Um crime contra o jogo!
Temos todas as razões de temer a transformação do futebol num desporto norte americano. Ora, sabemos que uma uma das primeiras qualidades do futebol assenta na continuidade do jogo. Uma continuidade que é preciso amelhorar. As medidas que dizem respeito à saída dos lesionados, o desconto objectivo das paragens de jogo (que dissuadiu um pouco os que querem ganhar segundos) ou a aparição de várias bolas à disposição dos apanha-bolas foram feitas nesse sentido. As interrupções incessantes para consultar as imagens constituirão um dano grave a este princípio, triturando o jogo e cortando o seu ritmo. O futebol americano ou o rugby são duas modalidades que alternam as fases de jogo e as pausas e, por isso, a intervenção da vídeo não põe, gravemente, em causa a sua natureza. As coisas são, totalmente, diferentes para o nosso futebol em que já não serão só certas equipas Italianas a querem quebrar o ritmo para preservar um resultado, mas o próprio sistema de arbitragem. Evidentemente, a qualidade do jogo sofrerá como a do espectáculo com o suplício de interrupções constantes.
Onde se poderia aplicar o limite, o patamar de intervenção do sistema (vídeo)? Como decidir que uma acção merece mais que outra o recurso à imagem vídeo? Depressa seríamos arrastados a multiplicar as idas e voltas aos bastidores e, rapidamente, uma mínima falta poderia ser discutida. Há ,também, uma outra pergunta sem resposta e um outro vício do sistema (vídeo). É o próprio prazer de ver um desafio que ficaria transtornado. Conheceríamos o absurdo de ver um golo anulado um longo período após a acção, habituar-nos-iamos a deixar ir todas as jogadas até ao seu termo, para que, finalmente, uma sobre dois fosse anulada... A alegria do golo seria diferente, já que seria necessário esperar o veredicto dos juízes-vídeo. Enterradas as explusões de felicidade (ou as depressões passageiras) vendo a bola entrar nas redes. Seria necessário congelar as nossas emoções e esperar o momento crucial: Não o remate à meia volta, mas a sanção dos juízes-vídeo sobre uma posição de fora de jogo.
Quem lucra com o crime?
A utilização da vídeo beneficia do trabalho do mais terrível dos lobby: a televisão. Desde há anos, e, de maneira crescente, os jornalistas da tv são os seus primeiros promotores pela simples razão que utilizaram sempre a vídeo para arbitrar os jogos. São eles que têm um prazer doentio em dissecar, indefinidamente, as faltas e, sobretudo, os foras de jogo, passatempo estúpido que consiste em epilogar sobre acções acabadas e ajuízadas. Esta acusação sistemática da arbitragem, este processo, “com imagens a apoiarem”, do corpo arbitral , lapidado com “câmaras lentas” e frases assassinas, é o facto de estes profissionais cuja “competência” seria, definitivamente, consagrada pela introdução massiva da vídeo no coração do jogo.
A televisão impõe, progressivamente, as suas tecnologias, os seus cenários , as suas exigências e gostaria, em breve, arbitrar os jogos desde os seus bastidores, instalar-se no centro da acção e da história. A transformação du futebol num puro espectáculo televisivo conhecerá, então, uma nova etapa. É bem isso o que todos querem ? Os partidários da vídeo apelam, frequentemente, à chantagem da modernidade, denunciando o arcaísmo dos métodos de arbitragem na época das tecnologias de ponta. O Futebol é , contudo, um desporto arcaico, a sua longevidade e o seu poder de fascinação têm, certamente, qualquer coisa a ver com estes fundamentos.
Este requisitório não utilizou o argumento clássico da impossibilidade de estender esta medida (vídeo) a todos os níveis da prática da modalidade, sabendo-se que, até hoje, as leis do jogo são universais.
Uma verdadeira reflexão sobre a arbitragem é , efectivamente, mais do que nunca necessária. Antes de evocar pistas mais realistas parece indispensável começar o dossier sobre a arbitragem pondo de lado, desde o início, a pior das soluções (sistema vídeo) que, infelizmente, não é a menos defendida.
- fim -
obs: Tentei, nestas duas partes, elaborar uma tradução fiel. Apenas cortei uma ou outra referência que me pareceu sem importância quanto à significação global do texto. A sua tradução, referindo o campeonato Francês, levaria para um sistema de notas. O que provocaria uma leitura fastidiosa.
O debate está aberto !
E Viva o Porto !
Temos todas as razões de temer a transformação do futebol num desporto norte americano. Ora, sabemos que uma uma das primeiras qualidades do futebol assenta na continuidade do jogo. Uma continuidade que é preciso amelhorar. As medidas que dizem respeito à saída dos lesionados, o desconto objectivo das paragens de jogo (que dissuadiu um pouco os que querem ganhar segundos) ou a aparição de várias bolas à disposição dos apanha-bolas foram feitas nesse sentido. As interrupções incessantes para consultar as imagens constituirão um dano grave a este princípio, triturando o jogo e cortando o seu ritmo. O futebol americano ou o rugby são duas modalidades que alternam as fases de jogo e as pausas e, por isso, a intervenção da vídeo não põe, gravemente, em causa a sua natureza. As coisas são, totalmente, diferentes para o nosso futebol em que já não serão só certas equipas Italianas a querem quebrar o ritmo para preservar um resultado, mas o próprio sistema de arbitragem. Evidentemente, a qualidade do jogo sofrerá como a do espectáculo com o suplício de interrupções constantes.
Onde se poderia aplicar o limite, o patamar de intervenção do sistema (vídeo)? Como decidir que uma acção merece mais que outra o recurso à imagem vídeo? Depressa seríamos arrastados a multiplicar as idas e voltas aos bastidores e, rapidamente, uma mínima falta poderia ser discutida. Há ,também, uma outra pergunta sem resposta e um outro vício do sistema (vídeo). É o próprio prazer de ver um desafio que ficaria transtornado. Conheceríamos o absurdo de ver um golo anulado um longo período após a acção, habituar-nos-iamos a deixar ir todas as jogadas até ao seu termo, para que, finalmente, uma sobre dois fosse anulada... A alegria do golo seria diferente, já que seria necessário esperar o veredicto dos juízes-vídeo. Enterradas as explusões de felicidade (ou as depressões passageiras) vendo a bola entrar nas redes. Seria necessário congelar as nossas emoções e esperar o momento crucial: Não o remate à meia volta, mas a sanção dos juízes-vídeo sobre uma posição de fora de jogo.
Quem lucra com o crime?
A utilização da vídeo beneficia do trabalho do mais terrível dos lobby: a televisão. Desde há anos, e, de maneira crescente, os jornalistas da tv são os seus primeiros promotores pela simples razão que utilizaram sempre a vídeo para arbitrar os jogos. São eles que têm um prazer doentio em dissecar, indefinidamente, as faltas e, sobretudo, os foras de jogo, passatempo estúpido que consiste em epilogar sobre acções acabadas e ajuízadas. Esta acusação sistemática da arbitragem, este processo, “com imagens a apoiarem”, do corpo arbitral , lapidado com “câmaras lentas” e frases assassinas, é o facto de estes profissionais cuja “competência” seria, definitivamente, consagrada pela introdução massiva da vídeo no coração do jogo.
A televisão impõe, progressivamente, as suas tecnologias, os seus cenários , as suas exigências e gostaria, em breve, arbitrar os jogos desde os seus bastidores, instalar-se no centro da acção e da história. A transformação du futebol num puro espectáculo televisivo conhecerá, então, uma nova etapa. É bem isso o que todos querem ? Os partidários da vídeo apelam, frequentemente, à chantagem da modernidade, denunciando o arcaísmo dos métodos de arbitragem na época das tecnologias de ponta. O Futebol é , contudo, um desporto arcaico, a sua longevidade e o seu poder de fascinação têm, certamente, qualquer coisa a ver com estes fundamentos.
Este requisitório não utilizou o argumento clássico da impossibilidade de estender esta medida (vídeo) a todos os níveis da prática da modalidade, sabendo-se que, até hoje, as leis do jogo são universais.
Uma verdadeira reflexão sobre a arbitragem é , efectivamente, mais do que nunca necessária. Antes de evocar pistas mais realistas parece indispensável começar o dossier sobre a arbitragem pondo de lado, desde o início, a pior das soluções (sistema vídeo) que, infelizmente, não é a menos defendida.
- fim -
obs: Tentei, nestas duas partes, elaborar uma tradução fiel. Apenas cortei uma ou outra referência que me pareceu sem importância quanto à significação global do texto. A sua tradução, referindo o campeonato Francês, levaria para um sistema de notas. O que provocaria uma leitura fastidiosa.
O debate está aberto !
E Viva o Porto !
Na minha opinião, o simples facto de autorisar cada equipa uma ou duas vezes ao recurso da video por jogo não afeitaria em nada a partida. Só renderia o futebol mais justo, nada mais. Hoje em dia, não aceitar a video é como não aceitar a época em que vivemos. A nossa sociedade permite de menos em menos os erros. É a evolução, não podemos nada fazer contra isso.
ResponderEliminarE para as pessoas que não concordam com esse sistéma video, porque raio não aceitar de fazer testes em jogos reais com a video e calcular o tempo perdido? De certeza que o tempo perdido pelo cuarto arbitro para decidir do lance será mais curto do que quando as equipas protestam cerca de 2-3 minutes a beira do arbitro quand esse assinala grande penalidade. Não acreditam?
Após isso, o debate terá feito um grande passo...
Agora também queria salientar que temos que formar arbitros de maneira mais profisional. A video pode ajudar, mas nem sempre. É obviamente preciso de mais competência no corpo arbitral português.
E bibó o Porto carago! ;D
Estou como o Estilhaço. Dicordo da utilização do vídeo. A magia do futebol seria seriamente ameaçada.
ResponderEliminarAinda ontem o Paulo Pereira tocava na ferida... basta olhar para o penaltie marcado agora neste fim de tarde de domingo em Belém.
ResponderEliminarUns dizem que é clarissimo, outros que é duvidoso, outros que é falso como Judas... afinal, em que ficamos?
E estamos a falar em diálogos pós-video, pós-visão do lance na tv, etc, etc... no final, é sempre o mesmo de sempre: ninguém se entende!
Por isso digo que no futebol, julgo alguma vez ser impensável o uso recorrente ao vídeo para tomar decisões... é que as há limpinhas e que todos estão de acordo... agora, coloquem 2 adversários de peso a degladiarem-se e ao primeiro apito do árbitro, nem que seja para marcar falta de um encosto, das bancadas, dos adeptos, dos sócios e simpatizantes, digam lá se o «verniz não estala» logo?
Mas é claro que sim... o futebol vai estar sempre sujeito ao erro humano... não há por onde lhe dar.
ps - PortoMaravilha, parabéns por estes 3 textos fantásticos que nos trouxeste nestes últimos 3 dias... uma vertente muito interessante não do FC Porto propriamente, mas do futebol em geral.
Blue o penalty é claríssimo :P
ResponderEliminarMas agora a sério sou contra a utilização do vídeo no futebol, as coisas estão tão bem assim...
Um abraço