Ainda a transferência de João Moutinho para o Mónaco

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Está ainda bem presente o alarido, a choradeira, as entrevistas aos “notáveis”, as ameaças com a denúncia do caso para a FIFA, enfim todo o habitual cardápio dos viscondes falidos, devidamente potenciado pela comunicação social do costume, porque interessava a escandaleira ou não fosse o FC Porto o alvo a atingir. Tudo porque acham que o passe de Moutinho vendido por 25M foi um mau negócio do ponto de vista dos seus interesses, por via da sua participação na mais-valia (25%) na parte excedente a 11M.

E foram rápidos a fazer as contas para ver quanto lhes cabia no negócio. E essas contas são muito simples:

(25-11) x 25% = 3,5M

Ou seja, pensam que vão receber do FC Porto 3,5M de euros, mais 1,25 M de euros (25x5%, a que há que descontar uma pequena parcela da formação no Portimonense) do Mónaco por força do mecanismo de solidariedade (formação) da UEFA.

Ora bem, se até aqui foi a Choradeira-Parte I, ou muito me engano, ou vamos ainda ter a Choradeira-Parte II.

Explicando-me:

O cálculo de 3,5M é o da mais-valia bruta, isto é, sem despesas e encargos. Ora, como é fácil de perceber (excepto, talvez, alguns “calimeros”), numa transferência de 25M, as despesas e encargos de intermediação (as famosas comissões) são bem pesadas. Tomando como exemplo a recente transferência de Diego Reyes de 7M de euros, os encargos foram de 2M. Logo, não me admiraria nada que numa transferência de 25M esses encargos andassem à volta dos 6M.

Pois bem, o meu ponto (e, certamente, o do FC Porto) é que a parte que cabe ao SCP é sobre a mais-valia líquida e não sobre a mais-valia bruta. Concretizando, será (admitindo os tais 6M de despesas e encargos):

(25-6)-11) x 25% = 2M

Quer dizer, quando o SCP receber do FC Porto uma nota de crédito de 2M (ou coisa parecida, em função dos valores reais) em vez dos esperados 3,5M, será que não vamos ter nova choradeira? Eu acho que sim e daí, como disse, aguarde-se pela Choradeira-Parte II.

Este meu raciocínio, para além da sua lógica (e, diga-se, legalidade) é ainda sustentado num caso precedente. Refiro-me à transferência do jogador Pepe do FC Porto para o Real Madrid. Como devem estar recordados, este contencioso com o Marítimo (o outro é o Kleber) é precisamente análogo, porque o Guardanapo da Madeira tendo direito a 10% do valor da transferência, entende que esses 10% devem incidir sobre o valor comunicado à CMVM (30M) e não sobre o valor líquido da operação, como entende o FC Porto. E qual é o ponto de situação deste contencioso?

O Marítimo intentou uma acção declarativa contra o FC Porto junto da Comissão Arbitral da Liga Portuguesa de Futebol Profissional reclamando um acerto (840.000 euros, juros de mora incluídos) no montante que lhe seria devido pela transferência. Esta Comissão Arbitral julgou improcedente o pedido do Marítimo, tendo este apresentado recurso para o plenário da LPFP, ainda pendente. Quer dizer, não tendo havido ainda uma decisão definitiva, pelo andar do processo, tudo indica que será dada razão ao FC Porto.

Bem que eu desejava que os calimeros não fossem pelo mesmo caminho dos guardanapos, mas conhecendo-os, bem como ao andor que sempre acompanha quem está contra o FC Porto, eu já vou estando preparado para o próximo capítulo desta choradeira.

P.S. Este artigo foi escrito antes do conhecimento da suspensão de relações do SCP com o FC Porto; este novo desenvolvimento só vem reforçar a minha convicção de que os viscondes vão ter uma grande surpresa, ou não fosse o Adelino Caldeira uma velha raposa (nomeadamente em assuntos jurídicos, como já deu sobejas provas).

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nota: o blog BPc agradece ao JCHS a elaboração deste artigo.