http://bibo-porto-carago.blogspot.pt/
Nunca perdoarei ao meu pai foi não me ter tornado sócio logo depois de ter sido registado no cartório. Em nome da liberdade de escolha, defende-se ele. Que escolha, questiono eu, se toda a família é portista, quer do lado paterno quer do lado materno? Não sou capaz de compreender. Ponto. E por isso, não sinto que tenha nascido portista, antes cresci a sê-lo, para aos onze anos me tornar, de facto, parte desta família quando, por iniciativa do nosso presidente, fui inscrito sócio deste clube. Mais vale tarde do que nunca, é verdade, mas valeu a pena esperar para ter a honra de ter visto a minha folha de inscrição preenchida por quem foi. A mágoa por o meu pai não ter feito o que devia quando nasci, não é assim tão grande, portanto.
Na família, vem de longe a tradição de acompanhar o Porto, em futebol e nas outras modalidades, dentro ou fora de casa. Comecei a ir às Antas, ao velhinho Américo de Sá e aos estádios e pavilhões deste país levado pelos dois meus tios-avós, os meus dois maiores exemplos de militância, de dedicação e de devoção. Foram eles que, no fundo, me ensinaram o que é, de facto, ser portista, não com palavras, porque isso não se aprende na teoria, mas com actos e atitudes, na prática do dia-a-dia. Como podia eu ficar indiferente a quem um dia a sair de casa, rumo ao estádio, partiu uma perna, mas mesmo assim viu o jogo na bancada até ao fim? Ou a quem um dia viu os dentes partidos por uma bola de hóquei em patins vinda do rinque, foi ao hospital e regressou ao pavilhão para festejar mais uma vitória? Como podia eu ficar indiferente a quem fazia mil e um sacrifícios para pagar as quotas, bilhetes e lugares cativos aos sobrinhos, aos sobrinhos-netos e até aos amigos deles? Tantos, tantos exemplos que este texto corria o risco de não terminar.
O meu tio-avô, padre, aos 82 anos, continua a ter lugar cativo no Dragão e não falha um jogo, mesmo que tenha que apressar a missa para lá estar . Continua a ser um enorme exemplo. A minha tia, infelizmente, está a ver as vitórias lá de cima e não assistiu, como merecia, às glórias de Sevilha, de Gelsenkirchen e de Dublin, aos 5-0 espetados aos mouros, à festa do título sem luz nem ao milagre de ver Jesus ajoelhado no Dragão. Ah, como ela tinha gostado de gozar e vibrar com todos aqueles momentos, que eu vivi também graças a ela e que eu, em cada um deles, festejei também por ela. É uma espécie de obrigação moral, um dever que tenho que continuar a seguir o caminho que ela trilhou e me guiou, porque sei que essa é a maior homenagem que lhe posso prestar enquanto estiver no mundo dos vivos.
Estamos na véspera de mais um dia histórico do nosso clube. Depois do estádio e do pavilhão, chega, finalmente, a vez do museu que guardará “o livro de honras e vitórias sem igual", que canta Maria Amélia Canossa. O privilégio que terei ao estar presente na inauguração será também um tributo que poderei prestar a todos aqueles que me tornaram portista e um homem inevitavelmente mais feliz. Parabéns, Porto, por teres adeptos assim. Parabéns Porto, por estes vitoriosos 120 anos.
Na família, vem de longe a tradição de acompanhar o Porto, em futebol e nas outras modalidades, dentro ou fora de casa. Comecei a ir às Antas, ao velhinho Américo de Sá e aos estádios e pavilhões deste país levado pelos dois meus tios-avós, os meus dois maiores exemplos de militância, de dedicação e de devoção. Foram eles que, no fundo, me ensinaram o que é, de facto, ser portista, não com palavras, porque isso não se aprende na teoria, mas com actos e atitudes, na prática do dia-a-dia. Como podia eu ficar indiferente a quem um dia a sair de casa, rumo ao estádio, partiu uma perna, mas mesmo assim viu o jogo na bancada até ao fim? Ou a quem um dia viu os dentes partidos por uma bola de hóquei em patins vinda do rinque, foi ao hospital e regressou ao pavilhão para festejar mais uma vitória? Como podia eu ficar indiferente a quem fazia mil e um sacrifícios para pagar as quotas, bilhetes e lugares cativos aos sobrinhos, aos sobrinhos-netos e até aos amigos deles? Tantos, tantos exemplos que este texto corria o risco de não terminar.
O meu tio-avô, padre, aos 82 anos, continua a ter lugar cativo no Dragão e não falha um jogo, mesmo que tenha que apressar a missa para lá estar . Continua a ser um enorme exemplo. A minha tia, infelizmente, está a ver as vitórias lá de cima e não assistiu, como merecia, às glórias de Sevilha, de Gelsenkirchen e de Dublin, aos 5-0 espetados aos mouros, à festa do título sem luz nem ao milagre de ver Jesus ajoelhado no Dragão. Ah, como ela tinha gostado de gozar e vibrar com todos aqueles momentos, que eu vivi também graças a ela e que eu, em cada um deles, festejei também por ela. É uma espécie de obrigação moral, um dever que tenho que continuar a seguir o caminho que ela trilhou e me guiou, porque sei que essa é a maior homenagem que lhe posso prestar enquanto estiver no mundo dos vivos.
Estamos na véspera de mais um dia histórico do nosso clube. Depois do estádio e do pavilhão, chega, finalmente, a vez do museu que guardará “o livro de honras e vitórias sem igual", que canta Maria Amélia Canossa. O privilégio que terei ao estar presente na inauguração será também um tributo que poderei prestar a todos aqueles que me tornaram portista e um homem inevitavelmente mais feliz. Parabéns, Porto, por teres adeptos assim. Parabéns Porto, por estes vitoriosos 120 anos.
Farpas,
ResponderEliminarObrigado pelo texto pessoal. Faco votos que desfrutes do momento historico de sabado. A minha ida tera de esperar pelo menos ate ao Natal, uma vez que vivo nos EUA...
Quanto a ser associado, faco este ano 25 anos de filiacao. Tenho muito orgulho nisso, mas ao contrario de ti nao lamento nao ser socio desde a nascenca (7 anos antes), porque nem toda a gente na minha familia e' portista e porque e' sempre bonito dizer que sou socio porque pedi para ser. :)
Tenho saudades de ver o Porto ao vivo, ja la vao mais de 2 anos desde o ultimo jogo no estadio (altura em que sai do pais) e tive lugar anual 14 epocas seguidas. Tenho mais saudades de jogos vividos nas Antas que no Dragao, provavelmente porque as primeiras memorias sao tambem as mais fortes, nao sei. Era outra mistica... A Arquibancada, o tribunal, os holofotes que cegavam o Jardel, ate o facto de levar com agua no lombo fazia um gajo sentir-se tolinho, mas apaixonado pelo clube.
Espero que o museu esteja a altura do clube e de todas as pessoas que o amam.
Abraco.