Jogador do FC Porto na década de 70 (na era de um tal de Dale Dover onde ganhamos alguns títulos heróicos), companheiro de equipa de Fernando Assunção e Fernando Gomes (actuais dirigentes da SAD do basquetebol do FC Porto), passou depois a adjunto, durante muitos anos, do Prof. Jorge Araújo tendo ambos sido decisivos (entre outros títulos) no quebrar do jejum de 13 anos sem ganhar o campeonato (1996).
Passou então a técnico principal do FCPorto e conquistou o campeonato de 1998/99. Venceu também o título pelo Queluz e regressou ao FC Porto para ganhar a Taça de Portugal e a Taça da Liga em duas épocas onde a «milionária» Ovarense só venceu na negra os 2 campeonatos ao FC Porto (2006/07 e 2007/08).
Esta temporada está fora do activo, momentaneamente, e também por isso, com mais tempo disponível, acedeu em dar-nos uma grande entrevista, a sua segunda neste blog (a primeira pode ver aqui). Ao Professor Alberto Babo, fica o nosso agradecimento pela sua extrema simpatia e o desejo de o vermos muito em breve nos pavilhões Portugueses.
Passou então a técnico principal do FCPorto e conquistou o campeonato de 1998/99. Venceu também o título pelo Queluz e regressou ao FC Porto para ganhar a Taça de Portugal e a Taça da Liga em duas épocas onde a «milionária» Ovarense só venceu na negra os 2 campeonatos ao FC Porto (2006/07 e 2007/08).
Esta temporada está fora do activo, momentaneamente, e também por isso, com mais tempo disponível, acedeu em dar-nos uma grande entrevista, a sua segunda neste blog (a primeira pode ver aqui). Ao Professor Alberto Babo, fica o nosso agradecimento pela sua extrema simpatia e o desejo de o vermos muito em breve nos pavilhões Portugueses.
Já no final da época referimos que pareceu de todo injusta a não renovação do seu vínculo que o impede, por exemplo, de estar ao leme da equipa na inauguração do Dragão Caixa, prevista para Abril de 2009. Os trofeus conquistados, a dedicação ao clube e até a luta brava e heróica que travou com uma «hiper-favorita» Ovarense nestes 2 últimos anos mereciam outra atenção. Porque os grandes homens colocam sempre o clube acima de qualquer conflito este assunto não foi sequer explorado na entrevista e também não é por acaso que Alberto Babo ainda não falou publicamente sobre esse processo... Em todo o caso «a bola já foi lançada ao ar» e agora é Júlio Matos quem está ao leme do basquetebol do FC Porto e a quem o blog BiBó PoRtO também aproveita para desejar as maiores felicidades desportivas.
ENTREVISTA EXCLUSIVA
Alberto Babo, ex-treinador de basquetebol do FC Porto
Alberto Babo, ex-treinador de basquetebol do FC Porto
1. Era adjunto de Jorge Araújo quando quebramos o jejum de títulos em 1996. Alberto Babo era dos mais eufóricos nesse dia no final do jogo que o FC Porto venceu no Pavilhão da Luz. O que sentiu no final desse jogo?
Falar da vitória obtida na época 1995/1996 onde quebramos um jejum de títulos frente a uma equipa que na altura dominava o basquetebol nacional foi para mim, como ajudante do Prof. Jorge Araújo, de uma alegria enorme. Esta alegria deveu-se a vários factores, e que naquela altura, a equipa técnica tinha como certo, que iríamos um dia destronar o Benfica.
Havia um projecto que se tinha iniciado 5 anos antes. Este acreditar veio através de um trabalho feito de base. A base que o FC Porto se agarrou, direi, trabalhou, foi formar um conjunto de jovens juniores do clube que tinham qualidade, talento, humildade e que deveriam ser orientados para serem campeões (Paulo Pinto, Nuno Marçal, João Rocha, Nuno Quidiongo, Ricardo Santos, Bruno Santos, João Tiago), com uma orientação bem definida por parte da dupla Prof. Jorge Araújo e Alberto Babo para que pudessem vir a ser a base da equipa profissional. Objectivo conseguido mas que se estendeu também para a época 1996/1997 onde nos sagramos bi-campeões.
Nesta altura, os nossos jogadores tinham uma força psicológica muito forte, onde pontificavam jogadores como Rui Santos, Fernando Sá, Raul Santos e que faziam a ponte para a entrada dos novos elementos ao grupo.
2. Conte-nos um pouco sobre cada um dos títulos (campeonatos seniores) ganhos por Alberto Babo pelo FC Porto, dividindo em 3 partes: jogador, adjunto e treinador. Qual o mais saboroso?
Recordo sempre com muita saudade, o meu primeiro titulo nacional, na época 1971/1972 (ver foto em que Alberto Babo dos 6 jogadores que estão em pé, é o 4º a contar da sua esquerda), como jogador, na “era Dale Dover”. Titulo este que trouxe uma mobilização de adeptos do nosso clube ao basquetebol. Este titulo foi o principal responsável para o levantamento do nosso pavilhão gimnodesportivo Américo Sá.
Tenho sempre uma emoção bastante forte por todos os títulos conquistados, quer como adjunto, e também como treinador principal. Mas há aqueles que ficam gravados na memória, o meu primeiro campeonato como profissional de basquetebol – época 1998/1999. O mesmo direi quando orientei o C.A. Queluz, foi também para mim, um titulo gratificante pelo facto de, nesse ano, termos obtido um recorde de vitórias seguidas na liga profissional – 27 e uma participação na ULEB Cup muito meritória.
Todos os títulos são saborosos, mas o maior titulo e o que mais prezo é o de ter sempre a consciência tranquila do dever cumprido, com honestidade e profissionalismo. Direi por fim que ganhar um titulo é o corolário de um trabalho feito com sinceridade, com sofrimento, com solidariedade, com paixão, entregando-se de alma e coração ao objectivo que nos propusemos realizar em beneficio do clube que nos acolhe independentemente de sermos jogadores, treinadores ajudantes ou treinadores principais.
3. Qual o ambiente (pavilhão) mais temível que enfrentou como técnico (adjunto ou principal) do FC Porto?
No passado havia um pavilhão onde o ambiente era bastante hostil, o do Barreirense. Era muito complicado jogar lá. Pavilhão muito pequenino, as tabelas estavam a cerca de 1 metro dos espectadores, por vezes os jogadores eram confrontados por atitudes pouco convenientes dos assistentes. Sair de lá, com uma vitória, era um acto heróico. A rivalidade existente entre o FC Porto e Barreirense era muito grande. Sair do pavilhão era demasiado complicado. Enfim saudades destes tempos. O basquetebol era uma modalidade muito adorada e vivida com paixão.
4. Já ganhou além do título de 1999 pelo FC Porto, um campeonato pelo Queluz (2005), tendo também perdido um outro na final contra o Porto (2004). O que sentiu ao jogar contra o seu clube do coração?
De facto foi gratificante ganhar títulos: um pelo FC Porto, ganhar também pelo Queluz, sinal de que o trabalho foi bem feito, mas não posso esconder que foi muito complicado para mim quando sai do FC Porto em 2002/2003 ter que o defrontar. Na primeira ocasião que se proporcionou, torneio do CAB Madeira, onde vencemos o meu antigo clube e por consequência a conquista do referido torneio, foi um choque, a emoção tomou conta de mim, nunca tinha passado por semelhante coisa.
O mesmo sentimento se passou quando fui orientar o Queluz na primeira vez que visitamos o pavilhão de Matosinhos. Fiz questão de orientar o jogo sentado no banco, não me levantando nunca. Esta foi uma forma que encontrei para homenagear todos os Portistas que estavam a presenciar o jogo.
5. Quem foi para si o melhor jogador que viu jogar no FC Porto: Crawford, Dover, Miller ou outro? O que sentia ao jogar ao lado de Dover?
Falar do melhor jogador que vi e que jogou no clube não é uma tarefa fácil. Todos estes jogadores que está a apontar foram e serão sempre parte muito importante da história do basquetebol do FC Porto. Todos eles contribuíram com o seu profissionalismo, com a sua qualidade e com a sua capacidade de integração em pôr a sua marca pessoal ao serviço do colectivo. Analisando individualmente estes jogadores, direi que em cada momento do tempo eles mostraram características individuais acima da media:
Crawford, este jogador, fino na qualidade técnica, lançamento de longa distância de grande efectividade, como ressaltador, óptima pessoa. Este jogador teve uma estreia com o FC Gaia muito má – marcou zero pontos. O que se pensaria deste jogador após este jogo? Marcou 52 pontos contra o Sporting, foi o homem que nos ajudou a ganhar o campeonato Nacional em 1979.
Miller, jogador trabalhador, jogador de equipa, profissional do melhor que já passou em Portugal. Não teve uma entrada também auspiciosa junto da equipa no inicio da época, mas, paulatinamente foi mostrando a sua apetência pelas acções defensivas, um sentido único de ganhar ressaltos, sendo os ofensivos os mais mortíferos pelo sentido de posicionamento que alcançava na sua colocação entre os defesas e a tabela, sabia onde a bola iria cair. Teve uma melhoria ao longo das época na realização dos seus lançamentos de meia distancia alcançando percentagens muito boas. Em conversa com o Miller ele confessou que na Universidade só tinha um papel a desempenhar, defender e ganhar ressaltos. Com o trabalho realizado ele foi progredindo de qualidade e afinando também a outra faceta que ele tinha e que estava escondida o lançamento.
Por último, Dale Dover que disse um dia em entrevista que deu ao jornal Público "que dar espectáculo era uma característica de que gostava. Para atrair as pessoas ao pavilhão, é preciso fazer ‘show’, o basquetebol tem de ser uma forma de arte, como o ballet”. Esta forma de pensar foi muito importante para impulsionar o nosso clube e o basquetebol Português na época de 1971/1972. Lotações esgotadas para verem um verdadeiro show-man na altura.
Caracterizando a sua pessoa como jogador direi: homem de um drible ultra rápido com ambas as mãos, velocidade nas mudanças de direcção nunca vistas, impulsão vertical para a execução de lançamento impressionante (não tinha uma grande percentagem de lançamento longo) mas essa impulsão servia para converter cestos debaixo da tabela, com movimentos laterais de vasculação onde a passagem da bola de uma mão para a outra em pleno ar era uma imagem de marca. Um vencedor por natureza. Transmitiu isso ao grupo.
Lembro do dia em que chegou ao nosso pavilhão de treinos, com um ar de pessoa que nunca tinha jogado basquetebol. Foi uma desilusão à primeira vista. Vinha para ser treinador jogador. Nesse 1º treino e para conhecer o grupo que tinha ao dispôr, separou duas equipas e fizemos um jogo de 5x5. Que espanto, que coisa fenomenal! Iniciava uma jogada num cesto e acabava no outro. Ficamos de facto admirados da sua capacidade.
No aspecto intelectual, e isso também ajuda e muito, era um fenómeno, formado pela universidade de Harvard, em relações internacionais e línguas, falava com fluência Português, Francês, Dinamarquês, Hebraico, Chinês e Swahili (dialecto africano).
6. Já o cheguei a ver no andebol e no hóquei. O que significa para si o FC Porto?
Sendo Portista e sócio deste muito novo, fui habituado a ver e a sofrer com a vida do clube. O futebol em todos os escalões, o andebol, o hóquei em patins, hóquei em campo, ciclismo, natação e muitas outras modalidades. Estar nos pontos altos das nossas equipas, sempre que me foi possível, estive. Apoiar e incentivar é tarefa de quem aprendeu a gostar de um clube, de um emblema e de uma cidade que nos acolhe.
7. Peço-lhe uma opinião sobre estas pessoas: Pinto da Costa, Fernando Assunção, Fernando Gomes, Jorge Araújo e Matos Pacheco.
A minha opinião destas personalidades é a seguinte:
Pinto da Costa – um presidente que se dedica com alma e coração ao seu clube, o elevou ao mais alto padrão de qualidade, dinamizou, melhorou, transformou um clube na onda dos êxitos e que é respeitado mundialmente.
Matos Pacheco – o senhor do basquetebol do FC Porto, respeitado, conhecedor, amigo do seu amigo, sabia de basquetebol como poucos. Recordo com saudade as suas palavras, os seus conselhos e a sua visão do que era sempre o melhor para o clube.
Fernando Gomes – o homem forte do basquetebol, pegou na secção há cerca de 15 anos numa altura que esteve em causa a continuidade do basquetebol. Continua à frente dos destinos da secção. Este feito não pode ser esquecido, nunca.
Fernando Assunção – director do basquetebol também há cerca de 15 anos, braço direito de Fernando Gomes, gosta muito de basquetebol. Os êxitos alcançados pela secção de basquetebol são também seus.
Prof. Jorge Araújo – homem de personalidade forte, tem a capacidade de liderança acima da média, gestor de recursos humanos de grande eficácia, treinador/mestre, um vencedor. Não sendo um nativo da cidade do Porto, foi ao longo da sua vida tornando-se um cidadão do Porto.
8. O melhor jogador Estrangeiro e Português que viu actuar no FC Porto e o seu cinco ideal da história do clube.
Não gostaria de responder concretamente a esta pergunta. Já passaram, através dos tempos, muitos e bons jogadores, como por exemplo: Paulo Pinto, Nuno Marçal, Fernando Gomes, Rui Santos, Alfredo Leite, Tó Ferreira, etc.
Formaria este 5 inicial:
1º base: Rui Santos;
2º base: Tó Ferreira;
Extremo: Dale Dover;
Extremo/poste: Henry Crawford;
Poste: Jarred Miller.
9. Esta temporada vai dar FC Porto, Benfica ou Ovarense?
Tenho nesta altura pouco conhecimento da valia da maioria das equipas que compõem a LPB, mas mesmo à distância e vendo a composição de cada uma delas, direi, que as equipas da Ovarense, mesmo tendo perdido 2 jogadores nucleares, Elvis Évora e Cordell Henry, é uma equipa bastante forte. Depois, o FC Porto manteve 3 jogadores da época passada e fundamentais para manter a esperança de vitória do campeonato - Marçal, Cunha e Figueiredo, espinha dorsal do seu cinco inicial da época passada. Quanto ao Benfica, neste inicio de época foi refazendo a equipa com entrada de jogadores de grande valia, João Santos, Sérgio Ramos, Diogo Carreira, Miguel Barroca e claro o mais conhecido, Ben Reed.
Na minha opinião, este campeonato está mais nivelado. Não há grandes diferenças de qualidade de equipas. Perdeu-se 2 equipas que por norma eram complicadas de se vencer, Belenenses (ficou muito débil) e Lusitânia dos Açores que desistiu. Existem três equipas bem motivadas para fazerem um bom campeonato, Vagos, CAB Madeira e Guimarães, assim sendo, qualquer uma delas pode vencer.
10. Pedia-lhe 3 ou 4 nomes de técnicos (em actividade) com grandes potencialidades na sua opinião? E qual o melhor treinador Português da história do nosso basquetebol?
Existe um conjunto de treinadores que esta época estão bem posicionados para terem uma carreira de sucesso: Henrique Vieira – já vencedor de um campeonato; Sérgio Salvador – pelo trabalho até agora desenvolvido na sua equipa; Fernando Sá – vencedor da taça de Portugal no ano passado; e José Tavares – campeão da proliga com o Física.
Falo sobretudo destes porque foram aqueles que nos últimos tempos apresentaram um trabalho meritório. Outros mais novos nesta lida, e que orientam equipas de top, poderão despontar e mostrar o seu trabalho no final da época.
Em relação ao melhor treinador da história do nosso basquetebol, direi que nomes como José Curado, Mário Palma, Prof. Teotónio Lima estão num patamar bastante alto em termos de qualidade, mas para mim, de facto, e também pela vivência diária, é o Prof. Jorge Araújo.
11. Uma palavra sobre o nosso blog e o acompanhamento que efectuamos sobre as modalidades do FC Porto.
Por fim uma palavra de apreço pelo vosso blog pela forma como vive o clube, dando a todos os ex-jogadores, treinadores, dirigentes a oportunidade de dizerem algo sobre a história do FC Porto que acabou há pouca de completar 115 anos, dando sempre ênfase àqueles anónimos que fazem a grandeza de um clube: os sócios. Um bem haja.
Falar da vitória obtida na época 1995/1996 onde quebramos um jejum de títulos frente a uma equipa que na altura dominava o basquetebol nacional foi para mim, como ajudante do Prof. Jorge Araújo, de uma alegria enorme. Esta alegria deveu-se a vários factores, e que naquela altura, a equipa técnica tinha como certo, que iríamos um dia destronar o Benfica.
Havia um projecto que se tinha iniciado 5 anos antes. Este acreditar veio através de um trabalho feito de base. A base que o FC Porto se agarrou, direi, trabalhou, foi formar um conjunto de jovens juniores do clube que tinham qualidade, talento, humildade e que deveriam ser orientados para serem campeões (Paulo Pinto, Nuno Marçal, João Rocha, Nuno Quidiongo, Ricardo Santos, Bruno Santos, João Tiago), com uma orientação bem definida por parte da dupla Prof. Jorge Araújo e Alberto Babo para que pudessem vir a ser a base da equipa profissional. Objectivo conseguido mas que se estendeu também para a época 1996/1997 onde nos sagramos bi-campeões.
Nesta altura, os nossos jogadores tinham uma força psicológica muito forte, onde pontificavam jogadores como Rui Santos, Fernando Sá, Raul Santos e que faziam a ponte para a entrada dos novos elementos ao grupo.
2. Conte-nos um pouco sobre cada um dos títulos (campeonatos seniores) ganhos por Alberto Babo pelo FC Porto, dividindo em 3 partes: jogador, adjunto e treinador. Qual o mais saboroso?
Recordo sempre com muita saudade, o meu primeiro titulo nacional, na época 1971/1972 (ver foto em que Alberto Babo dos 6 jogadores que estão em pé, é o 4º a contar da sua esquerda), como jogador, na “era Dale Dover”. Titulo este que trouxe uma mobilização de adeptos do nosso clube ao basquetebol. Este titulo foi o principal responsável para o levantamento do nosso pavilhão gimnodesportivo Américo Sá.
Tenho sempre uma emoção bastante forte por todos os títulos conquistados, quer como adjunto, e também como treinador principal. Mas há aqueles que ficam gravados na memória, o meu primeiro campeonato como profissional de basquetebol – época 1998/1999. O mesmo direi quando orientei o C.A. Queluz, foi também para mim, um titulo gratificante pelo facto de, nesse ano, termos obtido um recorde de vitórias seguidas na liga profissional – 27 e uma participação na ULEB Cup muito meritória.
Todos os títulos são saborosos, mas o maior titulo e o que mais prezo é o de ter sempre a consciência tranquila do dever cumprido, com honestidade e profissionalismo. Direi por fim que ganhar um titulo é o corolário de um trabalho feito com sinceridade, com sofrimento, com solidariedade, com paixão, entregando-se de alma e coração ao objectivo que nos propusemos realizar em beneficio do clube que nos acolhe independentemente de sermos jogadores, treinadores ajudantes ou treinadores principais.
3. Qual o ambiente (pavilhão) mais temível que enfrentou como técnico (adjunto ou principal) do FC Porto?
No passado havia um pavilhão onde o ambiente era bastante hostil, o do Barreirense. Era muito complicado jogar lá. Pavilhão muito pequenino, as tabelas estavam a cerca de 1 metro dos espectadores, por vezes os jogadores eram confrontados por atitudes pouco convenientes dos assistentes. Sair de lá, com uma vitória, era um acto heróico. A rivalidade existente entre o FC Porto e Barreirense era muito grande. Sair do pavilhão era demasiado complicado. Enfim saudades destes tempos. O basquetebol era uma modalidade muito adorada e vivida com paixão.
4. Já ganhou além do título de 1999 pelo FC Porto, um campeonato pelo Queluz (2005), tendo também perdido um outro na final contra o Porto (2004). O que sentiu ao jogar contra o seu clube do coração?
De facto foi gratificante ganhar títulos: um pelo FC Porto, ganhar também pelo Queluz, sinal de que o trabalho foi bem feito, mas não posso esconder que foi muito complicado para mim quando sai do FC Porto em 2002/2003 ter que o defrontar. Na primeira ocasião que se proporcionou, torneio do CAB Madeira, onde vencemos o meu antigo clube e por consequência a conquista do referido torneio, foi um choque, a emoção tomou conta de mim, nunca tinha passado por semelhante coisa.
O mesmo sentimento se passou quando fui orientar o Queluz na primeira vez que visitamos o pavilhão de Matosinhos. Fiz questão de orientar o jogo sentado no banco, não me levantando nunca. Esta foi uma forma que encontrei para homenagear todos os Portistas que estavam a presenciar o jogo.
5. Quem foi para si o melhor jogador que viu jogar no FC Porto: Crawford, Dover, Miller ou outro? O que sentia ao jogar ao lado de Dover?
Falar do melhor jogador que vi e que jogou no clube não é uma tarefa fácil. Todos estes jogadores que está a apontar foram e serão sempre parte muito importante da história do basquetebol do FC Porto. Todos eles contribuíram com o seu profissionalismo, com a sua qualidade e com a sua capacidade de integração em pôr a sua marca pessoal ao serviço do colectivo. Analisando individualmente estes jogadores, direi que em cada momento do tempo eles mostraram características individuais acima da media:
Crawford, este jogador, fino na qualidade técnica, lançamento de longa distância de grande efectividade, como ressaltador, óptima pessoa. Este jogador teve uma estreia com o FC Gaia muito má – marcou zero pontos. O que se pensaria deste jogador após este jogo? Marcou 52 pontos contra o Sporting, foi o homem que nos ajudou a ganhar o campeonato Nacional em 1979.
Miller, jogador trabalhador, jogador de equipa, profissional do melhor que já passou em Portugal. Não teve uma entrada também auspiciosa junto da equipa no inicio da época, mas, paulatinamente foi mostrando a sua apetência pelas acções defensivas, um sentido único de ganhar ressaltos, sendo os ofensivos os mais mortíferos pelo sentido de posicionamento que alcançava na sua colocação entre os defesas e a tabela, sabia onde a bola iria cair. Teve uma melhoria ao longo das época na realização dos seus lançamentos de meia distancia alcançando percentagens muito boas. Em conversa com o Miller ele confessou que na Universidade só tinha um papel a desempenhar, defender e ganhar ressaltos. Com o trabalho realizado ele foi progredindo de qualidade e afinando também a outra faceta que ele tinha e que estava escondida o lançamento.
Por último, Dale Dover que disse um dia em entrevista que deu ao jornal Público "que dar espectáculo era uma característica de que gostava. Para atrair as pessoas ao pavilhão, é preciso fazer ‘show’, o basquetebol tem de ser uma forma de arte, como o ballet”. Esta forma de pensar foi muito importante para impulsionar o nosso clube e o basquetebol Português na época de 1971/1972. Lotações esgotadas para verem um verdadeiro show-man na altura.
Caracterizando a sua pessoa como jogador direi: homem de um drible ultra rápido com ambas as mãos, velocidade nas mudanças de direcção nunca vistas, impulsão vertical para a execução de lançamento impressionante (não tinha uma grande percentagem de lançamento longo) mas essa impulsão servia para converter cestos debaixo da tabela, com movimentos laterais de vasculação onde a passagem da bola de uma mão para a outra em pleno ar era uma imagem de marca. Um vencedor por natureza. Transmitiu isso ao grupo.
Lembro do dia em que chegou ao nosso pavilhão de treinos, com um ar de pessoa que nunca tinha jogado basquetebol. Foi uma desilusão à primeira vista. Vinha para ser treinador jogador. Nesse 1º treino e para conhecer o grupo que tinha ao dispôr, separou duas equipas e fizemos um jogo de 5x5. Que espanto, que coisa fenomenal! Iniciava uma jogada num cesto e acabava no outro. Ficamos de facto admirados da sua capacidade.
No aspecto intelectual, e isso também ajuda e muito, era um fenómeno, formado pela universidade de Harvard, em relações internacionais e línguas, falava com fluência Português, Francês, Dinamarquês, Hebraico, Chinês e Swahili (dialecto africano).
6. Já o cheguei a ver no andebol e no hóquei. O que significa para si o FC Porto?
Sendo Portista e sócio deste muito novo, fui habituado a ver e a sofrer com a vida do clube. O futebol em todos os escalões, o andebol, o hóquei em patins, hóquei em campo, ciclismo, natação e muitas outras modalidades. Estar nos pontos altos das nossas equipas, sempre que me foi possível, estive. Apoiar e incentivar é tarefa de quem aprendeu a gostar de um clube, de um emblema e de uma cidade que nos acolhe.
7. Peço-lhe uma opinião sobre estas pessoas: Pinto da Costa, Fernando Assunção, Fernando Gomes, Jorge Araújo e Matos Pacheco.
A minha opinião destas personalidades é a seguinte:
Pinto da Costa – um presidente que se dedica com alma e coração ao seu clube, o elevou ao mais alto padrão de qualidade, dinamizou, melhorou, transformou um clube na onda dos êxitos e que é respeitado mundialmente.
Matos Pacheco – o senhor do basquetebol do FC Porto, respeitado, conhecedor, amigo do seu amigo, sabia de basquetebol como poucos. Recordo com saudade as suas palavras, os seus conselhos e a sua visão do que era sempre o melhor para o clube.
Fernando Gomes – o homem forte do basquetebol, pegou na secção há cerca de 15 anos numa altura que esteve em causa a continuidade do basquetebol. Continua à frente dos destinos da secção. Este feito não pode ser esquecido, nunca.
Fernando Assunção – director do basquetebol também há cerca de 15 anos, braço direito de Fernando Gomes, gosta muito de basquetebol. Os êxitos alcançados pela secção de basquetebol são também seus.
Prof. Jorge Araújo – homem de personalidade forte, tem a capacidade de liderança acima da média, gestor de recursos humanos de grande eficácia, treinador/mestre, um vencedor. Não sendo um nativo da cidade do Porto, foi ao longo da sua vida tornando-se um cidadão do Porto.
8. O melhor jogador Estrangeiro e Português que viu actuar no FC Porto e o seu cinco ideal da história do clube.
Não gostaria de responder concretamente a esta pergunta. Já passaram, através dos tempos, muitos e bons jogadores, como por exemplo: Paulo Pinto, Nuno Marçal, Fernando Gomes, Rui Santos, Alfredo Leite, Tó Ferreira, etc.
Formaria este 5 inicial:
1º base: Rui Santos;
2º base: Tó Ferreira;
Extremo: Dale Dover;
Extremo/poste: Henry Crawford;
Poste: Jarred Miller.
9. Esta temporada vai dar FC Porto, Benfica ou Ovarense?
Tenho nesta altura pouco conhecimento da valia da maioria das equipas que compõem a LPB, mas mesmo à distância e vendo a composição de cada uma delas, direi, que as equipas da Ovarense, mesmo tendo perdido 2 jogadores nucleares, Elvis Évora e Cordell Henry, é uma equipa bastante forte. Depois, o FC Porto manteve 3 jogadores da época passada e fundamentais para manter a esperança de vitória do campeonato - Marçal, Cunha e Figueiredo, espinha dorsal do seu cinco inicial da época passada. Quanto ao Benfica, neste inicio de época foi refazendo a equipa com entrada de jogadores de grande valia, João Santos, Sérgio Ramos, Diogo Carreira, Miguel Barroca e claro o mais conhecido, Ben Reed.
Na minha opinião, este campeonato está mais nivelado. Não há grandes diferenças de qualidade de equipas. Perdeu-se 2 equipas que por norma eram complicadas de se vencer, Belenenses (ficou muito débil) e Lusitânia dos Açores que desistiu. Existem três equipas bem motivadas para fazerem um bom campeonato, Vagos, CAB Madeira e Guimarães, assim sendo, qualquer uma delas pode vencer.
10. Pedia-lhe 3 ou 4 nomes de técnicos (em actividade) com grandes potencialidades na sua opinião? E qual o melhor treinador Português da história do nosso basquetebol?
Existe um conjunto de treinadores que esta época estão bem posicionados para terem uma carreira de sucesso: Henrique Vieira – já vencedor de um campeonato; Sérgio Salvador – pelo trabalho até agora desenvolvido na sua equipa; Fernando Sá – vencedor da taça de Portugal no ano passado; e José Tavares – campeão da proliga com o Física.
Falo sobretudo destes porque foram aqueles que nos últimos tempos apresentaram um trabalho meritório. Outros mais novos nesta lida, e que orientam equipas de top, poderão despontar e mostrar o seu trabalho no final da época.
Em relação ao melhor treinador da história do nosso basquetebol, direi que nomes como José Curado, Mário Palma, Prof. Teotónio Lima estão num patamar bastante alto em termos de qualidade, mas para mim, de facto, e também pela vivência diária, é o Prof. Jorge Araújo.
11. Uma palavra sobre o nosso blog e o acompanhamento que efectuamos sobre as modalidades do FC Porto.
Por fim uma palavra de apreço pelo vosso blog pela forma como vive o clube, dando a todos os ex-jogadores, treinadores, dirigentes a oportunidade de dizerem algo sobre a história do FC Porto que acabou há pouca de completar 115 anos, dando sempre ênfase àqueles anónimos que fazem a grandeza de um clube: os sócios. Um bem haja.
Alberto Babo.
Mais uma magnífica entrevista, Lucho. Como sou de uma família muito ligada ao basquete pois 5 irmãos jogaram no Porto e eu só não joguei por os médicos dizerem que tinha um problema no coração, pai que esteve na Associação de Basquetebol do Porto e agora com 2 filhas também a jogarem basquete. Alberto Babo foi uma das pessoas que me habituei a ver no básquete do Porto. Primeiro como jogador que me lembro de ver em grandes jogos ao lado de Fernando Gomes e Alfredo Leite. Depois, como adjunto de Jorge Araújo no relançar do básquete no Porto com Harry Crawford que era um jogador fabuloso um pouco menos espectacular do que Dover mas de uma qualidade de lançamento e drible simplesmente fabulosos como no jogo em que marcou 52 pontos contra o Sporting. Posteriormente, assume o comando técnico para ser campeão de uma forma soberba.
ResponderEliminarApenas mais uma palavra para o Senhor Basquetebol: MATOS PACHECO. Um dirigente fabuloso que não perdia um jogo no pavilhão Américo de Sá. Quando não era dirigente estava sempre na bancada como adepto fervoroso. A ele se deve o ressuscitar da secção de basquetebol do Porto quando esteve para acabar.
Lucho, mais uma vez MUITO OBRIGADO por outra notável entrevista a um grande técnico e grande Portista.
ResponderEliminarLucho,
ResponderEliminarBrilhante momento, mais um. Para ler e reler, logo à noite, com calma.
Abraço,
Lucho, meu caro amigo, parabéns por nos trazeres um grande técnico e um portista de sempre.
ResponderEliminarInfelizmente saiu do clube, arrostando com culpas, muitas das quais não lhe pertenciam, mas que calou, em nome do seu amor pelo F.C.Porto.
Regressará, não tenho dúvidas, pela porta grande e conquistará mais títulos para os Dragões.
Um abraço para o Lucho e Para o Alberto Babo.
Esta parte é, para mim, o ponto forte desta entrevista:
ResponderEliminar«mas não posso esconder que foi muito complicado para mim quando sai do FC Porto em 2002/2003 ter que o defrontar. Na primeira ocasião que se proporcionou, torneio do CAB Madeira, onde vencemos o meu antigo clube e por consequência a conquista do referido torneio, foi um choque, a emoção tomou conta de mim, nunca tinha passado por semelhante coisa. O mesmo sentimento se passou quando fui orientar o Queluz na primeira vez que visitamos o pavilhão de Matosinhos. Fiz questão de orientar o jogo sentado no banco, não me levantando nunca. Esta foi uma forma que encontrei para homenagear todos os Portistas que estavam a presenciar o jogo».
Quem ler e sentir o verdadeiro significado destas palavras não deixará de se sentir um pouco comovido.
Por coincidência (a entrevista q fiz por email ao Técnico Alberto Babo já a tenho comigo desde a semana passada) o jornal a Bola também publica hoje uma entrevista ao nosso ex-técnico.
ResponderEliminarPodem ler aqui:
ALBERTO BABO
A sua saída do comando técnico da equipa do FC Porto ainda está por explicar. Como decorreu esse processo?
— Foi normal. Acabou a Liga, os dirigentes chamaram-me e disseram-me que o meu vínculo tinha terminado.
— Foram os resultados que ditaram o seu afastamento? Ou cortes orçamentais?
— A justificação foram os resultados. Pelos vistos as duas competições que ganhámos não foram suficientes. Lutámos
contra uma equipa bastante poderosa, a Ovarense, e penso que o que fizemos foi positivo. Saí de consciência tranquila.
— Numa entrevista recente o seu ex-adjunto e actual treinador do FC Porto, Júlio Matos, criticou-o, dizendo que a sua
saída não surpreende, porque só ganhou duas competições...
— Eu também acho pouco, porque gostava de ter sido campeão, mas o desporto tem duas vertentes: ganhar e perder.
Temos de saber os nossos limites. Estivemos em todas as finais, discutimos todas as provas e isso significa que o trabalho
foi bem feito. Mas cada um é livre de fazer as leituras que quiser.
— O Júlio Matos era a melhor opção para lhe suceder?
— Só no final da época se poderá dizer se o FC Porto ficou ou não bem servido. É o primeiro ano em que é treinador
principal e será avaliado no final da temporada.
— Como é a vida de treinador desempregado?
— Tento estar sempre ligado ao basquetebol. Durante a pré-época fiz dois estágios em equipas da ACB, o Pamesa Valência
e o Joventut Badalona. Estive a verificar os métodos de trabalho de outros treinadores, porque gosto de aprender. Nos
últimos dias tenho acompanhado o campeonato em Portugal.
— Está sem trabalho mas não se desligou do basquetebol. Foi visto nas bancadas de jogos do FC Porto...
— É verdade. Fui ver não só o FC Porto mas também outras equipas. E fui ver se a competição está mais ou menos
competitiva e se há uma aproximação maior entre as equipas da Liga e da Proliga.
— Sempre se mostrou a favor duma competição com os moldes actuais, com jornadas cruzadas. É o melhor modelo para o
basquetebol português?
— É, neste momento. O fim da Liga profissional foi um passo atrás mas, como se costuma dizer, é preciso dar um passo
atrás para dar dois passos à frente. Esta competição, ao envolver as equipas da Proliga, tem a virtude de obrigar as
formações mais fracas a valorizar-se e as mais fortes a respeitar as outras. É também por isso, a pensar na progressão e
desenvolvimento dos jogadores, que defendo que deve haver equipas portuguesas a jogar nas competições europeias.
— Que equipas são favoritas para vencer a primeira edição da LPB?
— Os jogadores portugueses vão fazer a diferença este ano. As equipas com maior poder económico têm mais
possibilidades de chegar ao topo. A Ovarense, o FC Porto e o Benfica — por esta ordem — são as mais bem posicionadas
para ganhar. Mas tudo está dependente de muitos factores.
— E como classifica o arranque de época do FC Porto, com destaque para três derrotas consecutivas no Torneio António
Pratas?
— O FC Porto ainda não está completo, pois há três jogadores do cinco inicial lesionados: o Nuno Marçal, o Paulo Cunha e
o João Figueiredo. Em relação ao ano passado houve uma tentativa de mudança dos processos ofensivos. Mas a avaliação
não pode ser positiva ou negativa enquanto não forem integrados esses jogadores. Para já há apenas expectativa.
— Recebeu alguma proposta para treinar esta época? Porque não aceitou?
— Tive uma hipótese de sair para a LEB Prata, de Espanha. Não se concretizou.
— Que avaliação faz da prestação da Selecção Nacional na fase de apuramento para o EuroBasket-2009?
— A derrota no primeiro jogo em casa, na condição de favoritos, condicionou todo o apuramento. Os jogadores sentiram a
responsabilidade mas souberam dar a volta por cima e podem ganhar a fase adicional de qualificação desde que não
sintam pressão.
off-topic
ResponderEliminarDuas belas crónicas, de Jorge Maia no Jogo e de Rui Moreira na Bola:
Uma questão central
JORGE MAIA
Nos últimos anos, o eixo defensivo da Selecção Nacional tem sido assegurado por jogadores formados e afirmados no FC Porto. Os centrais Fernando Couto, Jorge Costa, Jorge Andrade, Ricardo Carvalho e Pepe cotam-se entre os melhores do Mundo na sua posição, protagonizaram algumas das maiores transferências do futebol português e todos têm ou tiveram carreiras reconhecidas nacional e internacionalmente. Bruno Alves, o mais recente descendente dessa linhagem, chega à titularidade na Selecção Nacional por infelicidade de Ricardo Carvalho, mas também porque atravessa um dos seus melhores momentos de sempre ao serviço do tricampeão nacional. A exibição frente ao Sporting, que juntou a já habitual segurança defensiva à eficácia na marcação de livres, prova à evidência a maturidade de um jogador a que alguma crítica tem tentado colar uma imagem de violência desfocada da realidade. Bruno Alves já é um dos melhores do Mundo na sua posição. Tem de ser para jogar na Selecção Nacional. Só lhe falta sair do FC Porto para que essa opinião possa ser unânime.
Coluna do Senador
Bons gostos maus desgostos
Por
Rui Moreira
Gostei de voltar a Alvalade. Gostei de reencontrar o Jorge Gonçalves, meu velho amigo e adversário, na vela e no futebol.
Gostei que o FC Porto convencesse, como fizera no ano passado, mas que desta vez também vencesse.
Gostei que o FC Porto fosse capaz de ganhar mais um clássico calabotado.
Gostei que isto tivesse ocorrido depois do desastre londrino.
Gostei de ver Nuno na baliza, e que isso não era uma obsessão minha.
Gostei de ver Bruno a mandar e de Fucile que, em qualquer dos lados, é o nosso melhor lateral.
Gostei tanto de Tomás no melhor que lhe perdoo o pior.
Gostei do sacrifício de Lucho, da aplicação de Meireles, das correrias de Rodriguez e, como sempre, da garra de Lisandro.
Gostei da alma, da fé e da raça, dos abraços sentidos; esses que ganham campeonatos.
Gostei que Jesualdo tivesse ganho a Paulo Bento e também gostei do fairplay deste, ao reconhecer a superioridade adversária.
Não gosto do que se passa na arbitragem nem das suas vergonhosas nomeações. Não gosto dos especialistas, que invocam a famigerada «intensidade» para explicar que Tomás Costa fez falta mas, um dia mais tarde, não descortinam, com a mesma lupa, o penalty de Yebda no Estádio do Mar.
O que sei é que, se o de Alvalade tivesse sido assinalado ao contrário – uma mera hipótese teórica com este artista Baptista – o Carmo e a Trindade já teriam caído. Nada de novo, porque sabemos que a nível doméstico, não chega sermos melhores. Temos de ser muito melhores, por causa do handicap que muitas vezes obriga o FC Porto, como foi o caso em Alvalade, a disputar o jogo contra duas equipas. Esta equipa ainda é só melhor que a concorrência. Veremos se chegará a ser muito melhor, como será preciso.
Por ser este um tópico de basquetebol, acrescento q o 2º jogo do campeonato para o basket do FC Porto q estava previsto para este domingo foi adiado para 4ª feira (dia 15)às 21h em Coimbra.
ResponderEliminar(Académica Coimbra - FC Porto)
Uma grande entrevista a um grande treinador e grande portista.
ResponderEliminarO Blog em Grande, enfim como o nosso grande FCPORTO.
Abraço ao Lucho, felicidades para o entrevistado e que regresse um dia a uma casa que é sua.
Uma palavra para este sr Alberto Babo...deu sempre tudo o que tinha e nao tinha pelo nosso Porto. So temos que agradecer a sua dedicaçao ao nosso clube
ResponderEliminarNOTA: Excelente artigo de Rui Moreira hoje na ABOLA...leiam
Abraço a todos
Que saudades dos tempos do "Dover"...
ResponderEliminarFui um dos que aderi ao "basket", via Dover...
Ia aos jogos do FCP por todo o País, acompanhado por Amigos anti-portistas mas que adoravam ver Dover jogar!!!
Desde aí que acompanho a carreira do "Babo". Se fosse preciso comprovar o grande portismo dele... bastava estar na avenida dos aliados, na rua entre a CMP e a nossa antiga sede, por altura dos festejos das grandes conquistas do futebol.... é que era frequente encontrar-se aí o Alberto Babo!!!
Pedro:
ResponderEliminarPorque será que estamos todos, repito, TODOS!!, de acordo que a crónica do RM, desta vez, tá on fire e não deve haver um único Portista que se preze e orgulhe, repito, um único sequer, que tenha o que quer que seja a apontar desta vez? porque será?
É a tal coisa que sempre digo... assim, sim!!!... e o apoio que prestamos, mais não é do que total e inequivoco a quem quer que seja, chame-se Rui, chame-se Pinto, chame-se Miguel, chame-se Pôncio, etc etc.
As «verdades» tb as há, ninguém tenha dúvidas... mas não podem servir para arma de arremesso contra nós próprios na praça pública... essas, temos que as saber dialogar cá dentro e não para fora.
E voilá... desta vez, apenas e só:
Obrigado Dr. Rui Moreira... assim, sim!!!
Lucho:
ResponderEliminarTu e os teus «furos» sempre em GRANDE e à DRAGÃO!! Parabéns por mais este... com o nosso ilustre Portista e ex-treinador, Prof. Alberto Babo.
Esta, mais do que a anterior, está muito boa, muito boa mesmo, com muito «sumo e conteúdo»... é daquelas que dá gosto ler e reler... sem cansar e sem se tornar chata. Muitos pontos de interesse os há aqui.
O que me tem chamado à atenção mesmo nos últimos tempos, até porque tem sido uma constante sempre que o tema é o basquetebol dos tempos mais idos... é o tal de «Dover».
Fico deveras curioso quando leio os comentários de pessoas mais velhas do que eu, que se recordam desse período e nos deixam aqui alguns apartes das «maravilhas» desse jogador... tal como Prof. Alberto Babo o tb aqui faz.
Gostaria muito de ter tido a oportunidade de ter «visto» esses momentos... assim, tenho que acreditar no que me contam e sonhar com esses passes de mágica do tal Dover.
Por fim, deixar aqui mais um ESPECIAL OBRIGADO ao Prof. Alberto Babo por mais 5 minutinhos que nos dedicou de uma forma completamente desinteressada... mas apenas pelo prazer de falar do basquetebol, em especial, o ligado ao FC Porto. MUITO OBRIGADO!! Será sempre bem vindo a esta casa, que é tb sua.
Viva !
ResponderEliminarExcelente como sempre !
Eu acho que vi jogar o Doover num Porto-Benfica. Na altura, no Palácio de Cristal (inícios dos anos 70 ). O Porto ganhou . Ou estarei enganado ( é que não sou um disco rígido) ?
E Viva o Porto !
Portomaravilha ganhou sim senhor e por 20 pontos de diferença.
ResponderEliminarNaquela altura, o futebol não ganhava nada e os portistas viraram-se para o Basquetebol.
Corriamos seca e meca atrás do F.C.Porto: Académico, Palácio e a fase final no Infante Sagres.
O Babo não Era do cinco base, mas quando era preciso marcar homem a homem, um jogador especial...lá ia o Alberto.
Sem saudosismos... mas bons tempos!...
Tive a felicidade de ver o Dover em muitos jogos e em treinos no antigo pavilhão de treinos das Antas.
ResponderEliminarÀs vezes ia mais cedo só para o ver(eu treinava ao fim da tarde ) sabendo que o "one man show" estava a praticar sózinho lá pelas 4 da tarde.Fantástico, com uma bola em cada mão coordenando movimentos e depois lançando.
Era um tempo engraçado em que tinhamos acesso às várias instalações do Estádio e até conviviamos com os " craques ", futebol à parte especialmente depois do tempo de Pedroto que blindou os seus profissionais.
Voltando ao basket, Dover foi sem dúvida excepcioal e arrastava multidões.
Uma achega a um magnifico Americano, um base extra, antes do Dover, Jeffrey de seu nome, outro que iniciou o entusiasmo pelo basket, aqui não mencionado. Será que o Vila Pouca, jovem da minha idade, se lembra dele?
Agora com mais tempo para saborear a entrevista, fica a sensação, cada vez maior, de tremenda injustiça cometida sobre Alberto Babo, ao ser dispensado de forma pouco digna...
ResponderEliminarSe um clube vive de vitórias,o Porto de Alberto Babo tinha-as. Se queriam mais títulos, não seria pela qualidade do treinador que o Porto deixaria de os conquistar. O desinvestimento no basquetebol, que me parece uma realidade, foi o grande culpado de não podermos ombrear com a Ovarense.
Julgo que Alberto Babo realizou milagres, com o que tinha à disposição.
É notório o mal-estar entre o antigo técnico e o actual, depois das palavras de Julio Matos, numa entrevista, concordando com a saída de Babo por, passo a citar, "ausência de títulos".
Esperemos que o feitiço, neste caso, não se vire contra o feiticeiro.
O Babo se calhar vai voltar, mas quem está à frente do basquetebol, se calhar não o merece. Mas o Babo voltará porque é portista. Pela sua competência merece muito mais e melhor!
ResponderEliminarO Basquetebol do Porto põe os portistas fora (Babo) e promove os benfiquistas. Se tiverem dúvidas perguntem ao seccionista dos seniores qual o seu clube! Claro que isso não conta no basquete "profissional".
Se um seccionista é um carola que ama o seu clube, o que faz lá esse senhor?
Parabéns Babo
E quem é esse seccionista?
ResponderEliminarDelegado da Equipa - Armando Costelha retirado de http://www.fcporto.pt/Info/Modalidades/Basquetebol/EquipaPrincipal/InfoBas_Direccao.asp
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