25 agosto, 2018

AVISOS DO JAMOR NÃO TIVERAM ECO NO DRAGÃO.


FC PORTO-GUIMARÃES, 2-3

O jogo da semana passada, no Jamor com o Belenenses, pouco ou nada serviu de aviso para os jogadores da equipa do FC Porto. Apanhados a vencer nos jogos por duas bolas de diferença, os jogadores azuis-e-brancos têm uma estranha relação com a superioridade e a vantagem durante as partidas. Depois de 2-0, frente ao Belenenses e do mesmo resultado, diante do V. Guimarães, os portistas deixaram-se empatar.

Mas, na semana passada, ainda foram a tempo de salvar a honra do convento. Hoje, o cenário inverteu-se. O FC Porto acabou por perder o jogo por 3-2 e deixou os primeiros três pontos, de uma forma inadmissível para quem almeja ser novamente campeão. Este jogo trouxe-me à memória dois encontros do passado da história do FC Porto. O primeiro avivou-me o episódio da última derrota caseira com o V. Guimarães, na longínqua época de 95-96 pelo mesmo resultado. Mas nesse ano, o FC Porto já era virtualmente campeão. O segundo jogo de que me lembrei, de imediato, foi a derrota caseira com um desconhecido da Eslováquia, de nome Artmedia. Nesse jogo, na época 2005-06, os azuis-e-brancos passaram pelo mesmo cenário. De uma vantagem de 2-0 permitiram a reviravolta para 2-3, em pleno Estádio do Dragão.


Sérgio Conceição deixou um claro aviso à navegação. Ou a equipa do FC Porto adopta a postura que tão bons resultados deram na época passada, ou vamos voltar ao passado recente, sem títulos e sem glória.

O jogo começou com pouca inspiração azul-e-branca. Algo manietados pela estratégia vimaranense, os jogadores do FC Porto tinham certas dificuldades em criar linhas de passe para chegar à baliza do Douglas. Apesar disso, Herrera, num remate desviado, e Felipe tiveram as suas oportunidades, nos primeiros 20 minutos, obrigando o Guarda-Redes Douglas a defesas de grande categoria.

A partir daí, o FC Porto passou a ter maior domínio e aproximou-se da baliza contrária. Dois minutos antes do golo, Maxi isolado na cara de Douglas, deixou para Aboubakar que permitiu o corte de João Afonso. Um golo completamente feito, desperdiçado pelo avançado camaronês. Não marcou Aboubakar, mas facturou Brahimi logo a seguir. Jogada excelente de combinação entre o argelino e André Pereira, com Brahimi a rematar fortíssimo para a baliza de Guimarães. Estaria feito o mais difícil.

Três minutos depois, Otávio rasteira João Carlos Teixeira na área portista e o árbitro manda seguir. Penalty claro que ficou por marcar. Aos 43 minutos, André Pereira, na cobrança de um livre do lado esquerdo, fez o 2-0 em posição irregular e o árbitro validou sem hesitações. Muito estranho dois erros consecutivos deixados passar em claro pela equipa de arbitragem. Depois veio-se a saber que as comunicações com o VAR, à semelhança do que aconteceu na Vila das Aves, na época passada no jogo entre o Desp. Aves e o Benfica, não estavam a funcionar.


Claramente uma falha grave que tem de ser corrigida para não termos que rever mais situações deste género. Por outro lado, nós, portistas, estamos aqui para reconhecer os erros e as situações em que somos beneficiados, ao contrário de outros que continuam a assobiar para o lado como se nada se passasse. Cada um que tire as suas conclusões.

Ao intervalo o jogo parecia estar, definitivamente, decidido e, com mais golo ou menos golo, os três pontos pareciam estar entregues. Mas tal como se viu em Belém, o FC Porto voltou a cometer os mesmos erros. E quem comete erros destes, jogo após jogo, acaba por sofrer as consequências. Algum dia o caldo acabaria por entornar. Os jogos têm 90 minutos + 4,5, 10, 11 minutos de descontos. Não têm 45, 50 ou 60 minutos. E os jogadores do FC Porto que se mentalizem disso mesmo. Um jogo só termina quando o árbitro apita e até lá, o FC Porto tem que jogar no máximo.

Na etapa complementar, tudo se inverteu. Sérgio Oliveira fez-se a um lance na sua área, de forma irresponsável e inconsciente e Ola John, aproveitando a má abordagem do médio portista, provocou a grande penalidade. Estavam jogados 63 minutos. André André reduziu o marcador para 2-1 e abriu o jogo.


O FC Porto, sentindo ou não sentindo o golo, manteve-se amorfo, sem ideias e sem capacidade para dar a machadada final no jogo. O V. Guimarães cresceu, continuou a jogar com critério, com qualidade na construção do seu jogo e foi extremamente eficaz no último terço do terreno. Por isso, o empate acabou por acontecer sem surpresa. Eu sentia na bancada que tal cenário estaria para acontecer. Numa investida vimaranense, Florent cruzou para a área e, perante a apatia da defesa do FC Porto, Tozé rematou forte e cruzado, ao ângulo inferior da baliza de Casillas. Faltavam cerca de 15 minutos para os 90 minutos.

Havia ainda muito para jogar, mas da parte dos Dragões não se viam ganas, nem vontade indómita de reverter o mau resultado que estava a acontecer. Falta de postura, de agressividade e de intensidade eram bem patentes na equipa de Sérgio Conceição. Brahimi e Corona, dois dos principais desequilibradores dos azuis-e-brancos, tinham saído por lesão e Marega, regressado e com poucos minutos em campo, nada acrescentava ao jogo ofensivo do FC Porto.

Até que perto dos 90 minutos veio o balde de água fria no Dragão. Num lançamento de linha lateral para o a equipa forasteira, a bola foi interceptada por Diogo Leite, mas escapou para Welthon. Este, com todo o tempo do mundo, fez o que quis. Dominou e assistiu Davidson, operando a reviravolta impensável.


Os campeões nacionais acordaram depois do terceiro golo, mas já era tarde demais. Óliver, numa jogada fenomenal, rematou à figura de Douglas. Marega e André Pereira, logo de seguida, desperdiçaram uma soberana oportunidade e a terminar o tempo de descontos, Herrera e Maxi, noutro lance, não fizeram melhor do que os seus antecessores.

Com este resultado, o FC Porto perdeu uma oportunidade soberana de ganhar dois pontos aos seus rivais directos e só se pode queixar de si próprio. Para além de ter tido uma postura pouco digna de um campeão nacional, a equipa azul-e-branca vai ter que repensar muito bem sobre a sua conduta e a Sérgio Conceição exige-se que opere mudanças imediatas porque há, com certeza, jogadores que querem mostrar o seu valor e reclamam a sua oportunidade.

Uma derrota justíssima, perante uma equipa que, para além de ter sido prejudicada pela equipa de arbitragem, soube manter a sua filosofia e procurou a sua sorte, num jogo que deve servir de claro aviso à navegação portista. O FC Porto recebe o Moreirense, no próximo Domingo e aos Dragões exige-se, nada mais, nada menos que os três pontos de uma forma convincente.





DECLARAÇÕES

Sérgio Conceição: "Temos de fazer mais e melhor"

Pouco FC Porto
“Faltaram-nos algumas coisas importantíssimas, mesmo quando estávamos a ganhar 2-0. Podíamos e devíamos ter feito mais. Apesar de o Vitória não ter criado perigo na primeira parte, estivemos lentos na circulação, além de ter faltado agressividade ofensiva e rapidez no nosso jogo. Independentemente do 2-0, faltaram-nos algumas coisas. O que senti depois disso é que deixávamos passar o tempo, sem sermos a equipa agressiva e intensa que somos habitualmente.”

Derrota justa
“Foi a primeira derrota em casa para o campeonato desde que sou treinador do FC Porto e há coisas que temos de rever e pensar. Também temos de pensar naquilo que nos levou a ganhar o campeonato na época passada e que neste momento não estamos a fazer. Temos de nos olhar olhos nos olhos e falar sobre o que não estamos a fazer. Por aquilo que fizemos neste jogo, a derrota é justa.”


Sem desculpas
“Não há desculpas, temos de fazer mais e melhor. Não sei se o Brahimi e o Corona contraíram lesões ou não, mas alguma coisa foi. A própria equipa não foi ao encontro do que eu estava à espera. Os jogadores que estiveram em campo tinham qualidade suficiente para segurar a vantagem ou até fazer mais golos. Uma das caracerísticas da nossa equipa é que não tira o pé do acelerador mesmo a ganhar. É preciso ter humildade e respeito pelo adversário, independentemente do resultado. Essa é a base. Depois do 2-0, senti a equipa com pressa que acabasse o jogo, sem alegria e sem prazer. É a análise que faço e já o disse aos jogadores.”

O apoio dos adeptos
“Isso é bom, faz bem ao ego, mas temos de ser nós a puxar pelos adeptos, a agradecer o apoio e a justificar a presença de quase 50 mil pessoas no Dragão. O público merecia outro tipo de atitude e de imagem neste jogo.”



RESUMO DO JOGO

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