FC PORTO-BELENENSES, 0-0
Sr. Nuno Espírito Santo, há quantos minutos o FC Porto não marca um golo? Eu respondo: 430 MINUTOS. Quase 5 jogos completos. É de facto impressionante como uma equipa como o FC Porto não consegue abanar as redes. O Sr. Nuno é capaz de ficar na história do clube, batendo um record estrondoso. Mas será que tem a noção de que está a treinar um dos melhores clubes da Europa e do mundo, que venceu tudo o que há para vencer?
Sr. Nuno, isto não é o Rio Ave, nem sequer o Valência. Isto é o FC Porto, um clube que ERA respeitado e temido pelos adversários. Hoje qualquer adversário joga contra a equipa que dirige e pensa logo em vencer e dá o empate como um resultado normal. Até o Belenenses consegue empatar duas vezes consecutivas com V. Exª, mesmo com dez jogadores em campo.
Se calhar no Rio Ave empatar cinco vezes consecutivas e marcar um golo ao benfica é um brilharete. Se calhar no Valência, nem tanto mas no FC Porto, tenha lá paciência. É insustentável.
É incompreensível, inaceitável, inacreditável! Mas eu não lhe posso colocar todas as culpas. Nem sequer a maior parte delas. A culpa não é só sua. Longe de pensar uma coisa dessas! Mas é de quem o promove, de quem o contrata e de quem lhe dá as condições que V. Exª. gostaria de ter mas não tem. Além disso ainda arca com as culpas dos outros e há-de arcar com as vindouras.
Daqui por pouco tempo vamos vê-lo a sair chamuscado pela porta do Dragão e veremos outro prontinho para entrar no forno. As culpas vão continuar a recair nos mesmos. Agora em V. Exª, daqui a um tempo no seu sucessor.
Mas onde eu posso questioná-lo, é quando tento perceber porque é que o Brahimi não é opção para uns jogos importantes e já é opção para uma tacita da liga; é quando tento perceber porque é que o João Carlos Teixeira sofre do mesmo problema do Brahimi, com a agravante de se ter estreado apenas esta noite em jogos oficiais; é quando tento perceber a utilidade de Varela; é quando tento perceber a insistência em Depoitre (qualquer avançado da equipa B ou dos juniores é bem superior) mas aí o Sr. Nuno não tem culpa da sua contratação apesar de ter sido dito que foi a sua aposta; é quando tento descobrir a qualidade do Herrera.
Podemos vir falar em arbitragens, em erros grosseiros em 8, 9 ou 10 jogos em que o FC Porto foi severamente prejudicado pela equipa do apito mas o facto é que o FC Porto não joga nem produz o suficiente para contrariar um pouco esses erros de arbitragem. O FC Porto parece um pouco como as montanhas-russas. Pode fazer um bom jogo e depois passa três ou quatro a “não dar um carro de mato”.
Nulo! Mais uma nulidade deste FC Porto. E novamente contra um Belenenses em inferioridade numérica desde o minuto 40 por expulsão justa de Benny numa entrada sobre R. Neves.
A Taça da Liga, continuo a dizer como sempre disse, é uma prova dispensável mas como está no calendário e tem de ser cumprida, então dê-se oportunidade aos jogadores que pouco ou nada jogam. Foi o que o treinador do FC Porto fez e bem. Mas as opções não são verdadeiras opções. Pelo menos uma boa parte delas.
O jogo desta noite decorreu à semelhança do jogo do Restelo. O FC Porto a tomar as rédeas do encontro e o Belenenses a defender atrás, espreitando o contra-ataque que desta vez nem sequer existiu.
O FC Porto teve alguns bons apontamentos individuais com destaques para Inácio (o estilo lembra-me Alex Sandro mas mais rápido), Rui Pedro (Depoitre que estás cá a fazer?) e João Carlos Teixeira (porque não jogas?).
Na primeira parte, cerca da meia hora de jogo ainda foi anulado um golo limpo (mais um) aos Dragões por fora-de-jogo inexistente a Felipe e perto do intervalo o Belenenses ficou reduzido a 10. Esperava-se que a partir daí o FC Porto teria o jogo facilitado para a etapa complementar.
Puro engano. O FC Porto não desenvolveu futebol convincente, nem sequer ameaçou seriamente a equipa de Belém. Ficam dois registos apenas. Um remate em arco de Brahimi que Ventura defendeu para canto e uma jogada individual muito bonita de Rui Pedro que, depois de tirar dois adversários do caminho, rematou ao poste da baliza azul.
Zero, zero e mais zero! Assim vai o FC Porto na presente época. Com mais um nulo, o Dragão não sabe o que quer dizer golo, baliza, festejo, alegria… Depois de Paulo Fonseca/Luís Castro, Lopetegui/Rui Barros/José Peseiro, temos Nuno Espírito Santo. Quem se seguirá para a fogueira?
Lembram-se do cemitério de treinadores dos anos 90 para os lados de Carnide? Agora parece que há um crematório no reino do Dragão.
A banda da música, no entanto, segue o seu caminho, assobia para o lado e vai definhando até ao momento em que tudo ficar em cinzas. Quando muita gente se aperceber, será tarde demais. O pior cego não é aquele que não vê, mas sim aquele que não quer ver.
Seguem-se dois jogos na agenda do Dragão de importância elevada: recepções ao Sp. Braga (3º classificado com mais um ponto do que o FC Porto) para a Liga NOS e Leicester para a Champions League que decidirá se nos mantemos ou não na liga milionária pelo menos até princípios de Março.
DECLARAÇÕES
Nuno: “O resultado é totalmente injusto”
Falta de golos
“É algo que preocupa, que é injusto acima de tudo pelo trabalho que os jogadores fazem. Não conseguem ver materializado o trabalho, o esforço e a dedicação. Trabalhamos, insistimos e cremos que isto vai acabar e que vamos conseguir reverter a situação. É um problema que é claramente ultrapassável. O caminho é o trabalho: amanhã de manhã começamos a preparar isto para consolidar o que de bom fazemos e para melhorar claramente o que temos de melhorar. Produzimos demasiado para não conseguirmos fazer um golo.”
430 minutos sem marcar
“É a crua realidade dos números, são muitíssimos minutos, mas também são muitíssimas oportunidades criadas pela nossa equipa. Mas também diria que todos esses empates tiveram muitíssimo mais perto de serem vitórias nossas. É verdade que temos que melhorar a eficácia, mas devo sublinhar como contraponto a nossa solidez defensiva em que permitimos pouquíssimos remates aos nossos adversários.
O momento da equipa
“Reconhecemos que o momento que vivemos é difícil. E como estamos conscientes disso, sabemos o trabalho que termos que realizar. A nossa preocupação é saber controlar todos os fatores de tranquilidade e ansiedade, assim como potenciar o nosso aspeto ofensivo. Os nossos adversários sabem disso e optam por uma estratégia de desagaste colocando muitos jogadores atrás da linha da bola, como foi o caso de hoje. O resultado é totalmente injusto.”
Agradecimento aos adeptos
“Fizemos um pedido ao Dragão para nos apoiar, ele apoiou-nos e não fomos merecedores desse apoio. Agradecemos a fé e a paciência que os adeptos tiveram para connosco. No sábado queremos estar à altura do Dragão e dar-lhe a alegria dos três pontos.”
Momento encarado de frente
“Nós somos responsáveis por encontrar os caminhos para materializar a produção que temos feito. O momento é este e encaramo-lo de frente. Amanhã começamos a preparar duas competições diferentes, primeiro o jogo com o Sporting de Braga, depois o jogo com o Leicester, que nos pode dar o acesso aos oitavos da Champions. O momento só tem um caminho, que é o trabalho. Os jogadores estão tristes mas estão conscientes do que fazer.”
Nuno com força
“Se me sinto com a mesma força? Totalmente! Seria injusto pensar em mim neste momento. Penso na equipa. Tenho demasiado respeito por este clube, demasiado respeito pela massa adepta e respeito pela minha profissão, que não me faça amanhã levantar e dar tudo o que tenho.”
Condolências
“Apresentemos os sinceros sentimentos a todos os familiares das vítimas do desastre de avião com a equipa do Chapecoense e também ao Boly, pelo falecimento do seu pai.”
RESUMO DO JOGO