfica, que controlaram sem grande esforço as tentativas Avenses, e com eficácia mortífera (3 golos em 5 oportunidades) foram avolumando o resultado sem forçar muito. O Aves merecia o tento de honra, contudo pouco mais do que isso. Sobre a arbitragem de Hugo Miguel, no geral bem. Poderia (e deveria) ter expulso nos descontos Rubén Dias por acumulação de amarelos, não o tendo feito, muito provavelmente porque já tinha expulsado anteriormente (e bem) o Ferro.

Dado o mote, então o que Aves... e Setúbal, Boavista, Chaves, Tondela, Santa Clara, Feirense, Nacional... e Sporting fazem contra o FC Porto, que não fazem contra o benfica:

- Bloco Baixo
Neste jogo contra os encarnados, a linha de defesas do Aves encontrava-se, por regra, na metade do seu meio-campo defensivo, subindo quase à área central em momento atacante. Podem alegar que o golo madrugador de Seferovic possa ter alterado a estratégia. Talvez. Mas como vimos pela atitude do Setúbal no Dragão, mesmo a perder por dois, nunca arriscou abandonar o esquema dos centrais perto da linha da grande área. Sabe-se que o forte do FC Porto são as bolas em profundidade para as costas da defesa. Contudo, o forte do slb são as transições rápidas, muitas vezes com igualdade numérica no ataque, pelo que foge à capacidade de compreensão, o porquê das equipas utilizarem um bloco mais subido contra os encarnados.

- Agressividade
As estatísticas dizem quem o Aves fez ontem 16 faltas contra, por exemplo, as 7 do Setúbal. Analisando cegamente os números, seria lícito concluir que os Avenses foram bem mais aguerridos do que os homens do Sado. Contudo, analisando ao pormenor, dessas 16 faltas, cerca de uma dúzia delas foram feitas dentro do meio campo benfiquista em momento ofensivo, pelo que a conclusão já terá outros contornos. Defensivamente, o Aves foi uma equipa muito "macia", nomeadamente na facilidade com que avançados e médios encarnados puderam receber e passar a bola. Nos dois primeiros golos, é inexplicável como os adversários não foram travados num momento inicial. No golo do suíço, é insultuosa a forma como Samaris cruza sem qualquer pressão. Contra o FC Porto, quer Brahimi, quer Corona ou mesmo Telles têm sistematicamente 2 e 3 adversários a marcar, e quando escapam, não escapa a perna. Se querem ultrapassar esta marcação, são constantemente obrigados a tirar coelhos da cartola para o fazer. Comparativamente, como é possível explicar que um André Almeida, um sujeito tosco de quem nem os próprios benfiquistas gostam, tenha mais assistências do que qualquer um dos nossos mais virtuosos jogadores? O facto de poder cruzar à vontade ajuda muito, não?

- Erros
Voltando ao primeiro golo benfiquista nas Aves, já referi a forma amadora e displicente como foi feita a (não) abordagem ao cruzamento de Samaris no início da jogada. Então que dizer do jogador que marcava Seferovic? Se verificarem na repetição, ele simplesmente desiste da jogada para pedir fora de jogo. Pedir fora de jogo? Será que alguém esqueceu de dizer a esta alma que existe VAR? Será que alguém esqueceu de lhe ensinar nos iniciados que um defesa NUNCA pode desistir do lance? Este "bom" defesa poderia aprender com os colegas do Setúbal. Soares que o diga. Mesmo no chão, tem literalmente dois defesas em cima dele. Já no segundo golo encarnado, se há mérito de Rafa na forma como se livra do defensor, há (muita) incompetência como é permitido a dois jogadores triangularem, antes da bola chegar ao extremo português.

- Eficácia
Sabem quantos cantos teve o Aves nesta partida? 8 (!?!) A que se somam mais alguns livres em posição lateral na imediação da grande área. Sabem quantos deles resultou em perigo? ZERO! Apenas um livre na 1ª parte causou alguns calafrios ao guarda-redes grego.
Sabem quantos cantos teve o Setúbal? 2. Como bem se lembram, a única vez que os sadinos estiveram perto do golo, foi num deles. Aliás, na ronda anterior, sabemos o que aconteceu num dos cantos do Moreirense.
Explicações para tais discrepâncias na eficácia das equipas? Aguardo...

Um ou dois jogos não são suficientes para elaborar um facto científico. Mas são demasiados para corroborar a ideia que temos e mantemos. Os adversários não jogam em circunstâncias iguais contra FC Porto e slb.

Porquê?

Se há alguns treinadores que podem levantar suspeição quanto às suas preferências e diferenças na preparação de jogos, com Petit, Pepa, Abel Silva, ou Jorge Simão à cabeça, destes dois últimos jogos encarnados, os treinadores que os defrontaram estão acima de qualquer suspeita clubística. Quer Costinha, quer especialmente Inácio, não morrem de amores pelo slb.

Dos presidentes, são sabidas algumas afinidades suspeitas entre alguns, contudo não me parece que um Presidente consiga desautorizar o treinador perante o balneário, se este não for conivente com ele.

Dos jogadores, há alguns casos em investigação na justiça sobre resultados comprados, que curiosamente envolvem o slb. Daqui poderá vir alguma luz sobre alguns erros inexplicáveis que por vezes vemos acontecer. Mesmo assim, é fantasioso especular que jogadores de 15, ou 16 equipas do campeonato estão corrompidos.

Analisados os intervenientes, e excluindo árbitros, que decerto motivarão muitas mais linhas em futuras crónicas, qual o porquê das equipas terem uma atitude diferente em jogo, contra FC Porto e slb?

O politicamente correcto, será a motivação por vencer o Campeão, ou derrotar uma equipa que já não perde há muitos jogos. Um argumento válido sem dúvida, que provavelmente até será regra na maior parte dos campeonatos do mundo civilizado. Contudo, continua a não explicar o ponto fulcral. Se formos verificar o passado recente, nas épocas em que o benfica era campeão, e o FC Porto passava por uma má fase, esta atitude bipolar mantinha-se, com a agravante que perdíamos muitos mais pontos do que no presente.

Na minha opinião, o que causa esta diferença de atitude em campo, é o poder que a máquina benfiquista detém nos nossos meios de comunicação social. O motivo é claro. Sempre que o slb vence, o enfoque da vitória é colocado na "qualidade" benfiquista, na superioridade dos seus artistas, da táctica, do público, da águia Vitória se necessário. Equipa que perde com o slb nunca é má ou fraca. Erros, asneiras, desconcentrações são sistematicamente desvalorizadas pela comunicação social com lances fortuitos.

A sustentar esta ideia, veja-se o exemplo que apresentei acima do primeiro golo benfiquista. Numa jogada, há dois erros gravíssimos que colocaram a equipa a perder, e condicionam a estratégia do treinador para o jogo. Alguém sabe dizer qual o nome destes jogadores do Aves? Dou o exemplo da crónica do ZeroZero, site que nem considero dos piores, e o golo é apresentado como um lance de qualidade de Seferovic. Tudo é belo e bonito assim. Não admira que tenham jogadores 10 vezes melhores do que o Messi.

Já quando são jogadores a cometer erros contra o FC Porto, os seus nomes são atirados para o esgoto da comunicação social sem qualquer misericórdia ou pudor. Que o diga Vagner, guarda-redes do Boavista, cuja carreira passa hoje pelo Azerbeijão.

Enquanto a comunicação social mantiver este posicionamento xenófobo, pois é de discriminação que estamos a falar, e corrupto, pois há uma perfeita noção de que fazem com o motivo de alimentar uma audiência de maioria vermelha, jogadores e treinadores de equipas adversárias do FC Porto sabem que o erro não é admitido, tendo que dar a vida em campo, se necessário, para não verem os seus nomes enxovalhados em público, ao passo que nas derrotas contra o slb, existirá sempre uma cortina de fumo, e atitude condescendente caso algo corra mal.

Neste mundo de mentira em que uma equipa portuguesa vive, não é por isso de estranhar os parcos resultados obtidos pela mesma em contexto Champions. Ao contrário do ambiente bafiento de um país, onde a quase totalidade da comunicação social está sediada numa única cidade, na Europa do futebol respira-se ar puro. Compreende-se que seja bem mais complicado lá, os Andrés Almeidas desta vida brilharem.

Cumprimentos Portistas.

19 fevereiro, 2019

A PRAGA DAS LESÕES E UMA MÁ SENSAÇÃO.


Uma das características que Sérgio Conceição possui e que contribuiu muito para devolver o FC Porto aos títulos, após 3 épocas de total jejum, é a sua capacidade em levar os jogadores a ultrapassar todos os limites, sejam eles técnicos, táticos, mentais ou físicos.

Outra das coisas que Conceição erradicou quase por completo foi o desleixo e a displicência que em inúmeras ocasiões foram bem patentes nos quatro longos anos sem o título de campeão nacional. Foi também isto que fez o FC Porto em pouco mais de um ano e meio ganhar um campeonato, uma supertaça e ultrapassar a fase de grupos da Champions League por duas vezes.

Posto isto, há um “calcanhar de aquiles” intrínseco à capacidade que Sérgio tem de levar os jogadores até ao seu limite. Por vezes, não seria má ideia fazer alguma gestão física dos jogadores mais importantes em determinados momentos da época.

Acho muitíssimo bem que Sérgio tenha querido muito ganhar a Taça da Liga, a 5ª e última prioridade da época bem atrás de Campeonato, Taça Portugal, Champions League e Supertaça. Esta enorme fome e vontade de vencer tudo é o que também faz dele o grande treinador que é, mas a questão que se coloca é: tendo em conta ser a última prioridade da época, não deveria ter sido mais aconselhável tentar ganhar a Taça da Liga gerindo a equipa de outra forma, ou seja, fazendo descansar alguns dos elementos mais fatigados? Por exemplo, Telles, Marega e Brahimi foram titulares e completaram praticamente o pleno de minutos nos 2 jogos da taça da Liga apenas separados por 4 dias...

Não há obviamente nenhuma evidência científica que comprove a relação entre as lesões de Brahimi, Danilo Pereira e Moussa Marega e a gestão física feita por Sérgio, nomeadamente naqueles 2 jogos no espaço de 4 dias. Mas fica claramente a sensação de que se a gestão fosse outra, seriam bem menores as probabilidades de Marega romper em Guimarães, Brahimi tombar em Roma ou Danilo voltar as lesões no Dragão frente ao Setúbal.

E esta sensação não é definitivamente boa para ninguém, a sensação de que a Taça da Liga (a última prioridade da época, repito!) poder vir a ter um peso muito grande no desenrolar desta época, um peso aliás totalmente desproporcionado em relação à importância da competição.

Gostava imenso de dizer e pensar outra coisa, mas é inegavelmente muito diferente um FC Porto com Danilo, Aboubakar, Marega e Brahimi e outro FC Porto sem nenhum desses 4 jogadores. É verdade que este treinador tem revelado uma boa capacidade em resolver os problemas físicos que se lhe vão deparando, nomeadamente na época passada onde perdeu Danilo e Marega numa altura fundamental, mas uma coisa são 2 jogadores fundamentais no "estaleiro", outra um bocadinho pior é ter 4 jogadores importantíssimos no "estaleiro".

Resta-nos acreditar que tudo isto não complica um campeonato que parecia muito bem encaminhado para os nossos lados e que agora está preso por um fio (um ponto neste caso). Será obviamente muito relevante perceber nas próximas semanas se algum destes jogadores recupera a tempo de dar o seu contributo numa altura em que ainda é possível vencer algo... A ver vamos.

18 fevereiro, 2019

À GUERRA, DRAGÕES!


Chegou o momento. O das decisões, o momento que ditará muito do que vai ser da nossa época. Porto-Setúbal e Tondela-Porto para o campeonato. E depois: receções consecutivas a Braga (Taça), Benfica (Campeonato) e Roma (Champions). Não há como fugir: temos de ganhar os próximos dois jogos, recuperar o mais possível anímica e fisicamente, e depois jogar tudo em três finais seguidas.

Se ganharmos os cinco jogos, estaremos relançados para uma época espetacular! É nisso que temos de focar. A altura é delicada, não atravessamos o melhor momento em termos físicos, anímicos e exibicionais, temos algumas baixas muito importantes, mas estamos longe de estar “em crise”. Entender os momentos mais delicados, digerir, interpretar o que não correu tão bem e reagir de forma assertiva fazem parte do caminho para o sucesso. 

Não são os outros que vão em primeiro lugar, não são os outros que estão a um só golo da passagem aos 1/4 de final da Champions. Não são os outros que ganharam 3-1 na recente meia final da Taça da Liga. Não nos deixemos enganar. Ele é Super Wings, ele é Geração de Ouro, ele é Jogamos em qualquer estádio, ele é O Ferrari a chegar no Retrovisor. Ele é basicamente mais do mesmo, como vimos em tantas outras vezes. Pois bem, que seja Herrera aos 90, que seja Kelvin aos 92, que seja 5 No Dragão, ou que seja 1-0 com golo do Adrián L. ou 4-3 com auto-golo, que seja qualquer coisa que os coloque no lugar. Sim, temos mesmo de vencer os próximos 3 jogos da Liga! Se o fizermos, recolocaremos a ordem nas coisas e devolveremos lucidez, tranquilidade e noção às mentes mais inebriadas. Além disso, será o boost perfeito de confiança para nos atirarmos aos romanos rumo aos 1/4. Pelo meio, existirá ainda a receção perigosa e difícil à excelente e “raivosa” (quando dá jeito, diga-se, if you know what I mean) equipa do Braga. Please… take your seats (no Dragão, de preferência) and fasten your seat belts… que agora é que são elas!

Estou confiante na nossa equipa. Não duvido do compromisso, da atitude, da faca nos dentes. Mas já não consigo dizer que tenho total confiança na calma, na segurança, no critério, na pausa, na definição, na decisão. A ver, espero que seja só mesmo "nervoso miudinho". Acredito muito que isso será fundamental para contornarmos os próximos obstáculos, e sei que o nosso treinador sabe muito bem que não se vence só no grito.  

Os nervos estão à flor da pele, o coração começa a bater… e não há outra forma de nos atirarmos à glória: confiar neles, jogadores e mister, e lançar o Mar Azul para os empurrar… até ao fim!

No final, e só no final, contaremos as cabeças. À guerra, Dragões!

16 fevereiro, 2019

MORNO E TRANQUILO.


FC PORTO-SETÚBAL, 2-0

O regresso ao Dragão foi satisfatório, de missão cumprida e com o objectivo alcançado. O FC Porto recebeu o V. Setúbal, perante os seus adeptos e venceu o jogo de forma tranquila e sem sobressalto. Sérgio Conceição, em virtude de algumas lesões, escalonou um onze algo diferente. Mas não se ficou por aqui.

Na baliza apareceu o habitual Casillas. Na defesa Pepe ficou no banco, Militão regressou ao eixo com Felipe, Telles na esquerda e Manafá estreou-se na direita com uma bela exibição. Meio-campo com um trio formado por Danilo, Herrera e Otávio. O sector ofensivo, com baixas, foi formado por Corona, Soares e Adrián López.


O jogo foi sempre de sentido único, morno e tranquilo, com o FC Porto a dominar e a controlar o jogo como bem entendeu. Mas apesar desse domínio total, há a registar o jogo extremamente violento dos jogadores sadinos com entradas perigosas à margem das leis que colocaram em causa a integridade física dos jogadores portistas. Os “pisões” que Jorge Andrade aludia há uns dias atrás foram levados à letra pelo V. Setúbal, neste jogo. Veja-se a forma como Danilo saiu do jogo depois de sentir na pele o tipo de jogo praticado por quem não está ali para jogar futebol.

Sem ter sido jogado a grande velocidade, os campeões nacionais tiveram algumas boas jogadas com boas variações pelos flancos. Aos 15 minutos, Adrián e Corona apareceram na esquerda a desequilibrar o sector sadino. O avançado espanhol rematou contra Vasco Fernandes, a bola sobrou para Herrera que, de cabeça, abriu o marcador.


Até ao intervalo, só se viu FC Porto. Apesar de tudo, os Dragões não precisaram de imprimir grande velocidade, nem grande intensidade. Casillas era um mero expectador do encontro. Limitava-se a ver à distância os seus companheiros a tentar ampliar o resultado. Telles, Adrián e Soares tiveram o ensejo para colocar o resultado noutro patamar, mas a falta de pontaria e o Guarda-redes contrário impediram que se fosse para o intervalo com um resultado gordo.

No regresso do intervalo, o jogo continuou no mesmo sentido. O V. Setúbal a tentar tapar os caminhos para a sua baliza, sem qualquer intenção atacante e o FC Porto, com calma e tranquilidade, na procura do segundo golo. O jogo ficou ainda mais facilitado quando Éber Bessa tentou ludibriar o árbitro com uma queda na grande área portista. O árbitro exibiu o amarelo e, sendo o segundo cartão do jogo, o jogador teve que ser expulso.

Aos 61 minutos, Corona desperdiçou de cabeça uma oportunidade de golo incrível. Óliver (substituiu Danilo por lesão) assistiu Manafá na área, com uma assistência de classe e o lateral portista colocou a bola à mercê de Corona. O mexicano foi incapaz de cabecear com êxito, fazendo a bola sair por cima da baliza.


Dois minutos volvidos, o V. Setúbal beneficiou de um pontapé do lado esquerdo batido por Nuno Valente. A bola chegou à pequena área, bateu no corpo de um jogador sadino e saiu junto ao poste. Logo a seguir, o FC Porto fez o que lhe competia. Aumentou o resultado para 2-0 e sentenciou a partida. Na cobrança de um pontapé de canto, Alex Telles, depois de um corte da defensiva contrária, centrou com conta, peso e medida para Soares que cabeceou para o fundo das malhas.

O V. Setúbal resignou-se, deixou de fazer o jogo violento, com entradas à margem das leis e o FC Porto esteve perto de ampliar para 3-0. Num livre muito bem cobrado por Alex Telles, a bola saiu junto ao poste da baliza de Cristiano.

Destaques finais para mais uma lesão contraída por um jogador portista. Danilo sofreu uma entorse após entrada duríssima de Éber Bessa. Depois de Marega e Brahimi, a equipa vê Danilo no estaleiro. Por outro lado, os Dragões viram Soares apanhar o quinto amarelo, ficando de fora para a deslocação a Tondela.


Pelo lado positivo, registo para a excelente estreia de Manafá, com bons apontamentos individuais e colectivos. Rápido, com bons pés e cruzamentos teleguiados, o jogador portista fez-me lembrar, visto da bancada, Ricardo Pereira, que nos representou na época passada na mesma posição. Para terminar, mais uma grande exibição de Óliver que, entrando para o lugar de Danilo, voltou a mostrar merecer a titularidade indiscutível. Um senhor jogador!

O FC Porto vai cumprir um dia de folga, regressando na Segunda-feira aos trabalhos para iniciar os preparativos para a deslocação a Tondela, na próxima Sexta-feira.




DECLARAÇÕES

Sérgio Conceição: "Jogo positivo e três pontos importantes para a nossa caminhada"

Mobilidade, disponibilidade e equilíbrio
“Estes jogos são sempre complicados. O Vitória de Setúbal tinha feito três jogos com a nova equipa técnica e veio ao Dragão com uma estrutura diferente, com a qual tentou sobretudo condicionar o nosso jogo, procurando tirar-nos situações de cruzamento para a área. Tivemos muita mobilidade e disponibilidade com bola. Fizemos um golo na primeira parte e poderíamos ter feito mais, o que nos daria maior tranquilidade. Sabíamos que numa situação qualquer poderia acontecer alguma coisa que não queríamos, por isso continuámos a procurar o segundo golo. Quando o fizemos, tentámos o terceiro. O Iker não fez uma única defesa e estivemos muito equilibrados defensivamente, o que é bom. Foi um jogo positivo e três pontos importantes para a nossa caminhada.”

Todos os jogadores são importantes
“O grupo é todo muito importante. Somos a equipa em que os jogadores que entram durante o jogo mais fazem a diferença. Isso demonstra o nosso espírito. Estivemos muito bem na reação à perda da bola, algo que é muito importante na nossa dinâmica. Não é fácil jogar apenas em 30 ou 40 metros. Jogámos por dentro, por fora, criámos ocasiões e vencemos. Os jogadores estão de parabéns.”


A titularidade de Wilson Manafá
“O Manafá veio do Portimonense e precisa de tempo para se ambientar e conhecer os processos da equipa. É um jovem com qualidade e que vem para ajudar. Cabe-me decidir se o coloco a jogar ou não, mas depende de muita coisa. Tudo é feito de forma ponderada e pensada. Não é por meia dúzia de comentadores acharem que devo mudar que vou mudar. Mudo quando achar que devo mudar.”

A lesão de Danilo
“Ainda não sabemos a gravidade da lesão, mas mais uma vez parece uma entorse. Temos algumas baixas, mas estamos fortes e temos muita gente com vontade de dar o seu contributo à equipa.”



RESUMO DO JOGO

15 fevereiro, 2019

NÃO SE É CAMPEÃO EUROPEU COM QUINZINHOS NO ATAQUE.


Os últimos jogos do FC Porto trouxeram-me à memória um antigo jogador do FC Porto, Quinzinho de seu nome. Sendo este Angolano apenas um sussurro do passado para muitos, podemos descrevê-lo como um antepassado de Marega em campo. Quinzinho fez duas temporadas de azul e branco em tempos de Penta, e caracterizava-se como um avançado possante, rápido, tinha alguma técnica, chegando mesmo a marcar 6 golos numa das épocas, o que não são números dispicientes, para um jogador que passou a maior parte da sua carreira portista no banco. Com nomes mais fortes no plantel à sua frente, teve dificuldade de solidificar o seu lugar no 11, não estranhando a sua venda. Do seu posterior percurso futebolístico, a História é sovina.

Esta recordação tem uma razão de ser. Naqueles tempos de Quinzinho, como titulares existiam Domingos, Kostadinov e depois Jardel, nomes que se compreende, poucas hipóteses deram ao angolano de ter minutos e brilhar, mesmo que não fosse um absoluto tosco. No Porto pós-Jackson Martinez o que temos tido são uma sucessão de Quinzinhos na frente de ataque. Jogadores com uma ou outra característica desenvolvida, mas no cômputo geral jogadores apenas bons, para ser simpático.

Se analisarmos os melhores avançados na Era Conceição - Soares, Marega e Aboubakar - temos que:
  • Soares tem um jogo aéreo acima da média e pressiona bem, contudo é lento e tem uma capacidade técnica apenas mediana.

  • Marega será provavelmente um dos jogadores mais rápidos e possantes do mundo, contudo a capacidade técnica estará ao nível do grupo de amigos que se reúne aos domingos para jogar bola.

  • Aboubakar é o nosso avançado mais completo. É forte, rápido, tem técnica, contudo é psicologicamente instável, desaparecendo do jogo ou disparatando nas finalizações, caso as coisas não lhe corram bem.
Comum a estes nomes, é que nenhum é capaz de fazer a diferença no momento em que equipa mais precisa do avançado, aquele jogador que sabemos que decide o jogo se lhe conseguirem colocar bem a bola. Um jogador como tivemos Jardel, Hulk ou Falcão, um Bas Dost ou Jonas dos nossos rivais, ou um Dzeko como vimos neste jogo com a Roma. Um jogador que não precisa de fintar 11 adversários, mas sabe tudo da arte de trabalhar a bola na área: receber, livrar-se do adversário e passar ou rematar. Será tão difícil o departamento de scout encontrar um avançado assim?

Antes que surjam os habituais caçadores de cabeças de treinadores, se analisarmos com frieza os últimos jogos, posso dizer que gostei do que vi em Guimarães, onde o resultado é uma mera piada para o que se passou em campo. Gostei da equipa personalizada que se apresentou no Olímpico de Roma, traída pesadamente pela desconcentração momentânea com o sururu da substituição do Brahimi. Apenas em Moreira de Cónegos a equipa esteve alguns furos abaixo do exigível. Em todos estes jogos, a que se juntam os dois com Sporting, mais do que falhas tácticas ou de escalonamento, faltou essencialmente alguém que consiga fazer a diferença na frente, o artista que consiga fazer numa pincelada, aquilo que actualmente são precisos 10 operários em horas extra para o conseguir.

Há que ter noção que o momento da época é delicado, onde tudo se pode ganhar ou perder. Um momento onde vemos o nosso rival vermelho crescer, dentro e fora de campo, e temos que ter a humildade de arregaçar mangas e olhar cada jogo à nossa frente como se de finais de Champions se tratassem. É sobretudo o momento de toda a nação portista se unir e passar essa força à equipa. Mais do que nunca na época, ela precisa de nós.

Cumprimentos Portistas.

12 fevereiro, 2019

TUDO EM ABERTO.


ROMA-FC PORTO, 2-1

O FC Porto regressou ao Olímpico de Roma quase três anos depois. Sem ali conhecer o sabor da derrota, os campeões nacionais saíram, esta noite, em desvantagem da primeira mão dos 1/8 de Final da Champions League. Apesar do resultado, os Dragões reúnem todas as condições para dar a volta à eliminatória e seguir em frente na milionária prova da UEFA.

Sérgio Conceição apresentou um onze com três baixas de vulto. Aboubakar, ausente há longos meses, Marega (lesionado) e Corona (castigado). Perante estas condicionantes, o técnico portista promoveu a estreia de Fernando Andrade e o reforço do meio-campo com Otávio, relegando Óliver para o banco. De resto, tudo dentro da normalidade.


A equipa entrou num 4x4x2 desdobrado em 4x3x3 em transição defensiva. O jogo até fluiu bastante bem para as hostes azuis-e-brancas. Apenas na hora da definição é que a equipa de Sérgio Conceição pecou em demasia e, desta forma, perderam-se algumas jogadas que poderiam ter trazido alguns frutos à equipa portuguesa.

A Roma teve a iniciativa do jogo, mas sentiu sempre dificuldades em sair para o ataque. A pressão e a intensidade do FC Porto dificultaram a organização romana. Quando se conseguiu soltar do aperto do Dragão, a equipa da capital italiana criou alguns embaraços, nomeadamente em investidas pelas alas. Kolarov, Shaarawy e Zaniolo foram quebra-cabeças para a defesa portista que ainda teve que redobrar a sua atenção para com o ponta-de-lança Dzeko.

O ponta-de-lança bósnio esteve nos melhores momentos da equipa romana. Primeiro num remate ao poste da baliza de Casillas aos 37 minutos e depois na segunda parte a que já lá iremos. Os campeões nacionais ameaçaram a baliza contrária amiúde, ficando para registo um remate com relativo perigo de Fernando Andrade a terminar o primeiro tempo.


Na etapa complementar, ambas as equipas mostraram querer mais do que o nulo e procuraram o golo desde cedo. Primeiro Danilo correspondeu a um pontapé de canto, de forma quase perfeita, ao cabecear uma bola que rasou o poste da baliza contrária. Os romanos tentavam rumar contra a maré, pois o FC Porto instalava-se no meio-campo contrário e controlava o jogo com a equipa mais subida.

Aos 67 minutos, todavia, surgia uma contrariedade. Brahimi foi carregado por De Rossi e saiu lesionado. Nesse período, o FC Porto teve um momento de desconcentração e surgiram dois golos que quase comprometiam a eliminatória. Aos 70 minutos, Dzeko recebeu a bola na grande área, controlou, assistiu Zaniolo que, de pé direito, rematou rasteiro sem hipóteses para Casillas. Seis minutos volvidos, numa transição ofensiva, o ponta-de-lança bósnio da Roma teve espaço para progredir até à entrada da área, rematou ao poste e, na recarga, Zaniolo, mais rápido que a defesa portista, aplicava chapa dois.

Depois de Adrián López ter substituído o lesionado Brahimi, André Pereira rendeu Fernando Andrade, numa medida de Sérgio Conceição para reagir a um resultado quase fatal. Aos 79 minutos, Adrián López foi assistido junto à grande área, amorteceu a bola para Soares e o brasileiro tentou o remate. Este transformou-se numa assistência acidental para Adrián López que, perante o guarda-redes Mirante, reduziu o marcador para 2-1. Jogo relançado e eliminatória com tudo em aberto para ser discutida no Dragão daqui por três semanas.


Antes de terminar, destaque para um grande lance Héctor Herrera a quatro minutos do fim. O médio mexicano dominou a bola a meio do meio-campo contrário e desferiu um portentoso remate do meio da rua que rasou o poste. Seria um golo de outro mundo. Na resposta, a Roma colocou Casillas à prova com um remate de Shaarawy que obrigou o Guarda-redes espanhol a defesa de recurso. Hernâni entrou a poucos minutos do fim para o lugar de Otávio e ainda ameaçou a defesa romana.

O Dragão sai de Roma com um resultado positivo com bastantes esperanças de reverter a eliminatória em casa, mesmo sem ter podido contar com Corona e sem os dois melhores marcadores da época transacta: Marega e Aboubakar.

Os campeões nacionais regressam à competição no próximo Sábado, recebendo o V. Setúbal, no Estádio do Dragão, em jogo a contar para a 22ª Jornada da Liga NOS.




DECLARAÇÕES

Sérgio Conceição: "Estou plenamente convencido de que vamos passar a eliminatória"

Eliminatória em aberto
“Estamos no meio de uma eliminatória, jogámos contra uma equipa sólida de um campeonato extremamente competitivo. Em termos de organização defensiva, ambas as equipas anularam-se naquilo que são os pontos mais fortes na primeira parte. Na segunda, houve ali uma ocasião do Danilo num canto e depois no nosso melhor período acabámos por sofrer um golo num lance confuso. Reagimos, houve o segundo golo um pouco caricato, mas fomos sempre à procura de marcar. A nossa equipa é uma equipa de caráter, de personalidade. Temos os segundos 90 minutos no Dragão, o golo deixa tudo em aberto e, por aquilo que as equipas fizeram, o empate era o resultado mais justo. Vamos querer continuar com a mesma solidez mas ser um pouco mais incisivos no último terço”.


Mensagem aos jogadores no final
“A convicção que tenho é que, quando metemos intensidade no jogo, não há equipa que se sinta confortável com isso, ainda não vi nenhuma até agora. Nós temos consciência de que somos uma equipa forte, não somos a melhor do mundo, mas somos das mais competitivas, disso não duvido. A minha convicção é que se nós estivermos na 2.ª mão como estivemos em muitos momentos hoje, tudo vai correr bem. Estou plenamente convencido (e foi isso que disse aos jogadores) de que vamos passar a eliminatória”.

Situação clínica de Brahimi
“Não temos ainda dados que nos permitam dizer algo de concreto ou válido”.



RESUMO DO JOGO

08 fevereiro, 2019

MAUS ARES DO MINHO.


MOREIRENSE-FC PORTO, 1-1

No espaço de seis dias, o FC Porto deslocou-se duas vezes ao Minho e por lá deixou quatro pontos. Os Dragões continuam a sua senda de jogos sem conhecer o sabor da derrota, mas esta noite foi por muito pouco que o sabor amargo do pior resultado no futebol não aconteceu. No entanto, o empate desta noite, bem como o de Guimarães, deixaram à vista que os campeões nacionais poderão ver os seus dois mais próximos perseguidores a um e a dois pontos respectivamente. A margem de erro esgotou-se.


Foi um jogo que teve duas partes distintas. Uma com alguma superioridade do FC Porto e bem jogada com resposta dos Cónegos sempre que se proporcionava uma investida à área portista. A outra mais mastigada, com o Moreirense a criar dois lances de perigo em contra-ataque e depois a terminar com os golos que ditaram o empate e uma defesa de Jhonathan a salvar a honra do convento no último lance da partida.

Sérgio Conceição sabia que não poderia apresentar o seu melhor onze. Sem Marega, a equipa é uma, com Marega o conjunto muda inevitavelmente. O técnico portista apresentou o seu onze em 4x3x3. Na baliza e na defesa nada de novo, no meio-campo Danilo juntou-se a Herrera e Óliver e na frente de ataque Corona acompanhou Brahimi no apoio a Soares.

O FC Porto entrou no jogo agressivo e dominador, procurando chegar ao golo bastante cedo. Mas as oportunidades não surgiram no imediato. Soares teve o primeiro ensejo mas a bola enrolou-se nos pés e perdeu-se nas mãos de Jhonathan. Depois Brahimi, numa iniciativa individual pela esquerda, rematou fraco ao lado da baliza contrária. O Moreirense procurava responder mas apenas se sentia a ameaça.


A sua primeira oportunidade surgiu ao minuto 36 por Heriberto que, isolado frente a Casillas, permitiu a defesa do espanhol. Na resposta, Soares recebeu a bola de costas para a baliza e rematou de calcanhar com a bola a bater no pé de Jhonathan. A terminar o primeiro tempo, Óliver desperdiçou a grande oportunidade de inaugurar o marcador. Herrera cruzou na esquerda, Jhonathan desviou a bola, mas esta foi ter aos pés de Óliver. O médio espanhol rematou às malhas laterais quando tinha tudo para fazer o golo.

No reatamento, o Moreirense tentou aproveitar os espaços que o FC Porto dava nas costas e, por duas vezes, o golo esteve próximo. Heriberto e Arsénio remataram com grande perigo em dois contra-ataques seguidos.

O FC Porto dominava o jogo territorialmente, mas revelava-se incapaz de entrar na área do Moreirense. Os Dragões procuravam acercar-se da baliza de Jhonathan mas faziam-no de uma forma pouco clara e lúcida. Sérgio Conceição mexia na equipa. Retirou Óliver, Pepe e Brahimi e fez entrar Otávio, Fernando e André Pereira.


O FC Porto viu Jorge Sousa anular um golo a André Pereira e logo a seguir, aos 79 minutos, o Moreirense marcou o golo inaugural. Canto batido na direita, cabeceamento de Halliche à barra e, na recarga, Texeira bateu Casillas. Um balde de água fria, perto do fim do jogo, deixava pouca margem de manobra aos azuis-e-brancos.

O golo do empate surgiu dois minutos para além da hora, quando Corona teve uma jogada pela direita, cruzou para a área e a bola foi afastada pela defesa da casa. Otávio recepcionou, picou a bola para a pequena área e Herrera atirou para o golo, restabelecendo a igualdade. Antes de terminar o jogo, os Dragões dispuseram de uma oportunidade soberana para desfazer o empatar, mas Fernando não foi lesto, nem competente para bater Jhonathan.

O FC Porto mantém a liderança isolada na Liga NOS e aponta, desde já, baterias para Roma onde vai jogar a primeira mão dos oitavos-de-final da Champions League, diante da equipa local. O jogo está marcado para as 20:00 desta Terça-feira. A Liga NOS regressa no próximo Sábado com a recepção do FC Porto ao V. Setúbal.




DECLARAÇÕES

Sérgio Conceição: "Estou convicto que estaremos na frente no final"

Falta de eficácia
“Fizemos uma primeira parte de grande nível. Houve apenas uma defesa do Iker na primeira parte, nós tivemos algumas situações dentro da grande área que foram claras. Tivemos ocasiões para ir para o intervalo com vantagem no marcador. Na segunda parte, não entramos tão bem no jogo, permitimos ao Moreirense sair com algum perigo. Sofremos o golo através de uma situação de bola parada e, depois, continuamos à procura do golo. Fizemos o empate, tivemos mais uma ou outra oportunidade para sairmos daqui vencedores. Estamos a atravessar um momento no qual criamos, chegamos à baliza, mas não conseguimos meter a bola dentro. A diferença está na eficácia.”

Mudança tática
“Tivemos algumas situações de posse de bola muito interessantes. O Óliver apareceu muitas vezes em zonas que normalmente não aparece, o Héctor também. Fizemos todos os jogos da Liga dos Campeões a jogar em 4-3-3, não houve problema nesses encontros, até porque fizemos uma fase de grupos fantástica. É apenas um momento, no qual criamos imensas situações de golo e não concretizamos. Ficaria bastante preocupado se não conseguíssemos impor um volume de jogo ofensivo interessante como temos tido. Agora, o futebol faz-se de golos e o resultado no final tem a ver com isso.”


Mérito pelo trabalho coletivo
“Tivemos algumas ocasiões para ganhar o jogo de forma tranquila. Com certeza que o treinador do Moreirense dirá que o empate foi justo, mas estamos conscientes de que este é praticamente o 10.º jogo depois do início do ano. São muitos jogos. Este foi o 26.º jogo sem perder de forma consecutiva. É de louvar o trabalho que o grupo tem feito. Tenho a plena convicção de que este é apenas um momento e que, em jogos em que teremos menos situações de golo, iremos ganhar.”

Contas só no final
“Trabalhamos e refletimos sempre sobre as coisas que não são tão positivas no jogo. Somos o FC Porto, somos um clube vencedor. No ano passado estivemos à frente quase a época toda, passámos para trás quando faltavam dois meses para terminar a temporada, voltámos a colocarmo-nos na frente e, no final, fomos campeões. No final, veremos onde vamos estar. A minha convicção é que estaremos na frente.”

Arbitragem de Jorge Sousa
“Não falo mais de arbitragem até ao final da época.”



RESUMO DO JOGO

A GANHAR OU A PERDER... TEMOS DE SER MELHORES


Ponto prévio, e pela enésima vez: revejo-me muito na mística que tem vindo a ser devolvida ao nosso mágico clube pelo Mister Sérgio Conceição. Revejo-me ainda mais na sua competência, na sua qualidade, na sua humildade, na sua vontade de querer sempre mais e de nunca estar satisfeito. Sim, era tudo o que precisávamos para recuperar a nossa força e a nossa posição. Podemos até, por vezes, discordar do estilo atlético e de força que impõe em detrimento, por vezes também, de maior critério e outras ideias, mas inegáveis e louváveis são o sucesso e a liderança que ele tem demonstrado em colocar-nos de novo na posição de maior potência futebolística nacional.

Na Final da Taça da Liga, todos sabemos que o desfecho merecido seria outro. Todos sabemos que o adversário quis jogar mais uma vez como uma equipa pequena, a tentar empurrar o jogo para os penalties, onde de facto têm demonstrado maior competência que a nossa equipa em tantas outras ocasiões. Aquela derrota foi algo que não estava, de todo, no guião, nem tão pouco espelhou o que se passou na competição e mais concretamente ainda na final da mesma.

As palavras do nosso mister na conferência de antevisão do jogo contra o Belenenses são também quase todas elas justificáveis e reflexo do sentimento de todos nós. De facto, ele não foi contratado para ficar “na boa” quando perde. Não é disso que se trata. Também não é da reação irrefletida e condenável, ainda que a quente e a reagir a insultos e provocações, de Diamantino Figueiredo. Não é disso que se trata, de todo. Trata-se, isso sim, de alguma angústia por termos recolhido aos balneários sem esperar que os vencedores levantassem a taça. Dir-me-ão alguns que o fair-play é uma treta. Sim, é. Neste país, e ainda mais neste desporto.

Aos que gostam também de ténis, relembro o discurso de campeão de Rafael Nadal após a sua derrota no Open de Austrália, logo no day after do episódio de que me estou a queixar.

Acham que Nadal gosta de perder? Não é ele um campeão à escala planetária? Pois bem, era de uma coisa parecida a esta que eu estava à espera do meu clube, uma reação melhor e diferente daquela que têm todos os outros. Não quero ver desculpas da treta do que fazem os vermelhos, os verdes, os laranjas, os brancos, os xadrezes, e todos os outros que tais, em momentos semelhantes. Existiria reação mais nobre, leal, invicta, do que termos ficado no relvado? Mesmo que isso tivesse custado horrores, pois que depois certamente Sérgio Conceição saberia catapultar à mesma a reação desejada nos seus comandados. (que se viu no jogo com o Belenenses, diga-se)

Por favor, não sejamos iguais aos outros. Somos de longe o clube português mais galardoado internacionalmente, o único que tem, em época de democracia, colocado em causa o domínio dos tubarões do dinheiro que habitam no velho continente. O único verdadeiramente internacional, grande nessa escala. Quantos exemplos precisam mais? Lembrem-se, por exemplo, do festival que os nossos adeptos deram em Anfield Road na época passada, logo depois de termos aviado -5 em nossa casa. Eles agora até adaptaram a nossa música. É isso que nos torna maiores que os outros, verdadeiramente grandes. Ou acham que teria sido melhor irmos lá partir aquilo tudo, porque zangados e revoltados com a derrota da 1ª mão?

Sim, eu também fico fodido, revoltado e a dormir mal quando perco assim. E ninguém quer ver outra coisa diferente nos nossos dirigentes, treinadores e atletas. Mas o escudo que eles levam ao peito, esse, merece outra dignidade, outra elevação, outra humildade. Só isso sublinhará de forma justa a nossa superioridade. Da próxima vez que acontecer algo parecido, reajam de forma diferente, melhor, superior. Se lideramos no campo, porque não liderar no resto também, e fazer deste desporto algo maior? E ensinar aos de cá do burgo como devem ser as coisas, também. Não sejamos iguais a todos os outros. Os maiores não são assim, não podem ser.

... a ganhar ou a perder. Temos de ser melhores.

03 fevereiro, 2019

INJUSTO E CASTIGADOR.


GUIMARÃES-FC PORTO, 0-0

A deslocação do FC Porto a Guimarães não trouxe bons resultados. O outro jogo da jornada entre candidatos também não correu da melhor forma para as pretensões dos campeões nacionais. Além disso, o terceiro classificado da tabela também venceu e, por tudo isto, o FC Porto viu a sua vantagem reduzida para três e quatro pontos em relação aos seus perseguidores.

Com o derby da segunda circular terminado, os azuis-e-brancos sabiam que só a vitória interessaria no seu jogo em Guimarães. Sérgio Conceição apostou no mesmo onze da jornada anterior. A equipa entrou no jogo muito bem, com dinâmica, com pujança e impondo um ritmo alto e alucinante.


O V. Guimarães defendeu como pôde e procurou atacar dentro das suas limitações, mas em todo o jogo, os vitorianos não foram capazes de criar uma oportunidade digna de registo. Pelo contrário, o FC Porto teve quase duas mãos para inaugurar o marcador, mas os seus jogadores não foram eficazes. Na hora de rematar à baliza, não o fizeram a preceito e deste modo se perdem dois pontos importantes, rumo ao bicampeonato. Foi injusto, mas castigador para a ineficácia dos campeões nacionais.

Só na primeira parte, registei um remate de Brahimi a rasar o poste, três oportunidades de Marega, sendo que duas delas foram flagrantes, e um remate de Soares à barra com estrondo. A bola teimava em não entrar e os minutos iam passando. O intervalo deixou uma sensação mista de frustração e revolta.

Na segunda parte, o V. Guimarães manteve-se fiel à estratégia defensiva, de bloco baixo e o FC Porto continuou a carregar, mas já sem a mesma frescura da primeira parte. Aliás, os Dragões revelaram-se pouco esclarecidos e com escassa lucidez para definir melhor no último passe.


Apesar de tudo, os campeões nacionais dispuseram de duas grandes oportunidades de golo. Uma por Marega que foi salva por Venâncio em cima da linha e outra por Corona a rematar na pequena área, com Douglas a fazer a mancha e a salvar, por instinto, um golo mais do que certo. O FC Porto ainda viu o árbitro anular um golo a Pepe, por pretenso fora-de-jogo.

Sérgio Conceição operou três substituições ao longo do segundo tempo. Brahimi foi rendido por Otávio, Fernando Andrade ocupou o lugar de Marega e Hernâni entrou para a vaga de Pepe. Apesar dos Dragões terem dado tudo por tudo, o resultado não sofreu alterações.

Em Guimarães ficaram dois pontos que vão definir se serão essenciais ou não para a revalidação do título. Notas de destaque para Marega que saiu lesionado e que deverá parar algum tempo e para a falta de eficácia do FC Porto que, em outras ocasiões, resolveu os jogos.

Os Dragões regressam à competição na próxima Sexta-feira, em Moreira de Cónegos, onde vão defrontar o Moreirense em jogo da 21ª Jornada da Liga NOS.




DECLARAÇÕES

Sérgio Conceição: "Podíamos e devíamos ter saído daqui vencedores"

Faltou o golo
“O que falhou foi o momento de meter a bola na baliza. Creio que fizemos um jogo bem conseguido, consistente. Criámos muitas oportunidades e merecíamos a vitória. Infelizmente não fomos eficazes, ou por mérito do adversário ou por algum demérito nosso na hora de concluir. Há jogos assim. A entrega, a determinação e a ambição foram enormes. Foi um jogo competitivo, num bom ambiente, num ambiente apaixonado por futebol.”

Resultado injusto
“Tentámos tudo. Metemos homens na frente, refrescámos os corredores, tentámos por dentro, etc. Tentámos tudo, criámos muitas ocasiões. Não vi os rivais a criarem tanto como o FC Porto criou aqui. O momento menos bom da equipa foram os primeiros 15 minutos da segunda parte, mas podíamos e devíamos ter saído daqui vencedores. Seria o resultado mais justo, na minha opinião.”


Uma fraca terceira equipa
“Houve uma terceira equipa que não esteve ao nível das outras duas. Existem demasiadas faltas e outras que são efetivamente não se apitam. Olho para a competitividade deste jogo e vejo uma terceira equipa que foi mais fraca do que as outras duas. Hoje não vi Rui Costa em grande forma. A equipa mais fraca foi a de arbitragem.”

Sempre focados na vitória
“Não vamos para os jogos confortáveis em nada. Vamos para os jogos para disputá-los e para ganhá-los. Vamos à frente e só dependemos de nós. Há que dar mérito à organização defensiva do adversário, mas houve uma grande ineficácia da nossa parte. Preocupava-me se as características da equipa não estivessem lá. Hoje não fomos capazes de meter a bola na baliza.”



RESUMO DO JOGO

01 fevereiro, 2019

A ANGÚSTIA DO PENALTY - UMA TENTATIVA DE EXPLICAÇÃO.


Poeira assente, já é tempo de falar abertamente de mais uma Taça da Liga perdida pelo FC Porto (a terceira). Quem acredita em maldições, deve parar de ler imediatamente aqui. Quem, como eu, acredita que o nosso clube perdeu por culpa própria e devido a razões específicas, é convidado a prosseguir.

É verdade que a história dos penaltis já cansa, sendo que o saldo final se traduz em títulos perdidos. O maior erro do FC Porto nos últimos anos é, quanto a mim, o de não ter optado por definir um batedor específico das grandes penalidades, que não ande ao sabor de modas e correntes, sujeito aos delitos de opinião da massa adepta e aos da sua própria consciência mal falhe o primeiro penalti. Se repararmos nos nossos maiores rivais, eles têm batedores estabelecidos: Jonas de um lado; Bas Dost de outro. Se olharmos a nível internacional, por exemplo, Cristiano Ronaldo é o batedor oficial incontestado das suas equipas.

Este dado conta bastante e desde Jackson Martinez que o FC Porto não tem um batedor oficial digno desse nome. Todos os outros parecem oscilar ao sabor do vento e em função dos treinos da semana, conforme o próprio Sérgio Conceição explicou para mostrar o porquê das escolhas (Telles, Militão, Hernâni e Felipe).

Fica a ideia, desde logo, que ficaram de fora os jogadores que naturalmente melhor relação têm com o remate e, consequentemente, com o golo: Brahimi, Corona (substituído), Oliver (substituído), Herrera, Marega, Fernando Andrade, entre outros.

No lado leonino, pelo contrário, os batedores foram mesmo os homens da linha avançada: Dost, Nani e Bruno Fernandes, sendo que o homem da defesa (Coates) foi o único a falhar. A estatística não mente. Há, além disso, o lado psicológico: Dost foi o homem que bateu a penalidade aos 90 minutos do tempo regulamentar e foi o primeiro, uma vez mais, a assumir a responsabilidade quando se partiu para o desempate por esse meio. Há ali uma hierarquia bem definida, que ninguém contesta e que confere uma organização e tranquilidade à equipa.

O facto do FC Porto constantemente alterar os seus batedores e colocar defesas centrais ou laterais a bater penaltis diz bem do nível de pânico a que o clube chegou no que à marca da grande penalidade diz respeito. A abordagem do clube já não é, pois, racional, mas mais do foro emocional. “Foram os que treinaram melhor durante a semana”. Numa semana são uns, noutra semana serão outros e assim vai a carruagem. E a estatística, curiosamente, corrobora a avaliação e as escolhas feitas: os avançados, quando chamados a bater, falham mais do que todos os outros.

Na meia-final da Taça de Portugal da temporada transacta, em Alvalade, o FC Porto já aí tinha optado por escolher quase só defesas para bater os penaltis: Marcano (falhou); Telles (converteu); Felipe (converteu); Reyes (converteu), Sérgio Oliveira (converteu); O FC Porto perdeu por 5x4. Uma vez mais, apenas um jogador que não é defesa foi chamado a bater. Iker estava na baliza.

Em Janeiro de 2018, mais uma derrota na meia-final da Taça da Liga frente ao Sporting. Escolhidos: Telles (converteu); Marcano (converteu); Herrera (falhou); Waris (converteu); Aboubakar (falhou); Brahimi (falhou). Iker na baliza.

Em Novembro 2016 foi a vez de sermos eliminados da Taça de Portugal em Chaves (3x1). Aí foram escolhidos Evandro (converteu); Layun (falhou); Telles (converteu); Depoitre (falhou); André Silva (falhou). José Sá estava na baliza.

Em Maio de 2016 foi a Final da Taça de Portugal, perdida diante do Braga (2x4). E note-se que essa foi a 5ª vez que o FC Porto foi chamado ao desempate de grandes penalidades na Taça de Portugal (tendo ganho os 4 duelos até essa data). Escolhidos: Layun (converteu); Herrera (falhou); R. Neves (converteu); M. Pereira (falhou). Helton estava na baliza.

Em 2014 foi a vez de perdemos a meia-final da Taça da Liga, no Dragão, frente ao Benfica. Escolhidos: Quintero (converteu); Jackon (falhou); Ghilas (converteu); Maicon (falhou); Varela (converteu); Fernando (falhou). Fabiano estava na baliza.

Em números redondos, nos últimos desempates, foram batidos 30 penaltis. O FC Porto converteu 15 e falhou outros 15, tendo um aproveitamento de apenas 50%. Optei por efectuar uma distribuição por posições de campo e por nacionalidades, à procura de alguma conclusão óbvia, conseguindo apenas descortinar que os nossos avançados não lidam bem com a pressão de bater o penalty e que Telles parece ser o nosso melhor batedor (4 penalties, 4 golos):
  • Defesas: total de 14 penaltis, 7 convertidos. Taxa sucesso: 50%
  • Médios: total de 7 penaltis, 4 convertidos: Taxa sucesso: 57% *
  • Avançados: total de 9 penaltis, 2 convertidos. Taxa sucesso: 22%.
  • Portugueses: 5 penaltis, 3 convertidos. Taxa sucesso: 60%
  • Estrangeiros: 25 penaltis, 12 convertidos. Taxa Sucesso: 48%
    * - Apenas incluídos: Fernando, Quintero, Herrera, R. Neves, Evandro, S. Oliveira e Fernando. Os outros, como Brahimi, Hernâni e Varela, foram classificados como Avançados.
Todos sabemos, é certo, que a história pesa. Por alguma coisa, o nosso rival não ganha títulos internacionais há décadas, pese embora chegar amiúde a finais internacionais. O mito de Bella Guttman serve para ensaiar umas brincadeiras, mas claramente não explica tudo. Todos sabemos porque é que o SLB perde finais internacionais: é um problema de bloqueio mental e de falta de cultura de vitória.

Para que o FC Porto não caia de forma indelével nestes mitos e fantasmas, muito ajudaria a que o clube enfrentasse o problema de frente e o quisesse de facto resolver de uma vez por todas, definindo um batedor oficial e treinando-o nos treinos todos os dias, acabando de vez com o mito de que os penaltis não se treinam. Acredito que, se a equipa começar a concretizar os penaltis que vai tendo ao longo do campeonato, consiga preparar-se de forma mais conveniente para este meio de desempate, assim ele surja. Cristiano Ronaldo não teria a estatística que tem dessa marca (131 penaltis, 83% convertidos), a menos que continuemos a acreditar na sorte ou no azar como factor de conquistas de vitórias, coisa que, aliás, é alheia à cultura de trabalho do FC Porto e ao modo de pensar dos adeptos portistas.

Longe vão os tempos em que Lucho Gonzalez (85% de taxa de sucesso no Porto) e Hulk (82% em toda a carreira) assumiam a responsabilidade de todos os penaltis do clube, levando a que a margem de aproveitamento dos mesmos fosse muito superior aos dias actuais. Segundo dados do Transfermarket, que não podem servir de grande avaliação, porque incluem épocas onde não há desempates por grandes penalidades, é esta a estatística geral de aproveitamento:


Esta época está a ser, assim a pior ao nível do aproveitamento. O quadro parece ainda sugerir que a selecção de um especialista e a não dispersão dos penaltis por vários batedores ajudam a subir os níveis de sucesso.

Outro ponto que também merece atenção é a utilização dos guarda-redes de forma rotativa nas várias taças. Percebe-se que o treinador não queira colocar o nº 1 a fazer todos os jogos da época, sob pena de perda de motivação dos segundo e terceiro keepers. Mas a verdade é que esse critério tem custado títulos ao clube, já desde a famosa utilização de NES em detrimento de Baía numa Final da Taça de Portugal, diante do Benfica, a poucos dias da Final de Gelsenkirschen.

As opções escolhidas são de respeitar, obviamente, mas não chamem a sorte ou o azar para esta equação, pois ela nada tem a ver com a anormal quantidade de discussões perdidas da marca de grande penalidade. Perdemos por incompetência e continuaremos a perder se não nos debruçarmos sobre o problema com intenções de o resolver.

Rodrigo de Almada Martins