PRAZO DE VALIDADE

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Passou o mês "decisivo". Continuamos em 4 frentes. É verdade... (matematicamente, é verdade).

Mas isso chega? Será isso suficiente?

O Futebol Clube do Porto habituou-me bem (quem diz, erradamente, mal, não sabe do que fala). Habituou-me a ver os jogos da pré-época antecipando uma época vitoriosa. Habituou-me a querer ser campeão antes de soar o apito inicial da primeira jornada da época desportiva e não "lá para janeiro se isto correr bem". Habituou-me a ir a Aveiro ver o jogo da Supertaça em pleno Agosto cheio de sal saído das praias de Espinho. Habituou-me a quando estivesse em desvantagem pontual, apenas olhar para o calendário do adversário direto (os nossos jogos, nem empatar! Nem empatar!). Não estou mal habituado. Estou bem habituado. Um clube vive de vitórias, e os adeptos de as festejar.

Há todo um sentimento de "segurança" (quase uma expectativa jurídica!) de que no Dragão mandamos nós.

Questiono. Temos hoje essa segurança? Não? E qual a razão?

É Paulo Fonseca – Treinador - o único responsável? Ou Paulo Fonseca – gestor de "emoções" - também o é?

A um treinador é exigido uma panóplia de valências e predicados técnicos extensíssimos, mas a ele também são exigidos "dotes" de psicólogo. Tanto na ligação aos jogadores, como adeptos.

Há, no meu entendimento, um Paulo Fonseca (vertente táctica) que merece todo o mérito pelo o que já conseguiu na carreira. Curta é certo, mas ainda assim com mais desafios, mais "vitórias", menos "ovos" mais "omeletes" que outros treinadores da nossa praça, por exemplo, Marco Silva. Falta por outro lado, ou pelo menos, assim parece a Paulo Fonseca, estofo de Futebol Clube do Porto. No Futebol Clube do Porto não há espaço para errar, no jogador, na táctica, na substituição, no discurso. O Futebol Clube do Porto não dá margem ao erro nem ao experiencialismo. O que define um bom de um excelente são os pormenores. E os pormenores no Futebol Clube do Porto fazem a diferença. Se Paulo Fonseca hoje é contestado, não o é pela "vertente táctica" (esqueçam a questão do triangulo e vão perceber onde quero chegar), é pela falta de garra e entrega. Pela falta de frontalidade e falta de honestidade intelectual. Era claro e evidente que a táctica não resultava. Eram claras as exibições cada vez menos conseguidas. E qual era a postura de Paulo Fonseca? "Estivemos bem". "Jogamos bem". "Vi um Porto com atitude". Como é óbvio, esta reação causou estranheza, duvida, quase repulsa nos adeptos aquando das primeiras exibições. Conforme Pinto da Costa demonstrou. Quando se erra e se falha. Dá-se a cara! Paulo Fonseca preferiu refugiar-se num enclave imaginário de boas performances desportivas para não ceder às evidências, e, consequentemente, "fugir às responsabilidades". Um jogo passado, dois jogos passados, exibições pobres, discursos análogos ao que já referi. A bola de neve foi crescendo.

Eis senão quando Paulo Fonseca resolve dar o tiro no pé publicamente (não falo de Leverkusen... nem do Bayern... nem do Borussia...). Falo do "vou falar com o Presidente". Ou há claramente uma posição definida e intransigente de Paulo Fonseca, ou então há uma decisão irrevogável à Paulo Portas! Reparem... eu, o benfiquista, o sportinguista, o adepto dos passarinhos da ribeira; todos percebemos o que Paulo Fonseca disse. Baixou os braços. Vou apresentar a demissão. Quero ver o que o Presidente diz. Eu. Já não sei mais.

Aqui chegados, se a sua posição já era "instável". Tornou-se proibitiva. Ficou claro para todos que Paulo Fonseca tinha chegado a uma situação terminal. Mais não consegue.

Com esta postura "radical"! Vamos do extremo de "fizemos um bom jogo, a equipa mostrou que merecia mais e melhor" para o "já não sei o que fazer". Paulo Fonseca falhou em toda a linha como Treinador – "gestor de emoções". Pior, falhou para fora de portas. Expôs a equipa. Demonstrou que o Futebol Clube do Porto estava exposto.

Daqui em diante. Tudo é/foi posto em causa.

Paulo Fonseca demonstrou que neste momento, animicamente não tem como dar a volta. E se um timoneiro não tem força para superar a tempestade, quem terá?

Pelo que, Paulo Fonseca, hoje é mais uma tempestade no caminho de que uma boia de salvação.

No entanto, salvaguardo. Felizmente o Futebol Clube do Porto é mais do que um treinador. Felizmente o Futebol Clube do Porto é mais do que um jogador. Felizmente, o Futebol Clube do Porto é uma organização. Uma estrutura. Uma massa associativa. Uma crença inabalável. Organização, estrutura, massa associativa que me habituaram bem, que "O" habituaram bem (não se esqueça disso, é o que lhe peço). Se há certeza que tenho, é que o que teóricos de segunda feira/domingo "hoje" perceberam, já os nossos perceberam muito antes. Se há certeza que eu tenho, é que enquanto houver quem se levante pelas 7h da manhã para ir ao aeroporto dar a cara e mostrar que no Futebol Clube do Porto a mística está viva. Se há certeza que eu tenho, é que enquanto tiver um Presidente que entenda que os nossos adeptos têm o direito de protestar, é porque a raça existe. Se há uma certeza que eu tenho, é que enquanto há quem de fora apoiem os de dentro, é porque existe união.

Se há uma certeza que eu tenho. É que este fim de semana, com ou sem Paulo Fonseca no banco, eu vou querer que o meu PORTO ganhe. Porque o Futebol Clube do Porto é maior que eu.