FC PORTO-SPORTING, 2-1
Um clássico é sempre um clássico. E este não fugiu à regra. Estádio cheio, emoções ao rubro, nervos em franja, bom futebol, golos e, no fim,… os três pontos no bornal, numa vitória que pode fazer toda a diferença no desenrolar do campeonato.
O clássico não foi bonito. Foi muito faltoso, batalhado, demasiado agressivo que levou a que ambas as equipas se anulassem, apesar das opções iniciais bastante ofensivas dos dois lados. Alguns cartões ficaram por mostrar e outros foram exibidos incompreensivelmente.
Para começar, deixámos um concorrente a 9 pontos de distância. E, ao mesmo tempo, um dos lugares de acesso directo à Champions League dificilmente nos fugirá.
Depois, ascendemos à liderança, ainda que de forma provisória, mas criámos ainda mais pressão sobre o Benfica que veremos até onde resiste. Estamos vivos, estamos na luta, estamos em condições de recuperar, aquilo que nos pertence e que nos foge há quatro épocas.
Vai ser assim até ao fim do campeonato. Uma luta taco-a-taco em que a determinação e a sorte ditarão o resultado da história desta edição da Liga NOS, sem esquecermos que as arbitragens podem influenciar o desfecho final. É só ver como decorreu toda a primeira volta.
Há noites assim. E hoje foi a vez do FC Porto. Mas é com noites destas que, muitas vezes se vencem campeonatos. Senão vejamos…
O FC Porto jogou contra o Benfica no mesmo sistema usado esta noite contra o Sporting. Ou seja, num 4x4x2, desdobrando-se em 4x2x4. Usou quase o mesmo onze, utilizado frente aos encarnados. Com as diferenças de que no lugar de Jota, surgiu Soares e no lugar de Otávio, apareceu Brahimi.
Que diferenças e resultados surgiram daí?
No primeiro jogo, os portistas marcaram um golo, dominaram o Benfica, encostaram-no às cordas, tiveram oportunidades, atrás de oportunidades e, no fim, sofreram um golo no último lance da partida. Injustiça, dissemos todos nós.
Hoje, frente ao Sporting, não tivemos domínio do jogo, mas na primeira parte controlámos o adversário e soubemos atacar e sair para o ataque, obtendo dois golos preponderantes para a vitória desta noite no Dragão.
Mas na segunda parte, foi um sufoco. O Sporting dominou a etapa complementar, esteve instalado no meio-campo portista, criou oportunidades soberanas para empatar e, quiçá, dar a volta ao jogo mas, felizmente acabou por fazer apenas um golo.
Um golo em que Casillas ficou mal na fotografia. No entanto, o espanhol redimiu-se com três grandes defesas que salvaram a honra do convento e permitiram ao FC Porto ascender, provisoriamente, à liderança da Liga NOS.
Mas a vitória não esteve só nas mãos do guarda-redes portista. Soares, avançado brasileiro ex-V. Guimarães, teve uma noite para recordar e uma estreia de sonho. O ponta-de-lança mostrou porque foi contratado e revelou-se um verdadeiro reforço de inverno.
Soares revelou-se no ataque mas também na capacidade de saber segurar a bola e jogar com os companheiros de equipa. Desde Jackson Martínez que, no FC Porto, não existia um avançado que jogue bem de costas para a baliza contrária.
Mais: Soares mostra ser um jogador inteligente e na hora de decidir, fá-lo com mestria. Desgasta a defesa contrária e é um jogador possante. Impressionante a forma com fez a sua estreia. Não foi por obra do acaso que fez o jogo que fez. Temos avançado.
Vamos ao jogo.
Aos sete minutos, cruzamento perfeito de Corona na direita, após um bailado frente a Zeegelar, e Soares, completamente desmarcado ao segundo poste, surge a cabecear para a baliza de Rui Patrício.
O FC Porto, calculista, cínico, cirúrgico foi capaz de quase decidir o jogo na primeira parte, perante um Sporting com posse de bola e domínio consentido pelos Dragões.
No entanto, o Sporting teve uma oportunidade na primeira parte, com uma grande defesa de Casillas por cima da barra, após cabeceamento de Coates mas o árbitro já tinha assinalado falta ofensiva.
Aos 40 minutos, Semedo e Coates são ultrapassados por Soares que, lançado por Danilo, percorreu 25 metros, contornou o guardião leonino e fez o 2-0.
Sobre a primeira parte, não há mais a dizer. FC Porto eficaz e controlador dos momentos do jogo e Sporting com posse e domínio territorial, mas sem qualquer efeito prático.
Na etapa complementar, assistimos a outro jogo. Para começar, Jorge Jesus mexeu numa peça que viria a ser determinante. Alan Ruiz surgiu no lugar de Matheus Pereira. O Sporting assumiu os riscos e as despesas do jogo e instalou-se no meio-campo portista.
Só para termos uma ideia, o Sporting chegou ao fim do jogo com 61% de posse de bola no Estádio do Dragão. E devido a quê? À falta de reacção pronta de Nuno Espírito Santo que não foi capaz de ser célere a mexer na equipa.
O FC Porto começava a perder o meio-campo logo no início da segunda metade e isso exigia que o meio-campo portista colocasse um terceiro elemento. O FC Porto ficou encostado às cordas e nem sequer conseguia sair para o contra-ataque. Danilo e Óliver revelavam-se muito curtos para estancar o ataque sportinguista.
Aos 57 minutos, Adrien deixou o aviso do que viria a seguir com uma bola na barra de Iker Casillas mas o treinador dos Dragões teimou em não fazer mexidas.
No entanto, é necessário realçar um momento do jogo antes do golo sportinguista. Zeegelar entra de forma pouco ortodoxa e já com um cartão amarelo, o árbitro Hugo Miguel poupa a expulsão ao defesa leonino.
60 minutos, jogada de combinação leonina com Alan Ruiz a finalizar com sucesso, batendo o guardião portista. Havia 30 minutos para jogar e foi só nessa altura que Nuno mexeu no onze.
André André substitui André Silva e o FC Porto começa a jogar em 4x3x3. Os Dragões conseguiram deter o ímpeto verde e branco mas não se livraram de alguns sustos. Os Dragões continuavam a não conseguir chegar à área contrária.
O recuo das linhas azuis e brancas durante a segunda metade cheirou a suicídio. Fez lembrar os últimos minutos do jogo com o Benfica. Só que desta vez não teve um final indesejado. Teve a felicidade que lhe faltou na recepção ao Benfica.
Aos 70 minutos, Brahimi esgotado (correu quilómetros), cedeu o lugar a Diogo Jota e dois minutos depois Semedo comete grande penalidade sobre Soares mas o árbitro nada assinala. Aos 83 minutos, João Carlos Teixeira (uma pena estar no banco) substitui Corona. O FC Porto volta a jogar os últimos dez minutos em 4x4x2 mas com o miolo mais preenchido.
Aos 92 minutos, Coates obriga Casillas a uma enorme defesa para canto e a terminar o jogo, com tanto sufoco junto da área azul e branca, Iker salva os três pontos com a defesa que vale por três pontos e muito mais. De forma heroica, foi sacudir uma bola junto ao poste da sua baliza, garantindo a vitória portista.
Notas finais para a boa primeira parte portista, a estreia de sonho de Soares e a exibição decisiva de Iker Casillas. O coração enorme da equipa azul e branca demonstrado numa exibição de grande sacrifício com destaque para Danilo, o pulmão desta equipa, e Brahimi que correu quilómetros em prol do grupo foram outras notas de relevo.
Pelo lado menos bom, realço as substituições tardias de Nuno Espírito Santo, lento a reagir às incidências do jogo, as culpas de Casillas no golo sofrido e a exibição de André Silva completamente apagado.
Vitória determinante para o que resta da Liga NOS, muito suada mas, ao mesmo tempo, muito saborosa. Os Dragões deslocam-se a Guimarães na próxima jornada onde lhes esperam mais um jogo de grau elevado, num estádio sempre complicado para conquistar os três pontos.
DECLARAÇÕES
Nuno: “A força da nossa equipa é o grupo”
Missão cumprida
“A equipa cumpriu, conseguiu três pontos importantíssimos em casa, na nossa fortaleza. É o apoio do Dragão que nos mantém no jogo e faz os jogadores trabalhar como trabalharam. Sabíamos que tínhamos de ganhar, era fundamental. Conseguimos os três pontos, não foi um jogo brilhante, houve muitas faltas, mas conseguimos o objetivo principal. Na segunda parte conseguimos manter o resultado, saber defender e unir forças é importante, equilibrar a equipa foi determinante.”
Apostas ofensivas no onze
“Jogando em casa não podemos outra ideia que não seja ganhar o jogo. Podiam ter sido outras as opções, felizmente resultou e isso é importante, uniu o grupo. No jogo passado também conseguimos uma vitória importante, com outros jogadores. A força da nossa equipa é o grupo, a maneira como trabalham e se dedicam, são constantes e acreditam na nossa ideia de jogo.”
A entrada de André André
“Era evidente que estávamos a perder o controlo da posse, o Sporting fazia muito jogo interior. Era fundamental voltar a equilibrar o meio-campo, seria absurdo pedir a um dos dois avançados que o fizesse. Fazia mais sentido que entrasse um médio.”
O “bis” de Soares
“Estamos felizes por ele, é mais uma opção. Não é fácil chegar a um grande clube e ter este rendimento. Ele traz competitividade interna que é fundamental para o objetivo final. Estamos a falar de jogadores evoluídos, que precisam de trabalhar juntos. O rendimento no futuro será melhor, perspetivamos o crescimento sustentado da equipa.”
Sporting fora da luta e pressão sobre o Benfica
“Ainda falta muita competição, o Sporting será sempre um candidato ao título. Vamos ver o que acontece amanhã, somos lideres e o Benfica não está habituado a jogar atrás. Quando jogaram com um ponto de diferença mexeu, vamos ver qual é a reação diante de um Nacional necessitado de pontos.”
O futuro
“O nosso caminho é só um, pensar no próximo jogo. Dois técnicos foram ontem observar o nosso próximo adversário, o Vitória de Guimarães, em Paços de Ferreira, hoje às seis da manhã viajam para ir ver a Juventus. Esse é o nosso caminho, projetar o futuro, crescer como equipa e conquistar pontos, que é o fundamental.”
RESUMO DO JOGO
Mais um jogo para NES ganhar experiência.
ResponderEliminarSabendo que o sporting iria jogar ao ataque e era preciso reforça o nosso meio-campo, ao intervalo era importante fazer a tal substituição. Por irónico que seja acho que se desta vez colocasse Herrera ganhávamos o tal reforço e mesmo assim tínhamos um equipa virada mais para o ataque e quem sabe fazer o 3º golo bem dentro do primeiro 4º de hora. Vi nos ultimos 2 jogos o Herrera a subir de forma, e com este jogo poderia ser um grande suplemento para Herrera.
Mas o que interessa são os três pontos e a pressão no agora 2º classificado.
Grande estreia de Soares. E a ultima defesa do Casillas foi equivalente ao momento Kelvin.
Uma nota de grnade destaque para Brahimi que esteve bem em termos ofensivos e defensivos.
Abraços.