Por estes dias, voltamos a concordar com o Presidente da FPF, Dr. Fernando Gomes de seu nome, e afirmamos alto e bom som que o ambiente no futebol português está irrespirável. Com efeito, há tanta coisa a acontecer, tanta coisa a discernir e a escalpelizar que nos parece que a realidade é mais rápida que a nossa capacidade de encaixe e de raciocínio. Não obstante, tentaremos sempre fazê-lo.
O caso dos e-mails já não é uma brincadeira de F. J. Marques, todos o sabem. É algo sério, contundente, com provas factuais, assente em interacções promíscuas entre altos responsáveis do luso-futebol. Todos sabem, todos leram, ninguém pode dizer que não sabia ou que não viu nada. Todos vão encolhendo os ombros e tentando negar até que seja definitivamente impossível esconder o elefante que está no meio da sala. Todos sabem o que se passa, todos mentem uns aos outros para não admitir o que está à vista de todos: uma competição e um negócio desportivo completamente manietado e controlado pelo Benfiquistão, quer no plano puramente desportivo, quer no plano económico-negocial.
Não se pense, porém, que o poder encarnado está a diminuir decorrente das revelações que se têm vindo a suceder. Pelo contrário e honra lhes seja feita: eles têm uma estratégia e uma visão a longo prazo. Basta ver a impressionante entourage que rodeia Duarte Gomes e o seu projecto Kick-Off. O FC Porto, fazendo jus aos últimos anos, parece estar a dormir à sombra da bananeira. Duarte Gomes tem-se multiplicado em intervenções nos mais diversos formatos, seja facebook, seja página web, seja rádio, jornais ou televisões. Está em todo o lado e a todas as horas. Ora, tudo isto tem que ser necessariamente financiado, apoiado e arquitectado. Por quem? Para quê? A quem interessa promover desta forma Duarte Gomes?
Uma vez mais, repito: não digam que não avisamos.
O futebol português está podre, podre, podre. Comecemos pelas claques:
A vergonha continua, desta feita em Guimarães. Na praceta em redor do estádio D. Afonso Henriques, vários elementos casuals das claques do SLB terão arremessado bolas de golfe para o interior da bancada topo sul, causando o pânico e fuga generalizados dos adeptos vitorianos para o relvado onde já se disputava a partida. Artur Soares Dias foi obrigado a interromper o jogo, todos viram o que se passou, mas continuam a assobiar para o lado. Semana após semana, depois do assassínio de um adepto italiano sportinguista, as claques do SLB continuam a espalhar o terror nos estádios nacionais. Até quando?
Falando em Minho, uma palavra para o Sporting x Braga, com arbitragem e VAR absolutamente escandalosos, ao nível de uma distrital. Um penalty por marcar a favor do Braga, um golo mal anulado por fora-de-jogo aos minhotos, com o VAR a ser chamado a intervir mas inacreditavelmente a não se decidir pela validação do golo. É caso para perguntar o que é que têm ganho os clubes minhotos com as alianças ao Benfiquistão nos últimos anos. Um caso de estudo, realmente.
Ainda relativamente às claques, que país é este que proíbe o Lusitano de Évora, em plena festa da taça, de exibir uma tarja por não ter uma claque organizada registada e continua a fechar os olhos, semana após semana, aos desacatos provocados pelas claques oficiais do SLB? A dualidade de critérios é tão, mas tão escandalosa que só pode fazer corar de vergonha a FPF, o IDPJ e o Governo.
Mas isto é como o Urban Beach: há muitos anos que aquela discoteca lisboeta era conhecida por ser palco de pancadaria e espancamentos por parte de seguranças privados, mas só quando filmaram os ditos cujos em acção é que a edilidade e o governo acordaram para o assunto e decidiram o encerramento do negócio. Portugal sempre foi assim: até que alguém filme e se torne viral e seja absolutamente escandaloso e indecoroso não fazer nada, continuaremos a assobiar para o lado fazendo jus ao tal país dos brandos costumes, assente numa comunicação social totalmente vendida e manietada aos interesses de quem manda e de quem paga. Bem podem ter aulas de deontologia profissional que no fim de contas os jornalistas da nossa praça sabem a quem bater continência.
Outro episódio a fazer corar de vergonha também o próprio FC Porto é o facto da SAD do Belenenses, na pessoa do Dragão de Ouro (pausa para respirar) Pedro Mota Soares, ter requerido a audição do VAR do mais recente Porto x Belenenses. Jorge Coroado poderia explicar-nos melhor, pois está por dentro de toda a situação, mas se dúvidas houvesse elas foram dissipadas: o Benfica B joga de facto na I Liga, equipa de azul e joga no Restelo. Daí que todos possamos compreender o porquê das ausências de Miguel Rosa e das goleadas que o Belenenses leva de cada vez que enfrente o poderoso SLB. Curioso que não vimos este senhor a pedir a audição do VAR quando Eliseu quase acabou com a carreira de Diogo Viana. Já dizia alguém: manda quem pode; obedece quem deve.
Tudo isto para dizer que, em minha opinião, o VAR não tem condições para continuar em actividade. A sua implementação foi mal preparada, os árbitros não têm formação para fazer uso do mesmo de forma transparente, as comunicações pelos vistos falham durante o decorrer dos 90 minutos, os fiscais de linha continuam a assinalar foras-de-jogo duvidosos não beneficiando – contrariando as regras FIFA – o atacante. Pelas mais diversas razões, o VAR deveria ser suspenso imediatemente, sob pena de algo mais grave ainda vir a acontecer. Da maneira que está, o VAR é apenas mais uma arma (e poderosa, ainda por cima!) ao serviço do Benfiquistão, assente nas transmissões manipuladas da BenficaTV e, também, da SportTV.
Curioso foi também o artigo de Rogério Azevedo no insuspeito Jornal A Bola, onde conclui, através de estudo estatístico, que o FC Porto joga de 10 em 10 jogos na Champions com 72h de intervalo; o Sporting de 20 em 20 e o Benfica de 100 em 100. Em percentagem a estatística é ainda mais esmagadora: o FC Porto joga 10,8% dos jogos com apenas 72h de intervalo; o Sporting 5%; e o todo-poderoso Benfica jogou apenas 1% com as mesmas 72h de descanso. Perante tais números, pouco há a acrescentar.
Outra nota interessante das últimas semanas é a atitude de subserviência de José Mourinho perante o Benfiquistão. Como é que um homem que há uns anos atrás era verdadeiramente indomável, com opinião própria, com ideias revolucionárias, que não prestava vassalagem a ninguém, muda tanto e em tão pouco tempo? Lemos e não acreditamos, mas para José Mourinho, Svilar é um dos grandes guarda-redes do futuro, o Benfica joga muito bem e causa imensos problemas ao Man Utd na Champions League, o futebol do Benfica obriga o United a empenhar-se ao máximo, etc, etc, todo um rol de lambe-botismo que faria corar de vergonha o jovem José Mourinho de vergonha. Nas fotografias da partida, de resto, é ver Mourinho aos beijos e abraços a Rui Costa e a Rui Vitória. Porque é que Mourinho coloca uma cara tão fechada quando joga com o FC Porto e é todo sorrisos e carinhos quando defronta o SLB?
O que mais será preciso acontecer para que as autoridades competentes (FPF, Liga de Clubes, Governo) abram os olhos e trabalhem em prol de uma maior credibilização e transparência no futebol português, limpando finalmente o lixo que Queirós já mencionava há muitos anos atrás? O que é preciso mais acontecer para algo seja feito?
Até lá, continuamos a aguardar. Até ao dia em que a corda rebente de vez.
Rodrigo de Almada Martins
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