A inteligência que não tem César

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Há nomes que a história do nosso clube deveria apagar para todo o sempre, como se simplesmente nunca tivessem feito parte dela. De treinadores como o demente Octávio, que só ficou conhecido por se ter aguentado meio ano no banco e ter aberto caminho à contratação de Mourinho e a dois anos de sonho, a jogadores que nunca alguma vez deviam ter envergado esta camisola, seja pelo talento ou pelo carácter que nunca tiveram, seja pela inteligência que nunca lhes assistiu. César Peixoto é um desses imbecis.

Numa recente entrevista à RTP, disse que o melhor treinador que teve foi o mestre da táctica, apesar de ter sido treinado durante dois anos pelo melhor do mundo. Pior, quando questionado sobre qual foi o golo da carreira, elegeu aquele que que marcou num jogo contra nós, o único clube onde podia ganhar tudo o que ganhou. Muito pior do que isso, ainda disse que torce por aquele clube de merda que tão bem o tratou nos últimos dois anos. Não lhe gabo, pois, a inteligência. Só lhe invejo mesmo a sorte de dormir com quem dorme e com já quem dormiu.

CP foi formado no Guimarães, clube da cidade de onde é natural, clube aliás pelo qual nutro uma enorme antipatia – já não era, portanto, um ponto que, para mim, jogasse a seu favor. Quando deixou de ser júnior, quiseram-no emprestar ao Fafe e ele recusou – nessa altura já revelava tiques de vedeta que nunca foi – e acabou no Caçador das Taipas. Aí chamou a atenção das bestas de Lisboa e foi contratado pelo Belenenses. Esteve lá dois anos e, lamentável e infelizmente, chegou às Antas em 2002, numa transferência que custou aos nossos cofres uns exorbitantes 1,5 milhões de euros que ainda hoje deveríamos estar a chorar.

Foi bafejado pela sorte de fazer parte do plantel que em dois anos ganhou tudo o que havia para ganhar cá dentro e além fronteiras, mas teve o “azar” de ser treinado por quem nunca viu nele tanto talento quanto queriam fazer crer. Está explicada, portanto, a utilização residual que teve, embora na segunda época tenha felizmente contraído (mais) uma grave lesão, em Marselha, que permitiu que não mais tenhamos o sacrifício de o ver jogar.

No início de 2004/2005 quase nem o vimos e foi recambiado para o clube dele e de onde nunca deveria ter saído. Infelizmente, foi emprestado seis meses e regressou no ano seguinte, em que foi treinado pelo maluco do holandês que, vendo que ele não passaria de um extremo banal, lembrou-se de o recuar para lateral. Mas CP, nem aí conseguiu mais do que mostrar a sua mediocridade. A meio da época seguinte, com Jesualdo, que nele nunca confiou, teve que ser enxotado para o Espanhol. Foram umas ricas férias em Barcelona, porque nunca jogou à custa de uma das muitas lesões que felizmente o fizeram desaparecer dos relvados durante uns bons tempos.

Reapareceu em Braga, terra vermelha por tradição – com a qual, por isso, não simpatizo de todo –, e caiu no goto do mestre da táctica que depois o levou para o 5LB, tendo conseguido somar uma internacionalização, à custa do palhaço do Carlos Queiroz (só podia), curiosamente naquela humilhante goleada imposta pelo Brasil à selecção. No galinheiro gostaram dele até que se recusou a jogar a defesa-esquerdo. Andou a treinar sozinho até Dezembro último, apesar de ter sido inscrito na Liga dos Campeões só para fazer número. Infelizmente, claro, porque um jogador com a categoria dele ainda tinha futuro naquele clube de merda.

Sem nunca ter conseguido livrar-se dos tiques de estrela que nunca foi, CP é daqueles imbecis que acha que devia ter no contrato uma cláusula que só lhe permitisse jogar na posição onde mais gosta. É por isso que não passa de um jogador mediano. E é por isso que hoje joga no mísero Gil Vicente. Um clube pequenino como ele.