25 novembro, 2010

Treinadores

http://bibo-porto-carago.blogspot.com/

Há quem diga, e com propriedade, que não há grandes treinadores sem grandes jogadores. Já aqui disse, e por mais duma vez, que os grandes treinadores conseguem fazer de jogadores apenas vulgares bons jogadores, e que, em muitas circunstâncias, são capazes de melhorar os que já são foras de série.

Por outro lado, a história do futebol está cheia de talentos que foram desperdiçados por treinadores negligentes, corruptos ou simplesmente incompetentes.

Estou capaz de sacar do meu livrinho de lugares-comuns e dizer que não há grandes treinadores sem grandes presidentes ou, pelo menos, sem excelentes organizações.

O nosso clube é, arrisco dizer, o melhor exemplo do mundo desta verdade de La Palisse. O que se disse sobre os jogadores, pode-se dizer no FC Porto sobre treinadores: os que tinham condições para ser extraordinários treinadores conseguiram sê-lo aprendendo no Porto, e até treinadores vulgares conseguiram passar a ter estatuto de grandes depois de passarem pela nossa casa.

Também podia referir o papel que o FC Porto tem tido na formação de treinadores mesmo sem que muitos não tenham tido a sorte de o ser na nossa equipa principal ou mesmo nos outros escalões. Rapazes que, enquanto jogadores, perceberam a importância do trabalho, da organização, do profissionalismo em tudo o que se faz. Basta ver quais são os treinadores portugueses de topo que foram profissionais do Porto ou das outras equipas do futebol português: quem são os Jorges Costas e os Domingos dos nossos adversários?

Pois é, as conversas são como as cerejas. Queria-se escrever sobre uma coisa e vão saindo outras. Queria-vos falar da importância da organização e de como ela se sobrepõe quase sempre ao próprio papel dos treinadores. Ou doutro modo, como a organização pode contribuir para que um treinador seja melhor ou consiga corrigir as eventuais falhas dum técnico.

Um bom exemplo é a quantidade de jogadores desperdiçados.

Não há, aliás, adepto de clube de futebol que já não tenha barafustado e insultado o treinador da sua equipa por achar que o jogador x ou y estava a ser desperdiçado, ou que pensasse que o jogador a ou b não devia estar a jogar pelo seu clube. Aqui o vosso consócio, por exemplo, está convencido que ficou assim a atirar para o descapotável por causa das vezes em que perdeu a cabeça com as escolhas de alguns treinadores... mas isto são contas de outro rosário...

Nós, portistas, muitas vezes olhamos para os nossos principais adversários e fartamo-nos de rir com o número de jogadores que eles desperdiçaram e que a nós nos deram um jeitão. A lista é enorme, mas bastam meia dúzia de nomes: Deco, Maniche, Futre, Águas, Kulkov, Yuran Varela, Pepe, entre muitos mais e só falando de competidores internos.

Agora o meu caro Amigo Dragão, ponha-se do outro lado e pergunte-se quais os jogadores que deixamos sair por meio litro de mel coado e se tornaram grandes estrelas nos nossos adversários. Mais, acrescente a competição externa. Pois é... os mais memoriados lembrar-se-ão do Diego e do Fabiano. Talvez, mas quanto ao Diego havia muito que dizer – para mim nunca seria um jogador à Porto- e o Fabiano nunca foi de facto jogador do nosso clube.

Houve treinadores que não gostavam deste ou daquele jogador. Contaram-me, por exemplo, que o Ricardo Carvalho esteve a segundos de ser dispensado; que houve grandes resistências à contratação do Jardel; que havia quem dissesse que o Deco tinha demasiados problemas (???); enfim, historietas que não passam disso e que carecem de confirmação.

Lembro também jogadores que vieram a ser grandes estrelas do nosso clube e que foram ignoradas por técnicos. Jogadores que passaram épocas inteiras no banco e só na época seguinte explodiram. Jogadores que assobiávamos (ai o Pepe, as vezes que eu o insultei e toda a família dele) e que os treinadores iam ficando com medo de os colocar.

Farto-me de rir quando ouço aquelas afirmações grandiloquentes dos dirigentes a dizer que quem manda no futebol dos respectivos clubes são os treinadores. Que todas as contratações e dispensas são por ordem do treinador.

Ninguém nega a importância do papel do treinador, mas os treinadores passam e o clube fica. A nossa casa é demasiado importante para ser deixada nas mãos dum qualquer técnico que hoje está cá e amanhã não está. É por isso que no Porto os treinadores são sempre (eu sei, quase sempre) bons: é que ele é só mais uma peça na engrenagem.

5 comentários:

  1. Os treinadores são, de facto, parte de um todo e indissociável dele. Fazem parte de uma engrenagem, de uma organização que trabalha com um fito comum a todos os seus membros.

    O FC Porto teve, no passado, grandes treinadores, vinham cheios de fama e o proveito era pouco. Faltava organização… Pinto da Costa teve, nesse particular, um papel decisivo. Veja-se, por exemplo, o que disse do período de antes da sua tomada de posse como Director do Departamento de Futebol em 1976:

    "É demasiado ténue a fronteira entre o que pode ser correcto e o que pode implicar um verdadeiro desastre, desportivo ou nas relações humanas. É crucial perceber onde passa essa linha divisória tantas vezes definida por pequenos detalhes aparentemente sem importância, mas capazes de gerar grandes equívocos.
    Vejamos uma situação concreta: era para mim errado que o futebol, mola real do clube, fosse discutido em mesas redondas e as decisões tomadas na pluralidade de um elenco de 24 pessoas. Por mais estranho que isso possa hoje parecer, era assim que funcionava o FC Porto, mesmo nas grandes decisões como, por exemplo, a escolha do treinador. Isto permitia situações completamente absurdas, como a maioria poder decidir contra a vontade dos responsáveis do futebol. Havia questões levadas a plenário e decididas pela margem mínima de um voto.”

    Claro, isto levava a que, muitas vezes, por um voto se deliberasse mal, com prejuízo dos interesses do clube. Como as coisas mudaram!

    Um abraço.

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  2. Grande mérito da estrutura, obviamente, mas fundamentalmente desse homem que percebe muitooo de futebol, JNPCosta.

    Mas q o André é especial, disso eu nunca duvidei. Acreditei nele muito antes de estar no Porto.

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  3. oitavos taça portugal em futebol

    dia 11 e 12/12

    FCP-J.ÉVORA (II div.)

    em dezembro de 97 para a taça de Portugal 97/98 (16 avos) ganhamos por 9-1 a este J.Évora com 7 golos de Jardel em 45m (um deles "de letra"), ao intervalo estava 2-1 e jardel entrou e fez 7 golos!

    http://www.youtube.com/watch?v=PNHgsNc6E6g

    http://www.youtube.com/watch?v=BgQ7E5bRb40

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  4. Também não será tanto assim! Ou talvez seja exactamente assim: se a peça não couber, a engrenagem plissa.. - Já tivemos vários exemplos de treinadores com pergaminhos (Fernandez, p.ex.) que não conseguiram encaixar...Então, a casa também não é assim tão universalmente boa; tem um esquema e sabe que esse esquema funciona, então, quem quiser servi-la que se adapte! E, é assim com jogadores e treinadores. Alguns, poucos, maiores que o tempo (Robson, p.ex.) vão polindo arestas, e melhorando o clube...- Não estou com isto a dizer que é mau método; é até um muito inteligente, e tivessem os governos de Portugal feito isso e não estaríamos a penar tanto...
    Quanto ao futuro mais recente, e não querendo tirar das suas palavras um atestado de mediocridade sobre o Jesualdo, o AVB -de quem estou a gostar muito - está a saber aproveitar bem o trabalho do seu antecessor (Hulk, p.ex.)...Então, como portistas acho que devemos não só ver as qualidades organizativas do clube, mas deixar uma palavra de apreço e reconhecimento pelos treinadores que com um trabalho honesto têm passado pelo clube ...

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  5. Vejam a música que os cabrões dos lagartos têm para o João Montinho,...(..http://www.youtube.com/watch?v=1QU-G45uRVk&feature=player_embedded....)Sabádo temos de apoiar como nunca o nosso clube.Avante PORTO!!

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