12 janeiro, 2017

FOTO-MÍSTICA #1 - Gomes (85/86)


Inauguramos hoje um novo espaço no BiBó PoRtO, carago!!. Durante o ano de 2017, de 15 em 15 dias, iremos publicar as fotografias que marcam a história do nosso clube, acompanhadas de um pequeno texto enquadrativo. O espaço chamar-se-á FOTO-MÍSTICA. Será uma viagem gráfica pela história do nosso clube, recheada de momentos inesquecíveis. A ordem de publicação das fotografias não obedecerá a nenhum critério de importância, hierarquia, década, temporada ou jogador. No espaço dos tais 15 dias, poderemos viajar do jejum dos anos 60 até aos profícuos anos 90, onde cimentamos a famosa “máquina de ganhar”. Se tivermos tal informação, teremos todo o gosto em indicar o autor do disparo fotográfico. Se gostariam de ver publicada nesta rúbrica uma determinada fotografia, enviem e-mail para rodalma@hotmail.com e tentaremos enquadrá-la de imediato no alinhamento.

Um clube de futebol faz-se destes momentos únicos, irrepetíveis. Algumas fotografias – melhor até que o próprio vídeo – captam esse conceito estranho e impalpável que só o portista sente, mas que dificilmente conseguirá explicar: a MÍSTICA. Porque para enfrentar o Futuro, há que mudar o Presente, tendo em conta os ensinamentos que o Passado nos trouxe.

“Quem não sabe porque ganha, não sabe porque perde”.
Boa viagem neste comboio ao passado chamado FOTO-MÍSTICA.



Época: 1985/1986.
Data: 20.04.1986.
Resultado: FC Porto 4 x 2 Sporting da Covilhã.
Local: Estádio das Antas.
Aparecem na fotografia: Fernando Gomes e Rabah Madjer.
Gomes, o Bi-Bota, dirige-se à bandeirola de campo da Superior Sul e prepara-se para uma semi-volta épica pela bancada dos cativos. Acaba de selar a reviravolta no resultado naquela que foi a última jornada do Campeonato Nacional de 1985/86. Lá atrás vemos a Superior Norte das Antas em delírio, engalanado com as cores azuis e brancas num estádio completamente cheio. A corrida de Gomes é triunfal, eufórica, feliz, própria de quem disse um dia que “marcar um golo é como um orgasmo”. Ao pescoço, Gomes ostenta uma volta (ou fio de ouro?), que balança com a sua corrida, como balançou tantas vezes ao longo da carreira.

Os números não enganam. Na fotografia vemos o melhor avançado de sempre do FC Porto: 13 épocas, 451 jogos, 351 golos, 14 títulos, 48 internacionalizações, 6 títulos de melhor marcador, 2 botas-de-ouro. Ninguém fez melhor que ele.

Se para a geração nascida nos anos 80 e 90, o grande ídolo é Vitor Baía (ainda hoje o número 99 continua a ser a camisola predilecta de muitos que enchem os pavilhões e relvados amadores ao fim-de-semana), para aqueles nascidos em 60 e 70, o ídolo só pode ser um: Fernando Gomes.

Neste dia, nesta foto, faz o 3x2 para o FC Porto e confirma o bi-campeonato para as gentes do Porto aos 59 minutos. Era apenas o 9º título de Campeão Nacional do clube, após uma época em que o plantel foi fustigado por lesões. Apenas 3 minutos antes, havia empatado a contenda, marcando um dos melhores golos da sua carreira, após matar a bola no peito e disparar à meia volta, todo no ar, um míssil ao ângulo superior esquerdo da baliza dos beirões. Mas é neste seu golo triunfal que Gomes, com 28 anos, extravasa todo o seu portismo, ele que estava assim perto de erguer o 4º título de campeão pelo clube.

Não é caso para menos. O Sporting da Covilhã, último classificado, não foi às Antas cumprir calendário. André havia inaugurado o marcador de grande penalidade, mas os leões da serra empataram antes do intervalo, colocando as Antas sob forte apreensão. Além disso, o guarda-redes Jacinto João parecia inultrapassável. Para piorar as coisas, no início da 2ª parte, Artur Semedo bisa na partida e faz o 1x2 para o Covilhã. Mas esta equipa contava com craques como João Pinto, Celso, Lima Pereira, Eduardo Luís, Inácio, Frasco, André, Jaime Magalhães e Futre. Nada era impossível.

A correr para Gomes está o argelino Madjer, contratado nessa época para atacar o bi-campeonato, juntamente com o polaco Mlynarczyk e os brasileiros Juary e Eloi. Na altura desta fotografia Madjer não o sabia, mas o golo de Gomes era o passaporte para a Taça dos Campeões Europeus e para aquele calcanhar mágico de Viena 87.

Poucos são aqueles que, como Fernando Gomes, sabem o que é preciso para se ganhar ao serviço do FC Porto. Em 1978, com apenas 20 anos, ele já era o ponta-de-lança da equipa que acabou com o jejum de 19 anos sem ganhar o título. Havia terminado essa época com 25 golos, sagrando-se melhor marcador. Na temporada a que a foto diz respeito, fez 20 tentos em 30 jogos.

Na Selecção Nacional, Gomes foi sempre vítima da forma odiosa com que o seu clube era tratado pela FPF. Muitas vezes preterido por Jordão ou Nené (dois excelentes jogadores, mas que não chegavam sequer aos calcanhares do Sr. Bi-Bota), nunca conseguiu mostrar com a camisola das 5 quinas as qualidades que evidenciou vários anos ao serviço do clube do seu coração.

Na conferência de imprensa, em entrevista à RTP, Gomes dedica o título à massa associativa do FC Porto e aos jogadores que sofreram lesões naquela época: Zé Beto, Eurico, Semedo e Vitoriano. E no final, visivelmente emocionado, liga este título à figura e à memória de José Maria Pedroto. Porque os génios sabem sempre que se chegaram onde chegaram foi porque estavam apoiados no ombro de gigantes.

FONTES UTILIZADAS, A QUEM AGRADECEMOS:
  • https://bibo-porto-carago.blogspot.com/
  • http://www.foradejogo.net/
  • http://paulobizarro.blogspot.com/
  • http://dragaopentacampeao.blogspot.com/
  • Os Filhos do Dragão (Canal Youtube): Paulo Bizarro | Pedro Cardona - https://www.youtube.com/user/art0of0love
Rodrigo de Almada Martins

6 comentários:

  1. Super iniciativa,foto mística bravo.

    ResponderEliminar
  2. Nova rubrica extremamente interessante e pertinente para os mais jovens dragões...

    ResponderEliminar
  3. Estive neste jogo e...foi uma espécie de "momento Kelvin 1"

    Ganhámos 4-2, com Gome a marcar 2 após longo jejum!
    Antas a ABARROTAR e grande festança depois!

    Q Saudades!!!

    ResponderEliminar

  4. fantabulasticamente brilhante!
    (muito) grato pela recordação 💙

    abr@ço
    Miguel Lima | Tomo III

    ResponderEliminar
  5. Muito obrigado por esta lição de História, pois eu sou daqueles que ainda estava a aperceber-me de como era o mundo e o Pedro Emanuel marcou o penalti para sermos bi-campeões do Mundo.

    Abraços.

    ResponderEliminar
  6. Excelente iniciativa! Este espaço vai prolongar-se por várias semanas, já que a nossa história está recheada de grandes lendas, parabéns!!!

    ResponderEliminar