http://bibo-porto-carago.blogspot.pt/
A época de banhos ainda nem verdadeiramente começou e o ambiente já vai quente, muito quente. O FC Porto já garantiu seis reforços. São eles Gudiño, Bueño, André André, Sérgio Oliveira, Imbula e Danilo. Três portugueses e três estrangeiros. De saída estão, nada mais nada menos, que 5 titulares: Fabiano, Danilo, Casemiro, Oliver e Jackson Martínez. É o que dá passar a ser um clube-plataforma, um clube estilo praça financeira, montra de valorização e de venda de produtos.
É difícil, para um portista como eu nascido em meados de 80, que cresceu com os grandes ídolos dos anos 90, ver no que se transformou o FC Porto. Não é que seja mau, não é que seja sequer o único a gerir assim os seus recursos humanos, mas estávamos habituados a outra coisa, a uma cultura diferente, a uma mística, a uma prata da casa.
Nem sequer se pode criticar verdadeiramente este estilo de negócio. Porque a verdade é que o FC Porto é o grande obreiro e o maior beneficiado com este futebol de empresários. É o clube europeu que mais vendas milionárias concretiza, que melhor coloca os seus jogadores, um claro tubo de ensaio para jogadores sul-americanos, a porta de entrada por excelência dos não comunitários. Aliás, se há clube europeu que se adaptou ao pós-Lei Bosman, esse clube só pode ser o FC Porto. Dezenas e dezenas de vendas milionárias, margens gigantescas, valorizações galopantes.
Então, o que está mal? É somente estar dois anos sem nada ganhar?
Também, claro. Não me parece apenas isso. O problema é, essencialmente, de critério. Nenhum portista percebe que se gaste milhares de euros em contratações e salários de guarda-redes. Desde Bracalli a Bolat, passando por Andrés, Kiesczek, Ricardo, Beto, Fabiano até ao provável Moya. Um ror de guarda-redes, quase todos sem a qualidade mínima para singrar na baliza do FC Porto.
Outras vezes, o que choca é a diferença de investimento de umas épocas para as outras. Sai Falcao e o clube substitui o colombiano com Kléber e Janko. Vende Guarín, Belluschi e Moutinho e contrata Josué, Licá e Carlos Eduardo.
Por outro lado, noutros anos, já se consegue trazer Tello e Brahimi, Oliver e Casemiro. E agora até se consegue fazer a vez de tubarão e ir a Marselha pescar a jovem promessa Imbula por 20 milhões. Recordar que, há poucos anos atrás, era o Marselha a vir pescar o capitão do FC Porto por 17 milhões: Lucho Gonzalez.
Mais estranho ainda é ver os jovens Ruben Neves (cobiçado por Liverpool), Ricardo, Sérgio Oliveira (cobiçado por Manchester City), Gonçalo Paciência e André Silva a darem cartas nos campeonatos da sua categoria, tendo poucas ou nenhumas perspectivas de oportunidades por cá. E ainda há Hernâni, não esquecer.
A falta de critério vê-se também na aposta nos próprios jogadores contratados. Tal como nas empresas nacionais, parece não haver um plano de carreira definido, ao contrário de anos passados. Evandro chega ao FC Porto, mas ninguém sabe se ficará mais que uma época. Carlos Eduardo chega numa época atribulada, é atirado para França, regressa, mas com as contratações de Imbula, Danilo e André André, é mais que provável que volte a ser dirigido para a porta de saída. Reyes e Quintero, culpa própria ou culpa do clube, não parecem ser vistos como opções de futuro, pese embora o dinheiro que custaram. Herrera, com tantas contratações, estará na porta de embarque. Maxi Pereira, ao invés, está na área das chegadas com um contrato milionário. O que fazer com Opare? E Rolando? E Victor Garcia? E Octávio? E Tózé? E Tiago Rodrigues? E Djalma? E Ghillas? E Caballero? E Adrian?
Há Aboubakar e Gonçalo. E há André Silva. Mas já se foi buscar Bueño (para que posição?) e pensa-se em Mitrovic e em outros mais.
A lista de assalariados e semi-assalariados é monstruosa, mas o clube parece não se importar com isso e continua na mesma senda de vendas e contratações, sem sequer parar para fazer uma limpeza geral e pôr a casa em ordem. A palavra de ordem para ser a fuga em frente, sabe-se lá para onde. Digam-me o que disserem, que há que confiar no Presidente e tudo o mais, mas isto é tudo menos uma gestão inteligente e zelosa.
A Doyen e outros empresários gravitam à volta do clube como abutres. O Presidente vai jogando o jogo que sempre jogou: contratar bem e vender caro. Mas o risco é cada vez maior, as margens cada vez mais curtas e os jogadores cada vez querem menos saber da camisola que vestem. Querem é chegar, jogar e partir, para onde o dinheiro for maior. Nada contra isso. Todos somos livres de ir para onde nos pagarem mais. Só não peçam é à malta para encher estádios e apoiar o clube, quando isto cada vez parece menos um clube do que uma plataforma giratória de jogadores e empresários.
Rodrigo de Almada Martins
É difícil, para um portista como eu nascido em meados de 80, que cresceu com os grandes ídolos dos anos 90, ver no que se transformou o FC Porto. Não é que seja mau, não é que seja sequer o único a gerir assim os seus recursos humanos, mas estávamos habituados a outra coisa, a uma cultura diferente, a uma mística, a uma prata da casa.
Nem sequer se pode criticar verdadeiramente este estilo de negócio. Porque a verdade é que o FC Porto é o grande obreiro e o maior beneficiado com este futebol de empresários. É o clube europeu que mais vendas milionárias concretiza, que melhor coloca os seus jogadores, um claro tubo de ensaio para jogadores sul-americanos, a porta de entrada por excelência dos não comunitários. Aliás, se há clube europeu que se adaptou ao pós-Lei Bosman, esse clube só pode ser o FC Porto. Dezenas e dezenas de vendas milionárias, margens gigantescas, valorizações galopantes.
Então, o que está mal? É somente estar dois anos sem nada ganhar?
Também, claro. Não me parece apenas isso. O problema é, essencialmente, de critério. Nenhum portista percebe que se gaste milhares de euros em contratações e salários de guarda-redes. Desde Bracalli a Bolat, passando por Andrés, Kiesczek, Ricardo, Beto, Fabiano até ao provável Moya. Um ror de guarda-redes, quase todos sem a qualidade mínima para singrar na baliza do FC Porto.
Outras vezes, o que choca é a diferença de investimento de umas épocas para as outras. Sai Falcao e o clube substitui o colombiano com Kléber e Janko. Vende Guarín, Belluschi e Moutinho e contrata Josué, Licá e Carlos Eduardo.
Por outro lado, noutros anos, já se consegue trazer Tello e Brahimi, Oliver e Casemiro. E agora até se consegue fazer a vez de tubarão e ir a Marselha pescar a jovem promessa Imbula por 20 milhões. Recordar que, há poucos anos atrás, era o Marselha a vir pescar o capitão do FC Porto por 17 milhões: Lucho Gonzalez.
Mais estranho ainda é ver os jovens Ruben Neves (cobiçado por Liverpool), Ricardo, Sérgio Oliveira (cobiçado por Manchester City), Gonçalo Paciência e André Silva a darem cartas nos campeonatos da sua categoria, tendo poucas ou nenhumas perspectivas de oportunidades por cá. E ainda há Hernâni, não esquecer.
A falta de critério vê-se também na aposta nos próprios jogadores contratados. Tal como nas empresas nacionais, parece não haver um plano de carreira definido, ao contrário de anos passados. Evandro chega ao FC Porto, mas ninguém sabe se ficará mais que uma época. Carlos Eduardo chega numa época atribulada, é atirado para França, regressa, mas com as contratações de Imbula, Danilo e André André, é mais que provável que volte a ser dirigido para a porta de saída. Reyes e Quintero, culpa própria ou culpa do clube, não parecem ser vistos como opções de futuro, pese embora o dinheiro que custaram. Herrera, com tantas contratações, estará na porta de embarque. Maxi Pereira, ao invés, está na área das chegadas com um contrato milionário. O que fazer com Opare? E Rolando? E Victor Garcia? E Octávio? E Tózé? E Tiago Rodrigues? E Djalma? E Ghillas? E Caballero? E Adrian?
Há Aboubakar e Gonçalo. E há André Silva. Mas já se foi buscar Bueño (para que posição?) e pensa-se em Mitrovic e em outros mais.
A lista de assalariados e semi-assalariados é monstruosa, mas o clube parece não se importar com isso e continua na mesma senda de vendas e contratações, sem sequer parar para fazer uma limpeza geral e pôr a casa em ordem. A palavra de ordem para ser a fuga em frente, sabe-se lá para onde. Digam-me o que disserem, que há que confiar no Presidente e tudo o mais, mas isto é tudo menos uma gestão inteligente e zelosa.
A Doyen e outros empresários gravitam à volta do clube como abutres. O Presidente vai jogando o jogo que sempre jogou: contratar bem e vender caro. Mas o risco é cada vez maior, as margens cada vez mais curtas e os jogadores cada vez querem menos saber da camisola que vestem. Querem é chegar, jogar e partir, para onde o dinheiro for maior. Nada contra isso. Todos somos livres de ir para onde nos pagarem mais. Só não peçam é à malta para encher estádios e apoiar o clube, quando isto cada vez parece menos um clube do que uma plataforma giratória de jogadores e empresários.
Rodrigo de Almada Martins
Caro Rodrigo,
ResponderEliminarUma correção importante. O FCP não esteve dois anos (épocas) sem ganhar nada. É uma mentira repetida muitas vezes. Só não ganhou nada em 2014-2015 (e todos sabemos porquê). Uma época nas últimas 26. Ao contrário de outros que nesse mesmo período, ficaram cerca de 50% das épocas sem ganhar nada, e outros ainda que ficam na casa do 60% de épocas sem ganhar nada.
Cumprimentos,
Fernando Gomes
Vemos o nível do FC Porto actualmente e comparamos com o enorme esforço que o Benfica fez para nos apanhar, à custa de um enorme passivo, sufoco financeiro e necessidade de vender jogadores todos os anos no verão e até em janeiro. O Sporting está também muito mal a nível de finanças mas nem assim está perto da valia do FC Porto. Pelo contrário, o FC Porto tem uma equipa muito boa, uma das melhores da Europa (não quero dizer que esteja no top10 ou que consiga competir com os clubes milionários mas é sem dúvida uma das melhores, basta ver o que fazemos na Liga dos Campeões) e com finanças perfeitamente controladas ao contrário do que muitos lunáticos apregoam. Vejam o que fez o Lyon há uns anos atrás ou o que está a fazer este ano o Marselha, clubes que precisaram de fazer uma recuperação económica, venderam os jogadores mais caros e apostaram noutros mais baratos ou jovens da formação. O Lyon já recuperou, montou um belo plantel e já começa a ter dinheiro para investir. Se por alguma catástrofe o FC Porto se visse obrigado a fazer o mesmo acho que não teria dificuldades e rapidamente voltava ao seu lugar.
ResponderEliminarQuero com isto dizer que o FC Porto adoptou uma estratégia de risco mas tem dado resultado. Começou a comprar jogadores mais caros com a responsabilidade de todos os anos vender 2 ou 3 jogadores titulares e têm conseguido. Com isso conseguiu ter sempre planteis fortes (com uma ou outra excepção como a equipa de Paulo Fonseca) e consolidar a sua posição na europa, temos sido cabeças de serie no sorteio da LC.
Se agora o FC Porto se pode dar ao luxo de comprar jogadores por 20M, 18M ou 22M (Imbula, Danilo, Hulk) é a evolução natural do sistema. O preço dos jogadores sofre inflação, o FC Porto consegue vender por mais mas se quer comprar grandes jogadores também tem de pagar mais.
Por outro lado a SAD agora aumentou os ativos com passagem de parte do estádio. Esses milhões em ativos servem para quê? Para obter financiamento, para poder ter um maior passivo. Uma SAD não serve para gerar lucros, serve para gerir uma equipa de futebol por isso ganhar dinheiro e guardá-lo no banco não serve de nada. O que se ganha é para se investir, comprando ativos ou abatendo dividas. Nesse ponto, eu que não sou economista, acho que a SAD pode trabalhar para rever os empréstimos que tem de forma a pagar menos juros pelos mesmos.
é o que eu digo: este blogue parece o muro das lamentacoes...
ResponderEliminarCaro Fernando Gomes,
ResponderEliminarImporta-se de enumerar os títulos ganhos pelo Porto nos anos 2014 e 2015.
Cumprimentos.
Gil
Caro Gil,
ResponderEliminarSabe muito bem que a actividade dos clubes de futebol (como em outros desportos) é definida por épocas e não por anos. O FCP ganhou a Supertaça em 2013-2014, daí só não ter ganho nenhum título, dentro das últimas 26 épocas, em 2014-2015. Não vale a pena tentar enganar as pessoas. O meu comentário anterior foi muito claramente dirigido às épocas (elementos essenciais à avaliação do desempenho dos clubes), e não aos anos (elementos irrelevantes neste mesmo contexto). Serve a sua (e de outros) alteração na linguagem apenas para tentar fazer crer que o passado recente é pior do que aquele que realmente é. Temos pena.
Cumprimentos,
Fernando Gomes
Boa tarde,
ResponderEliminarTambém não percebo as contratações.
Então o Imbula e o Danilo para a mesma posição ? Mais o ruben neves ? Ou é para descartar o ruben neves ? Ou o danilo vem para ser emprestado ? E... 20 milhoes ?!
E defesas decentes ? Ou é para voltar a sacrificar o Ricardo a defesa direito ? Precisamos de um defesa direito, um central e o provavelmente de um esquerdo.
Mais a mais, para lugar do jackson nao me parece que tenhamos contratado ng. Não percebo mesmo.
Resta-nos aguardar...
o bastardo
Caro Fernando,
ResponderEliminarSim, eu sei que a avaliação do desempenho dos clubes se faz em épocas, mas não deixa de ser verdade que nos anos 2014 e 2015 o NOSSO clube não ganhou nada.
Na época 2013-2014, ganhou a Supertaça, é verdade, mas para nós isso é o pão de cada dia. Logo, discordo de si quando diz que "o passado recente é pior do que aquele que realmente é", pois nas últimas duas épocas, tirando a Champions passada, foram um desastre absoluto a nível de títulos.
PS: bastardo, o Imbula é 8 e não 6, o Rúben Neves embora tenha bastante qualidade não conseguiria aguentar um meio campo sozinho durante uma época inteira daí a contratação de Danilo. Os 20 milhões concordo que sejam exagerados e podiam ser utilizados de outra maneira num DC e DD, mas pronto...
Cumprimentos,
Gil
Caro Bastardo, até consigo compreender as contratações. O que ainda não compreendi, é o que vamos fazer aos jogadores que cá estão.
ResponderEliminarSe utilizarmos termos clássicos do futebol, em que o 6 é o distribuidor de jogo, o 8 o transportador e o 10 o criativo, neste momento temos:
6 - Ruben Neves e Danilo
8 - Herrera, Sérgio Oliveira, Imbula
10 - Evandro, Carlos Eduardo e André André
Vou esquecer restantes emprestados e especulações. Vamos também esquecer que destes jogadores, vários podem fazer 6 e 8, ou 8 e 10. Resumindo, ficamos com quê? Pelo menos 2 destes jogadores têm guia de marcha. E se Carlos Eduardo tem sido falado insistentemente para França, pelo que será remota a sua permanência no plantel, já o outro me parece ser Herrera. Não só porque é um jogador com bom mercado, que ainda se pode valorizar mais na Golden Cup, como as recentes declarações dele, ansioso por ficar no FCP me parecem querer dizer que sente o seu lugar em risco. Para piorar, Herrera é classicamente um 8. É demasiado desastrado para fazer de 6 ou 10 com confiança. A outra hipótese de saída será Sérgio Oliveira. Mas parece-me um jogador de banco muito útil para o desperdiçarmos.
Se ficarmos com estas congeminações, temos um meio campo de grande categoria, previsivelmente com Danilo, Imbula e André André a titulares, mas com um excelente banco a sustentá-los.
E se o ataque está bem composto, a demora no reforço da defesa está a preocupar. Saindo o Alex Sandro, como é previsivel, faltam-nos jogadores de classe neste sector.
Hugo Mota