Vai uma aposta?

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Eu quero o Málaga, tu queres o Málaga, provavelmente quase todos querem aquela bolinha no sorteio da Champions da próxima quinta-feira. É um desejo que tem motivações óbvias: porque se trata, à partida, da equipa mais fraca – ou menos forte – entre as sete que nos podem calhar em sorte, porque não tem experiência europeia nem um plantel tão forte como os outros potenciais adversários e porque nos últimos tempos até nos temos dado bem com as equipas espanholas.

Eu quero o Málaga por isso e não só. Eu quero o Málaga, por razões geográficas, também e sobretudo. Por ser aqui ao lado, estava garantida uma verdadeira invasão ao La Romareda, do género daquela que se viu em Paris, na semana passada. Seria, de facto, importante ter tanta gente a apoiar e a gritar Porto de uma bancada para a outra, como se viu na semana passada no Parque dos Príncipes, porque, como todos sabemos, os jogos também se ganham na bancada. Os “quartos” ficavam, certamente, muito mais ao nosso alcance.

Barcelona é quase tão perto como Málaga, é verdade, mas não teríamos a sorte que os porcos tiveram de fazer um treino contra os juniores e eu gostava muito de chegar, pelo menos, aos quartos-de-final. Mas confesso que não me importava de conhecer Turim, o Del Alpi e assim regressar a Itália, nove anos depois de ter festejado, em Roma, a passagem à memorável final da Taça UEFA. E a Dortmund? Também não era mal visto, não senhor, conhecido que é o ambiente no Westfalenstadion. Sou apreciador de estádios onde se vive a atmosfera espectacular de um verdadeiro jogo de futebol, onde todo o estádio se enfeita com coreografias e canta em uníssono. Como infelizmente, aliás, não se vê em Portugal, nem mesmo no nosso Dragão, onde se canta nos topos e a maioria se limita a assobiar se as coisas não correm bem.

Na Alemanha, as hipóteses são várias, em dose tripla, aliás. Com o Bayern podíamos vingar a roubalheira de há doze anos, no tempo do Fernando Santos, quando fomos eliminados dos “quartos” pelo árbitro. Com o Schalke podíamos ajustar contas mais recentes, mas a verdade é que não guardo boas memórias da última visita a Gelsenkirchen. Sempre me avisaram para nunca voltar a um lugar onde já fui feliz; eu voltei e a coisa correu mal, de facto.

Só peço, imploro pelo amor da santa, que não me levem outra vez a Inglaterra, onde já estou farto de ir e de chegar ao Porto enfeitado com um enorme par trombas. O que eu gostava mesmo era de ir ao La Romareda, mas não me iludo. Nos sorteios, como cantam os Xutos & Pontapés, “o azar persegue, esconde-se à espreita” e a sorte nunca quer nada connosco. E de tanto pedir, de certeza que não será o Málaga a aparecer naquele papelinho branco que parece que demora uma eternidade a ser desembrulhado. Com jeitinho, calha-nos mesmo ir a Manchester, para cumprir a tradição. E assim pode ser que aprenda, de uma vez por todas, a não brincar com a sorte e a não sonhar com bolinhas malditas dentro de dois potes.