Hoje, em Aveiro...

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Ao longo das últimas semanas tenho lido tanta coisa na imprensa Nacional, sobretudo a cor-de-rosa, sobre o nosso novo treinador, que não resisto a começar o post com uma curiosidade genealógica que, creio, ainda não foi abordada. Este senhor na foto aqui ao lado chama-se Eduardo Carvalho Kendall.

Quem tem estudado com afinco as belíssimas lições de História do FC Porto que nos têm sido oferecidas pelo mestre Dragão Azul Forte deve lembrar-se de que fez parte da primeira equipa do FC Porto, em 1893, juntamente com o seu irmão mais novo, Alfredo (quem não se lembra, pode cabular aqui).

O avô destes senhores tinha um irmão chamado Samuel Joseph Windhorst Kendall, em cuja descendência aparece, cinco gerações depois, nada menos que Luís André de Pina Cabral e Villas-Boas. Ou seja, apesar de muito se ter já escrito sobre o sangue azul e a história da família do mister, tem ficado de fora o detalhe mais relevante: Villas-Boas está ligado por laços de parentesco, ainda que afastados, à fundação do Futebol Clube Porto. Olhem bem para a foto ao lado e vejam se não notam as semelhanças: a inquestionável elegância, o porte impecavelmente altivo, a postura de vencedor :)

Postura essa que espero ver confirmada já a partir de hoje, quando tudo recomeça. E que recomeço, contra o nosso principal adversário, que entrará em campo de camisola enfeitada com um adereço que nos pertence. Apesar da pré-época pouco conseguida, estou confiante. Para ser franca, pré-épocas não me assustam nem me entusiasmam. A pré-época é a altura certa para errar, experimentar, inventar, perder se for preciso. Hoje (20h45) já não. Hoje é a sério e queremos vir de Aveiro com o nosso palmarés um pouco mais recheado.

Além da motivação extra que sempre envolve um clássico, confesso que nutro um carinho especial pela Supertaça. É a primeira competição da época, a inauguração das hostilidades. É sempre saboroso entrar já a ganhar e a festejar, parece que já lança o mote para o resto da temporada. Isto apesar de, historicamente, a equipa que ganha a Supertaça Cândido de Oliveira acabar por perder, na grande maioria dos casos, o campeonato seguinte. Mas o que é a estatística perante a expectativa de uma época fresquinha, acabadinha de preparar por um treinador de cujos métodos se dizem maravilhas?

Mas a principal explicação para este meu apreço pela Supertaça é o facto do seu palmarés ser um espelho exacto do domínio azul e branco no futebol português das últimas três décadas. Das 31 edições da competição, estivemos presentes em 25 e vencemos 16 – mais do que os outros clubes todos juntos. É lindo. Hoje carimbaremos a nossa 26ª presença e, espero, conquistaremos a 17ª Supertaça, assegurando que o seu histórico continue a ser o reflexo do FC Porto desde Pedroto. Esta é a nossa taça. A sua tampa é o nosso chapéu. Temos que trazê-la para casa.

É também com a partida de hoje que começa a cruzada pela reconquista de tudo o que nos ficou preso na garganta em 2009/10. Não vai ser fácil. Para os nossos adversários enc@rnados, esta será uma época de sim ou sopas, uma época que definirá se 2009/10 foi um acidente como 2004/05 ou se estão realmente a regressar aos famigerados tempos de glória pré-liberdade. A comunicação social sabe disso, a Liga também. Neste último caso, com o Dr. Fernando Gomes (cuja competência sempre admirei, apesar de ter ficado desiludida com o timing da saída) e já sem o Ricardo Costa, quero acreditar, até prova em contrário, que não seremos alvo de perseguição. Mas ainda assim não será fácil. Teremos de jogar dez vezes melhor do que os nossos adversários para vencer. Ou seja, nada que nunca tenhamos feito antes. E nada que não possamos esperar do primo de dois dos nossos “fundadores” :)

Caros jogadores e equipa técnica: acabou a margem de erro. Nesta casa só servem vitórias. Vereis que somos exigentes – esperamos tudo de vós, porque damos tudo de nós. Estamos sempre ao vosso lado e recompensamos condignamente quem faz por merecer.

Boa sorte. E até logo, em Aveiro.