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Jogou-se finalmente a tão aguardada e mediática Supertaça que juntou as 2 equipas da capital e, como era esperado por muitos, o Sporting bateu sem grandes surpresas um fragilizado vizinho da 2ª Circular, oferecendo assim mais um troféu a Jorge Jesus, ex-Messias dos vermelhos.
Entretanto, e por força de uns “mind games” executados com a classe costumeira, o clima, já de si quente, atingiu níveis bastante interessantes sobretudo para nós Portistas. Uma vez mais, o que ontem era mentira hoje é verdade e subitamente vemos benfiquistas que outrora o defendiam com unhas e dentes a desejar coisas curiosas como que o Lopetegui lhe tivesse dado o “puñetazo” que lhe prometeu. Paradigmático.
Já do outro lado tudo são rosas. Afinal o amor por Marco Silva não passava de um falso sentimento e agora é que é, com o infalível conquistador de títulos e potenciador de jogadores ao leme recuperar o titulo perdido desde 2002 será apenas uma mera formalidade.
Mas afinal quem é este homem e o que vale como treinador?
Esta pergunta não é fácil de responder por alguém que, como eu, não vive por dentro do universo futebol. No entanto, sendo atento ao fenómeno, não deixo de achar curiosas todas estas certezas em torno de um treinador cuja carreira ao mais alto nível está recheada de luzes e sombras.
Fazendo um parêntesis, constato a curiosidade de que desde a aparição de Mourinho que o treinador passou a ser visto como factor nº 1 para o sucesso ou insucesso, capaz de influenciar até a bola que bate no poste ou evitar a lesão inoportuna do craque no momento chave da época. Jesus, auto-proclamado como mestre da táctica e visionário catedrático da bola, inclui-se nesse perfil que explora até à exaustão, procurando ser reconhecido como a razão indiscutível para tudo o que de melhor acontece nas equipas que treina, esquecendo curiosamente de valorizar o seu dedo quando as coisas saem pior.
Não ponho em causa o valor que terá, reconheço os méritos de um percurso forjado à conta de muito trabalho e resistência para subir a pulso por palcos menores e o romper até com um determinado status quo para conseguir chegar ao topo. Não esqueço que Estrela da Amadora, Leiria ou mesmo Guimarães foram trabalhos interessantes e Belenenses e Braga demonstraram que o homem percebia o suficiente de futebol para ser considerado como algo mais do que apenas mais um entre outras velhas raposas da 1ª Divisão. Não deixo também de observar que o benfica que recebeu em 2009 era um clube com história mas sem sucesso visível, com apenas 1 título nacional em 15 anos (conquistado em circunstâncias atípicas, com Trapattoni ao leme e o pior FC Porto de que há memória).
No entanto, e apesar de toda a bajulação motivada pelo balanço final em alta de 6 anos ao leme do nosso principal rival, Jesus é tudo menos um caso de sucesso completo e absoluto, mesmo que o recente bicampeonato possa indicar o contrário.
Começando pelo início, e apesar de cumprir a promessa de pôr o benfica a jogar o triplo do antecessor, o seu 1º título foi tudo menos uma obra de marca própria, só possível pelo seu trabalho de grande valia. Ao contexto favorável de um FC Porto “gasto” por (mais) um tetra campeonato, órfão de Lucho e Lisandro, juntou-se um plantel de grande valia que incluía um ponta de lança de nível mundial chamado Ricardo Costa. Ao futebol praticado nas 4 linhas juntou-se outro rolo compressor no célebre “futebol de túnel”, tão importante naquele ano 09/10. Desse modo, FC Porto e Braga sofreram importantes baixas que foram fulcrais para um 1º titulo de Jesus, desde logo alcandorado a novo Messias da capital.
Após esse início prometedor e mesmo mantendo a aura e uma curiosa impunidade para fazer tudo o que queria dentro e fora do campo sem críticas dignas de registo, JJ (apoiado ano após ano num investimento sem paralelo) coleccionou momentos de humilhação intervalados com séries de vitórias, muitas delas com números gordos. Forte com os fracos e fraco com os fortes, foi varrido pelo fortíssimo FC Porto de Villas-Boas, não conseguiu levar de vencida a versão menos apetrechada de Vítor Pereira, falhou na Europa dos Grandes e, apesar de boas performances na Liga Europa, foi incapaz de chegar à glória na 2ª competição europeia.
Culminando com a inesquecível semana em que tudo perdeu em 2013, Jesus seria caso arrumado em qualquer outro clube ao fim de 3 anos de sucessivos desaires. Estranhamente, Vieira segurou-o ano após ano, sendo certo que no FC Porto seria pouco provável que resistisse sequer a um ano como 2010/11, quanto mais aos 2 seguintes…
Se era certo que nunca tínhamos sentido tantos apertos com os vermelhos desde 1994 como neste período 2009-13 de Jesus, também era claro que Jesus estava gasto, tinha finalmente caído em desgraça entre os seus, sendo visto como um “pé frio”, mentalmente incapaz de lidar com os grandes momentos. Apesar de “estar nas decisões”, o ciclo tinha acabado e tínhamos vencido em toda a linha.
O tal estranho feeling de Vieira, que não só o segurou como manteve e reforçou um plantel já de si forte, foi acompanhado por um momento de menor lucidez no FC Porto, que desinvestiu dentro do campo e no banco. No entanto, nesse 13/14 viveu-se um momento que faz com que tenha vontade de rir quando os treinadores (e Jesus é useiro e vezeiro nesse comportamento) se apresentem como dominadores de todos os saberes e forças da natureza…
Após uma derrota na Madeira, o benfica estava a perder 1-0 em casa com o Gil Vicente aos 90 minutos e o espectro da demissão pairava na luz. Com Jesus às voltas em desespero no banco, Markovic e Lima salvam-lhe a cabeça e o resto é história, com um muito superior benfica a vencer em toda a linha um FC Porto apático, durante uma época para esquecer. No entanto, e aqui entra a ironia, tudo seria diferente se um golpe de sorte não tivesse aparecido nesse dia de má memória. E se a lógica tivesse imperado, não havia hoje lugar para adorações ou ódios, Jesus seria apenas mais um Peseiro, eternamente visto como treinador do “quase”.
Finalmente, a temporada que findou em Maio trouxe um desinvestimento do benfica, que desintegrou quase por completo uma equipa que apresentava alguns nomes de bom nível (alguns trabalhados e desenvolvidos por Jesus, num dos maiores méritos que apresenta enquanto treinador). Apesar desse facto repetiu o campeonato, agora transformado num inédito bicampeonato na era Pinto da Costa, sendo que procurar neste titulo a confirmação de um talento extraordinário de Jesus é desvalorizar a grande competência do futebol de corredores que Vieira tem demonstrado ano após ano e que atingiu o seu máximo na temporada transacta. Aliando o manto protector a uma estranha vocação do FC Porto para não conseguir encostar nos momentos chave, Jesus soube sobretudo minorar estragos e jogar com a ratice de quem sabe tudo sobre o futebol português, somando assim um 3º campeonato em 6 anos, aos quais se juntaram outros títulos internos (sendo que a Taça da Liga foi a competição mais titulada) e duas importantes finais europeias, manchadas no entanto pelas derrotas e pela incapacidade de fazer os mínimos em 5 das 6 Ligas dos Campeões que disputou.
Nesta fase, quem teve paciência para chegar até aqui deve estar a questionar “mas para quê todo este testamento, que mais parece digno de um blog vermelho para motivar as massas órfãs do messias do que de um blog Portista?”. Bem, caros amigos, escrevo porque um pouco por todo o lado, por parte de anónimos ou conhecidos, inclusive pelas bancadas do Dragão, ouço vozes que glorificam Jesus, alegando que no FC Porto teria tido um sucesso (quase) sem precedentes com ele ao comando, sendo por exemplo superior em toda a linha a Lopetegui.
Custa-me este tipo de raciocínios de algum modo simplistas, que só vem parte do todo e nem vou entrar por discussões filosóficas ou estéticas sobre o futebol de vertigem, do 4x4x2 transformado em 4x2x4 ou coisas do género… Simplesmente isto: conforme descrevi, Jesus teve um percurso com méritos e deméritos que o fazem tudo menos incontestável e nós deveríamos ser os primeiros a exaltar tal facto, não contribuindo para propagar os mitos que boa parte da comunicação social e determinados colunistas tanto gostam de criar e alimentar.
Dir-me-ão alguns que tudo isso é certo mas que no nosso seio e com o nosso know-how teria sido um novo Pedroto ou Mourinho, capaz de ir muito mais longe porque fez o que ninguém tinha feito no benfica em 30 anos… Aceito todas as opiniões, mesmo que não ache que isso teria de facto acontecido, mas permitam-me um reparo, será que devemos concentrar energias a pensar que o antigo treinador do rival nº1 e agora treinador do rival nº2 devia era ser nosso treinador?
Jesus podia ter sido nosso treinador em 2009 mas não foi e hoje tem de ser visto como “material” dos rivais, completamente marcado por anos de antagonismo connosco, impossível de ser persona grata no nosso seio ou, pior ainda, arma de arremesso contra quem defende o nosso símbolo.
O caminho será longo e difícil, o plantel foi mais uma vez renovado e tudo o que não precisamos é de contribuir para os mitos e lendas em torno de Jesus, focando-nos sobretudo na nossa realidade: apoiar Lopetegui e os seus jogadores, sendo exigentes desde o início para que não se repitam os “erros não forçados” da época passada e nada mais. Eles que se entretenham em torno das outras novelas!
Boa semana, boas férias para quem as esteja a gozar e venha o início da caminhada, já este sábado!
Há um motivo pelo qual Jesus não sai de Portugal. E esse motivo não é o coração ou o dinheiro.
ResponderEliminarJorge Jesus sobrevive de um modelo de vertigem atacante, muito frágil defensivamente, transformado num modelo borrado e tímido quando encontra um adversário minimamente competente pela frente.
Essa é a razão pela qual nada faz na Europa. Na última final europeia, safou-se contra uma Juve sem Pogbas a jogar à Boavista. Fechado em 30m, a tentar - heroicamente, como dizem (ridículo) - defender-se como podia e indo à lotaria dos penalties.
Tentou repetir a mesma façanha outra vez. O Sevilha foi superior, ganhou com justiça.
Jorge Jesus é um absoluto zero europeu porque isso exige equilíbrio nas suas equipas. E o 4x4x2 (para mim 4x2x4) que ele passa a vida a apresentar expõe e fragiliza muito o meio campo, exigindo ao 6 e ao 8 que passem a vida a fazer papel duplo. E aí abrindo buracos defensivos do tamanho de crateras.
Esse modelo funciona cá por causa daquilo a que chamo a "Matemática do Pontinho", ou seja, 80% das equipas portuguesas não quer ganhar - quer não perder.
Se há uma equipa de modelo atacante intenso, torna-se um fuzilamento. E este não é combatido porque ninguém contra ataca sequer.
Eu não acredito num Futebol Clube do Porto de futuro que não encare seriamente a Europa do futebol. Há uma razão pela qual a política de contratações do fifica é a que é. Chama-se Jorge Jesus.
E o zbordem deu um grande tiro no pé ao contrata-lo. O zbordem orçamentou a fase de grupos da Champions. Com este treinador, seguramente ela não acontecerá.
O zbordem tem uma fragilidade lateral ostensiva, uma fragilidade de transições muito acentuada, por causa do desequilíbrio atacante que tem.
Jorge Jesus não serve para o FC Porto.
Abraço Azul e Branco,
Jorge Vassalo | Porto Universal
Jorge Jesus é um bom treinador que, a pulso, sem embargo do bom trabalho em clubes inferiores - embora não se livre de estar directamente ligado á descida de divisão do V. Setúbal e de forma indirecta á do Belenenses - chegou ao top porque Pinto da Costa um dia, tal como fez com outros certeiramente, afirmou reconhecer-lhe condições para treinar um grande, entretanto o outro soube e o resto todos sabem. Não me pronúncio sobre as suas características profissionais e pessoais porque, tanto o autor da crónica como o Jorge Vassalo, as resumiram bem, no entanto, não teria tanta certeza que um dia, que espero nunca acontecer, não possa ser treinador do FCP, Pinto da Costa adora contrariar tendencias como todos nós sabemos.
ResponderEliminarpara mim o palhaco nao sai de portugal porque o mundo nao eh cego e sabem que este jazuxx nada ganharia sem uma apaf ou um c.disciplinar a seu jeito jazuxx eh um palhaco que nao serve para mais nada que fazer-nos rir , agora que caiu na desgraca dos corruptos vamos ver a c. social falar mais verdade acerca dele concerteza .
ResponderEliminar"[...] completamente marcado por anos de antagonismo connosco, impossível de ser persona grata no nosso seio ou, pior ainda, arma de arremesso contra quem defende o nosso símbolo." Também o era o Maxi, e ainda n foi apedrejado na rua. Nem o próprio Jesus nos corredores de Alvalade.
ResponderEliminarQuanto ao modelo dele, é extremamente eficaz a defender com poucos (3/4, normalmente os 2 centrais, o lateral do lado oposto e o trinco, quando em transição), mas contra equipas muito fortes a atacar não o pode fazer, o que o impede de atacar com 6/7 em simultâneo. Com um plantel de VERDADEIRO nível mundial acredito que conseguisse ter sucesso na CL...
O futebol dá muitas voltas, e apesar de não gostar da personagem, admito que um dia possa vir ser nosso treinador, até pela simpatia que o Presidente tem por ele.
ResponderEliminarComo Homem, não há muito mais a dizer sobre ele. Está no clube certo como Ser rastejante que é.
Como Treinador, tem algumas virtudes e muitos defeitos. Consegue potenciar jogadores e torná-los quase craques, mas também não esquecer os camiões de futebolistas que desperdiça.
Tem um futebol de ataque atraente, e se sente que uma equipa tem medo (como aconteceu nesta supertaça), cai sobre ela como um predador faminto.
Contudo tem um defeito ABSOLUTAMENTE INCOMPATÍVEL para um treinador azul e branco. É COBARDE até dizer chega.
Mesmo na época miserável do Paulo Fonseca e do Luís Castro, com um dos melhores planteis do slb da história, o JJ visitou por 3 vezes o Dragão de fralda vestida. Somou 2 derrotas (campeonato e taça) e por (mais) um daqueles milagres inexplicáveis, conseguiu passar nos penalties uma eliminatória da taça da liga, depois de ter sido trucidado em campo nos 90 minutos.
No ano passado, todos nos lembramos do jogo do título. Crucificou-se o Lopetegui porque devia ter feito mais (e é verdade, devia), e os Media exaltaram a inteligência do JJ, em jogar para o empate. A JOGAR PARA O EMPATE?? A jogar em casa? Estádio a rebentar pelas costuras no apoio? Bastava ganhar para matar o rival, e joga para o pontinho? Era isso que os caros portistas queriam ver no Dragão. Um dia vir cá o slb ou scp e nós a defendermo-nos de unhas e dentes borrados?
Lembrem-se bem desta imagem quando alguém sugerir o JJ no grande FCP.
O Lopetegui comete erros. Por vezes falta aquele golpe de génio que resolve um jogo fechado. Mas por favor, cobarde é que ele não é! Nem como pessoa, nem na imagem que incutiu ao nosso clube. Ao contrário do tempo do Paulinho, independentemente do resultado final, jogamos olhos nos olhos com qualquer equipa do mundo. E o Bayern é a prova!
Cumprimentos,
Hugo