Dar pérolas a parolos

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Jogamos contra os parolos no domingo, por isso é um bom pretexto para falarmos das nossas as relações com eles. Desde que o “Salbaduare” está na presidência da agremiação, os dois clubes aproximaram-se, as ligações estreitaram-se e, mais do que isso, e os negócios avolumaram-se. Desde que ele lá chegou, daqui para lá já foram transferidos dezasseis jogadores. No sentido inverso, vieram três, que tão depressa vieram para cá como foram chutados para qualquer outro lado.

O saldo é clara e esmagadoramente favorável ao outro lado. Nas últimas épocas, com aquela catrefada de jogadores, a maioria dos quais titularíssimos e decisivos na equipa, os parolos só não ganharam um campeonato, porque não o deixaram, classificando-se, curiosamente, à frente do clube que mais o reforçou: o nosso. Marcou pela primeira vez presença numa final europeia, e impôs-se, de forma natural, como o terceiro grande do futebol português dos dias de hoje, por muito que isso possa custar à honra dos miseráveis de Alvalade.

A explicação para esta aliança só pode ser uma: com a perda de força dos lagartos, em contínua instabilidade directiva e a viver numa casa permanentemente a arder, encontrou-se no Minho um suposto aliado nas lutas intestinas e de bastidores do futebol português: um clube em notória ascensão, liderado por um hábil negociador e que dizem até portista. Mas estas amizades pagam-se. Neste caso, com jogadores.

Só para citar os exemplos mais recentes, no último defeso, demos-lhes o Beto, porque nunca foi dito, preto no branco, quais os montantes envolvido no negócio, se é que houve, de facto, dinheiro a circular; no ano passado, emprestámos o Miguel Lopes e o Ukra, como antes tinha acontecido com o Luís Aguiar, o Diogo Valente, o Rentería, o Adriano ou o Maciel. Já para não falar do Alan, claramente o melhor jogador do plantel que, ao que consta, também foi dado.

Em contrapartida, de lá para cá, vieram o Bruno Gama, Andrés Madrid e o Orlando Sá, com os bons resultados que se conhecem, pois mal calçaram no curto espaço de tempo em por aqui andaram. Mas ainda melhores foram os negócios com as agremiações da Segunda Circular. Para o clube que tem um museu com umas dezenas de troféus conquistados na pré-história do futebol português, foram o João Pereira, o Wender, o Evaldo e o Alberto Rodriguez. Para o outro lado, já tinha ido o tipo que andou a trincar a Isabel Figueira e que às vezes dava uns chutos na bola, e este ano foi o Lima, claramente a melhor contratação dos porcos nesta época. Ele que só não está a marcar golos aqui, porque ao que parece não foi possível despachar o Kléber.

Estava tudo tratado para que o tipo que já teve o piço de marcar uns golos ao melhor guarda-redes do campeonato viesse para cá jogar. Com os parolos parece que o negócio estava acertado, o mesmo com o jogador que, apesar da proposta dos porcos ter sido, ao que consta, financeiramente superior, preferia jogar aqui. Enfim, só de pensar no trabalho que tivemos para ir buscar o outro brasuca do clube do parolo do Carlos Pereira, e que, por causa dele, não fomos buscar o Lima... admito que me provoca uma enorme azia.

Esta parceria tem-nos dado, de facto, pouco jeito, em termos desportivos. E confesso que isso me provoca algumas náuseas, porque nunca simpatizei com aqueles parolos. Acreditem que ainda há lá muitos parolos que ao mesmo tempo são porcos e também não se esqueçam das recepções que tínhamos quando íamos ao 1º de Maio. Por isso, Porto, dá-nos, no domingo, mais uma alegria, até para dar um bocado cabo desta azia.