24 agosto, 2007

E se o meu pai fosse benfiquista?

Esta é uma pergunta que me passa pela cabeça muitas vezes.

Quando nasci, o FC Porto preparava-se para ganhar a Taça dos Campeões Europeus. Foi a partir daí que o FC Porto cobrou outro protagonismo. Começamos a ganhar tudo o que era possível ganhar, e desde então, são títulos atrás de títulos, alegrias atrás de alegrias.

Se eu tivesse sido do Benfica, não saberia o que é ver os meus ídolos levantarem uma taça dos Campeões Europeus, uma taça UEFA, uma taça Intercontinental. Não teria festejado o Penta.

Não estaría hoje a escrever este post, se calhar até nem ligaria ao futebol, porque para ver o meu clube perder, então seria sócia do Paris Saint Germain, que está mais perto de minha casa!

Se o meu pai não tivesse sido portista, eu também talvez não o seria hoje, mas muitas vezes digo-me, que teria mudado de clube (e não importa se o meu pai me deserdasse lol), porque eu gosto de vangloriar-me de tudo o que diz respeito a Portugal (menos a selecção, que é desilusão atrás de desilusão), e se eu fosse benfiquista, acho que era mais vergonha que eu sentiria.

Por isso hoje agradeço ao meu pai o facto de eu ser portista, mesmo se às vezes é difícil ter que aguentar certos comentários, desprezos e mentiras. Mas assim, pelo menos, gasto o dinheiro em bilhetes para jogos, e não para remédios contra a azia.

10 comentários:

  1. Belo. No meu caso foi ao contrário. De ouvir ao meu velho tanta palermice pegada acerca do glorioso, dei-me por mim a pensar: Se for dor Benfas ficarei lunático??? É melhor não arriscar. Quem é que foi mesmo que à dia ganhou uma liga dos campeões com um golo de calcanhar???? Deve ser uma grande equipa. E veste de Azul??? Belo, sempre tive um gostinho especial por esse tom... Nunca me arrependi por tão genial escolha que só me proporciona belos momentos.

    Abraços

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  2. Bem, o meu avô era boavisteiro, nasci numa família de boavisteiros só que o meu pai chateou-se e tornou-se portista e saí a ele.

    Tenho um primo meu com os pais benfiquistas e ele é portista, isso não quer dizer nada, poderias ser portistas na mesma.

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  3. Cara colega

    O teu post refere um tema muito interessante, isto é, a importância que o factor "família" tem na escolha do clube por parte de uma criança...
    Confesso que, por vezes, me faz alguma confusão escolher o clube por motivos familiares, na medida em que acho que um clube deve traduzir um sentimento de pertença a algo,isto é,ser de um determinado clube significa sentir uma identificação com o próprio!
    No meu caso,mais de 90% da minha família é benfiquista e sportinguista.Admito que o meu 1ºclube não foi o FCPorto(não,não foi o Benfica...), no entanto, desde cedo aprendi a admirar o FCPorto e o seu presidente.Trabalho,humildade,persistência e competência são características que muito valorizo...talvez também por isso, o meu sentimento de pertença ao clube seja cada vez maior...

    Cumprimentos

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  4. Eu posso dizer que nasci sem clube. Apesar de o meu pai ser Portista, nunca sequer transpareceu esse gosto pelo Porto.

    Manteve-me isento, distante dos gostos dele e deu-me a escolher, sem me deixar aperceber que ele era adepto do Porto, sem me influenciar, sem me guiar.

    Por influencia dos meus colegas de escola, sendo do Estoril, era tudo benfiquista e por esses caminhos andei uns anitos na minha infância inconsciente.

    Lembro-me então de já com 7 ou 8 anos começar a ver os jogos de futebol na televisão, e lembro-me de nessa altura, ver os jogos que iam passando, fosse benfica, sporting ou Porto.

    Mas fui ganhando um gosto especial pelo Porto, talvez fossem os jogadores, talvez fosse a camisola, talvez fosse o dragão sendo eu do ano do dragão, não sei... sei que cresceu em mim e cresceu cada vez mais e continua a crescer.

    Lembro-me de em 87 já assumidamente portista, com 11 anos ter visto a final de Viena com o meu pai e com o meu irmão de 8 anos. Lembro-me de mais tarde o meu pai nos acordar perto das 3 da manhã para vermos a Taça Intercontinental contra o Peñarol. E assim fui vivendo todos os êxitos do mágico FCP.

    O meu próprio pai, muito por causa dos filhos, foi ganhando aquele bichinho e tornando-se cada vez mais portista e anti-benfica à imagem dos filhos :). E atenção que ele nutria alguma simpatia pelo benfica, simpatia essa que perdeu com o passar dos anos e com o repetir de situações que para isso contribuíram. Eu próprio lembro-me de ter celebrado vitórias do benfica na Europa, mas perdi esse gosto devido ao comportamento dos benfiquistas de uma forma geral.

    Quer a minha companheira, quer a do meu irmão, eram benfiquistas. Quer eu, quer ele, sempre lhes dissemos: "Nós vamos mostrar-vos a verdade dos factos e vocês mudarão automaticamente. Só queremos que tenham a mente aberta e que deixem o benfiquismo primário de lado ao analisarem as situações." Hoje em dia são ambas portistas convictas, e também muito anti-benfica. Não foi preciso muito, foi a convivência com a nossa realidade, com o nosso lado das coisas, sentir a diferenciação e a discriminação.

    É isso que faz de nós, portistas, diferentes. Nem sempre é a influência da família, pois em grande parte dos casos há a liberdade de escolha, como eu a tive. É a causa em si! É a luta constante contra as injustiças e camuflagens existentes. É sentir, é viver, é sofrer por algo superior, por algo único, por algo com sentido e conquistado, não algo adquirido.

    Bem, fico-me por aqui... já vai aqui um grande testemunho de um portista nascido e crescido no Estoril. :)

    Abraço!

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  5. @fokinha ...e não sofremos do mal da inveja
    @GM : A minha exp é muito parecida!eu podia ter escrito esse comentário.

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  6. Eh eh eh! Curta e grosa, destilando essa ironia que desarma os ciclistas com nome de freguesia, como diria o Blue Boy. Fokinha, um grande ABRAÇO ao teu progenitor. G'anda Homem:)

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  7. eu sou portista e o meu pai benfiquista. sempre tive liberdade de escolha em casa, e até comecei por ser benfiquista. nunca me chateei com o meu pai por causa da bola, embora por vezes discutamos de forma mais acesa um ou outro lance.
    é importante é que haja tolerância, qualquer que seja o assunto. e se a tivermos no futebol que é uma paixão difícil de controlar, teremos certamente noutras coisa bem mais importantes.

    abraços

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  8. Dear Paulo Pereira,
    Os seus textos são... únicos. Destilam ironia e também vapores etílicos. São em três palavras: con tun dentes!
    Eu pensava que (em Portugal... quiçá no mundo!) já não havia homens com a dimensão intelectual do meu José. Pois enganei-me. O Paulo é (quase) tão inteligente quanto o meu querido esposo.
    Aliás aproveito esta tribuna (são 100 mil, fuck) para dizer que, quando o meu José falecer - dada a quantidade de diuréticos que ele ingere, tenho a esperança que se fine antes de mim -,desejo casar-me consigo.
    Yours sincerely,
    Lady Betty

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  9. Fokinha, deus me livre... dasseee!
    Ainda bem que o teu Pai teve juízo e deu-te uma boa educação.
    Imagina só que caso não tivesse passado por ti um desses laivos de sábia sabedoria, a esta hora, andarias a ver TV a p/b e com um ar de invejosa e ridicula.
    Por isso, a minha admiração... somos ENORMES, carago!
    JiNhOs,
    http://bibo-porto-carago.blogspot.com/

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  10. Aqui PortoMaravilha !

    Chamo-me Nuno Rocha. Mas como verifiquei que todas e todos que participam neste blog tinham um nome virtual decidi também escolher um.

    Optei, pois, por PortoMaravilha que, desculpem a modéstia, me parece o mais bonito de todos !

    Espero que tenham gostado dos meus comentários, no que diz respeito ao artigo da revista ( e seu site )francesa sofoot. Mais uma vez peço desculpa àquelas e àqueles que não compreendem o Francês ! Traduzir um artigo é uma trabalheira.

    A este respeito : O meu último comentário não aperece nos comentários directos, mas nos comentários diferidos. Os redactores de sofoot devem andar às aranhas, convencidos que, em França, a emigração Portuguesa é toda bacoca, isto é, benfiquista. (Risos !)

    O comentário ao qual respondo é muito pertinente . Levanta uma problemática bem interessante. A identificação e a escolha do seu clube.

    Bravo!

    Eu nasci no Porto. Na rua da Constituição. Muito perto do antigo campo do Porto ! Moro e vivo em França há muitos anos. Creio que tenho idade para ser avó de muitos participantes neste óptimo blog.

    Os meus pais não eram grandes amadores de futebol. Mas explicaram-me a significação e a história do nome das ruas. Sobretudo o meu pai.

    Quantas cidades em Portugal têm um nome de rua com o nome Constituição ?

    E Porquê ? E Porque não ?

    Foi, sem dúvida, isso que me fez tornar um portista !

    E Pronto !

    PortoMaravilha

    Ah ! Esqueci : Se aborreço digam !

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