11 fevereiro, 2011

Em Abril vinganças mil

http://bibo-porto-carago.blogspot.com/

No fim, festejaram como se tivessem ganho o campeonato, que inimaginavelmente acreditam ainda poder ganhar, ou a Champions, que utopicamente esta época disseram poder conquistar. Afinal, nem no Jamor estão e celebraram daquela forma – “somos grandes, muito grandes, cada vez maiores do que eles”, pensei eu. Uma ligeira e passageira massagem no ego que bem precisava de levar para tentar aliviar aquela dor, aquela angústia, aquela raiva que sempre me inunda a alma nestes momentos.

Declaração de interesses: não gosto da Taça de Portugal, não gosto do Estádio do Jamor e de todo o simbolismo histórico que carrega, não gosto da festa, das sardinhas assadas, dos coiratos e das bifanas com que a malta da capital se delicia nos famigerados e mal cheirosos piqueniques que por lá se fazem. Mas o que eu não gosto mesmo, o que eu abomino ainda mais, meus caros, é perder com eles. Ou melhor: não lhes ganhar. Fico furioso. A noite fica estragada, o dia seguinte é terrivelmente negro. Fico insuportável, sem ponta de humor, resmungo com tudo e todos e só o trabalho é o melhor remédio para curar esta que é a pior de todas as minhas ressacas.

Leio os jornais, passeio pelos sites, vejo televisão, sempre com o comando na mão, pronto a fazer zapping quando fazem questão de recordar e de repetir, no noticiário da manhã, do meio da manhã, da tarde, do meio e do fim da tarde, da noite e do final dela, vezes sem conta, aquilo que eu quero esquecer: os nossos fracassos.

É uma fúria que, apesar de todas estas palavras, não é possível descrever – só é possível sentir. Porque, como eu costumo dizer aos meus companheiros nestas andanças, para mim, o momento alto da época não é quando celebramos o título, porque esse, como tem sido hábito nos últimos 30 anos, é nosso por direito. O melhor momento de toda uma temporada é mesmo quando lhes ganhamos. É uma alegria indiscutível, é uma chama imensa, a mesma que eles cantam naquele inaudível hino em que falam das papoilas, mas que nós andamos há tanto tempo a apagar para desgosto de um País cansado de ver a ganhar sempre os mesmos.

Não é fácil, portanto, imaginar a alegria que se apoderou de mim naquele memorável e inolvidável 7 de Novembro de 2010. Não me esquecerei nunca nem dos golos, nem de quem os marcou, nem daquela lição – um misto de ópera com baile - dada pelo pequeno génio que nos comanda as tropas ao mestre da táctica e das gafes do futebol português, nem de todo aquele ambiente que os esmagou e os humilhou na noite mais negra que ainda lhes assmobra a sua curta memória. A mesma memória de onde rapidamente se varreram os 5-0 da Supertaça ou dos 7-0 espetados pelos nossos amigos de Vigo. A culpa não é deles. A culpa é deste país e da comunicação social ressabiada e anti-portista da capital que por mais que tente apagar do calendário e das nossas memórias aquele dia, por mais que tente fazer acreditar que aquilo não passou de uma obra dos pecados de Judas - perdão, Jesus - a história encarregar-se-á de mantê-lo vivo e recordá-lo eternamente.

Dizem agora que estamos, pasme-se, em crise. Quão bom, digo eu, seria estar todos os anos assim, em crise, como líder invencível e incontestável, com 12 pontos de vantagem sobre o segundo classificado, o mesmo que foi humilhado e ridicularizado em nossa casa – para eles foi um acidente, como disse o parolo de Caxinas; para nós, aqui no nosso clube, teria sido uma verdadeira catástrofe.

Eles que festejem, que aproveitem enquanto podem, porque este ano não terão muitos mais motivos para isso. Em Abril, em dose dupla ou tripla, voltamos a falar.

10 comentários:

  1. Farpas também eu fico fulo, tento esquecer, tento nem sequer tocar no assunto para não me lembrar.

    Custam algumas derrotas e como bem descreves o dia seguinte, para estes lados é igual.

    É uma verdade muito grande a chamada de atenção que fazes sobre a nossa comunicação social, tentativa de folhear um campeonato menos conseguido com a ultima vitória e tentando colocar pressão e guerras no nosso clube.

    Felizmente ainda existe segunda mão, ninguém é invencivel e acredito tal como tu num abril com muitas vinganças, estou a rezar calhar com eles na Liga Europa, era umas meias finais e pêras comer aqueles camelos como fizemos vezes sem conta no Hóquei patins Europeu.

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  2. Dá para usar vernáculo????
    Com licença e perdão ás senhoras: desejo que vão todos á ganda puta que os pariu e que morram todos bem longe que é para eu não sentir o cheiro.

    Farpas, não tenho muito a acrescentar, a não ser que o meu intimo mais escondido mais inatingível, se revê nesse estado de espírito.

    Desculpem ser tão mórbido, mas eles estavam todos tão bem junto do Feher...

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  3. Este comentário foi removido pelo autor.

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  4. estranho não encontrar escarrapachado neste blogue portista o link para a Petição contra a discriminação da RTP ao FCPorto. Discordam ou têm medo?

    aqui vai, e é de borla:

    http://www.peticaopublica.com/?pi=P2011N5635

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  5. Farpas:

    Ao ler o teu post estava a ver-me ao espelho. Então a tua descrição do dia seguinte à última quarta feira encaixa na perfeição naquilo q tb eu vivi...

    Assino tudo o que escreveste.

    Nada a acrescentar.

    Força Porto! Façamos de Braga mais uma etapa de glória.

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  6. Concordo, mas ao ver o comentário do anónimo pergunto: se temos tanta razão de queixa, se nos sentimos insultados, discriminados, vítimas de campanhas sujas, porque que razão há tantos portistas na Net e só quinhentos e tal assinaram a petição?

    Um abraço

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  7. Estarei presente na dupla desforra. Até os comemos!

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  8. Em tempos remotos uma vitória nossa valia por dez deles, tais eram os escolhos com que nos deparávamos (até o presidente da FPF tinha de ser do benfas, sporting ou belenenses…!). No presente continuam os escolhos, mais subtis (?), mas existem (túneis e toupeiras, chantagem, campanhas orquestradas, condenações em praça pública, insultos, “Calabotes” à moda antiga e… uma comunicação social subserviente, nojenta, que não cumpre o seu papel - o de informar com decoro e isenção.
    Caldeados pelas dificuldades que os sulistas se habituaram a impor-nos, fizemo-nos fortes e vitoriosos. Nem a CS deprimente do nosso país nos abate. Podem inventar crises e torpores; podem querer enxovalhar-nos através de Manhas, Delgadinhos, Pinhões ou Penteadinhos; podem extinguir a Câmara do Porto (para o que ela faz…!); podem declarar a “República das Bananas” em Alfama; podem até impor o Eusébio para Presidente da República e o Bieira para lhe limpar o cú… Nós somos superiores a tudo. E PQOP!

    Um abraço azul forte.
    BIBÓ PORTO!

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  9. fARPAS,

    "O melhor momento de toda uma temporada é mesmo quando lhes ganhamos."

    como eu te compreendo e assino por baixo... chamem-lhe o que quiserem, bem ou mal, pouco me interessa, nem um pouco sequer, mas defrontar aquelas «bestas», é aquele momento esperado toda uma temporada desportiva... vai muito mais para além do que um simples jogo de futebol.

    pela minha parte, não lhe guardo rancor algum... apenas e só, ÓDIO ETERNO!!!

    faltam ainda 90m, tempo mais que suficiente para «virar» a disputa da taça do courato a nosso favor... até ao lavar dos cestos, é vindima!!!

    então, aguardemos... paciente e serenamente.

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  10. "Desculpem ser tão mórbido, mas eles estavam todos tão bem junto do Feher..." Não podia ser mais mórbido, mas não podia estar tão mais de acordo, meu caro Norte.

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