http://bibo-porto-carago.blogspot.com/
Consta que o maior treinador de sempre do futebol português, para quem esteja desmemoriado, José Maria Pedroto, defendia uma teoria simples: enquanto tivermos a bola, ninguém nos marca um golo.
Está bom de ver que nunca lhe tinha acontecido o mesmo que ao Marinho Peres quando treinava o Guimarães na década de 80.
O Vitória tinha acabado de ser eliminado da Taça Uefa, nos quartos de final, pelo Borussia Mönchengladbach. O director do clube encontra o bom do brasileiro – bom enquanto treinador e pessoa, já que a história conta que quando jogador, batia até na própria sombra – sentado, agarrado à cabeça e tenta-o confortar: ”O que é lá isso? Fizemos a melhor campanha de sempre do clube numa taça europeia – o Vitória tinha eliminado o Sparta de Praga, o Atlético de Madrid e o Groningen - e o Mister está nesse estado?”
Marinho Peres levanta a cabeça, olha fixamente para o dirigente e diz-lhe: “Você não está entendendo, eu estou é a pensar quem é que vou pôr a cobrir o Heitor no próximo jogo.”
Ora, o Heitor era o defesa esquerdo da equipa do Vitória. Bom jogador e exímio marcador de livres que, naquele jogo, tinha marcado dois golos, mas na própria baliza.
Infelizmente, por esse tempo, já o Pedroto tinha ido treinar uma equipa qualquer lá no céu e, de toda a forma, o boné tinha mais poderes que os santinhos de que Marinho era devoto. Azar não era problema, logo a teoria da bola estar mais bem entregue quando na nossa posse não estava posta em causa.
Vem esta converseta a propósito da maneira como o Porto joga esta época.
Apesar de eu ser apreciador dumas belas correrias pelos flancos e duns centros tensos bem esgalhados, gosto muito do futebol “bem apuradinho” que estamos a apresentar.
Irrita-me o futebol “fast-food” dos dois ou três passes no meio-campo e vai de despachar rapidamente a bola para a frente. Nada disso. É preciso que cada cozinheiro dê o seu contributo para o prato que vai ser servido. E não é uma questão de levar mais ou menos tempo para chegar à baliza adversária: é o tempo necessário.
Este ano o que mais me tem impressionado é a sensação de que há um plano, que cada passe, cada simulação tem um objectivo preciso. Não há jogadores perdidos em campo, não há passes para o Hulk ou outro qualquer esperando que eles resolvam o que tem de ser resolvido por todos.
Ao ver os nossos jogos, tenho-me lembrado da célebre resposta do Zé do Boné quando lhe perguntaram como seria o jogo que o Porto ia fazer no domingo seguinte: “Bom, a gente leva a nossa bola, se eles quiserem jogar que tragam a deles”.
PS - fartei-me de dizer mal do Maicon. Enganei-me redondamente. Ou muito me engano ou ele vai ser a revelação do campeonato. A exibição dele no jogo contra o Nacional, por exemplo, foi absolutamente extraordinária. Temos homem.
Está bom de ver que nunca lhe tinha acontecido o mesmo que ao Marinho Peres quando treinava o Guimarães na década de 80.
O Vitória tinha acabado de ser eliminado da Taça Uefa, nos quartos de final, pelo Borussia Mönchengladbach. O director do clube encontra o bom do brasileiro – bom enquanto treinador e pessoa, já que a história conta que quando jogador, batia até na própria sombra – sentado, agarrado à cabeça e tenta-o confortar: ”O que é lá isso? Fizemos a melhor campanha de sempre do clube numa taça europeia – o Vitória tinha eliminado o Sparta de Praga, o Atlético de Madrid e o Groningen - e o Mister está nesse estado?”
Marinho Peres levanta a cabeça, olha fixamente para o dirigente e diz-lhe: “Você não está entendendo, eu estou é a pensar quem é que vou pôr a cobrir o Heitor no próximo jogo.”
Ora, o Heitor era o defesa esquerdo da equipa do Vitória. Bom jogador e exímio marcador de livres que, naquele jogo, tinha marcado dois golos, mas na própria baliza.
Infelizmente, por esse tempo, já o Pedroto tinha ido treinar uma equipa qualquer lá no céu e, de toda a forma, o boné tinha mais poderes que os santinhos de que Marinho era devoto. Azar não era problema, logo a teoria da bola estar mais bem entregue quando na nossa posse não estava posta em causa.
Vem esta converseta a propósito da maneira como o Porto joga esta época.
Apesar de eu ser apreciador dumas belas correrias pelos flancos e duns centros tensos bem esgalhados, gosto muito do futebol “bem apuradinho” que estamos a apresentar.
Irrita-me o futebol “fast-food” dos dois ou três passes no meio-campo e vai de despachar rapidamente a bola para a frente. Nada disso. É preciso que cada cozinheiro dê o seu contributo para o prato que vai ser servido. E não é uma questão de levar mais ou menos tempo para chegar à baliza adversária: é o tempo necessário.
Este ano o que mais me tem impressionado é a sensação de que há um plano, que cada passe, cada simulação tem um objectivo preciso. Não há jogadores perdidos em campo, não há passes para o Hulk ou outro qualquer esperando que eles resolvam o que tem de ser resolvido por todos.
Ao ver os nossos jogos, tenho-me lembrado da célebre resposta do Zé do Boné quando lhe perguntaram como seria o jogo que o Porto ia fazer no domingo seguinte: “Bom, a gente leva a nossa bola, se eles quiserem jogar que tragam a deles”.
PS - fartei-me de dizer mal do Maicon. Enganei-me redondamente. Ou muito me engano ou ele vai ser a revelação do campeonato. A exibição dele no jogo contra o Nacional, por exemplo, foi absolutamente extraordinária. Temos homem.
Pois é, o bom cozinheiro esmera-se na iguaria que prepara. Não é às “três pancadas”…
ResponderEliminarO AVB tem princípios de bom confeccionador de equipas. E, em cada oportunidade, aperfeiçoa o paladar com novos condimentos. O “cozinhado” não está na sua versão final, mas lá chegaremos.
Também me engano mas, desde que veio para o FC Porto, acreditei que Maicon iria ser um central de grande qualidade. O Villas-Boas apresentou-o como um “aperitivo” nesta equipa; estou crente que, no futuro, vai ser um bom “manjar” para outra equipa europeia, numa “mesa” em que o FC Porto é pródigo em bons “petiscos” para vender.
Um abraço.
É, meu caro Pedro, nós os menos novos, gostamos desse futebol apuradinho, como dizes, de toque, tricotado, uma espécie de teia de aranha que vai envolvendo o adversário até lhe dar a estocada final. É esse o nosso ADN que se perdeu com Jesualdo, mas está a ser recuperado por Villas-Boas.
ResponderEliminarUm abraço
O modelo de jogo e o espírito de entreajuda entre todos está de volta ao nosso clube. Um por todos e todos por um.
ResponderEliminarO final de ciclo q tanto pedi (eu e muitos outros) afinal era mesmo uma necessidade.
Este POrto é de outra casta, de outra fibra. Marca AVB.
"fartei-me de dizer mal do Maicon"
ResponderEliminarTambém eu !
Mas não me importo nada de me enganar desta forma. Temos central.
Contra toas as expectativas vai sai mais depressa o Rolando do que o Maicon para entrar o argentino.
Meu caro Pedro,
ResponderEliminarEu cá, contra o Nacional, apesar de não ver um jogo por aí além, vi ainda outra coisa mais do que o "futebol bem apuradinho".
Vi a forma organizada da equipa quando defende. É verdade que gosto de ver a pressão bem lá em cima (à Lisandro Lopez) mas a forma como o PORTO " vai envolvendo o adversário" (permita-me Vila Pouca) até lhe roubar a bola - ou até este desistir dela - é algo que me tem deixado "impressionado".
Cumprimentos
Como é que em 9 jogos se percebe que temos central!!!???Vamos ter calma e nao enbandeirar um par de prestaçoes aceitaveis acima de uma mediania que era a sua imagem de marca para se fazerem juizos mais validos sobre a competencia...A equipa tem sofrido pouco golos porque a maneira como se posiciona nao propicia ao adversario grandes veleidades, no entanto nao tem faltado oportunidades ao adversario...uma defesa e por consequencia os seus equilibrios defensivos nao se avaliam pelo nº de golos sofridos mas pelo nº de quantidade propiciadas aos rivais e nisso o Porto nao se tem livrado de um bom par de sustos incluindo algumas jogadas passiveis de grande penalidade e como tal nao estou assim tao satisfeito com a prestaçao..No entanto concordo que o salto qualitativo dado por Maicon ao ter maior nº de minutos e evidente e pode augurar margem de crescimento para niveis proximos da nossa escola de compretencia em formar centrais...
ResponderEliminarAtençao que Maicon com esta idade é bem mais central que aquilo que era Bruno Alves!!
é verdade ... os menos novos (os que nasceram no estadio das antas) realmente tinham saudades de um futebol mais elaborado. Penso que ainda temos muito trabalho mas temos tambem, materia prima para afinar ainda mais.
ResponderEliminarSobre o Maicon ... só tenho a dizer uma coisa ... mais do mesmo. Não há clube como o nosso a formar DC ... e acho que o PC quando dava uns pontapés na bola jogava nessa posição. Será por isso ??? :)
Um abraço
http://fcportonoticias-dodragao.blogspot.com/
Oh Vila Pouca, não são SÓ os menos novos que gostam de futebol apuradinho, até o meu primo de 5 anos de idade gosta, ora essa! Lá se vai o cheque! :)
ResponderEliminarPedro, quando dizes "...é a sensação de que há um plano" dizes tudo, é isso mesmo, nota-se que há plano, elaboração, estratégia e não um chorrilho de jogadas aleatórias! Dá-lhes Poooorto!
Saudações
Espirito Guerreiro....VÁMOS AO RESGATE... PORTISTAS
ResponderEliminarCaro Bruno Rocha:
ResponderEliminarEu escrevi "estou crente que, no futuro, vai ser um bom “manjar”..." o que corresponde a dizer sobre Maicon: acredito que vai ser um bom central. É que, tal como a equipa, Maicon ainda está em tirocínio. Agora que promete, isso promete. O Pedro Marques Lopes, com o que escreve, traduz a mesma esperança.
Já agora vale a pena lembrar: quando o Bruno Alves e o Pepe começaram a ser titulares, ninguém entre adeptos os queria a jogar. Depois…
A história não se repete, mas há muitas estórias semelhantes.
Um abraço.
ora nem mais pEDRO, é tal e qual como eu o vejo, arrumadinho, sem grandes folclores exibicionais, mas sólido, personalizado, qual esquema feito a régua e esquadro, concerteza com muito ainda para nos dar... por ora, já chega e sobra pa deixar a «triste» e ridicula concorrência ao fundo, bem ao fundo desta maratona.
ResponderEliminarpenso não existirem até este momento, dúvidas para nenhhum de nós... temos ali matéria prima para construir um «enorme» Dragão que vai conquistar a muito breve prazo, quero crer, tudo e todos, quer «eles» queiram, quer não queiram... vão ter mesmo que seguir caminho, mamando na 5ª pata do cavalo e mai'nada!!!
BOAS:
ResponderEliminarPois é , cada vez que vejo este Porto a jogar, lembra-me aquele grande Porto das tardes de Domingo no velhinho e mui querido estadio das Antas, acho que independentemente de qualquer resultado, para já ganhamos uma equipa que recupera a nossa "MISTICA" e a trasporta para o campo.
Temos um grande Homem à frente do nosso Clube e agora um também à frente da nossa equipa.
Ser PORTISTA é uma benção que não se pode partilhar.
Pedro, muito bom o teu post!
ResponderEliminarEstou completamente de acordo com tudo o que aqui nos deixas-te!;)
BIBÓ PORTO