Num Clube onde nos habituamos a ver uma estabilidade quase granítica e uma previsibilidade confortável, hoje encontramos uma constante montanha russa onde raramente as coisas seguem o normal ciclo jogo – vitória - semana de trabalho – jogo – vitória, acompanhados por bons resultados nas modalidades e poucas noticias envolvendo a estrutura do FC Porto ou as suas finanças.
Os adeptos dificilmente entendem o que se tem passado com as equipas de futebol nos últimos anos. Mesmo admitindo que o talento sempre foi existindo, a fragilidade constante que ora nos leva a ganhar jogos com solvência como a seguir a escorregar de forma surpreendente, pôs-nos por vezes sem saber o que devemos afinal fazer para ajudar ao sucesso: afinal, eles precisam de apoio ou de um “apertão” à moda antiga para atinarem para a vida?
A tudo isto se soma a instabilidade na própria direção/administração. Depois de anos sem grandes mexidas nas principais caras do FC Porto, ciclicamente fomos assistindo à saída de algumas figuras, quase sempre acompanhadas por algumas informações pouco auspiciosas que foram sendo partilhadas em surdina. Nomes como Fernando Gomes, Angelino Ferreira e agora Antero Henrique, foram peças importantes no xadrez de Pinto da Costa, que no entanto sempre foi resistindo à pressão de dar mais explicações sobre os abandonos, primeiro pela manutenção do sucesso, depois pela força do seu nome e do seu percurso, que o isenta de muitos pressupostos que qualquer liderança devia assumir.
No meio deste cenário, muitas vezes fomos assistindo ao natural confundir das duas realidades, que passaram a influenciar-se mutuamente, nem sempre da melhor forma e com o melhor resultado.
Para não me colocar de fora, assumo que também fui incapaz de o fazer por diversas vezes. Aquando dos melhores resultados, também tenho tendência a relativizar as fragilidades estruturais atuais do FC Porto, e quando a bola vai ao poste também fico mais impaciente e menos predisposto a aceitar aquilo que está menos bem no esqueleto institucional. Ninguém é de ferro e mesmo quanto se tenta ter a racionalidade bem presente, não deixa de ser o FC Porto que está em causa, algo que vivemos com o coração a 200%.
No entanto, e para bem de todos nós, é tempo de fazermos um esforço para separarmos as águas e abordarmos as diferentes vertentes separadamente, num exercício que se torna essencial para não colocarmos em causa o curto/médio prazo do Clube e as suas possibilidades de sucesso desportivo.
A equipa de futebol é jovem, segue num processo complicado de construção onde o próprio treinador está também à procura do seu espaço, tendo inclusivamente até agora sido incapaz de emprestar alguma estabilidade nos modelos táticos que tenta desenvolver neste início de temporada. Temos também o handicap de ter um plantel cuja espinha dorsal continua a ser a mesma que tão mal terminou o ano transato, com tudo o que isso tem de traumatizante para jogadores e adeptos que a cada jogo pior conseguido vão naturalmente recordando episódios recentes. Mesmo retirando o exagero do discurso do “ano zero” que o Presidente ensaiou há uns dias (e logo corrigido pelo próprio treinador), os maiores favoritos são outros, mesmo que o futebol desses mesmos favoritos esteja também longe de convencer quem realmente vê os jogos e não forma opiniões pelo Correio da Manhã ou pelas capas de A Bola ou Record.
Neste cenário, transportar a ansiedade provocada pelas convulsões internas da SAD para a equipa só trará uma realidade: a construção de um ambiente impossível para o sucesso de uma equipa com as características que a nossa exibe atualmente.
Por outro lado, e mesmo que à Choupana se sigam 3 ou 4 vitórias convincentes, não nos podemos esquecer enquanto Portistas da importância da próxima Assembleia Geral do Clube, a realizar em finais de Outubro se for mantido o calendário habitual. Ai, como habitualmente tem acontecido, decerto que as questões que nos atormentam serão colocadas, cabendo depois ao Presidente a decisão de achar ou não que as deve responder com o máximo de transparência.
Poucos meses após um ato eleitoral que veio a eleger a lista de Pinto da Costa para um mandato de 4 anos e depois de alguns meses de informação e contra informação, um cenário que era considerado pouco provável tornou-se real e Antero Henrique abandonou o FC Porto. A decisão de aceitar esta saída sem grandes comentários públicos coloca uma dúvida importante sobre o projecto do Clube, uma vez que falamos do homem que era considerado o número 2 do Clube e SAD em termos desportivos, acumulando nas duas estruturas cargos e influência.
Ali, no ambiente solene e restrito de uma Assembleia Geral que se espera que seja concorrida e realizada conforme prometido num espaço maior que as anteriores, caberá ao Presidente prestar os esclarecimentos necessários, mostrar que o projeto que foi a sufrágio não está ferido de morte e ouvir as criticas e apreensões naturais dos sócios, ainda a base do poder no FC Porto.
Temos portanto de ter a frieza necessária para perceber que temos diferentes realidades que se vão jogando em tabuleiros distintos, sendo que a confusão entre estes cenários só contribuirá para um ruído ensurdecedor e para uma incapacidade de tomarmos as atitudes certas tendo em vista o futuro do FC Porto. Se a cada bola no poste nos virarmos para a tribuna e questionarmos a relação Antero/Alexandre, tornando o Dragão num barril de pólvora, ou se escolhermos como tópico para intervir numa Assembleia Geral a análise do 4x4x2 vs 4x3x3 do Nuno Espírito Santo, não estamos com certeza a contribuir para o rápido restabelecimento do FC Porto enquanto potência desportiva número 1 do País.
Aguardemos então os próximos capítulos, esperando que às vitórias regulares nos campos e pavilhões se siga também um momento importante de esclarecimento interno e de criação de bases para meses menos tumultuosos no universo FC Porto.
Os adeptos dificilmente entendem o que se tem passado com as equipas de futebol nos últimos anos. Mesmo admitindo que o talento sempre foi existindo, a fragilidade constante que ora nos leva a ganhar jogos com solvência como a seguir a escorregar de forma surpreendente, pôs-nos por vezes sem saber o que devemos afinal fazer para ajudar ao sucesso: afinal, eles precisam de apoio ou de um “apertão” à moda antiga para atinarem para a vida?
A tudo isto se soma a instabilidade na própria direção/administração. Depois de anos sem grandes mexidas nas principais caras do FC Porto, ciclicamente fomos assistindo à saída de algumas figuras, quase sempre acompanhadas por algumas informações pouco auspiciosas que foram sendo partilhadas em surdina. Nomes como Fernando Gomes, Angelino Ferreira e agora Antero Henrique, foram peças importantes no xadrez de Pinto da Costa, que no entanto sempre foi resistindo à pressão de dar mais explicações sobre os abandonos, primeiro pela manutenção do sucesso, depois pela força do seu nome e do seu percurso, que o isenta de muitos pressupostos que qualquer liderança devia assumir.
No meio deste cenário, muitas vezes fomos assistindo ao natural confundir das duas realidades, que passaram a influenciar-se mutuamente, nem sempre da melhor forma e com o melhor resultado.
Para não me colocar de fora, assumo que também fui incapaz de o fazer por diversas vezes. Aquando dos melhores resultados, também tenho tendência a relativizar as fragilidades estruturais atuais do FC Porto, e quando a bola vai ao poste também fico mais impaciente e menos predisposto a aceitar aquilo que está menos bem no esqueleto institucional. Ninguém é de ferro e mesmo quanto se tenta ter a racionalidade bem presente, não deixa de ser o FC Porto que está em causa, algo que vivemos com o coração a 200%.
No entanto, e para bem de todos nós, é tempo de fazermos um esforço para separarmos as águas e abordarmos as diferentes vertentes separadamente, num exercício que se torna essencial para não colocarmos em causa o curto/médio prazo do Clube e as suas possibilidades de sucesso desportivo.
A equipa de futebol é jovem, segue num processo complicado de construção onde o próprio treinador está também à procura do seu espaço, tendo inclusivamente até agora sido incapaz de emprestar alguma estabilidade nos modelos táticos que tenta desenvolver neste início de temporada. Temos também o handicap de ter um plantel cuja espinha dorsal continua a ser a mesma que tão mal terminou o ano transato, com tudo o que isso tem de traumatizante para jogadores e adeptos que a cada jogo pior conseguido vão naturalmente recordando episódios recentes. Mesmo retirando o exagero do discurso do “ano zero” que o Presidente ensaiou há uns dias (e logo corrigido pelo próprio treinador), os maiores favoritos são outros, mesmo que o futebol desses mesmos favoritos esteja também longe de convencer quem realmente vê os jogos e não forma opiniões pelo Correio da Manhã ou pelas capas de A Bola ou Record.
Neste cenário, transportar a ansiedade provocada pelas convulsões internas da SAD para a equipa só trará uma realidade: a construção de um ambiente impossível para o sucesso de uma equipa com as características que a nossa exibe atualmente.
Por outro lado, e mesmo que à Choupana se sigam 3 ou 4 vitórias convincentes, não nos podemos esquecer enquanto Portistas da importância da próxima Assembleia Geral do Clube, a realizar em finais de Outubro se for mantido o calendário habitual. Ai, como habitualmente tem acontecido, decerto que as questões que nos atormentam serão colocadas, cabendo depois ao Presidente a decisão de achar ou não que as deve responder com o máximo de transparência.
Poucos meses após um ato eleitoral que veio a eleger a lista de Pinto da Costa para um mandato de 4 anos e depois de alguns meses de informação e contra informação, um cenário que era considerado pouco provável tornou-se real e Antero Henrique abandonou o FC Porto. A decisão de aceitar esta saída sem grandes comentários públicos coloca uma dúvida importante sobre o projecto do Clube, uma vez que falamos do homem que era considerado o número 2 do Clube e SAD em termos desportivos, acumulando nas duas estruturas cargos e influência.
Ali, no ambiente solene e restrito de uma Assembleia Geral que se espera que seja concorrida e realizada conforme prometido num espaço maior que as anteriores, caberá ao Presidente prestar os esclarecimentos necessários, mostrar que o projeto que foi a sufrágio não está ferido de morte e ouvir as criticas e apreensões naturais dos sócios, ainda a base do poder no FC Porto.
Temos portanto de ter a frieza necessária para perceber que temos diferentes realidades que se vão jogando em tabuleiros distintos, sendo que a confusão entre estes cenários só contribuirá para um ruído ensurdecedor e para uma incapacidade de tomarmos as atitudes certas tendo em vista o futuro do FC Porto. Se a cada bola no poste nos virarmos para a tribuna e questionarmos a relação Antero/Alexandre, tornando o Dragão num barril de pólvora, ou se escolhermos como tópico para intervir numa Assembleia Geral a análise do 4x4x2 vs 4x3x3 do Nuno Espírito Santo, não estamos com certeza a contribuir para o rápido restabelecimento do FC Porto enquanto potência desportiva número 1 do País.
Aguardemos então os próximos capítulos, esperando que às vitórias regulares nos campos e pavilhões se siga também um momento importante de esclarecimento interno e de criação de bases para meses menos tumultuosos no universo FC Porto.
eu tambem queria que me saisse o euromilhoes mas ha sempre um mas........helder oliveira
ResponderEliminarEste comentário foi removido pelo autor.
ResponderEliminarExcelente texto! Permita-me contudo o MM que aluda ao seguinte: a Assembleia Geral deveria ser, sem dúvida, o local e momento ideal para se interrogar, obter respostas, dialogar. Mas eu sempre pensei que... é "curto": no espaço físico e no espaço temporal. É que, normalmente, o tempo disponível para debate com os Sócios esgota-se ao fim de... 15 minutos! Propositado ou não, é isso que acontece em todas as Assembleias Gerais. Haveria uma solução (não usual): interromper o ato e retomá-lo no dia seguinte. Como é coisa (quase) impossível, então amigo: ESQUEÇA A AG.
ResponderEliminarAbraço.