10 novembro, 2016

SEGUIR EM FRENTE.


1. Por 1 ou 2 minutos, o FC Porto não venceu o clássico e como prémio ficamos com um amargo de boca durante a paragem para seleções. Costuma-se dizer que quando o resultado não é o melhor, treinadores, jogadores e adeptos querem que o jogo seguinte chegue rápido, mas neste caso, nada poderemos fazer a não ser aguardar, tentando acalmar as más sensações que se sucederam após aquele fatídico lance final.

Não havendo grande margem de manobra, resta-nos seguir em frente, sabendo de antemão que o caminho estreitou e muito nas últimas 2 semanas. Só um FC Porto rigoroso, concentrado e unido poderá reentrar na luta pelo campeonato. Difícil? Claro. Mas o FC Porto que precisamos talvez não esteja assim tão longe, “basta” ser aquele que durante 70 minutos banalizou o tão louvado tricampeão nacional.

2. Talvez não tenhamos empatado por culpa de Artur Soares Dias. No entanto, deve ficar bem explícita uma nota: a arbitragem continua a ter muitas dificuldades de ajuizar um lance de dúvida a nosso favor, contando-se pelos dedos de uma mão os jogos em que fomos favorecidos nos últimos anos. Deste domingo, também poderíamos falar de diferentes coisas, no entanto, se os altos responsáveis optam por ficar calados e preferir ficar bem na fotografia do fair-play, porque devemos nós perder mais tempo com isso?

3. Bem ou mal, Herrera foi promovido a bode expiatório de toda e qualquer desgraça que se abata sobre a equipa no relvado.

Depois de um jogo onde foi particularmente enxovalhado sem grande razão (Oliver, Otávio ou mesmo Ruben Neves nada fizeram para merecer mais tolerância que o mexicano contra o Bruges), Herrera provavelmente poderia ter sido poupado ao azar que acabou por ter.

Temos no entanto que contextualizar as coisas: Herrera arriscou e falhou num período onde não se podia falhar, mas não foi o único a gerir mal os últimos minutos. A sofreguidão estava instalada e a corda partiu pelo lado mais frágil, quase como um karma impossível de tornear.

Confesso contudo, que me enervei mais com a passividade com que o Herrera (não) reagiu ao erro, virando costas e perdendo o timing para atacar André Horta, do que propriamente com a falha anterior, mesmo que esta tenha surgido de um momento de excessivo risco que devia ter sido evitado.

Estou à vontade para falar de Herrera, uma vez que não tem propriamente o perfil que admiro em futebolistas. Capaz do melhor e do pior, alterna momentos de brilhantismo com outros de más decisões que nos colocam sempre na dúvida quando queremos definir qual é afinal a verdadeira valia do mexicano. Meio a brincar meio a sério, costumo dizer que Herrera é o símbolo do FC Porto pós 2013 – instável, brilhante a espaços, mas incapaz de manter a regularidade, frágil psicologicamente e demasiado dado a estados de alma.

Não acho no entanto que o insulto ou o assobio vá resolver alguma coisa, bem pelo contrário. Primeiro pelo individuo: Herrera não desrespeitou a nossa camisola, falhou em campo como muitos outros já o fizeram e nem sequer parece ter o perfil que lhe permita melhorar com este ambiente à volta dele. Por outro lado, não me parece que a restante equipa beneficie com este ambiente em torno do mexicano. Pelo contrário, provavelmente este tipo de comportamento agressivo para com o Herrera só os fará desenvolver em campo um excessivo medo de errar e a própria postura social dos nossos jogadores poderá ainda ser mais fria connosco, uma vez que no tratamento dado ao companheiro, poderão ver o seu próprio futuro, caso as coisas lhes saiam mal.

4. O empate é um mau resultado, mas a resposta dada em campo, a qualidade de jogo, a ambição e a agressividade demonstradas não são uma má noticia, mais ainda porque as expectativas não eram muito altas à partida.

Mesmo que no final não existam diferenças, teria sido bem mais preocupante vermos um FC Porto manietado, sem alma e sem capacidade durante o jogo, a empatar num bambúrrio de sorte qualquer em cima da hora.

Infelizmente, não temos por onde fugir: temos um plantel cuja base vem da pior época dos últimos anos, com a junção de alguns jovens que andavam pelo Vitória de Guimarães, Paços de Ferreira, FC Porto B e pelo banco do Atlético de Madrid.

Somando-lhe um treinador também ainda à procura do seu lugar ao sol, pouco mais nos restará do que aguardar e continuar a apoiar, na certeza de que só o tempo nos dará as respostas que ansiamos.

5. Num cenário de apresentação de um relatório e contas “difícil”, a que se somava o fantasma da saída do antigo Diretor-Geral da SAD e Vice-Presidente do FC Porto, Antero Henrique, pouco depois da eleição para um mandato de 4 anos, a Assembleia Geral da passada semana decorreu numa sala bem preenchida, mas longe de evidenciar uma massa humana condizente com a importância do momento.

Em menor número do que na anterior reunião magna, os presentes discutiram e votaram o documento relativo a 2015/16, cabendo agora a palavra seguinte à Direção: as medidas apresentadas para inverter o mau resultado apresentado têm forçosamente de ser cumpridas e as responsabilidades assumidas terão de ser honradas, de modo a que o futuro do Clube não seja comprometido por um novo mau exercício.

Também aqui não nos resta muito mais do que seguir em frente, sendo certo que só com uma postura atenta, ativa, presente e interventiva, poderemos servir os interesses nosso Clube.

1 comentário:

  1. Excelente comentário. Temos nem mais nem menos que uma equipa constituída por alguns excelentes jogadores, reforçada por jovens do V. Guimarães, Paços, Porto B e suplentes do Atletico de Madrid que orientados por um treinador que ainda usa fraldas, tem oscilações que nos levam à depressão.

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