03 setembro, 2009

Queremos Ultras, não criminosos!

É muito importante o papel das claques nos campos de futebol.

Nem todos os apreciadores de futebol reconhecem esta importância, muitos são os que maldizem as claques e, tomando a parte pelo todo, erradamente lhes atribuem os maus comportamentos e as vis intenções de alguns energúmenos que infelizmente se acobertam no seu seio.

O fenómeno das claques é inofensivo em si mesmo. Traz alegria ao espectáculo, emociona as assistências, congrega os adeptos, enche os estádios de cor e movimento, encoraja as equipas, enfim, traz uma série de condimentos imperdíveis a cada jogo realizado.

Naturalmente que manifestações desta natureza devem ser muito bem acompanhadas pelas autoridades, estudadas, conhecidas até à exaustão pelas máquinas de segurança, porque, ultrapassados determinados níveis de adrenalina, a situação pode descontrolar-se a qualquer momento e acontecer o pior.

Ora, a Polícia devia saber disso, devia ter na retaguarda sociólogos a estudar o fenómeno das claques e agir preventivamente, dispondo os seus meios humanos, técnicos e tecnológicos, de forma a dissuadir os elementos mais estouvados de praticar actos de que se pudessem vir a arrepender. Pelo contrário, prefere actuar correctivamente, esperando impavidamente os desacatos, para depois atirar os seus algozes encapuçados, sem dó nem piedade, sobre os membros das claques.

Depois, vão para a TV dizer mal delas, acusando-as de bandoleirismo e apelando para a legislação de leis que as proíbam, quando, efectivamente, todos os desmandos acontecidos em Portugal não foram obra das claques em si mesmas, mas de alguns dos seus elementos, que actuaram e actuam conscientes da inépcia policial.

Eu não tenho que ensinar o Padre-Nosso ao cura, nem segurança à Polícia.

Malfeitores sempre os houve em todos os agrupamentos humanos, no futebol, nas empresas, nos tribunais, nos parlamentos e nos governos, entre o povinho mais desfavorecido como também entre as profissões mais elevadas, não sendo justo que se ostracizem as claques apenas porque no seu seio alguns dos seus componentes se comportam mal.

Fiz esta introdução na sequência dos tristes e desnecessários acontecimentos que envolveram os nossos adeptos, em duas áreas de serviço (Antuã na A1 e Aveiro na A25), a caminho da Figueira da Foz, no último Sábado.

Sempre gostei da mentalidade ultra, de tudo o que o movimento envolve, mas atenção, que fique bem claro: isto não é mentalidade e sou totalmente contra qualquer tipo de violência gratuita!! Há que saber distinguir as coisas, e isto não tem nada a ver com apoiar a equipa! Condeno quem utiliza e se insere nestes grupos para, orgulhosamente, causar problemas e no fundo, chegar ao fim-de-semana e matar as suas frustrações desta forma. Há que tomar medidas, pois são uma minoria que apenas quer ganhar projecção. Em vez de cantarem pelo Porto, cantam “é os Dragões partem tudo…” e neste caso, o consequente, “é os Dragões, ouvem o relato no autocarro…”!

Qual é a alegria que pode haver, em pagar um bilhete de quinze ou vinte euros, sair do Porto em direcção à Figueira, parar em tudo o que é áreas de serviço, destruir tudo à sua passagem e agredir funcionárias do estabelecimento?!? Onde está o amor ao clube? Aqueles que já não os apreciam, ainda ficam a gostar menos, e mesmo nós, adeptos do FC Porto, sentimos uma certa vergonha em vermos problemas destes associados ao nosso clube.

Não seria muito melhor, pagar o bilhete, ir ver o clube contra qualquer adversidade, cantar, saltar, gritar, soltar a adrenalina inerente a cada jogo, puxar pela equipa durante os 90 minutos, chegar a casa sem voz e com mais três pontos? Acredito que a maioria pensa assim, há mesmo muito boa gente lá dentro, mas lá vem uma ou outra semana em que há infelizes desacatos como neste último jogo. Há que mentalizar quem o faz, pois não está correcto que milhares paguem por uma dezena!

Que façam o seu papel, mostrando toda a raça em prol de tão belo emblema! Ultras, seguidores de um símbolo!

Mesmo depois dos incidentes e dos adeptos que ficaram retidos e não compareceram ao jogo, o nosso mágico Porto teve bastante apoio nas bancadas. Bem mais preenchidas, por exemplo, do que o ano passado, e mais uma vez com bom poder vocal, facto que tem marcado este início de época. Do lado da Naval, as senhoras do Colectivo Maravilhas com os seus tradicionais megafones e tambores.

Este fim-de-semana, o campeonato pára para o apuramento para o Mundial 2010, voltando o FC Porto a jogar, dia 12 de Setembro, no Dragão, no sempre apetecível “derby” da Invicta, e já agora, a primeira jornada do campeonato em andebol, nesse fim-de-semana também, num clássico com o Sporting, no nosso novíssimo Dragão Caixa!

Um abraço Ultra.

13 comentários:

  1. Tripeiro, muito boa reflexão.

    Um abraço

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  2. Patrick Gomes03 setembro, 2009

    Saudações a todos,

    Aproveito este post para contar o que eu vi no primeiro jogo desta época. Meu nome é Patrick, moro na Suíça, e sigo apaixonadamente o FC Porto da melhor maneira que me é possível estando fora do país.

    Tento aproveitar cada verão ir ver um jogo por ano, é pouco mas vou-me consolando como posso. Este ano calhou Paços x Porto, e prontos lá fui eu todo contente a Paços com um bilhete a 20€ e fiquei junto aos Super. O que me devía ainda mais satisfazer porque já devo conhecer todos os videos do youtube e os canticos de cor, estava eu ansioso por me juntar enfim a eles.

    Chegado a curva so havía uns lugarzitos em baixo de todo da bancada, mas prontos, ok. Mas em paços há uma grade que é ainda bastante alta, onde os Super tinham como sempre amarrado as faixas deles.

    Ora o problema era que a gente nao vía rigorasamente nada, assentado ou de pé. Eu e mais umas pessoas pedimos ao detentor do placar para o pôr mais baixo, sendo que todos pagámos o mesmo preço e que todos tínhamos direito de ver o jogo. O dito sujeito ultra, completamente bêbado e asseguradamente sob influência de estupefacientes, começou aos berros contra nós dizendo que ele vinha a todos os jogos e que nos não.

    Será argumento válido para nos impedir-nos uns aos outros de viver um bom momento de futebol ? Acho que não. O que é certo é que vieram logo o madureira e seus bodyguards para pôr um pouco de ordem na bancada, e mesmo assim, teve que ser um PSP a tirar o placar..

    Nao partam tudo, não f*dam tudo. Mas cantem, saltem, apoiem, gritem corpo e alma para o Porto, porque os adeptos são o coração dos nossos estádios. Mas este tipo de cenas são mesmo dispensáveis..

    Um grande abraço a todos os portistas espalhados pelo globo.

    Patrick,
    Genebra - Suíça.

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  3. Tripeiro,

    Excelente análise! Parabéns!

    Queria só acrescentar algo que me revolta e que é uma atitude recorrente dos SD. Após o golo de Varela, lá tive mais uma vez de ouvir a “famosa” música dedicada ao slb… Eu só gostaria de perceber qual a razão para cantarem essa música quando nem sequer estamos a jogar contra eles. Porquê dar importância a quem não a tem?

    Abraço!

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  4. Tripeiro, crónica incisiva e ponderada! É isso mesmo que eu penso... quanto ao apoio, que é o que mais interessa, fiquei com a sensação de algum esmorecer nos cânticos na 2ª parte, mas eu vi o jogo pela tv, posso estar enganado.

    Saudações

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  5. Excelente post a mais uma vez pôr a nu, as virtudes e as atitudes miseráveis dos covardes energúmenos que se infiltram nas claques para darem azo aos seus instintos canalhas. Vergonha por eles e pela música sem sentido dedicada ao slb. Orgulho pelo espectáculo, pelo colorido, e pelo apoio constante ao clube do nosso coração.

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  6. Viva !

    Parabéns pelo texto.

    Sou comportamentos assim que levam a que futebol vá, infelizmente, perdendo espectadores de modo constante.

    E Viva o Porto !

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  7. Excelente análise Tripeiro.
    Estás carregado de razão!
    O que se passou no último fim-de-semana não tem nada a ver com o espírito de uma claque.
    Os Super são maior claque nacional e a 4ªmaior do mundo.Pena que existam pessoas que se preocupam mais em fazer asneiras do que em apoiar a equipa.Mas felizmente,são muitos mais os que repudiam isso.

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  8. Pois,

    Os bad boys do costume conseguiram dar uns argumentos a quem tão necessitado anda deles. Falo, claro, da comunicação social que teve, com estes desacatos, uma semana em cheio. Depois do pretenso atropelamento, merecedor de reportagens em directo (e nem sei como nenhuma tv resolveu entrevistar o combalido jornalista), faltavam os vândalos do costume.

    Não havendo volta a dar, pois energúmenos existem em todas as cores clubistas, lamento apenas a associação do nome PORTO e daquelas amadas cores a gentalha deste calibre.

    Apoiar, sim, mas com respeito. Aquilo que se passou em Aveiro é, apenas e só, crime, numa espécie de tropelias de adultos que, reunidos em bando, perdem a noção do civismo.

    Mais do que se envergonharem, coisa que duvido que façam, conseguiram colocar um rasto de lama às cores que pretensamente apoiam. Não aprendendo definitivamente a lição, aposto que teremos brevemente notícias deles. Infelizmente.

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  9. Amigo Tripeiro,

    mas ca ganda postagem, carago!
    vieste com ela toda, c'um carago! ;)

    bem, que dizer deste (des)apoio de uma parte ínfima dos nossos ultras que, pensando terem chegado à «anarquilândia», se deleitaram a mostrar dotes de barbárie totalmente gratuita?

    a única coisa que reconforta, em parte, é saber que «lá», moram muitos, muitos mais, mas imensos mais aqueles que não pensam de igual modo e tal como dizem, estão lá unicamente para "ir ver o clube contra qualquer adversidade, cantar, saltar, gritar, soltar a adrenalina inerente a cada jogo, puxar pela equipa durante os 90 minutos, chegar a casa sem voz e com mais três pontos". Isto sim, é ter sentimento ultra ou lá como queiram catalogar o fenómeno... menos do que isto, não, obrigado!... e então, quando é nada disto e só se consegue mirar o oposto, bem, digamos que é totalmente dispensável de uma forma implacável, lamentando-se profundamente que o nome e a instituição «FC Porto» se veja metida neste lamaçal.

    Mas, mas, mas, convém nunca esquecer a todos aqueles que acompanham o fenómeno do futebol... idiotas destes, os hão em todos os lados e de todas as cores; só não vê, quem não quer!

    Falando por mim... ainda que não praticante (assíduo) deste estilo de vida, considero-me um admirador nato da forma de tudo o que rodeia esse «mundo» à parte, no que ao apoio diz respeito.

    Em casa, não, definitivamente, não!!! Prefiro estar, ainda que mto perto, na paz do senhor com os Amigos a ver os nossos heróis de azul-e-branco que correm naquele tapete verde, chamado de relvado... agora, quando é chegada a hora as tão fabulásticas "invasões" ao galinheiro ou ao wc xxi, desculpem lá, mas não contem comigo para a "paz do Senhor"... quero mundo ultra, muito mundo ultra, non-stop!!!

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  10. Tripeiro a lider da claque já:)

    Parabéns pelo post.

    Os SD são capazes do pior e do melhor, infelizmente. O Clube é q poderia penalizá-los sempre q surgissem desacatos estúpidos. Podia resultar...

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  11. Eu tenho, como é obvio e pelas razões que se sabe, muitas dificuldades em comentar as crónicas do Tripeiro.
    Contudo, a realidade é esta: primeiro, o fenómeno Ultra é imprescindível ao colorido da festa; segundo, há indivíduos mal-formados que se inserem nas claques e, em seu nome, praticam desacatos dignos do pior presidiário de Alcatraz.
    Alguma solução tem de haver.
    Eu não gostaria de ver prender todos os bancários do mundo, só porque um bancário qualquer se apoderou do dinheiro dos depositantes na sua agência.
    Aqui o problema é o mesmo e a solução, no que respeita ao FC Porto, pode estar na adopção de uma das seguintes medidas, ou simultaneamente nas duas: a primeira passará pelo aumento das competências policiais, tal como o Tripeiro nos sugere; a segunda, que me encanta, seria a da criação de uma organização supra-claques, que a todas coordenasse, com registo informático e criterioso dos seus adeptos, receitas, custos, controle financeiro absoluto e meticulosa articulação superior com as autoridades.
    Já expus esta ideia "de raspão" ao Madureira, que não desengraçou com ela, mas ficámos de nos encontrar, para ele perceber melhor a minha ideia.
    De resto, nada a dizer.
    Grande texto, Tripeiro, parabéns.

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  12. Parabéns Tripeir0,

    Em relação as claques existe muita coisa que me desagrada, uma deles o Fimoze já fez o favor de dizer o que é, fico super irritada quando eles começam a cantar a musica dos slb, para mim estão a dar valor a quem não o tem!

    BIBÓ PORTO

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  13. Muito obrigado a todos pelos vossos comentários, pessoal!

    Patrick Gomes:

    Compreendo perfeitamente a situação que aqui relatou, pois já em alguns jogos vi do mesmo.
    As faixas são muito importantes para uma claque. É aquilo que as identifica, é a marca de presença do grupo, que se quer distinguir no apoio. Mas é óbvio que ao serem colocadas, deve-se sempre salvaguardar que todos os que pagaram o bilhete para lá estar, consigam ver o jogo em condições e na totalidade.

    É triste quem utilize argumentos da treta, os tais que não se importam de causar desacatos, pois infelizmente esses estão lá, não pelo amor ao Clube concerteza. É preciso mentalidade, para quem não a tem! Abraço para a Suíça :)

    Amigo Paulo Pereira:

    Pois ainda bem que falaste na comunicação social. O caso não é bonito e deve ser criticado, tudo muito bem. Estamos preparados para isso. Agora o que não está de maneira nenhuma correcto é que haja dualidade de critérios da parte dos jornalistas, conforme do clube que se trate.

    Posso afirmar com conhecimento de causa, que na segunda jornada da nossa Liga Sagres, aquando da deslocação dos lampiões a guimarães (uma deslocação sempre entusiasmante para qualquer ultra, pois lá, quem não é do vitória, não é bem-vindo, muito pelo contrário), o grupo orgulhosamente ilegal NN entrou pelos bairros da cidade dentro, provocando as pessoas, vandalizando carros, etc etc etc... alguém soube d'alguma coisa pela TV?!? Abriu algum telejornal, ou pelo menos, foi alguma vez mencionado?!? Pois, parece-me que não!!!

    Já que se fala d'uns, já agora falem de todos...

    Amigo Blue Boy:

    Partilho totalmente do teu comentário. É muito importante saber distinguir que pratica estes actos, pessoas que não têm qualquer amor ao clube. Apenas o prejudicam.
    Vou quando posso, mas carago, não há nada melhor o ano inteiro, do que uma super-invasão, daquelas como habitualmente, em peso por parte dos nossos, ao galinheiro ou ao w.c... quem pensa como eu sabe do que falo :) É indescritível, é muito mais do que um jogo!

    Um grande abraço a todos e beijinho à Mafaldinha :)

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