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FCPorto – Dragões de Azul Forte
Retalhos da história, conquistas e vitórias memoráveis, figuras e glórias do
F. C. do Porto
Capítulo 3: 1921 a 1930 – Primeiro clube a conquistar títulos de âmbito nacional (Parte X)
O fora-de-jogo, a regra que mudou o futebol
Nos primeiros tempos do futebol atacava-se com nove jogadores e defendia-se com um… O jogo resultava atabalhoado, não havia o menor sentido táctico e predominava a arte do drible. A regra do fora-de-jogo foi o elemento mais decisivo e que mais contribuiu para o progresso do futebol e para a evolução das tácticas.
• O 2-2-6 – Em 1870, ficou estabelecido que um jogador estaria em situação de fora-de-jogo sempre que recebesse um passe de um seu colega de equipa (feito na direcção da baliza contrária) e entre si e a linha de golo se encontrassem menos de três adversários. Isto fez aumentar a aposta nos passes e com que os jogadores se espalhassem mais no campo surgindo, então, o 2-2-6.
• O 2-3-5 – Neste sistema, conhecido como clássico ou piramidal, as equipas preocupavam-se mais com a organização defensiva. Despontou a “defesa em linha” para deixar os atacantes contrários em fora-de-jogo.
• No meio-campo – Em 1907, deixou de ser considerado em posição ilegal o jogador que recebesse o passe no seu meio-campo.
• Só dois jogadores adversários – Em 1925 surgiu a alteração mais significativa à regra do fora-de-jogo, que contribuiu para uma pequena revolução no futebol. Foram reduzidos para apenas dois o número de jogadores adversários situados entre o futebolista que recebe o passe e a linha de golo. E nenhum jogador ficava em posição ilegal se a bola lhe fosse passada da linha de fundo para trás. A dinâmica do futebol mudou e houve aumento considerável de golos marcados.
• O WM – Foi para resolver a fragilidade defensiva dos sistemas tácticos em vigor, que Hebert Chapman, mítico treinador do Arsenal entre 1925 e 1934, criou o famoso WM (3-4-3), em contraponto ao 2-3-5, e que atravessou mais de uma geração. O novo sistema baseava-se no recuo de dois dos cinco jogadores de ataque (passaram a ser os “interiores”), ao mesmo tempo que o médio-centro recuava para o meio da defesa, dando origem ao actual defesa de marcação. E os dois médios-ala flectiam no campo, ficando desenhado um quadrado no meio (“quadrado mágico de Chapman”) que era o segredo de equipa equilibrada. O treinador inglês descobriu, afinal, a raiz de uma arma letal que só se revelaria no futuro: o contra-ataque. O WM terá chegado a Portugal no final dos anos 30 (sec. XX). A Alejandro Scopelli, jogador argentino, mais tarde treinador do Belenenses, FC Porto (1948-1949) e Sporting, é atribuída não só a introdução do WM no nosso país, como também a estratégia da marcação individual.
• Jogador em linha – Só em 1990 a lei do fora-de-jogo sofreu nova alteração significativa, quando se estipulou que um jogador não está em situação ilegal se se encontrar na mesma linha (e não necessariamente atrás) do penúltimo adversário na altura do passe da bola.
1926 – 1.º título nacional de atletismo
O primeiro triunfo individual em provas do campeonato nacional de pista, ao ar livre, ocorreu por intermédio de Alfredo Carvalho, nos 110 metros barreiras.
1926 – Afonso Freire Themudo, o Presidente que sucedeu a Domingos Almeida Soares, viu o FC Porto falhar a qualificação para a final do Campeonato de Portugal e a partida do técnico Akos Teszler a quem foi recusado aumento de ordenado. Sob o seu mandato uma equipa do FC Porto participou na 1.ª Volta a Portugal em Bicicleta. Procedeu-o na presidência, a partir de 2-9-1927, Sebastião Ferreira Mendes.
Época 1926-1927
Nesta época o FC Porto viveu a honra de fornecer os seus primeiros nadadores à Selecções Nacionais de Natação e Pólo Aquático: Canto Moniz e Álvaro Sequeira.
Apurados para o Campeonato de Portugal:
Isentos
Futebol Clube do Porto (PORTO)
Boavista Futebol Clube (PORTO)
Sport Progresso (PORTO)
Leixões Sport Clube (PORTO)
Sport Clube de Vila Real (VILA REAL)
Sporting Clube de Espinho (AVEIRO)
Vitória Futebol Clube Setúbal (LISBOA)
Clube Futebol Os Belenenses (LISBOA)
Carcavelinhos Football Club (LISBOA)
Sporting Clube de Portugal (LISBOA)
Casa Pia Atlético Clube (LISBOA)
Luso Sporting Club (BEJA)
Representante do Algarve - desistiu
Club Sport Marítimo (FUNCHAL)
Apurados da Competição de Classificação (independente dos campeonatos distritais)
Sport Clube Vianense (VIANA DO CASTELO)
Sporting Clube de Braga (BRAGA)
Estrela Sport Clube (BRAGA)
Sport Comércio e Salgueiros (PORTO)
Clube dos Galitos (AVEIRO)
Clube Futebol União de Coimbra (COIMBRA)
Assoc. Académica de Coimbra (COIMBRA)
Sport Lisboa e Benfica (LISBOA)
Império Lisboa Club (LISBOA, Norte)
Sport Grupo Scalabitano Os Leões (SANTARÉM)
Sport Lisboa e Portalegre (PORTALEGRE)
Despertar Sport Clube (BEJA)
Sporting Club Olhanense (ALGARVE)Retalhos da história, conquistas e vitórias memoráveis, figuras e glórias do
F. C. do Porto
Capítulo 3: 1921 a 1930 – Primeiro clube a conquistar títulos de âmbito nacional (Parte X)
O fora-de-jogo, a regra que mudou o futebol
Nos primeiros tempos do futebol atacava-se com nove jogadores e defendia-se com um… O jogo resultava atabalhoado, não havia o menor sentido táctico e predominava a arte do drible. A regra do fora-de-jogo foi o elemento mais decisivo e que mais contribuiu para o progresso do futebol e para a evolução das tácticas.
• O 2-2-6 – Em 1870, ficou estabelecido que um jogador estaria em situação de fora-de-jogo sempre que recebesse um passe de um seu colega de equipa (feito na direcção da baliza contrária) e entre si e a linha de golo se encontrassem menos de três adversários. Isto fez aumentar a aposta nos passes e com que os jogadores se espalhassem mais no campo surgindo, então, o 2-2-6.
• O 2-3-5 – Neste sistema, conhecido como clássico ou piramidal, as equipas preocupavam-se mais com a organização defensiva. Despontou a “defesa em linha” para deixar os atacantes contrários em fora-de-jogo.
• No meio-campo – Em 1907, deixou de ser considerado em posição ilegal o jogador que recebesse o passe no seu meio-campo.
• Só dois jogadores adversários – Em 1925 surgiu a alteração mais significativa à regra do fora-de-jogo, que contribuiu para uma pequena revolução no futebol. Foram reduzidos para apenas dois o número de jogadores adversários situados entre o futebolista que recebe o passe e a linha de golo. E nenhum jogador ficava em posição ilegal se a bola lhe fosse passada da linha de fundo para trás. A dinâmica do futebol mudou e houve aumento considerável de golos marcados.
• O WM – Foi para resolver a fragilidade defensiva dos sistemas tácticos em vigor, que Hebert Chapman, mítico treinador do Arsenal entre 1925 e 1934, criou o famoso WM (3-4-3), em contraponto ao 2-3-5, e que atravessou mais de uma geração. O novo sistema baseava-se no recuo de dois dos cinco jogadores de ataque (passaram a ser os “interiores”), ao mesmo tempo que o médio-centro recuava para o meio da defesa, dando origem ao actual defesa de marcação. E os dois médios-ala flectiam no campo, ficando desenhado um quadrado no meio (“quadrado mágico de Chapman”) que era o segredo de equipa equilibrada. O treinador inglês descobriu, afinal, a raiz de uma arma letal que só se revelaria no futuro: o contra-ataque. O WM terá chegado a Portugal no final dos anos 30 (sec. XX). A Alejandro Scopelli, jogador argentino, mais tarde treinador do Belenenses, FC Porto (1948-1949) e Sporting, é atribuída não só a introdução do WM no nosso país, como também a estratégia da marcação individual.
• Jogador em linha – Só em 1990 a lei do fora-de-jogo sofreu nova alteração significativa, quando se estipulou que um jogador não está em situação ilegal se se encontrar na mesma linha (e não necessariamente atrás) do penúltimo adversário na altura do passe da bola.
1926 – 1.º título nacional de atletismo
O primeiro triunfo individual em provas do campeonato nacional de pista, ao ar livre, ocorreu por intermédio de Alfredo Carvalho, nos 110 metros barreiras.
1926 – Afonso Freire Themudo, o Presidente que sucedeu a Domingos Almeida Soares, viu o FC Porto falhar a qualificação para a final do Campeonato de Portugal e a partida do técnico Akos Teszler a quem foi recusado aumento de ordenado. Sob o seu mandato uma equipa do FC Porto participou na 1.ª Volta a Portugal em Bicicleta. Procedeu-o na presidência, a partir de 2-9-1927, Sebastião Ferreira Mendes.
Época 1926-1927
Nesta época o FC Porto viveu a honra de fornecer os seus primeiros nadadores à Selecções Nacionais de Natação e Pólo Aquático: Canto Moniz e Álvaro Sequeira.
Apurados para o Campeonato de Portugal:
Isentos
Futebol Clube do Porto (PORTO)
Boavista Futebol Clube (PORTO)
Sport Progresso (PORTO)
Leixões Sport Clube (PORTO)
Sport Clube de Vila Real (VILA REAL)
Sporting Clube de Espinho (AVEIRO)
Vitória Futebol Clube Setúbal (LISBOA)
Clube Futebol Os Belenenses (LISBOA)
Carcavelinhos Football Club (LISBOA)
Sporting Clube de Portugal (LISBOA)
Casa Pia Atlético Clube (LISBOA)
Luso Sporting Club (BEJA)
Representante do Algarve - desistiu
Club Sport Marítimo (FUNCHAL)
Apurados da Competição de Classificação (independente dos campeonatos distritais)
Sport Clube Vianense (VIANA DO CASTELO)
Sporting Clube de Braga (BRAGA)
Estrela Sport Clube (BRAGA)
Sport Comércio e Salgueiros (PORTO)
Clube dos Galitos (AVEIRO)
Clube Futebol União de Coimbra (COIMBRA)
Assoc. Académica de Coimbra (COIMBRA)
Sport Lisboa e Benfica (LISBOA)
Império Lisboa Club (LISBOA, Norte)
Sport Grupo Scalabitano Os Leões (SANTARÉM)
Sport Lisboa e Portalegre (PORTALEGRE)
Despertar Sport Clube (BEJA)
Futebol Clube Barreirense (LISBOA, Sul do Tejo)
1.ª eliminatória
ESTRELA DE BRAGA – FC PORTO, 0-11
6-3-1927, Braga (Campo do Raio)
2.ª eliminatória
O tempo dos... "roubos de igreja" pelos árbitros do Sul
O FC Porto quedou-se pelos oitavos-de-final do Campeonato de Portugal de 1926-27, batido pelo Belenenses. Dolorosamente. E sem as facilidades sugeridas, pela imprensa da capital, para os de Belém. Antes pelo contrário. Só após prolongamento os lisboetas deram um passo mais para a eliminatória seguinte, ganhando por 3-2. Mas foi um escândalo… A própria imprensa de Lisboa reconheceu "que o golo do empate belenense (marcado aos 90 minutos) e o do triunfo (no fim dos 30 minutos de prolongamento), haviam sido feitos em deslocação nítida. O próprio árbitro, após o jogo, confirmou o erro". Porém, ontem como hoje…
O Belenenses sagrou-se campeão de Portugal, batendo na final o Vitória de Setúbal por 3-1. Mais uma vez o carrasco dos portistas na prova havia de ser campeão. Ganhou mal (muito mal…) ao FC Porto, derrotou bem o V. Setúbal.
BELENENSES – FC PORTO, 3-2
03-04-1927, Lisboa (Campo de Palhavã)
Árbitro: Flecha Rodrigues (Beja)
Marcadores:
0-1 Acácio Mesquita
0-2 Resberg
1-2 Pepe
2-2 Silva Marques (90’)
3-2 Pepe (120')
Belenenses – Treinador: Artur José Pereira
Francisco Assis; Eduardo Azevedo e Raul Silva; Joaquim Almeida, Augusto Silva e César Matos; Fernando António, Silva Marques, Severo Tiago, José Manuel Soares “Pepe” e Alfredo Ramos.
FC Porto – Treinador: Akos Teszler (húngaro)
Miguel Siska; Pedro Temudo e Flávio Laranjeira; Álvaro Sequeira, Coelho da Costa e Álvaro Pereira; Waldemar Mota, Acácio Mesquita, Fridolf Resberg, Norman Hall (cap.) e António Oliveira (Noise).
Acta falsificada e o despotismo da capital a manifestar-se… já!
A tirania não é de hoje, amigos! Vejam esta…
O Campeonato de Portugal, organizado pela “Federação Portuguesa de Futebol”, tinha no seu regulamento uma alínea que estipulava cada equipa só poder alinhar com dois estrangeiros.
Embora o FC Porto entendesse que Norman Hall - porque residia em Portugal desde os 8 anos de idade, jogava pelo clube há 15 e pela equipa principal desde 1919 - era, “moralmente” um jogador português, não quis correr riscos e tendo no onze habitual dois estrangeiros (Siska e Fridolf Resberg) fez seguir para a Federação, via Associação de Futebol do Porto, uma exposição no sentido de saber se Norman Hall seria ou não considerado jogador português para cumprimento do regulamentado.
Apreciada e discutida a exposição em reunião do Comité Executivo do Campeonato de Portugal - à qual assistiu Manuel Mesquita, representante do FC Porto, entre outros delegados - a decisão final foi coincidente com o ponto de vista azul e branco, qualificando Norman Hall como jogador português.
Atingidos os quartos de final, ao FC Porto, como se viu, coube defrontar o Belenenses. E, como já se viu também, houve uma monstruoso “roubo de igreja”. O árbitro reconheceu os erros flagrantes e grosseiros. A Federação admitiu que, em face das declarações do árbitro, teria de anular o jogo. Perante isto o FC Porto sentiu-se no direito e na obrigação de protestar o encontro. E, acompanhando o protesto, seguiram os regulamentares 500 escudos para a FPF.
Não parecia haver outra saída, portanto, que não fosse deliberar a repetição do jogo. A Federação, sabendo isto, abafou o protesto, considerou-o sem qualquer justificação e os 500$00 perdidos a favor dos seus cofres… E, numa cambalhota impensável, tirou o coelho que tinha escondido na cartola: alegou que o FC Porto havia transgredido o art.° 36, Cap. IV do Regulamento, ao alinhar com três estrangeiros (Siska, Resberg e Hall) e, como tal, deveria ver a derrota confirmada (!!!)
Reeditando o que na época foi escrito, dir-se-á que “a resolução do caso Hall foi uma traiçoeira armadilha preparada por habilidosos muito práticos no “metier” para assim terem absolutamente segura a vitória do grupo de Lisboa, visto que, em campo, e com um juiz imparcial, não a conseguiriam.
Apesar da nossa Associação se ter imposto perante esta flagrante injustiça, não houve processo de fazer valer os nossos direitos, visto que a acta da reunião atrás referida tinha sido deturpada, não correspondendo à verdade da resolução tomada, motivo por que nem sequer foi assinada.
Resumindo: mais uma vez os dirigentes lisboetas da Federação Portuguesa de Futebol conseguiram os seus fins não olhando a meios”.
Como Luís César escreveu (revista Dragões, N.º 265, Outubro 2007), “é caso para dizer: o protesto genuíno ficou sem decisão e a massa sem ser devolvida!”
Fridolf Resberg, um norueguês que, tendo abraçado a carreira diplomática no seu país e sido colocado no Consulado da Noruega no Porto, surgiu um dia na Constituição para treinar e converter-se num avançado de categoria. Vestiu com muito mérito a camisola azul-e-branca do FC Porto.
ESTRELA DE BRAGA – FC PORTO, 0-11
6-3-1927, Braga (Campo do Raio)
2.ª eliminatória
O tempo dos... "roubos de igreja" pelos árbitros do Sul
O FC Porto quedou-se pelos oitavos-de-final do Campeonato de Portugal de 1926-27, batido pelo Belenenses. Dolorosamente. E sem as facilidades sugeridas, pela imprensa da capital, para os de Belém. Antes pelo contrário. Só após prolongamento os lisboetas deram um passo mais para a eliminatória seguinte, ganhando por 3-2. Mas foi um escândalo… A própria imprensa de Lisboa reconheceu "que o golo do empate belenense (marcado aos 90 minutos) e o do triunfo (no fim dos 30 minutos de prolongamento), haviam sido feitos em deslocação nítida. O próprio árbitro, após o jogo, confirmou o erro". Porém, ontem como hoje…
O Belenenses sagrou-se campeão de Portugal, batendo na final o Vitória de Setúbal por 3-1. Mais uma vez o carrasco dos portistas na prova havia de ser campeão. Ganhou mal (muito mal…) ao FC Porto, derrotou bem o V. Setúbal.
BELENENSES – FC PORTO, 3-2
03-04-1927, Lisboa (Campo de Palhavã)
Árbitro: Flecha Rodrigues (Beja)
Marcadores:
0-1 Acácio Mesquita
0-2 Resberg
1-2 Pepe
2-2 Silva Marques (90’)
3-2 Pepe (120')
Belenenses – Treinador: Artur José Pereira
Francisco Assis; Eduardo Azevedo e Raul Silva; Joaquim Almeida, Augusto Silva e César Matos; Fernando António, Silva Marques, Severo Tiago, José Manuel Soares “Pepe” e Alfredo Ramos.
FC Porto – Treinador: Akos Teszler (húngaro)
Miguel Siska; Pedro Temudo e Flávio Laranjeira; Álvaro Sequeira, Coelho da Costa e Álvaro Pereira; Waldemar Mota, Acácio Mesquita, Fridolf Resberg, Norman Hall (cap.) e António Oliveira (Noise).
Acta falsificada e o despotismo da capital a manifestar-se… já!
A tirania não é de hoje, amigos! Vejam esta…
O Campeonato de Portugal, organizado pela “Federação Portuguesa de Futebol”, tinha no seu regulamento uma alínea que estipulava cada equipa só poder alinhar com dois estrangeiros.
Embora o FC Porto entendesse que Norman Hall - porque residia em Portugal desde os 8 anos de idade, jogava pelo clube há 15 e pela equipa principal desde 1919 - era, “moralmente” um jogador português, não quis correr riscos e tendo no onze habitual dois estrangeiros (Siska e Fridolf Resberg) fez seguir para a Federação, via Associação de Futebol do Porto, uma exposição no sentido de saber se Norman Hall seria ou não considerado jogador português para cumprimento do regulamentado.
Apreciada e discutida a exposição em reunião do Comité Executivo do Campeonato de Portugal - à qual assistiu Manuel Mesquita, representante do FC Porto, entre outros delegados - a decisão final foi coincidente com o ponto de vista azul e branco, qualificando Norman Hall como jogador português.
Atingidos os quartos de final, ao FC Porto, como se viu, coube defrontar o Belenenses. E, como já se viu também, houve uma monstruoso “roubo de igreja”. O árbitro reconheceu os erros flagrantes e grosseiros. A Federação admitiu que, em face das declarações do árbitro, teria de anular o jogo. Perante isto o FC Porto sentiu-se no direito e na obrigação de protestar o encontro. E, acompanhando o protesto, seguiram os regulamentares 500 escudos para a FPF.
Não parecia haver outra saída, portanto, que não fosse deliberar a repetição do jogo. A Federação, sabendo isto, abafou o protesto, considerou-o sem qualquer justificação e os 500$00 perdidos a favor dos seus cofres… E, numa cambalhota impensável, tirou o coelho que tinha escondido na cartola: alegou que o FC Porto havia transgredido o art.° 36, Cap. IV do Regulamento, ao alinhar com três estrangeiros (Siska, Resberg e Hall) e, como tal, deveria ver a derrota confirmada (!!!)
Reeditando o que na época foi escrito, dir-se-á que “a resolução do caso Hall foi uma traiçoeira armadilha preparada por habilidosos muito práticos no “metier” para assim terem absolutamente segura a vitória do grupo de Lisboa, visto que, em campo, e com um juiz imparcial, não a conseguiriam.
Apesar da nossa Associação se ter imposto perante esta flagrante injustiça, não houve processo de fazer valer os nossos direitos, visto que a acta da reunião atrás referida tinha sido deturpada, não correspondendo à verdade da resolução tomada, motivo por que nem sequer foi assinada.
Resumindo: mais uma vez os dirigentes lisboetas da Federação Portuguesa de Futebol conseguiram os seus fins não olhando a meios”.
Como Luís César escreveu (revista Dragões, N.º 265, Outubro 2007), “é caso para dizer: o protesto genuíno ficou sem decisão e a massa sem ser devolvida!”
Fridolf Resberg, um norueguês que, tendo abraçado a carreira diplomática no seu país e sido colocado no Consulado da Noruega no Porto, surgiu um dia na Constituição para treinar e converter-se num avançado de categoria. Vestiu com muito mérito a camisola azul-e-branca do FC Porto.
- No próximo post.: Capítulo 3 (Continuação) – Biografias de Acácio Mesquita e Mihaly Siska; 2.º lugar na 1.ª Volta a Portugal em Bicicleta; treinador interino; Sebastião Ferreira Mendes, presidente; Dr. Urgel Horta, presidente; FC Porto, Instituição de Utilidade Pública.
Mais outra boa parcela da nossa História, sempre interessante e cada vez mais curiosa.
ResponderEliminarComo se vê, também aqui, vem de longe o trabalho de toupeira lisboeta... culminado o ano passado nos túneis.
Confiamos que este ano a nossa superioridade será capaz de aguentar as arremetidas grotescas tradicionais e, assim, voltaremos a ser campeões.
Um abraço.
http://longara.blogspot.com/
«O árbitro reconheceu os erros flagrantes e grosseiros. A Federação admitiu que, em face das declarações do árbitro, teria de anular o jogo.»;«E, numa cambalhota impensável, tirou o coelho que tinha escondido na cartola: alegou que o FC Porto havia transgredido o art.° 36, Cap. IV do Regulamento, ao alinhar com três estrangeiros (Siska, Resberg e Hall) e, como tal, deveria ver a derrota confirmada (!!!)»
ResponderEliminarFoi assim, é assim e vai continuar aser assim no futuro.
Mas há sempre alguém que resiste, que diz, que quebra, mas não torce.
Um abraço e parabéns pelo trabalho.
É bom recordar estas histórias e perceber q esse senhor árbitro Flecha Rodrigues (Beja) não é mais do que um actual João Ferreira ou Bruno Paixão... E a Federação de outrora é como a de hoje, segue ainda as mesmas linhas de protecção aos mesmos de sempre, Lisboa, Lisboa...
ResponderEliminar84 anos depois e a porcaria tem o mesmo cheiro.
Pois é caro azul mais um pedacinho da nossa história e lá temos o Rei da secretaria os BELENENSES.
ResponderEliminarAté podia achar estranho que alguém aprove uma situação e depois à primeira derrota ou quando o FC Porto se queixa isso sirva como desculpa para atacar o clube a torto e a direito.
Já na altura havia gente sem escrupulos, mentirosa, falsa e com 2ª intenções.
Depois ainda dizem que o 25 de Abril isto e o 25 de abril aquilo, há coisas que nem mesmo uma revolução armada muda, é a tosquice e a inveja.
Azulforte um grande Abraço.
"Ontem, como hoje", as falcatruas. Os artistas eram outros mas com a mesma escola dos de agora. Que raio, quando acabará o "Império"...?!
ResponderEliminarA pouca vergonha sempre existiu, pelo menos agora podemos falar, apesar de não adiantar grande coisa....
ResponderEliminarObrigado Azul Forte, mais um pedacinho de um excelente trabalho!
BIBÓ PORTO
Viva !
ResponderEliminarExcelente artigo digno dos "Cahiers du foot".
Parabéns !
Se um M não é mais que um W ao contrário,acho que a grande diferença entre fut e rugbi se ficou a dever à explicação do fora de jogo.
Talvez por isso, feliz ou infelizmente, o futebol passou a ser uma modalidade de rua.
Ora, parece-me que existe uma tendência ( creio que a corrente que é o seu porta voz é Wanger que não suporto ) que questiona sempre este aspecto do fora ou não fora de jogo.
Como se o futebol e as suas regras não fossem auto-suficientes.
Como se fosse necessário palavrear até ao infinito, esquecendo-se que o futebol tem as suas próprias regras.
Este aspecto que é levantado no post, parece-me essencial
E Viva o Porto !