24 agosto, 2015

2 PONTOS PERDIDOS... E MUITO POR RESOLVER!

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Sobre o jogo de sábado nos barreiros já praticamente tudo foi dito, inclusivamente pelo próprio treinador que na conferência de imprensa explicou corretamente aquilo que se passou ao longo dos 90 minutos.

Apenas acrescento duas coisas: em primeiro lugar, parece-me que foram sobretudo 2 pontos perdidos e não 1 ganho porque, em minha opinião, um FC Porto razoável teria sido mais que suficiente para levar de vencida os madeirenses, mas não, aquilo que vimos foi um FC Porto mau, que mesmo assim desperdiçou 2 claras oportunidades de golo (Aboubakar e Maxi!) na fraquíssima 2ª parte que realizou. O marítimo mais não foi que uma equipa com bloco baixo (não me lembro de nenhum oportunidade para alem do golo!) que apenas pretendeu baixar o ritmo de jogo e simular faltas no ataque, tentando sacar livres que pudessem levar perigo à baliza de Casillas; em segundo lugar, esta jornada só não tem consequências mais graves graças ao Arouca e a Lito Vidigal. É necessária muita seriedade para compreender o porquê de se continuar os mesmos erros nos mesmos contextos, não podemos deixar que o evidente alívio pela derrota do rival nos desvie do essencial que é olhar para a nossa própria casa. Por muito pouco, não estávamos já a 2 pontos de um rival que recebemos na 5ª jornada em pleno Dragão, com toda a carga emocional negativa que existe pelo facto de se estar a correr atrás do prejuízo ainda numa fase inicial da época. Que se aproveite bem o bónus concedido por Arouca (e também Paços de Ferreira!) e não se desaproveite a vantagem de 1 ponto que sendo pequena e pouco substancial é bem melhor que estar 2 pontos atrás de um rival direto.

No entanto, o principal objetivo desta crónica consiste na identificação de algumas arestas que necessitam urgentemente ser limadas de forma que esta época termine com os maiores sucessos desportivos. Situações que têm não só a ver com eventuais movimentações no mercado de transferências, mas também situações que têm a ver com o funcionamento da equipa tendo em conta o que se tem visto:
  • No sector defensivo, parece-me que existem duas prioridades urgentes: arranjar colocação para Ángel (já teve tempo e oportunidades para mostrar bem mais que a mediocridade incrível que já apresentou!) e contratar um defesa esquerdo com créditos firmados, de preferência com conhecimento do futebol português. Cissokho está em baixo de forma mas é um jogador que dá boas garantias para uma época que se prevê longa, precisa é de ter concorrência de bom nível. De resto, não precisamos de mais GR (agora só se contratássemos o Neuer!), nem de defesas centrais e laterais direitos, uma vez que existe um conceito chamado restrição orçamental e infelizmente o que resta da nossa capacidade financeira em atacar o mercado terá de orientar-se para outros sectores da equipa.

  • No meio-campo, reside a nossa óbvia e principal lacuna, aliás, mais que identificada por toda a gente. É preciso ir buscar um médio ofensivo de qualidade, de preferência criativo, disciplinado taticamente e com provas dadas. Como é lógico, com todas estas características, um jogador destes não deve ser propriamente barato. A questão é: o encaixe com vendas excedeu os 100M€, o custo com aquisições ascende aos 27M€, não haverá mais margem de manobra para atacar o mercado numa posição que claramente tem de ser preenchida?

  • Ligada à questão anterior está para mim outra situação. A necessidade de saída de um dos médios do atual plantel. Existe uma clara abundância de médios com características similares, o que me parece redundante em termos de utilidade para o plantel. O ideal seria um bom negócio por Herrera ou, em alternativa, a colocação de Evandro.

  • Lopetegui tem de perceber de uma vez por todas que não pode ficar agarrado à sua ideia de jogo seja qual for o contexto em que se encontre. Morrer agarrado a uma ideia é seguramente pior do que mudar de ideias para sobreviver. Já se percebeu que o modelo de jogo defendido por Lopetegui privilegia a posse de bola, o jogo ofensivo apoiado e pautado, praticamente sem jogo direto e transições rápidas. Todos (sobretudo quem manda no clube!) sabiam disto e se a ideia era mudar, então tal deveria ter sido feito no final da época passada. A grande questão neste momento não é construir cenários de catástrofe e de vassourada em tudo o que mexe a começar pelo treinador, a questão é JL perceber a melhor forma de corrigir o que permanentemente tem acontecido de errado. Não são necessários tantos toques e toquezinhos na bola para tornear equipas com 10 homens recolhidos junto à sua grande área, não é útil que a fase inicial de construção seja tão lenta com demasiados passes para trás e para o lado. É necessário ter mais objetividade, esticar mais o jogo, dar profundidade e criatividade à dinâmica ofensiva da equipa. Para tudo isto, Lopetegui terá de encontrar caminhos e soluções, seja qual for o desfecho do mercado de transferências. É para isso que é bem pago.
Seria hipócrita não admitir que tudo isto assumiria uma carga bem mais pesada no caso de estarmos neste momento já a 2 pontos de um rival direto na luta pelo título, que ainda por cima recebemos já na 5ª jornada, mas mantenho a ideia de que tal situação não pode desviar ninguém do essencial: os nossos próprios problemas que não são poucos. Cada um na sua tarefa terá de dar tudo o que tem e o que não tem em prol de um único objetivo: o sucesso do clube!

PS - Os 4 pontos que o FC Porto tem neste momento não foram influenciados por atuações da equipa de arbitragem. Não posso no entanto deixar de referir que por aquilo que tenho visto na generalidade do campeonato o nível médio da arbitragem continua a sua descida vertiginosa que se tem assistido nos últimos anos. A arbitragem está num nível cada vez mais medíocre com erros atrás de erros, disparates atrás de disparates. Não constituindo algo de relevante que possa ter influenciado o resultado final do jogo dos barreiros, a verdade é que não deixou de ter piada (ou talvez não!) a forma desajeitada como os fiscais de linha anularam muito mal duas jogadas de ataque (algo promissoras) do FC Porto ou a dificuldade de visão de Hugo Miguel em visionar uma clara falta sobre Brahimi já perto da área maritimista depois de ter andado todo o santo jogo a apitar tudo e mais alguma coisa em lances de contacto que noutras paragens nunca seriam falta. Mas enfim, as dificuldades de visão continuam… Confesso-vos é que já tenho saudades, já la vão uns aninhos, de ver uma capa da bola a aludir a um erro de arbitragem a favor do FC Porto… Só para desenjoar um pouco!

2 comentários:

  1. Caro,

    Gostei de ler o texto acima. Gostava de tecer algumas considerações:

    1) Há várias lacunas no plantel. Há alguns anos que nos falta um central de qualidade incontestada. Um jogador de classe, melhor que Maicon e que Marcano. Faltam dois laterais para, no mínimo, dar luta ao Maxi e ao Chissokho.

    2) Falta, como escreveu e muito bem, um médio capaz de jogar em pouco espaço, capaz de decidir e assistir nos últimos trinta metros. Já se sabia que Oliver não regressaria. Não se entende porque não foi substituído atempadamente. Quintero, como jogador incapaz de pressionar e de fazer a sua parte, quando a equipa não tem a bola, parece fora dos planos de toda a gente. Vai-se percebendo que se insiste em Lucas Lima quando já vimos que é jogador que fala muito e assim que chegar já estará a pensar em partir. É claramente o tipo de jogador que o FC Porto de antigamente evitaria. Mas com esta SAD, ainda aparece por aí e recebe um dragão de ouro.

    3) No geral, a equipa continua irregular, alterna o bom com o mau. Lopetegui parece que ainda não entendeu que para ganhar campeonatos basta ser bonzinho quase sempre. Não é preciso ser excelente várias vezes. Basta não ser mauzinho muitas. Se há coisas que grandes treinadores têm vindo a demonstrar é que não interessa o "estilo" ou "filosofia de jogo". Há que ser matreiro e saber dançar conforme a música. E uma equipa como a nossa que joga em várias frentes, tem que saber dançar o tango, a valsa, o swing ou o kuduro quando for preciso. Perguntem aos nossos ex-treinadores Vítor Pereira ou José Mourinho.

    4) Pior que isso, é a falta de capacidade de reacção da equipa perante resultados negativos. A equipa não tem capacidade de fazer o esforço adicional e de se transcender. Vimos isso no final da época passada, quando o título esteve ao nosso alcance, mas escapou porque não houve qualidade e mentalidade suficiente em dois jogos em casa cruciais. Não me venham dizer que o nosso balneário tem mística. Neste momento não tem quase nenhuma. Após a saída de Alex Sandro, Maicon é dos poucos que me parece ter um pouco dessa mentalidade vencedora. Dos novos não posso ainda ter opinião. Esperemos que haja ali mais dois ou três guerreiros para motivar os outros. Se bem que isso de pouco servirá, se a exemplo de muitos outros, só ficarem um ou dois anos.

    5) Se bem que me pareça que as trocas por trocas que efectuou Lopetegui não foram as decisões mais ambiciosas que poderia ter tomado, e isto pode ter tido efeitos psicológicos na equipa, eu não sou treinador e dou de barato que tenham sido decisões aceitáveis. Acho que aos jogadores caberia, também, fazer mais, ter um pouco mais de ousadia, correr mais que o adversário, tomar a iniciativa. A equipa não tem soluções alternativas. Não remata de longe, não tem jogadas ensaiadas, não aproveita bolas paradas. Tem um guião e segue-o, mesmo quando se percebe que o filme vai ser mau.

    6) Espero que tenha sido um percalço de início de época. Vamos apoiar e ver.

    7) Tenho lido várias críticas ao Herrera que me parecem injustas. É um jogador que precisa de estar bem fisicamente para render. Não está, claramente. É um jogador esforçado que após competição internacional e poucas férias está sobrecarregado. Peço aos meus consócios que não assobiem.

    8) Quanto à arbitragem, deixe-mo-nos de conversas de derrotados. A arbitragem é paleio da treta. É a conversa que passamos 30 anos a ouvir aos nossos adversários. Joguemos mais e melhor, e deixemos as desculpas de mau perdedor para os outros. Sempre lhes assentou melhor. O problema do nosso clube é interno. Quanto mais cedo o compreendermos mais cedo a coisa se corrigirá. Deixemos os árbitros e concentre-mo-nos em tentar saber por que razão desde que os 4 As começaram a tomar decisões no clube, a organização e a mística se evaporaram, e com elas, ao que parece, os resultados. Abramos os olhos. É necessária uma grande vassourada na direcção da SAD. Encorajemos o nosso presidente a da-la o mais rapidamente possível. Tornemos claro a esses indivíduos que não são bem vindos no nosso seio.

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  2. Viva,

    Não faço parte da sad nem de qualquer o'rganismo administrativo do Porto.

    Não sei se foram dois pontos perdidos. Como também não sei se foi um ponto ganho. Ver-se-a' no fim. Em contrapartida, sei que o Porto pontuou num campo onde não tinha pontuado na época passada.

    Tirando o estado da relva que levava a bola a dar ressaltos nunca outrora observados, a menos que as imagens televisivas me tenham fintado, as comparações devem parar ai', ja' que o Porto jogou com uma equipa bem diferente. Um aparte: cada vez melhor se entende porque Danilo e Alex não "poderam" actuar contra o Bayern. Por associação de ideias, aproveito para sublinhar que o valor das transferências efectuadas pelo Porto, no âmbito do Big5, nada tem de extraordina'rio. Segundo o u'ltimo relato'rio mensal do "Observatoire mondiale du football" ou "CiES Football Observatory", os clubes mais ricos continuaram a aumentar o valor das suas transferências. Segundo o observato'rio citado, em termos de formação, o Porto com 41 jogadores que jogaram pelo menos três épocas entre os 15 e 21 anos ocupa o 13° lugar no total dos clubes das 31 ligas europeias.

    Até que ponto esta nova equipa, por assim dizer, assimilara' as ideias do treinador? Lembro a época passada: nunca uma equipa com uma média de idade tão jovem tinha chegado aos quartos de final da CL.

    Pessoalmente, e talvez seja uma maneira diferente de ver, acho que o Porto, na época passada, recuperou um presti'gio internacional que tinha perdido internacionalmente e ganhou muita admiração junto dos jovens. Creio que por ter uma equipa muito jovem isso operou como uma espécie de magia.

    No que diz respeito ao plantel, o novo treinador do Marselha, o antigo internacional Espanhol Michell, declarou que os treinadores que dizem que não precisam dum dez estão a mentir.

    Até ao ano passado, nunca me tinha pronunciado sobre a arbitragem, mas o que vi deixou-me a sensação que o Porto nunca seria autorizado a ser campeão. Não foi so' o jogo contra o Guimarães, mas também o jogo no Dragão contra o benfica: como é possi'vel aceitar que uma equipa so' por si faça 32 faltas, tantas como aquelas realizadas em média total nos derbi psg marselha. De qualquer modo é conhecido o balanço europeu das equipas Portuguesas habituadas a fazerem faltas.

    Concordo com o autor do texto: Não é normal que o fiscal de linha não tenha visto o empurrão a Brahimi.Não é de admirar se, em seguida, os esta'dios se vão esvaziando, se o futebol vai perdendo adeptos e praticantes.

    Quanto ao comenta'rio do ano'nimo (24 de Agosto), não entendo como é possi'vel colocar no mesmo plano Mourinho e Vitor Pereira. O percurso europeu de Vitor Pereira, tendo jogadores como Hulk... é o seguinte: Em 17 jogos so' venceu 7, tendo sofrido 21 golos e marcado 19. Foi na fase de grupos da CL, em 2011-12, eliminado pelo Apoel, conquistando apenas 1 ponto nos dois confrontos directos. O Apoel, com um orçamento de 10 milhões de euros, participou, assim, pela primeira vez da sua histo'ria, nos oitavos de final da CL. Foi um enorme golpe contra a mi'stica e presti'gio do Porto

    Também é verdade que tenho um olhar exterior e que, por isso, me possa equivocar. Visto (por fora) a orientação da imprensa Portuguesa creio que sem dimensão internacional, o Porto não existira' a ni'vel nacional.

    E Viva o Porto!









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