05 junho, 2009

Os jogadores, um a um - parte II

Numa temporada excelente, mercê não só de nova vitória no campeonato [objectivo prioritário], mas também pela conquista da 6ª dobradinha, juntando a 14ª Taça do clube ao título de campeão, continuemos a dissecar pormenorizadamente o contributo de cada um dos atletas que compuseram o plantel campeão.

Médios centros e/ou defensivos

Fernando – Lutou, a par de Hulk e Cissokho, pelo título de revelação da Liga. Jogador fundamental, cresceu desmesuradamente com a titularidade. A confiança posta nele pela equipa técnica revelou-se inteiramente acertada. Jesualdo encontrou ali, naquele atleta de ar permanentemente tímido e de corpo franzino a solução para o principal problema do inicio de temporada: a deserção de Paulo Assunção. Fernando, médio mais defensivo do plantel portista, nunca se limitou, perdida a inibição inicial dos grandes palcos, a ser um mero recuperador de bolas. Jogando com uma entrega total, com enorme disponibilidade física, foi o jogador que mais dilatou as suas capacidades, com o decorrer da temporada. Passes verticais, procurando o risco, por contraponto às lateralizações com que actuava, nos primeiros tempos. Fernando tornou-se um gigante, uma verdadeira pérola pescada nos territórios desse Brasil que continua a fabricar craques todos os dias. Será uma das figuras da equipa, em 2009/10.

Andres Madrid – Jogador fetiche de Jesualdo, que sempre manifestou a intenção de contar com ele no plantel, o trinco argentino chegou à Invicta… na altura errada. Jogador talentoso, de qualidades acima da média, poderia ter sido o sucessor natural de Paulo Assunção, tivesse a sua permanência no Dragão sido acertada uns meses antes. Pescado em Braga, por empréstimo, no mercado de Inverno, nunca conseguiu sair da sombra do jovem brasileiro acima referido. Mesmo assim, nas parcas vezes em que pisou os relvados, impante de orgulho na mais bela camisola que vestiu até hoje, provou que mantém intactos os atributos que o notabilizaram, pese a sua ausência de ritmo, motivada por uma lesão. Regressará à cidade dos Arcebispos, provavelmente para não voltar.

Lucho Gonzalez – El Comandante, jogador mais mediático de Dragão ao peito, perdeu alguma da influência adquirida na temporada transacta. O cerebral argentino, patrão do meio-campo, omnipresente na acção ofensiva da equipa, figura franzina, de longas melenas pretas, pensador do jogo no carrossel orquestrado por Jesualdo, viveu um ano atípico. A época, iniciada com o desastre da Supertaça, teve um lance quase premonitório do que seria a temporada do maestro argentino. O falhanço, na marcação de uma grande-penalidade, acção onde geralmente impera a destreza e frieza de Lucho, deu o mote para uma temporada vivida, quase sempre, no fio da navalha. Em longos momentos da época, o jogador da selecção alvi-celeste foi uma sombra do portentoso atleta de eleição que conhecemos. Em défice físico, nunca conseguiu a exuberância que é imagem de marca, ressentindo-se o pressing que o colectivo portista tão bem consegue realizar. No entanto, a sua maturidade táctica, diria que única no nosso Pais, permitiu-lhe sempre a manutenção da confiança do treinador, factor importante a nível motivacional. Foi já na 2ª metade da temporada que o argentino, num assomo de dignidade, produziu exibições mais consentâneas com o seu real valor, factor que esteve umbilicalmente ligado à melhoria do grupo. É uma das incógnitas para a próxima época, com o seu nome a ser regularmente alvo de cobiça por emblemas mais endinheirados.

Raul Meireles – O médio mais tatuado do Porto teve um protagonismo que, no inicio, não seria expectável. Fazendo parte do triângulo mágico do meio-campo, ajudante de Fernando nas tarefas defensivas, Meireles juntou à sua excelência táctica uma inteligência suprema na leitura do jogo, conseguindo travestir-se de El Comandante quando este soçobrou. Excelente na ocupação dos espaços, dotado de um poder de fogo que tornam os seus remates temidos pelos opositores, foi importante no restabelecimento dos equilíbrios, sempre que o adversário atacava. Emancipou-se, de forma definitiva, tornando-se um dos mais emblemáticos jogadores azuis e brancos, cada vez mais preponderante na manobra da equipa.

Tomas Costa – Pertencendo ao lote, já de número apreciável, de argentinos na Invicta, Tomas Costa faz parte do quinhão de jogadores úteis a qualquer plantel, uma espécie de operário que levaria ao delírio Octávio Machado e a sua conhecida imagem de marca. Trabalho, trabalho e trabalho. Polivalente, adaptando-se com relativa facilidade ao lado direito da defesa, usado no meio-campo, como tampão do lado direito ou, esporadicamente, no centro, o jogador das pampas não teve nada de particularmente distinguível, mas aportando sempre uma solidez exibicional que o tornaram bastante utilizado no esquema táctico de Jesualdo.

Guarin – Uma decepção, a temporada deste jogador proveniente dos “verdes” de França. Jogando no campeonato gaulês sem grandes espartilhos tácticos, o colombiano, aparentemente dotado de grande dinâmica atacante, mas tendo sempre presente a necessidade de participar nas tarefas defensivas, parecia ser a resposta às preces dos adeptos azuis e brancos, reforço que fortaleceria a zona nevrálgica do meio-campo. Revelando, contudo, alguma ingenuidade nas tarefas defensivas, rapidamente foi ultrapassado pela forte concorrência do sector, com a sua utilização a ser cada vez mais intermitente. Não convenceu, nesta época de estreia.

continua na próxima semana...

13 comentários:

  1. Concordo com a análise, mas acrescento algumas coisas, que em minha opinião, ajudam a complementar a abordagem: falta ao Fernando precisão no passe longo, o que numa equipa que joga em transições rápidas, não ajuda.
    O Paulo Assunção também tinha essa carência...Como o Fernando é novo e tem as outra valências, se melhorar esse aspecto, será um caso sério.

    No caso do Meireles, notei uma grande melhoria na parte física, que lhe permitiu durar mais.

    Ao Guarín, falta equilibrio táctico e mais rapidez a executar.

    Nos restantes não acrescento mais nada ao que foi escrito.

    Um abraço

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  2. Paulo Pereira:

    Mais uma análise à lupa feita por quem sabe do ofício:)

    Fernando foi uma revelação, Meireles afirmou-se de vez como indiscutível (já fui seu crítico), Lucho é o maestro mesmo em défice físico e Guarin pouco acrescentou. Madrid veio cá ganhar duas medalhas e não me parece q ganhe mais nenhuma.

    Abraço, PAULO.

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  3. Esqueci o Tomás, é um elemento útil mas não é um fora de série. Pra ficar no plantel, pois a sua utilidade e polivalência são importantes.

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  4. Ora cá está ele, o "hipercinético" das análises até ao tutano... seu nome? Paulo Pereira, carago!!

    Concordo totalmente com o conteúdo de mais uma análise individual e mto personalizada, desta vez, à linha média do nosso FC Porto.

    Fernando, a revelação...
    Andres Madrid, chegou tarde...
    Lucho, o maestro...
    Raul Meireles, o pêndulo...
    Tomás Costa, o bombeiro...
    Guarin, a desilusão...

    Já tou a aguardar pela próxima semana... demora muito?

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  5. Gostava de referir que o Paulo Machado foi vendido (e bem na minha opinião) por 3.5M€ ao Toulose.
    É um valor muito interessante para um jogador de 23 anos e que não me parece que pudesse ser opção para a titularidade.

    O Fernando foi de resto a grande surpresa da época. Eu nunca "apostei" nele e tenho de dar o braço a torcer.
    O Lucho e o Meireles enquanto estiverem por cá jogam sempre.

    Temos de ter para suplentes jogadores com ambição e bom feitio, porque tem de ter noção clara que só jogam para o Lucho e o Meireles descansarem. A verdade é mesmo esta!

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  6. Grande análise Paulo.
    Penso que, e talvez, nao vá ser consensual, mas acho que a base do meio campo este e o 65% do mérito deste campeonato, passou em muito pelo Raul Meireles. Jogador Incansável, que ate faz um atleta de triatlo sentir-se ameaçado.

    Este Meireles, corre, pedala mais rapido para dar apoio total à largura de todo o nosso meio campo e faz piscinas, num constante vai e vem do ataque para a defesa e vice versa. Já o disse várias vezes, que considero Meireles, um jogador mais completo que o Maniche, que tantas saudades tambem nos deixou. É um medio totalmente moderno, adpatado ao futebol, que defende bem, sai em ataque com controlo de bola absoluto, e é certo e eficaz no passe (senao vejam o golo que nos deu a taça).

    Mais uma das nossas pérolas e uma das chaves para o tetracampeonato.

    Abraço

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  7. Eu acrescento que este é o sector que mais bem reforçado tem de ser e com qualidade, pois é curto e isso viu-se com a lesão do Lucho.
    Madrid realmente veio tarde e não dará mais do que deu,sairá, Guarim, nunca apreciei o seu futebol e deve ser emprestado.O Tomás, é util, voluntarioso mas algo trapalhão, no entanto deixa a pele em campo, deve continuar.
    Esperava que o Paulo Machado pudese regressar, nunca lhe foi dada oportunidade, mas também acho que se terá feito um bom negócio...No entanto é mais um produto da cantera que se vai...
    Se queremos ir mais longe, isso passa pelo que acrescentarmos ao meio campo.Por isso ... às compras...

    Off topic, os passarinhos andam sábios, e cá está o Pedro Gil.
    Espero que seja desta que se assalte definitivamente a Liga dos Campeões com mais pelo menos um reforço...
    Mas até lá há mais um campeonato para ganhar aos vianenses.

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  8. Muito boa análise Paulo!
    Então cá vai...

    Fernando- a revelação sem dúvida. Jogou o ano todo, indiscutivel, afirmou-se plenamente na equipa, o que não é fácil. É uma posição muito exigente e o nosso "polvo" é muito jovem. Excelente época, destaco o jogão de Old Trafford!!!

    Andrés Madrid- veio com rótulo de jovem com valor, ou não o têm ou ainda não o consegui demonstrar. A verdade é que também não teve muita oportunidades este menino querido do Jesualo desde os tempos do Braga... vamos ver o que lhe acontece... já agora alguém sabe quando expira a opção de compra? E de quanto é?

    Lucho González- Concordo que não esteve sempre ao mais alto nível, mas isso talvez se explique pela sobrecarga de jogos! Um jogador fora-de-série que raramente falha uma partida, é preciso saber!
    Pena esta lesão com o Man Utd. Faz falta à equipa, é o cérebro.

    Raul Meireles- Que época, sem palavras! Chegou ao topo, mostrou quem é, está de parabéns. Ganhou mediatismo, fez a melhor época desde que ingressou no clube. Um jogador que não desiste.

    Tomás Costa- Faz falta pela sua polivalência. Esperemos que depois do um ano de adaptação possa explodir neste segunda época na europa. Um jogador com mais técnica do que "corpo", mas pareceu-me ter boa visão de jogo.

    Guarín- Não convenceu definitivamente. Talvez consiga fazê-lo na próxima época (esperemos que sim), e esta tenha servido mais para adaptação como o Tomás, mas a verdade é que se esperava mais de um jogador que também s disse qu ia pegar logo "de estaca" na equipa. Falta de cultura táctica. Queremos ver melhoras Freddy...

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  9. Mais uma vitória! Porto!!

    Somos os maiores deste nosso PORTUGAL

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  10. Um off-topic:

    O site do FCP está diferente. Parece-me, que ainda não o explorei, estar mais arejado, de acordo com o que se pretende de um grande clube.

    Veremos se é mais funcional que o outro.

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  11. Viva !

    Ói que coisa essa Paulo Pereira .

    Viraste Trindade ? Espírito Santo ?

    Oba, oba : Eu vou esperar a terceira parte pra deixar os meus comentários.

    Muitos Parabéns pela fluidez da tua escrita. Gostei bem de te ler.

    Mas comentário a jogador só no fim lá do fim.

    E Viva o Porto !

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  12. Mais uma bela apreciação, Paulo. No entanto, se Fernando foi a revelação, concordo com o João Salvador Rocha pois para mim o jogador mais importante da equipa ao longo de TODO O CAMPEONATO foi o Meireles. Melhorou bastante a parte física e já aguenta os jogos completos e também melhorou bastante o passe e acredito que, no próximo ano, veremos um Raul Meireles ainda melhor.

    Fernando foi uma grande revelação e, hoje, já ninguém se lembra do Assunção. Ainda lhe falta experiência mas é mais alto, com boa técnica e tem uma enorme margem de progressão. Temos trinco para vários anos.

    Lucho, embora com dificuldades físicas (curiosamente num ano em que fez pré-época completa) é um belo jogador e a sua lesão contra o Manchester foi, talvez, decisiva para não termos ido mais longe.

    Tomás Costa tem margem de progressão e podia ter ter feito mais mas ajudou bastante.

    Guarin foi uma desilusão e, sinceramente, é tudo menos trinco como Jesualdo teimou no início da época. Mas também é muito trapalhão e muito limitado quer técnica quer tacticamente. Fraquinho e não me parece jogador para o Porto.

    Madrid mostrou muito pouco andamento para o Porto e volta para o Braga com 2 medalhas mas sem grandes possibilidades de voltar.


    Paulo: Repara como na tua análise só falaste em 6 jogadores (e um só veio em Janeiro) o que mostra como o plantel é desiquilibrado e necessita de reforços pois não é possível fazer mais com tão puca gente sabendo-se, além disso, que 3 jogaram alguns 90% dos jogos.
    Aliás, notou-se que o meio campo chegou exausto ao fim da época e dificilmente se poderia ir mais longe.

    PORTO SEMPRE!

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  13. Nunca tal "houvera" disto:

    "David Caradine morreu de acidente de masturbação!..."

    Do Jornal de Notícias.

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