29 janeiro, 2011

Capítulo 3: 1921 a 1930 – Primeiro clube a conquistar títulos de âmbito nacional (Parte XI)

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FCPorto – Dragões de Azul Forte
Retalhos da história, conquistas e vitórias memoráveis, figuras e glórias do
F. C. do Porto


Capítulo 3: 1921 a 1930 – Primeiro clube a conquistar títulos de âmbito nacional (Parte XI)

Acácio Mesquita (Acácio Pereira de Mesquita, n. 18 Jul.1909 – m. 30 Mai.1945) – Aos 10 anos de idade o pai inscreveu-o como sócio do FC Porto e entrou na escola de infantis do clube, onde recebeu os ensinamentos de Abel Aquino.

• Era um atleta extraordinário tendo sido recordista (durante oito anos!) e campeão nacional do triplo salto, campeão regional do salto em comprimento, dos 110m barreiras e da estafeta 4x100m. Também jogava basquetebol, mas foi no futebol que mais se notabilizou como avançado-centro muito lesto a arrancar para as balizas adversárias. Dizem que parecia um foguete… Fantástico desportista, proporcionou momentos inesquecíveis aos adeptos portistas que o idolatravam. Por isso é considerado como o primeiro grande ídolo do FC Porto.

• Chegou à equipa sénior ainda com 17 anos e, pouco depois, alcançou a internacionalização. Fez o seu primeiro jogo pela Selecção Nacional na vitória contra a França (2-0), no Porto (Amial), em 23 Fev.1930, em que participou o também portista Waldemar Mota. Em 11.03.1934 envergou de novo a camisola das quinas em partida disputada com a Espanha.

• Foi um dos melhores jogadores do FC Porto no final da década de 20 e quase toda a de 30. Fazia com Waldemar Mota uma dupla atacante temível e, ao lado daquele e de Pinga, formou o famoso trio denominado "três diabos do meio-dia" que venceu o célebre jogo com o First de Viena e encantou o futebol nacional e de além-fronteiras.

• Foi dirigente do Clube na área do futebol e, nessa qualidade, mediou as transferências de alguns jogadores para o FC Porto.

• Morreu novo, com 35 anos, a sete antes da inauguração do Estádio das Antas. Como ele gostaria de ali ter jogado! Encontra-se sepultado no mausoléu do FC Porto no cemitério de Agramonte.

• Acácio Mesquita, um grande campeão, um ídolo inesquecível para os portistas, uma glória do FC Porto!

Carreira no FC Porto (equipa sénior)
1926 a 1936-37

Palmarés
1 Campeonato Nacional (1934-35)
2 Campeonatos de Portugal (1931-32; 1936-37)
12 Campeonatos do Porto

Siska (Miguel Siska) – Mihaly Siska (n. Budapest, Hungria, 4 Jan.1906 – m. Porto, 25 Out.1947), guardião memorável, de nacionalidade húngara, foi o primeiro grande guarda-redes estrangeiro que alinhou no nosso país.

• Chegou ao FC Porto, vindo do Vasas de Budapeste, pela mão do compatriota e treinador Akos Teszler. Na Hungria, além de jogar futebol, tinha a profissão de “mecânico-dentista”. A sua contratação gerou polémica no Clube e, numa mais polémica Assembleia-geral de 28 Ago.1924, os defensores do amadorismo puro foram derrotados pelos que defendiam o ingresso do guarda-redes. Mas, de facto, Siska não se assumiria como futebolista profissional, trabalhando na Sociedade dos Vinhos Borges & Irmão.

• No dia 23 de Novembro do mesmo ano, Siska disputou o seu primeiro jogo pelo FC Porto, contra o Progresso, no Bessa. O Porto venceu por 6-1.

• Com apenas 19 anos, ajudou o FC Porto, em 1924-25, na conquista do segundo Campeonato de Portugal para o emblema azul-e-branco. Alto, de grande envergadura física, é considerado por toda a crítica da época "o mais extraordinário guarda-redes visto em clubes portugueses" e tido como um dos melhores jogadores europeus na sua posição. No FC Porto ficou conhecido por “meia-equipa” pela sua importância no jogo.

• Muito dedicado ao seu clube de sempre, naturalizou-se português (12-03-1926) e escolheu o nome Miguel antecedendo o seu apelido. Modesto e sensato, inteligente e correcto, Siska foi exemplo de esmerada educação e amor clubista.

• Depois de jogador (retirou-se nos primeiros meses de 1934 por problemas de saúde) foi treinador e, após uma passagem pelo Sport Progresso, assumiu em Outubro de 1938 o comando técnico dos azuis-e-brancos vencendo os dois primeiros Campeonatos Nacionais da 1.ª Divisão (1938-39 e 1939-40) – 1.º Bicampeonato do FC Porto. Quando a doença cruel lhe atacou os pulmões o FC Porto empregou-o na secretaria como funcionário administrativo do clube até ao dia da sua morte (25-10-1947).

• Após a morte do ídolo, o clube organizou um festival desportivo, em que participou o Benfica, que rendeu 100 contos para a sua família.

• Miguel Siska engrandeceu, e de que maneira, o palmarés portista. Um grande ídolo e uma glória do FC Porto!

Carreira no FC Porto
Como jogador: 28-08-1924 a 1934
Como treinador: 14 Out.1938 a 1941/42

Palmarés
2 Campeonatos de Portugal e 9 Campeonatos do Porto (como jogador)
2 Campeonatos Nacionais e 2 Campeonatos do Porto (como treinador)

Eis aqui o estilo inconfundível de Mihaly Siska numa antecipação a um jogador do Sporting e numa saída perante Pedro Pireza do Barreirense

Volta a Portugal em Bicicleta
Abr.1927,
uma equipa do FC Porto participou na 1.ª Volta a Portugal em Bicicleta, tendo o portista Nunes de Abreu obtido o 2.º lugar numa prova ganha por António Augusto de Carvalho, do Carcavelos.







Época 1927-1928
Akos Teszler rumou a outro destino…
…para lá do Atlântico, demonstrando a sua insatisfação com o futebol português. E porque uma Assembleia-geral para o efeito convocada, decidiu recusar-lhe o aumento do ordenado mensal de 1000$00 (em Lisboa, havia já quem ganhasse o dobro!). Partiu para os Estados Unidos dizendo, definitivamente, adeus ao futebol e ao FC Porto.

Treinador interino - Alexandre Cal, velha glória de FC Porto, substituiu interinamente Akos Teszler no comando técnico da equipa. Fê-lo durante toda a época de 1927-28 e conquistou o Campeonato do Porto.








2 Set.1927 – Sebastião Ferreira Mendes, na presidência do FC Porto por um período curto (Set.1927 a Mar.1928), haveria de cumprir novo mandato em 1932/34.









Mar.1928 – Dr. Urgel Horta, sucedeu a Sebastião Ferreira Mendes para cumprir um mandato de um ano como Presidente. Pouco depois de tomar posse foi atribuído ao FC Porto o estatuto de Instituição de Utilidade Pública. Coube-lhe a contratação do treinador Yozhef Szabo que revolucionou o futebol do Clube e do País. Urgel Horta, homem com fortes ligações ao regime, assumiu a presidência do FC Porto em mais uma ocasião (1951/54).








13 Mar.1928: Instituição de Utilidade Pública
Depois das primeiras vitórias a nível nacional, da ambição e vitalidade que o clube mostrava, o FC Porto foi designado Instituição de Utilidade Pública por Decreto de 13 de Março de 1928, durante a presidência do Dr. Urgel Horta. Os governantes do país consideraram que o clube era merecedor da distinção.
  • No próximo post.: Capítulo 3 (Continuação) – Campeonato de Portugal 1927-28; primeiro jogo nocturno na Constituição; Joseph Szabo, um mágico revolucionário no futebol português; as peculiaridades de José Szabo.

8 comentários:

  1. Nem era preciso comentar para saber que li e gostei, como é óbvio. Mas comento, apesar de começar a faltar-me adjectivos para não repetir frases e palavras na apreciação... precisamente porque ao virar da meia noite, por estes dias, estou sempre a ver se há mais...
    Ah, e obrigado pelas suas palavras sobre o aniversário do m/ blog.
    Um abraço
    http://longara.blogspot.com/

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  2. Mais uma página magnífica da riquíssima história azul e branca, com o destaque, merecido, a três vedetas de outrora: Acácio Mesquita, Waldemar Mota e M.Siska.

    Um abraço

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  3. Acácio Mesquita o “primeiro grande ídolo do FC Porto” ainda tinha tempo e forças para se dedicar ao atletismo…!!! Que grande atleta, que grande campeão!
    Miguel Siska, “o meia equipa” foi de uma dedicação extrema ao n/Clube. Já tinha ouvido falar dele e sabia que era um guarda-redes extraordinário e uma fantástica pessoa. E também deu o seu contributo como treinador!

    E agora vem aí o treinador que revolucionou o futebol português, Yozhef Szabo, não é verdade?

    Um beijinho e BIBÓ PORTO!

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  4. Amigo Dragão Azul Forte, que bom que é ler os seus posts, a verdade é que não tenho conhecimento da história do nosso PORTO, e todas as semanas prenche mais um pouco da minha curiosidade...

    É pena, que atletas como estes, Acácio Mesquita e Miguel Siska tenham tido uma vida tão curta...

    BIBÓ PORTO

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  5. começamos a entrar já numa fase em que os nomes, me dizem já mais do que em tempos mais idos.

    quem nunca ouviu falar de Acácio Mesquita, Waldemar Mota e Miguel Siska???

    estes são daqueles nomes que estão gravados a letras d'oiro na nossa história que por muitos e muitos mais anos que se passem, sempre perdurarão.

    também tenho reparado que por aquelas alturas, (se calhar até era uma situação generalizada a toda a sociedade e não só ao futebol ou desporto), mas era muito comum estes nomes terem poucos anos de vida antes de nos deixaram, ainda que por múltiplas e variadas razões.... mas é um facto que se constata a cada leitura destes teus posts que são um ex-libris de importância, de valia, de conhecimento e porque não tb dizê-lo, de imensa e imensa pesquisa, que acredito, te deu/deve dar uma carga de trabalhos, só ao alcance dos muitos obstinados por uma causa tão nobre e honrada como esta.

    Fernando, força nisso, todos nós tamos contigo... até porque já ameaças tornar-te um «case-study» nesta área tão nobre... vai uma aposta?

    aBRAÇO

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  6. Siska é daqueles nomes q quem é Portista tem que saber com clareza a história e a glória que lhe estão associadas...como jogador e treinador...

    grande abraço

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  7. Mais um fantástico post! E as imagens, que delícia! :)

    Uma das coisas que mais me surpreende é o extraordinário ecletismo dos atletas da época. De se lhe tirar o chapéu!

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  8. Isto vai muito bem. Grandes no passado, presente e futuro

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