12 dezembro, 2015

EQUÍVOCOS.

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O jogo com o Chelsea veio pôr definitivamente a nú inúmeras dúvidas sobre a equipa e o treinador, sendo que dele não resulta nada de especialmente novo para quem acompanha este FC Porto 2015/16.

Existem demasiadas evidências de que o plantel é individualmente mais fraco do que o do ano passado (e longe do potencial de boa parte das equipas do FC Porto deste século), reflexo de uma política de contratações e vendas focada cada vez mais no curto prazo e em diferentes interesses que cada vez mais colidem com os desportivos, com os resultados que se tem visto. Por outro lado o timoneiro da equipa principal, Julen Lopetegui, que há uns meses parecia capaz de aguentar a pressão, dar luta e manter o seu plano, perdeu o Norte e vive actualmente tolhido pela pressão que se gerou à sua volta, incapaz de seguir um caminho e cada vez mais a apostar em soluções mágicas, o que no desporto pode até servir para ganhar alguns jogos mas que seguramente não garantem títulos relevantes.

Como seria de esperar, esta derrota sem honra nem luta em Inglaterra e a correspondente saída sem glória da Champions gerou um clima de cortar à faca sobre o treinador, incluindo um nível de linguagem absolutamente destrutivo e que acho lamentável sobre aquele que (ainda) é, para o bem e para o mal, o treinador do FC Porto, mas já sabemos como as massas funcionam. Vítor Pereira, Paulo Fonseca ou Jesualdo Ferreira (entre muitos outros) passaram pelo mesmo e perante a frustração é absolutamente normal que Lopetegui também seja alvo da fúria descontrolada e agressiva.

No entanto, e sendo fiel aos meus princípios de tentar ver a fotografia por inteiro, não me fico pela ideia de que todos os males começam e acabam em Julen Lopetegui e que a solução será encontrada apenas com a sua saída. Aliás, ao longo dos tempos tenho tentado abordar diferentes problemas que se vislumbram no edifício FC Porto, sendo que inclusivamente na ressaca do fantástico título de 2012/13 e num momento de felicidade debrucei-me sobre os problemas que já na altura pareciam evidentes (AQUI e AQUI). Sou por isso daqueles que não pensa que nas vitórias está tudo bem e nas derrotas tudo mal, mesmo que tal postura dita moderada tenha caído em desuso num tempo de cada vez maiores certezas e conclusões “provisoriamente definitivas”, numa época em que para aparecermos em destaque nas redes sociais, blogues ou jornais temos de ser incisivos, críticos, agressivos e “politicamente incorrectos”, seja lá o que isso for.

Avançando para o que realmente interessa, o FC Porto chegou a esta situação de pré-ruptura com aquilo que foi o seu percurso normal dos últimos 30 anos por sua inteira responsabilidade. Os últimos anos têm sido de equívocos evidentes até para o mais distraído dos adeptos, as regras de ouro dos anos de domínio foram subvertidas em nome de interesses e ambições difíceis de perceber pelo comum dos adeptos e a própria relação dos Sócios mais fiéis com o Clube e com os seus Responsáveis/Atletas vive um dos momentos mais baixos de sempre, com desconfianças mútuas que nem nos sombrios anos do jejum nos anos 60 e 70 eram tão evidentes.

São vários os equívocos que se detectam mesmo à vista desarmada, cada um deles com um potencial destrutivo apreciável. Não vou no entanto debruçar-me sobre eles, em jeito de “lista de supermercado” por dois motivos: por um lado é um exercício fastidioso, uma vez que todos os Portistas militantes sabem bem do que falo. Depois porque neste blog ainda há poucos dias o Norte já escreveu isto AQUI e pouco mais haveria a acrescentar…

Perder em Londres e ser eliminado da Champions é só a ponta de um iceberg e nem uma vitória em Alvalade e uma possível reconquista do campeonato poderão impedir que se apresente como cada vez mais ameaçador. É tempo de reflexão profunda sobre o que queremos para o FC Porto e como iremos continuar esta caminhada colectiva iniciada a 1893, até porque 2016 está ai e um novo ciclo terá forçosamente de ser aberto, ainda com Pinto da Costa ou já sem ele, tendo em conta que estamos perante um cenário de um novo mandato de agora 4 anos.

Quem continuar a enterrar a cabeça na areia e a pensar que o tempo não passa e o Mundo não gira e que tudo se resolverá como que por artes mágicas está apenas a iludir-se e a prestar um mau serviço ao Futebol Clube do Porto.

PS - O Basquetebol sénior foi interrompido e agora o Ciclismo acorda da hibernação sem existir qualquer tipo de análise ou apresentação aos sócios em sede própria antes da divulgação pública. Bem sei que um dos segredos do sucesso da presidência de Pinto da Costa está na centralização de certo tipo de decisões, mas estas em particular não deveriam ser do interesse dos sócios do Clube em sede de Assembleia Geral, uma vez que se tratam de modificações estruturais na actividade desportiva do Clube? Mais um “equívoco”?

3 comentários:

  1. Veio nos jornais que a direcção vai meter 180 mil € na equipa, e faz sentido porque ninguém dá uma volta de 180º "porque sim".

    Por isso sempre achei absurdo todo o processo do basquetebol. Como é que se explica que em 6 meses passe a existir dinheiro para:

    - Equipa de basket
    - 4 reforços estrangeiros
    - Inscrição na Europa
    - Equipa de ciclismo

    Afinal o que mudou exactamente em 6 meses que não mudou nas 3 épocas anteriores?

    E tem toda a razão, este "quero, posso e mando" não se vê em outros sítios. Extingue-se uma equipa, depois regressa, depois cria-se outra e é como se os sócios nem sequer existissem.

    Se há décadas que não existem "eleições" (o que até se percebe) e a política desportiva é completamente autista, afinal que influência tem um sócio actualmente?

    Qual é o seu papel das pessoas sem as quais o clube não existia?

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  2. Os sócios só servem para pagar as quotas e mais nada.O Pinto da Costa já se esqueceu (deve ser da idade)do lema da sua candidatura inicial "um clube dos e para os sócios ",mas isso eram outros tempos pois este clube cada vez mais com esta política afasta as pessoas é mais uma quinta de alguns que até serve para empregar a família.

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  3. Cabe aos sócios exigirem ser ouvidos em Assembleia para colocar na mesa todas as questões pertinentes, e procurar respostas para a indiferença a que têm sido votados pela SAD.

    Ponto final.

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