Copo meio cheio ou meio vazio é a dúvida que nos assalta nos dias que correm.
Uma equipa sólida, que parece finalmente afinada em termos defensivos e que permite poucos lances de perigo aos adversários? Certo, mas com uma incapacidade quase patológica para fazer golos, o que não nos permite sequer vencer os últimos jogos. Um plantel que genericamente parece bastante unido e com vontade de lutar? Sim, mas que segue a 5 pontos da liderança do campeonato, eliminado da Taça de Portugal e cuja qualificação para os oitavos da Champions ainda não está garantida num grupo sem história, já ganho por um Leicester que em solo britânico está muito longe do brilhantismo da temporada passada. Uma equipa com mais armas que na temporada passada, onde pontificam jovens com uma margem de progressão assinalável? Certo, mas no futebol actual e com um passivo que urge corrigir seremos capazes de manter titulares como Danilo, André Silva, Otávio, Oliver ou Diogo Jota durante o tempo suficiente para os vermos atingir uma maturidade competitiva que nos permita voltar a ter uma equipa campeã?
Admito no entanto que mais do que pensar sobre esta época ou onde ela ainda nos poderá ainda levar, tenho dado por mim a refletir no que nos terá colocado no ponto actual, que, por mais que queiramos adornar, está bem longe do normal em 35 anos de FC Porto. Mesmo sendo daqueles que faz sempre questão de frisar que a lenda do FC Porto sempre na mó de cima neste período é uma mera ficção, devemos ser honestos e referir que nem no período 2000-2002 tivemos tantos pontos baixos como neste triénio com poucas luzes e muitas sombras.
Sem pretender ser dono da verdade e fazendo desde já uma ressalva de que nem tudo eram rosas em 2013 (como tive oportunidade de AQUI e AQUI escrever), acho que o nosso presente pouco risonho se deve em muito a 2 decisões muito concretas, cuja influência está longe de se extinguir no momento em que foram tomadas:
1- A não renovação com Vitor Pereira
Mesmo tendo-se sagrado por duas vezes campeão, nunca foi propriamente um bem-amado, com todos nos lembramos. Mesmo com esse enquadramento, a sua saída, mais ainda no timing em questão, permanecerá para mim como um mistério quase indecifrável, principalmente quando a sua substituição foi feita com um homem com apenas 1 ano de 1ª Divisão, sem percurso relevante como jogador ou treinador-adjunto em grandes clubes para poder ser considerado logo numa fase tão prematura da carreira como um predestinado pronto para assumir um barco tão complexo de dirigir.
Nos dois posts que recordo em cima, tenho uma análise completa ao percurso do Vítor Pereira enquanto técnico do FC Porto, escrita ainda com as memórias bem frescas, à qual não altero uma vírgula. Depois da sua saída, justificada à posteriori pelo Presidente com a necessidade de oferecer outros estímulos futebolísticos às bancadas, chegamos à conclusão definitiva que o que parecia fácil afinal não o er, e que o banco do FC Porto não faz de qualquer um campeão, menos ainda nestes tempos pós apito dourado, onde túneis, capelas e novos artistas aparecem semanalmente para nos mostrar o quão melhores temos de ser para vencermos em palcos cada vez mais tortos.
Nunca saberemos se Pinto da Costa estará ou não arrependido de não lhe ter oferecido a renovação logo naquela noite infeliz em Málaga, imitando outros episódios passados. Não faço sequer ideia se o Vítor Pereira estaria motivado para continuar, depois de tanta “porrada” que apanhou. Mas, tenho a certeza que pegar num treinador adjunto sem experiência de relevo, dar-lhe tempo e espaço para sobreviver à difícil tarefa de pegar naquele FC Porto e suceder a quem sucedeu e depois quando o temos no ponto de rebuçado deixá-lo partir foi um acto de má gestão, cujas repercussões rapidamente foram sentidas no desnorte que foi a época 2013/14.
2- Tudo pela reconquista em 2014/15 ou como trocar o futuro por um presente que saiu furado
Perder tudo em 2014, depois de um final apoteótico em 2012/13, fez-nos com certeza muito mal. Normalmente nestes casos queremos sempre atacar com tudo o ano seguinte, sendo que em 2014 o pensamento geral era repetir 2010: voltar a ganhar rapidamente e com o máximo de força possível.
Um novo treinador chegou, numa aposta cuja lógica se percebia bem melhor do que a do ano transacto. Lopetegui vinha do poderoso edifício da Federação Espanhola de Futebol, estava referenciado como um dos possíveis sucessores de Vicente Del Bosque (o que veio a acontecer), algo que atesta a sua valia enquanto aposta de futuro. Homem de bons contactos, antigo jogador de Barcelona e Real Madrid, onde tinha sido orientado por alguns dos melhores treinadores do Mundo, Lopetegui chegou envolvido numa aposta mais abrangente, que reformulou em grande medida o quadro de atletas da nossa equipa.
Até aí tudo seria natural, no entanto, o que se revelou uma jogada demasiado arriscada foi a própria composição do plantel. Manter jogadores como Danilo, Jackson Martinez e Alex Sandro, aos quais foram adicionados Casemiro, Oliver e Tello significava que o risco de se formar um onze base sem garantias de mais do que 1 ano de FC Porto pela frente era uma possibilidade demasiado real.
Como todos sabemos essa foi a realidade que vivemos no defeso seguinte, com a excepção Tello, mas à qual se juntou ainda as saídas de Quaresma e Fabiano, isto para falarmos de habituais titulares.
Se tivéssemos ganho e esvaziado assim o balão vermelho, esta aposta arriscadíssima poderia ter sido justificada. Como perdemos o campeonato e tivemos obrigatoriamente de começar tudo de novo com uma pressão acrescida, posso considerar que esta decisão foi o segundo pecado capital deste triénio, mais ainda pela falta de critério na reconstrução do plantel, onde apenas as mediáticas contratações de Casillas ou Maxi conseguiram disfarçar o que a partir de Dezembro se tornou demasiado óbvio: o plantel tinha sido demasiado enfraquecido para ambicionarmos vencer em 2016.
O passado já passou e nunca poderei ter a certeza que sem estas opções a realidade actual seria menos cinzenta e mais azul.
Deixo no entanto aqui esta reflexão, na expectativa de que a breve trecho possamos virar definitivamente a página deste momento pouco feliz na vida do FC Porto.
Uma equipa sólida, que parece finalmente afinada em termos defensivos e que permite poucos lances de perigo aos adversários? Certo, mas com uma incapacidade quase patológica para fazer golos, o que não nos permite sequer vencer os últimos jogos. Um plantel que genericamente parece bastante unido e com vontade de lutar? Sim, mas que segue a 5 pontos da liderança do campeonato, eliminado da Taça de Portugal e cuja qualificação para os oitavos da Champions ainda não está garantida num grupo sem história, já ganho por um Leicester que em solo britânico está muito longe do brilhantismo da temporada passada. Uma equipa com mais armas que na temporada passada, onde pontificam jovens com uma margem de progressão assinalável? Certo, mas no futebol actual e com um passivo que urge corrigir seremos capazes de manter titulares como Danilo, André Silva, Otávio, Oliver ou Diogo Jota durante o tempo suficiente para os vermos atingir uma maturidade competitiva que nos permita voltar a ter uma equipa campeã?
Admito no entanto que mais do que pensar sobre esta época ou onde ela ainda nos poderá ainda levar, tenho dado por mim a refletir no que nos terá colocado no ponto actual, que, por mais que queiramos adornar, está bem longe do normal em 35 anos de FC Porto. Mesmo sendo daqueles que faz sempre questão de frisar que a lenda do FC Porto sempre na mó de cima neste período é uma mera ficção, devemos ser honestos e referir que nem no período 2000-2002 tivemos tantos pontos baixos como neste triénio com poucas luzes e muitas sombras.
Sem pretender ser dono da verdade e fazendo desde já uma ressalva de que nem tudo eram rosas em 2013 (como tive oportunidade de AQUI e AQUI escrever), acho que o nosso presente pouco risonho se deve em muito a 2 decisões muito concretas, cuja influência está longe de se extinguir no momento em que foram tomadas:
1- A não renovação com Vitor Pereira
Mesmo tendo-se sagrado por duas vezes campeão, nunca foi propriamente um bem-amado, com todos nos lembramos. Mesmo com esse enquadramento, a sua saída, mais ainda no timing em questão, permanecerá para mim como um mistério quase indecifrável, principalmente quando a sua substituição foi feita com um homem com apenas 1 ano de 1ª Divisão, sem percurso relevante como jogador ou treinador-adjunto em grandes clubes para poder ser considerado logo numa fase tão prematura da carreira como um predestinado pronto para assumir um barco tão complexo de dirigir.
Nos dois posts que recordo em cima, tenho uma análise completa ao percurso do Vítor Pereira enquanto técnico do FC Porto, escrita ainda com as memórias bem frescas, à qual não altero uma vírgula. Depois da sua saída, justificada à posteriori pelo Presidente com a necessidade de oferecer outros estímulos futebolísticos às bancadas, chegamos à conclusão definitiva que o que parecia fácil afinal não o er, e que o banco do FC Porto não faz de qualquer um campeão, menos ainda nestes tempos pós apito dourado, onde túneis, capelas e novos artistas aparecem semanalmente para nos mostrar o quão melhores temos de ser para vencermos em palcos cada vez mais tortos.
Nunca saberemos se Pinto da Costa estará ou não arrependido de não lhe ter oferecido a renovação logo naquela noite infeliz em Málaga, imitando outros episódios passados. Não faço sequer ideia se o Vítor Pereira estaria motivado para continuar, depois de tanta “porrada” que apanhou. Mas, tenho a certeza que pegar num treinador adjunto sem experiência de relevo, dar-lhe tempo e espaço para sobreviver à difícil tarefa de pegar naquele FC Porto e suceder a quem sucedeu e depois quando o temos no ponto de rebuçado deixá-lo partir foi um acto de má gestão, cujas repercussões rapidamente foram sentidas no desnorte que foi a época 2013/14.
2- Tudo pela reconquista em 2014/15 ou como trocar o futuro por um presente que saiu furado
Perder tudo em 2014, depois de um final apoteótico em 2012/13, fez-nos com certeza muito mal. Normalmente nestes casos queremos sempre atacar com tudo o ano seguinte, sendo que em 2014 o pensamento geral era repetir 2010: voltar a ganhar rapidamente e com o máximo de força possível.
Um novo treinador chegou, numa aposta cuja lógica se percebia bem melhor do que a do ano transacto. Lopetegui vinha do poderoso edifício da Federação Espanhola de Futebol, estava referenciado como um dos possíveis sucessores de Vicente Del Bosque (o que veio a acontecer), algo que atesta a sua valia enquanto aposta de futuro. Homem de bons contactos, antigo jogador de Barcelona e Real Madrid, onde tinha sido orientado por alguns dos melhores treinadores do Mundo, Lopetegui chegou envolvido numa aposta mais abrangente, que reformulou em grande medida o quadro de atletas da nossa equipa.
Até aí tudo seria natural, no entanto, o que se revelou uma jogada demasiado arriscada foi a própria composição do plantel. Manter jogadores como Danilo, Jackson Martinez e Alex Sandro, aos quais foram adicionados Casemiro, Oliver e Tello significava que o risco de se formar um onze base sem garantias de mais do que 1 ano de FC Porto pela frente era uma possibilidade demasiado real.
Como todos sabemos essa foi a realidade que vivemos no defeso seguinte, com a excepção Tello, mas à qual se juntou ainda as saídas de Quaresma e Fabiano, isto para falarmos de habituais titulares.
Se tivéssemos ganho e esvaziado assim o balão vermelho, esta aposta arriscadíssima poderia ter sido justificada. Como perdemos o campeonato e tivemos obrigatoriamente de começar tudo de novo com uma pressão acrescida, posso considerar que esta decisão foi o segundo pecado capital deste triénio, mais ainda pela falta de critério na reconstrução do plantel, onde apenas as mediáticas contratações de Casillas ou Maxi conseguiram disfarçar o que a partir de Dezembro se tornou demasiado óbvio: o plantel tinha sido demasiado enfraquecido para ambicionarmos vencer em 2016.
O passado já passou e nunca poderei ter a certeza que sem estas opções a realidade actual seria menos cinzenta e mais azul.
Deixo no entanto aqui esta reflexão, na expectativa de que a breve trecho possamos virar definitivamente a página deste momento pouco feliz na vida do FC Porto.
Por vezes pensa-se do que seria a gestão de vendas e entradas se Vitor Pereira ficasse para o terceiro ano.
ResponderEliminarOu que seria de uma equipa liderada por VP com Herrera, Josué, Licá e aquele plantel de 13/14.
E se calhar haveria a passagem de VP para Lopetegui mas com muito mais profissionalismo e mais segurança e num ambiente mais calmo.
O nosso mal está em querer fazer tudo à pressa. Neste momento e pelo que diz o Presidente parece que os processos estão se a fazer de forma mais cautelosa, apesar de haver alguns aspectos negativos.
Tudo irá sempre depender dos resultados quer financeiros quer desportivos, mas receio que os financeiros estejam em primeiro plano sabendo que a SAD está em brasas.
Esperemos que tudo o que se faça nesta época e pós-época seja feito de forma mentalmente consciente, apesar de muitos de nós estarmos impacientes para que haja triunfos dentro do campo.
2 pés assentes no chão e 2 dedos de testa é o que se pede a quem dirige as várias vertentes no Clube.
Abraços.