03 março, 2015

R&C CONSOLIDADO – 1º SEMESTRE 2014/15

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Resultados consolidados do 1º semestre de 2014/2015
Relatório e Contas Consolidado do 1º semestre de 2014/2015

Ao contrário dos comentários aos jogos, que são sempre (quase) imprevisíveis, comentar as demonstrações financeiras (as “contas”) duma sociedade como a FC Porto, Futebol, SAD acaba por ser algo repetitivo em função dos factores que condicionam a sua actividade financeira, e que são por demais conhecidos.

Desde logo, a realização de mais-valias na transacção de passes de jogadores.

Senão, repare-se:

Nos 3 primeiros meses do exercício (Julho, Agosto e Setembro de 2014) correspondente ao 1º trimestre, houve mais-valias de 25.9 M€ (Mangala e Defour), daí que esse período tenha encerrado com um lucro de 13,5 M€. Nos 3 meses seguintes (2º trimestre) como não se realizaram mais-valias o resultado foi um prejuízo de 21,8 M€.

Somando algebricamente o lucro de 13.5 M€ do 1º trimestre com o prejuízo de 21.8 M€ do 2º trimestre obtém-se o resultado do 1º semestre, ou seja um prejuízo de 8.3 M€.

O que há que notar, e reflectir, é sobretudo o agravar do défice mensal sem transacções de passes de jogadores. De facto, este défice que em anos anteriores era de 4/5 M€/mês (daí a necessidade de realização de mais-valias de cerca de 50 M€/ano para equilibrar as contas), de repente sobe para 7 M€/mês neste 2º trimestre o que, mesmo considerando a sazonalidade da actividade, vai colocar uma pressão acrescida na realização de mais-valias no mês de Junho, pelo menos mais 40 M€ (a somar aos 25,9 M€ já conseguidos), isto se não se pretender fechar o exercício com mais um grande prejuízo.

Aqui chegados, a pergunta que se coloca é: qual o motivo para este agravar do défice mensal?

Como todos os que acompanham a vida do Clube pressentem, a explicação reside no substancial aumento dos custos salariais. Basta comparar os “custos com o pessoal” deste período com o período homólogo: 36.008 m€ este ano contra 24.676 m€ no ano anterior. Como estamos a analisar um período de 6 meses, esta diferença de quase 12 M€ representa um acréscimo de custos de 2 M€/mês.

Também a integração do Estádio do Dragão no perímetro de consolidação da FCP, Futebol, SAD, que ocorreu neste período, trouxe agregado o passivo da Euroantas, sociedade que assumiu o “project finance” do estádio, acarretando por essa via um substancial aumento dos custos e perdas financeiras:

8.560 m€ este ano contra 6.523 m€ no ano anterior. Ou seja, quase um milhão e meio de euros por mês de encargos financeiros (basicamente juros suportados), o que se traduz numa enorme drenagem de recursos da sociedade, que muita falta fazem, e que muitas dores de cabeça devem trazer ao administrador financeiro. Mas, são as consequências do excessivo endividamento que, pelo andar da carruagem, veio para ficar.

Ainda sobre a integração do Estádio do Dragão nas demonstrações financeiras da SAD, isso veio a traduzir-se numa alteração substancial da sua situação patrimonial com reflexos no activo, passivo e capitais próprios.

Assim, o activo total entre 31/12/2013 e 31/12/2014 passou de 191.143 m€ para 333.113 m€, o passivo total subiu de 212.752 m€ para 278.511 m€, e como resultado o capital próprio, que era negativo em 21.609 m€, passou a positivo no total de 54.602 m€. Por curiosidade, o valor líquido do Estádio do Dragão nesta altura é de 138,2 M€.

Uma última nota sobre o muito falado, pelos comentadores desportivos e não só, elevado investimento no plantel. Pois bem, se isso é verdade no que toca aos encargos salariais, basta ver o que foi escrito acima sobre o assunto, o mesmo não pode ser dito quanto à gestão de aquisições e vendas de passes de jogadores. De facto, quando se analisa esta matéria, deve ser tido em conta não apenas as compras (investimento), mas também as vendas (desinvestimento). E o que importa avaliar é o saldo entre estas duas rubricas, e isso pode ser analisado através das amortizações e perdas por imparidade com passes de jogadores. Ora, o que nos mostra o R&C, é que as amortizações e perdas por imparidade com passes de jogadores totalizaram um valor de 14.695 m€, em 31/12/2014 (6 meses) contra 14.424 m€ em 31/12/2013. Ou seja, um valor semelhante o que quer dizer que o investimento efectuado no período com as aquisições de passes de jogadores foi semelhante ao desinvestimento relacionado com as vendas dos passes.

Estes são, em traços gerais, os aspectos que me parecem mais relevantes, de resto toda a panóplia de outros gastos e rendimentos estão em linha com o que é habitual, salvo um ou outro caso derivado de alterações nos critérios de contabilização em resultado da integração do estádio nas contas da sociedade.


nota: o blog BPc agradece ao JCHS a elaboração deste artigo.

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