16 novembro, 2016

INJECÇÃO DE PORTO.


Pinto da Costa falou recentemente dos 4 pilares que norteiam o dia a dia do clube: Rigor, Competência, Ambição e Paixão. Sem dúvida que se em cada pessoa que serve diariamente o nosso clube estiverem presentes estas 4 virtudes, o futuro será certamente mais risonho!

A verdade é que se há pilar que julgo que tem falhado no passado recente é o da PAIXÃO! Já por diversas vezes manifestei aqui o meu desacordo com o facto de, ao longo dos últimos anos, se ter vindo a apostar cada vez mais num profissionalismo puro e desligado dos valores do FC PORTO, por oposição a se afastar um conjunto de pessoas que fizeram do AMOR e PAIXÃO ao clube a sua forma de viver.
Quero bons profissionais, gente que saiba o que faz e como faz. Gente que ganha o seu salário e que faz do nosso clube a sua profissão e forma de vida. Mas tudo isto agregado de forma crua, sem sentimento e sem emoção, então não é servir bem a instituição que tanto amamos. É bom não esquecer que a grande diferença de um clube desportivo para uma empresa é precisamente o sentimento que reúne em seu redor, pois toda a restante forma de gestão deve ser similar.

Tudo isto para dizer que vejo com enorme satisfação a inclusão de inquestionáveis Portistas na estrutura mais próxima e efetiva do nosso clube. Primeiro foi Fernando Gomes, agora João Pinto e ainda temos muitos por onde escolher, pois espero que este seja um trabalho em construção. E estes dois senhores até já lá andavam, conjuntamente com outros, um pouco perdidos pelos corredores do Dragão, em funções pouco visíveis e essencialmente com pouca influência no dia a dia.

Não sou hipócrita e claro que não me esqueço de um passado não muito distante do nosso bi-bota. Mas, quem nunca se chateou com um irmão? E não é por causa disso que se deixa de amar essa pessoa com ligações de sangue! Acontece o mesmo com Fernando Mendes Soares Gomes, um ídolo de gerações, um portista inquestionável, uma pessoa que nos fez viver tardes e noites inesquecíveis e que contribuiu decisivamente para aquilo que é hoje o FC PORTO. Além disso, em tempo de “guerra”, somos todos precisos e não temos que estar com “pruridos” de qualquer espécie. Fernando Gomes é Porto, Fernando Gomes faz bem ao nosso clube, Fernando Gomes é necessário!

O mesmo se apelida naturalmente a João Pinto, o nosso eterno número 2, sobre o qual julgo que há uma unanimidade em seu redor que o torna um figura sem qualquer reserva. Diria que ele corporiza verdadeiramente o que é ser PORTO. Alguém capaz de fazer das fraquezas forças, de nunca desistir ou virar a cara à luta, de antes quebrar que torcer. Cada palavra que o João possa dizer no balneário será um acréscimo de PORTO que todos temos que agradecer, será uma injeção de valores e cultura que de outra forma não seriam possíveis. O seu exemplo e postura podem vir a ser o exemplo que faltava para que a equipa dê um pouco mais em cada lance e em cada segundo... e isso, só o nosso “broas” poderia dar!

Mas a ascensão de figuras como estas só faz sentido se tiverem impactos efetivos e não forem meras figuras decorativas. De nada vale ter um João Pinto perto do grupo de trabalho se ao primeiro “berro” que ele der aparecer logo um jogador muito incomodado que se queixa ao seu querido empresário, o qual vai logo reclamar que o seu atleta sofre de dores de cabeça quando lhe falam alto. Idem para Fernando Gomes, que de nada vale selecionar bons atletas a apresentar a quem manda, fazendo-o apenas e só tendo por base critérios de qualidade e a sua relação com o fator preço, se depois outros valores e interesses mais altos se levantarem.

Que a inclusão destas duas figuras míticas represente o corte com uma série de vícios enraizados ao longo dos últimos anos, que o PORTO seja uma PAIXÃO e não apenas uma profissão ou uma fonte de ganhar dinheiro, que outros interesses que não os estritamente ligados ao FC PORTO fiquem fora das portas do Dragão e que este seja o indicador que os poderes e guerras internas no clube terão cada vez mais vida difícil para existirem. O caminho não é fácil, mas está aí para ser trilhado, e só poderá ser percorrido com gente desta!

Conforme já referi, espero honestamente que estes sejam sinais de uma nova estratégia e de um trabalho em “reconstrução”. Isto não marca golos nem garante vitórias imediatas. Mas, sustenta um futuro com maior identidade e cultura PORTO, o que seguramente nos deixa a todos mais otimistas. Para isso, a injeção de PORTO tem que se manter e não pode ter tido aqui apenas dois “fogachos”. Temos muita gente com a nossa marca, com capacidade, com perfil, rigor, competência, ambição e paixão que nos pode servir. Deixo aqui mais um nome de alguém que muito me agradaria voltar a ver em breve no Dragão por acreditar que reúne todas estas características: Fernando Couto!
E já agora, sei que vou dizer algo que não vai colher a unanimidade dos opiniões, mas é um desejo que formulo: porque não promover as “pazes” e o regresso de Vítor Baía? Não gostei do seu comportamento recente, mas gosto muito mais do PORTO... portanto, se ele for útil, que fiquem os gostos e preferências pessoais de lado, pois mais do que nunca, está mais do que na hora de apenas o FC PORTO estar em primeiro lugar!

Um abraço, e até sexta no sítio do costume...

2 comentários:

  1. Caro Norte
    Leio sempre os seus judiciosos comentários com muita atenção. O amigo sabe do que está a falar. Contudo apenas queria ressalvar o seguinte: Indiscutivelmente os nomes dos nossos ídolos que citou e com os quais concordo inteiramente nunca serão, por si próprios, capazes de conseguir superar os valores individuais dos rapazes do atual plantel.
    Por detrás deles tem que estar uma estrutura sólida alicerçada em bons olheiros que sugiram nomes de jovens promessas ou jogadores já feitos, mas disponíveis, e que acrescentem mais-valias ao nosso plantel.
    Infelizmente o que tem acontecido não é isso. Aparecem nomes caídos do céu aos trambolhões, fazem-se contratos de longa duração, “os atletas afinal nem eram assim tão bons” e depois vemo-nos gregos para os despachar.
    Resultado: Custos a subir em flecha, imparidades (faltas de lucro nas transferências) a crescer, desânimo nos sócios e adeptos, um círculo vicioso sem fim. Eu sempre gostei muito de Pinto da Costa. Nunca mais ninguém nos dará tantas alegrias como ele mas, com os nossos heróis ou sem eles a ajudar os mais novos a afirmarem-se, enquanto as coisas não mudarem no topo, vai ser muito complicado conseguir os êxitos do passado.
    Abraço

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  2. Subscrevo na integra, na ideia e no portismo!!!

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