09 janeiro, 2014

Um clássico diferente

http://bibo-porto-carago.blogspot.pt/

Depois de alguns meses de aventuras e desventuras com muitos momentos de montanha russa, eis-nos chegados à última jornada da 1ª volta do Campeonato 2013/14. Para tal, nada mais aliciante do que fechar esta etapa inicial com o maior clássico de Portugal, com o grande dominador do futebol nacional dos últimos 30 anos a visitar aquele que tem sido o principal opositor durante este período. Com muito pouco sucesso nos últimos anos diga-se de passagem...

Este é, como todos sabemos, um jogo cuja normalidade (sempre relativa nestes jogos…) foi afectada com o falecimento de Eusébio, o maior símbolo do nosso rival. Seguramente que para nós pouco muda e os nossos objectivos manter-se-ão. Uma vitória e uma demonstração de superioridade no terreno do principal oponente ao Tetra estarão sempre no horizonte do FC Porto, mas é claro que o clássico irá disputar-se sob um cenário completamente diferente do que pensaríamos há uns dias atrás.

Abordando o jogo, acredito que antes da morte de Eusébio previa-se um cenário de grande pressão negativa para os vermelhos. Vistos com grande desconfiança depois do desastre de Maio, somadas as posteriores sequelas já durante esta temporada e tendo no banco aquele que muitos consideram um treinador “fora do prazo”, Jesus e os seus comandados teriam junto a si um público impaciente e desconfiado, que se constituiria como um possível foco de desestabilização ao 1º deslize. Já do nosso lado, e apesar de termos sido pouco convincentes nas últimas semanas, teríamos sempre a vantagem psicológica de um histórico recheado de demostrações de força em terreno rival, suportados por uma massa humana de mais de 3000 pessoas que na Luz ainda brilha mais, demostrando sempre uma força e um apoio inesgotáveis.

Entretanto muita coisa poderá ter mudado e as previsões apontam para algumas alterações neste cenário inicial, nomeadamente na maneira como este jogo será vivido do lado vermelho.

Ao contrário do que muitos analistas e wishful thinkers do andor vermelho pensam, eu acho que este clássico tornou-se ainda mais apetecível para o FC Porto. E a seguir colocarei por tópicos o porquê desta minha opinião:

• O nosso rival está mais do que nunca “obrigado” a ganhar. Se já estariam mais pressionados porque jogam em casa, porque estão em dívida com os adeptos e porque ainda tem de vir ao Dragão, agora é praticamente uma obrigação fazê-lo. Esse facto poderá ser explorado por um FC Porto maduro e paciente, capaz de explorar a eventual precipitação e sofreguidão do visitado. Não temos tido esse FC Porto este ano, mas o estádio EDP costuma ser o palco de honra do Dragão nos últimos anos...

• Se por um lado no início do jogo o ambiente será de forte apoio dos adeptos encarnados, agora mais unidos em função dos acontecimentos desta semana, tenho a convicção de que caso as coisas comecem a sair ao contrário do que desejam rapidamente voltarão ao espírito “afiar as facas” que se antevia. O público português é sempre dado a estes extremos, mais ainda quando encontram em dificuldades num jogo em que não colocam a hipótese de o perder. E isso poderá constituir-se como mais um aliado a nosso favor.

• Ao contrário do que muitos “jornalistas” e comentadores “isentos” querem fazer crer, o FC Porto não vai defrontar o Benfica dos anos 60 e muito menos um qualquer espírito de Eusébio, que qual Casper irá reaparecer na Luz para guiar os vermelhos à vitória que o Portugal do Terreiro do Paço exige. A versão que iremos defrontar é a habitual, uma equipa que tem sido invariavelmente batida pela nossa e que não adquiriu nenhum poder especial para além de uma motivação/pressão reforçada. E todos sabemos como eles costumam reagir em cenários de motivação/pressão máxima...

• Ganhar em circunstâncias normais seria um passo importantíssimo para o Tetra, ganhar neste cenário seria um golpe brutal depois de todo este revivalismo em torno do Benfica dos 60s. As consequências de uma vitória do FC Porto (ou mesmo de um empate) serão muito provavelmente uma quebra do frágil elo de ligação treinador-equipa-adeptos-direcção, mergulhando o rival numa depressão difícil de ultrapassar para o resto da época.

• Apesar de tudo são apenas 3 pontos numa longa corrida, a menos que aconteça uma catástrofe teremos sempre margem para sair da Luz a depender de nós próprios e perante este cenário de “ganhar para dedicar” que decerto contagiará uma equipa de arbitragem que não será imune à pressão de que qualquer erro a nosso favor será considerado como “traição à pátria”, o que temos de facto a perder que seja tão definitivo? Acredito que analisar hoje uma eventual derrota do FC Porto é ainda menos dramático do que há uns dias por tudo o que rodeia este jogo, por isso volto a reiterar: temos muito mais a ganhar e muito menos a perder neste domingo!



Acredito que os nossos responsáveis, treinadores e jogadores estarão a preparar este jogo cientes da importante “janela de oportunidade” que se abriu, mesmo que os discursos oficiais devam centrar-se na desvalorização de factores externos no lançamento desta importante partida.

O caminho para o Tetra passa pela Luz, agora ainda mais do que nunca. Está na hora do FC Porto dar o passo em frente!

Um resto de boa semana e vamos a eles!

PS 1: Gosto de preservar os meus valores e queria deixar bem claro que apesar de neste texto colocar a morte de Eusébio como mero factor estratégico em torno do clássico obviamente que a lamento e inclusive tenho-lhe todo o respeito pela fulgurante carreira e pelo prestígio mundial que granjeou enquanto futebolista.

Mas tocando neste tema, não posso deixar de lamentar o espectáculo montado em torno das exéquias do antigo futebolista. Espectáculo esse que posso no entanto classificar de coerente... Usado pelo Estado Novo que dele fez um símbolo de um Portugal anacrónico e explorado pelo seu clube que o reteve nos seus melhores anos e o obrigava a jogar mesmo lesionado, agora depois de morto foi lamentavelmente utilizado para efeitos de propagandização do Benfica e Vieira bem como, para mal dos nossos pecados, por responsáveis políticos que viram neste acontecimento uma oportunidade para “fazer charme”.

Tomara que NUNCA MAIS se passe um folclore destes, permitindo-se televisões a filmar cadáveres em directo do interior de uma qualquer “catedral”, com “todo o cão e gato” a fazer questão de ser filmado a tocar na testa do defunto e com padres (?!) a gritar “Viva o b…”.

E depois ainda tem lata para falar mal dos excessos na Coreia do Norte, Venezuela ou do mausoléu de Lenine... Tenham VERGONHA!

PS 2: Fez esta semana 29 anos do desaparecimento físico daquela que foi para mim a personalidade mais importante do actual FC Porto moderno e ganhador.

Junto com a maior figura do FC Porto de todos os tempos, Pinto da Costa (de quem foi um autêntico mentor), José Maria Pedroto foi um génio do futebol enquanto jogador e treinador ao serviço do nosso Clube, deixando também um enorme legado no Vit. Setúbal, Boavista, Guimarães e Selecções Nacionais.

Infelizmente para mim apenas coincidimos nesta vida por 4 meses... Quem me dera ter nascido mais cedo Mestre! E que o Senhor não tivesse partido tão cedo!

1 comentário:

  1. Em relação ao minuto de silêncio que será feito no domingo, eis porque acho que devemos cumprir.
    1 - Respeito e civismo
    2 - Para não dar ensejo a todos os palradores que costumam ladrar na TV, radio ou jornal de cascarem na educação das "gentes do Norte" como eles gostam.
    3- Como foi dito na crónica eles vão estar cheios de tesão de mijo. Se durante o minuto de silêncio nos manifestar-mos esse tesão provavelmente irá durar mais.´
    Abraço.
    Sérgio.

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