Um sonho que findou nos «penalties»…

Liga dos Campeões, 1/8 final – 2ª mão
05 de Março de 2008
Estádio do Dragão, no Porto
Assistência: 45.316 espectadores

FC Porto: Helton; Bosingwa (Mariano, 54m), Pedro Emanuel «cap», Bruno Alves e Fucile; Lucho, Paulo Assunção, Raul Meireles (Cech, 98m); Sektioui (Farias, 58m), Lisandro e Quaresma.
Não utilizados: Nuno, João Paulo, Kazmierczak e Adriano.
Treinador: Jesualdo Ferreira.

Shalke 04: Neuer; Rafinha, Bordon «cap» (Howedes, 114m), Krstajic e Westermann; Jones, Grossmuller (Rakitic, 111m), Ernst e Kobiashvili; Halil Altintop e Kuranyi (Asamoah, 78m).
Não utilizados: Schober, Varela, Lovenkrands e Vicente Sánchez.
Treinador: Mirko Slomka.

Disciplina: cartão amarelo a Kuranyi (33m), Jones (57m), Westermann (65m), Lucho (114m), Kobiashvili (116m); cartão vermelho a Fucile (82m).

Golos: Lisandro (86m).

Não, não vou cair no erro do discurso fácil e do linchamento público sobre tudo e (quase) todos, não obstante fosse talvez a forma mais hábil e fácil de exorcizar os fantasmas desta noite em pleno Palco das Emoções... direi apenas que lá entrei como (sempre!) Portista e Dragão, e de lá sai ainda mais orgulhoso das nossas mágicas cores.

É verdade que fomos eliminados da presente edição da Liga dos Campeões, não há que escondê-lo, nem tão pouco sentir qualquer espécie de vergonha, mas se é verdade que «no futebol não existe justiça», este jogo de hoje, infelizmente, é a prova provada do que acabo de dizer.

Com a desvantagem na eliminatória por 1-0, o FC Porto entrou em campo com o onze tipo desta época, digamos que na máxima força, apostando forte na continuação em prova... pena que alguns dos jogadores não tenham acompanhado esta aposta forte e tenham deixado muito a desejar ao longo de todo o jogo, nunca ou quase nunca conseguindo estar ao nível que sempre nos habituaram.

Com o apito inicial, o FC Porto como seria normal, rapidamente tomou as rédeas do jogo, procurando empurrar os alemães para a sua defensiva, o que a bom dizer, nos primeiros 45 minutos, não foi de todo conseguido, mostrando que estes traziam a lição bem estudada.

O que é certo é que apesar de um nítido e claro domínio territorial, jogadas de perigo eram quase nulas e com isso ressentia-se o nosso vendaval ofensivo que a cada minuto que passava, ia abrandando o ritmo. Todas as despesas de jogo estavam a cargo dos azuis-e-brancos, com o adversário a limitar-se a pouco mais que tentar anular qualquer aproximação ao seu reduto defensivo.

Lisandro protagonizou nesta fase o melhor lance ofensivo da 1ª parte, quando após um cabeceamento, obriga Neuer a uma defesa muito difícil, com Tarik a não conseguir dar melhor seguimento à jogada. Se a bola aqui tem entrado, muita da história do jogo poderia ter mudado radicalmente, até porque empataria a eliminatória e colocava pressão sobre os alemães, que apenas conseguiram ameaçar a baliza de Hélton já quase no fecho da 1ª parte, através de um cabeceamento com veneno de Kuranyi, mas que saiu ao lado.

Quanto a mim, o grande problema da falta de nosso jogo ofensivo deveu-se em grande parte ao pouco acerto do nosso meio-campo, onde apenas se salvava Paulo Assunção que procurava defender, atacar… e ainda ter que apagar os muitos fogos deixados por Lucho e Raul Meireles.

Outro dos casos de evidente noite não, era Lucho que não conseguia acertar um passe milimétrico, uma desmarcação com veneno, nada, a não ser cair invariavelmente na ala esquerda com a bola no pé, e com isso, nem jogar… nem fazer jogar.

Para a 2ª parte, mais do mesmo, ou seja, o FC Porto a comandar as operações e o adversário a assistir pouco mais que impávido e sereno. Quaresma tentava com as suas arrancadas criar desequilíbrios e instabilidade na defensiva germânica. Tarik, teve por esta hora outro dos momentos não da noite, que poderia ter mudado por complero o rumo do jogo, mas com a baliza quase escancarada, permite a Neuer voltar a brilhar na baliza, onde em vez de atacar a bola com muita fé e garra, pareceu mais preocupado em antecipar os festejos... o resultado foi o que todos sabemos.

Entretanto, Bosingwa lesiona-se e pede a substituição, estavam ainda decorridos apenas 10 minutos da 2ª parte, o que veio criar a Jesualdo Ferreira um sério problema quanto ao modo de reagir e com quem. Quase em simultâneo, resolveu dar ordem de entrada em jogo, primeiro a Mariano e de seguida, ao ponta-de-lança Farias.

A toada de jogo mantinha-se tal como desde o 1º minuto… muita posse de bola, muito controle territorial, mas jogadas de real perigo, eram praticamente inexistentes. Tudo se complicou ainda mais aos 82 minutos com a expulsão de Fucile por suposta jogada violenta, que asseguro que mais ninguém viu, a não ser o «incompetente» do árbitro inglês que terá visto sabe-se lá bem o quê.

Já na recta final, aos 86 minutos, e quando as esperanças começavam a escassear, e onde já se jogava mais com o coração do que com a cabeça, eis que Lisandro descobre uma nesga de terreno no interior da grande área e desfere à meia volta um remate forte e colocado, levando a bola a entrar no ângulo esquerdo da baliza de Neuer… o Palco das Emoções entrava em delirio total, estava feito o 1-0 e a eliminatória ficava empatada a 1-1. Ainda as emoções estavam ao rubro, quando o árbitro inglês apita pela última vez nos 90 minutos de jogo.

Para o prolongamento, e com apenas 10 elementos em campo, alguns deles até já em claro défice físico, num assomo de orgulho, raça, fé e muito espirito de sacrificio, continuou a ser o FC Porto a comandar as operações, empurrando o adversário para a sua defensiva, até que Quaresma surge completamente isolado em frente a Neuer… esperou tanto, mas tanto, mas mesmo tanto, que quando se lembrou de rematar, mais não fez que acertar com a bola no «pé» do guarda-redes alemão.

Já na 2ª parte do prolongamento, e sempre por cima, Pedro Emanuel desferiu um remate que levava fogo, mas Neuer voltava a estar no local e hora exacta, quando passado pouco mais que uns ligeiros minutos, apito final para o jogo e era hora da lotaria dos penalties.

Como em (quase) todo o jogo, o guarda-redes alemão Neuer voltou a estar com os «deuses» e defendeu os penalties de Bruno Alves e de Lisandro, terminando ali o nosso sonho de seguir em frente na prova.

Dizia no inicio do post que tinha saído do Palco da Emoções ainda mais Portista e Dragão do que quando lá entrei, o que volto a evidenciar, porque vi e senti que os nossos jogadores deram o litro, o que tinham e não tinham… mas quando numa competição a este nível se falham golos de uma forma quase que direi «escandalosa», não há muito mais a pedir e desejar do que rapidamente chegue o próximo jogo... mas rápido, bem rápido.

E esse, é já no próximo domingo, no Palco das Emoções pelas 19 horas, quando defrontarmos a Académica… até ao final da época, muito há ainda para conquistar e não podemos permitir que o «desânimo» se instale em todos nós, nem tão pouco que essa mensagem possa transparecer para a equipa… como dizia ontem o Amigo Estilhaço, mais do que nunca, é hora de sermos o 12º, o 13º ou o 14º jogador numa única voz. Tenho a certeza que em breve, voltaremos a ser felizes, mas até lá, cá estarei para os apoiar e acarinhar, e se necessário for, levá-los ao colinho, em busca da glória. Domingo, lá estarei!

azul + : Paulo Assunção (VIPortista), Lucho, Lisandro e Quaresma (a espaços).

azul - : Fucile, Raul Meireles e Sektioui.

arbitragem: Howard Webb (Inglaterra), Darren Cann e Michael Mullarkey. Sinceramente, não tenho muitas palavras para descrever uma arbitragem de nível tão fraco, tamanha foi a catadupa de asneiras: desde o 1º minuto a condescender com os atrasos na reposição de bola em jogo por parte de Neuer, consecutivos cortes de jogadas a beneficiar claramente o infractor, um vermelho directo?! a Fucile de bradar aos céus, etc, etc… por isso, não me voltem a falar em arbitragem portuguesa, porque ao que vi, venha o diabo e escolha.