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É absolutamente inegável que Cristian Tello é um dos nomes mais bombásticos que chegaram ao FC Porto nos últimos anos. Vir de La Masia é garantia quase certa de qualidade e competência e além disso este extremo espanhol não se limitou a figura de corpo presente nos últimos anos de culé. Foi titular por diversas vezes, jogando quer à direita, quer à esquerda, marcando golos e assinando assistências, não destoando nem fazendo má figura numa das melhores equipas que o futebol já conheceu. Treinou-se e equipou-se ao lado de artistas como Xavi, Iniesta ou Messi, chegando a ser apontado como a nova grande promessa blaugraña.
Porque deixou o Barcelona, então, sair Tello para o FC Porto? Porque é que um clube que aposta forte nas suas camadas jovens não conseguiu encontrar lugar para este extremo de velocidade vertiginosa?
Exactamente porque a velocidade não é tudo. Nos casos, por exemplo, de Aaron Lennon ou Theo Walcott chega a ser prejudicial. Tanta velocidade atrapalha e parece sempre que a linha de fundo surge antes de tempo. Tratam-se normalmente de extremos de grande rotação, que não se importam de ligar o turbo durante os 90 minutos de jogo, que estão sempre a encarar o lateral e a partir para cima dele, fugindo invariavelmente para a linha de fundo.
O problema vem depois. A velocidade é tanta que até atrapalha. Demasiado concentrados na sua velocidade e em deixar para trás o adversário, este tipo de jogador parece que se esquece do resto do jogo e da equipa. Olhos no chão, cabeça baixa, posição curvada de sprinter. O defesa já ficou para trás, mas quando finalmente levantam a cabeça é normalmente aí que surgem os problemas. Quando surge o trinco ou central no encalço, infelizmente já a linha de fundo está próxima e por ali já não há saída ou velocidade que valha. Olham para a área e o ponta-de-lança ainda não chegou, incapaz de acompanhar a velocidade de foguete. O hábito de utilizar a velocidade é tanto que normalmente perdem aptidão para outros truques e malabarismos, nomeadamente a finta curta ou a simples simulação de corpo.
Tello poderá não encaixar totalmente nesse perfil, até porque tem à vontade no jogo curto, na tabela, na triangulação. Tem também habilidade com os dois pés e sabe enganar os adversários. Mas de facto parece faltar alguma coisa ao espanhol.
É curioso reparar que não joga com o ar de quem chegou de Barcelona. E isso tanto pode ser bom, pois revela humildade e atitude anti-estrela, como pode ser mau, pois transparece falta de confiança e insegurança. Apresenta-se na mesma como um miúdo, como se não tivesse enfrentado Camp Nou ou como se não tivesse jogado partidas importantes.
Aparenta ser um jogador solista. Não se tratará propriamente de um Quaresma, centrado no seu umbigo, no seu jogo e na sua prestação. Mas dá a ideia de que está em campo como um joker. A bola chega-lhe e ele actua como desbloqueador de jogo, não se embrenhando verdadeiramente no futebol da equipa. Paira pelo jogo, anda pelo relvado algo alheado. De repente, parece que liga as turbinas e aí vai ele em direcção á linha de fundo, passada larga, porte de campeão.
No entanto, pese embora já algumas assistências (Lille, BATE e em Lviv, por exemplo), fica a ideia que há demasiadas jogadas em que podia e devia fazer melhor. Foi assim em Alvalade. Foi assim em Guimarães. Foi assim também frente ao Shaktar. Foi assim também frente ao Boavista. Quando podia rematar, decidiu passar ou embrulhou-se com a bola. Quando podia passar optou pela finta ou remate.
Tello pode vir a ser um jogador absolutamente fundamental para o FC Porto de Lopetegui. Será um elemento determinante nos próximos dois anos, assim fique no clube. Terá, contudo, que se tornar mais preponderante: assumir sem medos o seu estatuto, pedir mais vezes a bola, cavalgar não apenas pela linha mas também pelo centro do terreno e, acima de tudo, melhorar a capacidade de decisão. Confiar no instinto. Se acha que deve rematar, que faça tudo para o conseguir. Se entende que deve passar, que o faça a tempo. O que não pode é chegar ao momento em que a porca torce o rabo e ficar indeciso entre o que deve fazer, perdendo as hipóteses de fazer uma ou outra coisa. Ainda está muito a tempo de ser um jogador fascinante e os portistas terão certamente prazer em avaliar a sua progressão.
Rodrigo de Almada Martins
Porque deixou o Barcelona, então, sair Tello para o FC Porto? Porque é que um clube que aposta forte nas suas camadas jovens não conseguiu encontrar lugar para este extremo de velocidade vertiginosa?
Exactamente porque a velocidade não é tudo. Nos casos, por exemplo, de Aaron Lennon ou Theo Walcott chega a ser prejudicial. Tanta velocidade atrapalha e parece sempre que a linha de fundo surge antes de tempo. Tratam-se normalmente de extremos de grande rotação, que não se importam de ligar o turbo durante os 90 minutos de jogo, que estão sempre a encarar o lateral e a partir para cima dele, fugindo invariavelmente para a linha de fundo.
O problema vem depois. A velocidade é tanta que até atrapalha. Demasiado concentrados na sua velocidade e em deixar para trás o adversário, este tipo de jogador parece que se esquece do resto do jogo e da equipa. Olhos no chão, cabeça baixa, posição curvada de sprinter. O defesa já ficou para trás, mas quando finalmente levantam a cabeça é normalmente aí que surgem os problemas. Quando surge o trinco ou central no encalço, infelizmente já a linha de fundo está próxima e por ali já não há saída ou velocidade que valha. Olham para a área e o ponta-de-lança ainda não chegou, incapaz de acompanhar a velocidade de foguete. O hábito de utilizar a velocidade é tanto que normalmente perdem aptidão para outros truques e malabarismos, nomeadamente a finta curta ou a simples simulação de corpo.
Tello poderá não encaixar totalmente nesse perfil, até porque tem à vontade no jogo curto, na tabela, na triangulação. Tem também habilidade com os dois pés e sabe enganar os adversários. Mas de facto parece faltar alguma coisa ao espanhol.
É curioso reparar que não joga com o ar de quem chegou de Barcelona. E isso tanto pode ser bom, pois revela humildade e atitude anti-estrela, como pode ser mau, pois transparece falta de confiança e insegurança. Apresenta-se na mesma como um miúdo, como se não tivesse enfrentado Camp Nou ou como se não tivesse jogado partidas importantes.
Aparenta ser um jogador solista. Não se tratará propriamente de um Quaresma, centrado no seu umbigo, no seu jogo e na sua prestação. Mas dá a ideia de que está em campo como um joker. A bola chega-lhe e ele actua como desbloqueador de jogo, não se embrenhando verdadeiramente no futebol da equipa. Paira pelo jogo, anda pelo relvado algo alheado. De repente, parece que liga as turbinas e aí vai ele em direcção á linha de fundo, passada larga, porte de campeão.
No entanto, pese embora já algumas assistências (Lille, BATE e em Lviv, por exemplo), fica a ideia que há demasiadas jogadas em que podia e devia fazer melhor. Foi assim em Alvalade. Foi assim em Guimarães. Foi assim também frente ao Shaktar. Foi assim também frente ao Boavista. Quando podia rematar, decidiu passar ou embrulhou-se com a bola. Quando podia passar optou pela finta ou remate.
Tello pode vir a ser um jogador absolutamente fundamental para o FC Porto de Lopetegui. Será um elemento determinante nos próximos dois anos, assim fique no clube. Terá, contudo, que se tornar mais preponderante: assumir sem medos o seu estatuto, pedir mais vezes a bola, cavalgar não apenas pela linha mas também pelo centro do terreno e, acima de tudo, melhorar a capacidade de decisão. Confiar no instinto. Se acha que deve rematar, que faça tudo para o conseguir. Se entende que deve passar, que o faça a tempo. O que não pode é chegar ao momento em que a porca torce o rabo e ficar indeciso entre o que deve fazer, perdendo as hipóteses de fazer uma ou outra coisa. Ainda está muito a tempo de ser um jogador fascinante e os portistas terão certamente prazer em avaliar a sua progressão.
Rodrigo de Almada Martins
Caro RAM,
ResponderEliminarConcordando em absoluto com o que me diz, creio que esta wild card como bem diz, creio que vá ser fundamental como a excepção à regra do jogo tipo que Lopetegui está a implementar.
Como Lopetegui é formador (eu acho que excelente mas daqui a pouco sou acusado de fazer um qualquer lip service) acho que já vi alterações e melhorias nos jogos de titularidade do Tello nesse ultimo terço.
A assistência para o 6-0 com o BATE é exímia. Ainda se nota estar nervoso, mas tem uma margem de progressão enorme. Será um dos melhores dos nossos, aposto.
E creio que combinará até melhor com Aboubakar do que com Jackson.
A ver vamos.
Bibó Porto, carago!
Também concordo com o que refere. É mesmo essa ideia que venho fazendo dele....A ver vamos......
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