JÁ NÃO HÁ VERGONHA.

MOREIRENSE-FC PORTO, 1-0

Desde que escrevo crónicas neste espaço, confesso que jamais pensei ter que escrever sobre um jogo onde a vergonha e a desfaçatez não conhecem limites. O que se passou esta noite em Moreira de Cónegos irá ficar na história do FC Porto e na história do futebol português pelos piores motivos.

Vamos por partes.

Primeiro: disse na última crónica que deveria ser decretado que penaltis a favor do FC Porto jamais devem ser marcados pelas equipas de arbitragem e os árbitros continuam a dar razão à minha proposta para decreto. Mais uma vez o apito soou mas ao contrário e mais uma grande penalidade clara ficou por assinalar a favor dos portistas, com um agarrão de um defesa do Moreirense a A. André. Nem vou falar do outro lance sobre o mesmo jogador que também foi ignorado pelos paus mandados do sistema da arbitragem porque aí pode dar-se a interpretação de que o André forçou a queda após o toque.

Mas para que fique registado, temos mais do mesmo. Falta apenas colocar no papel ou nas leis do futebol uma alínea dedicada ao FC Porto na lei 12. A vergonha e a desfaçatez não conhecem limites e já se faz tudo à descarada e sem um mínimo de pudor.

E estou só a falar só em grandes penalidades. Nem teria tempo nem espaço para abordar jogo violento da parte dos adversários em muitos jogos, cartões por exibir, foras-de-jogo de metros, etc, etc, erros clamorosos da arbitragem, tal como o segundo amarelo ao Brahimi sem ter visto o primeiro...

Mas pensando eu que isto seria tudo o que pode acontecer de pior no futebol, surge o insólito. Em pleno segundo tempo da partida, e após mais um erro de palmatória do árbitro da partida que não assinalou um atraso evidente de um defesa do Moreirense para as mãos do seu guarda-redes, ao tomar posição em campo o homem das decisões mirabolantes choca de costas com Danilo Pereira. Para espanto e incredulidade de toda a gente, Danilo é expulso pelo árbitro. Vale tudo. Vale tudo porque é permitido fazer tudo contra este FC Porto de mansos e amordaçados.

Danilo é expulso após levar com as costas do árbitro que recuava no terreno?!?! Ninguém se levanta para se manifestar? Ninguém faz mesmo nada? Já não bastam as 18 ou 19 grandes penalidades não assinaladas até ao momento a favor do FC Porto?

Segundo: venho defendendo há já bastante tempo que o FC Porto não tem voz de comando, uma voz que se faça ouvir e sentir e que defenda os interesses do clube como deve ser. Depois de ter estado em silêncio sobre esta matéria durante algum tempo, acho que é hora de voltar ao tema porque não é admissível que se continue a deixar passar as coisas sem reagir de uma forma enérgica em prol do clube.

De regresso ao FC Porto, o director-geral do FC Porto, Luís Gonçalves dá, recentemente, uma entrevista ao jornal O JOGO na qual vinca que não podemos ficar calados. A sério? Então ontem o que se passou? Não falaram porquê? O que se passou no jogo foi tudo normal? Não houve nada que motivasse uma intervenção enérgica da parte de quem dirige o clube? Mas o que é isto? Estão a gozar com a nossa cara ou está tudo a borrifar-se para o que se passa?

Que nos interessa terem estado 28 mil adeptos no 1º treino do ano se, depois disto, não há ninguém que defenda o clube? Que nos interessa as reacções via página do clube, facebook ou dragões diário que não têm qualquer efeito prático, apenas servem para encher chouriços?

Vamos continuar a ter reacções só após as vitórias? Claro! Quando perdem são os outros. Tenham vergonha!!!

Se o FC Porto não tem uma direcção capaz de defender o clube, se não sentem o clube como é sua obrigação, se não mudam o rumo, se não fazem o seu papel de dirigir e de defender os interesses superiores do FC Porto e que aparecem a sorrir nas câmaras de tv após esta palhaçada, tal como já tinha acontecido na época passada em Famalicão, que saiam do poleiro e que dêem a vaga a quem quer fazê-lo.

O que se está a fazer ao FC Porto é mau demais. A forma como se está a dirigir os destinos do clube é grave demais. Reajam, defendam o clube, tomem medidas ou então demitam-se porque não estão a defender o meu clube!

Terceiro: O FC Porto dispensa um treinador manso. Dispensa e rejeita liminarmente. Mas no cenário actual, até percebo a ideia do actual treinador da equipa. Não a aceito de forma alguma mas sei porque o faz. No lugar dele jamais teria ingressado no clube nas condições actuais.

Jamais ingressaria num clube que não tivesse uma direcção que me apoiasse e me defendesse sempre que necessário.

Jamais ingressaria num clube que tem uma direcção que sacode a água do capote, que deixa o treinador sozinho e que delega no treinador a defesa dos interesses do próprio clube.

Este técnico é inteligente. Mas apenas na forma como se defende a si próprio. Sabendo que a sua direcção não mexe uma palha e não dá a cara em prol do clube e como sabe que está de passagem e que o seu padrinho lhe arranja emprego, resolve não se desgastar com estas coisas e deixa andar. Até se demarcou da insólita expulsão de Danilo no jogo de ontem. Ficou-se pelo sentimento interior.

Este técnico não toma posições como tomaram Jesualdo Ferreira, Vítor Pereira ou até mesmo Julen Lopetegui. Não se vai chatear com estas coisas. Afinal está aqui a ganhar o seu e amanhã o padrinho coloca-o nos Valências desta vida para ganhar mais algum.

O FC Porto precisa de outro tipo de treinador. Um treinador a sério, um treinador que defenda o clube e os seus jogadores mas em perfeita sintonia com a direcção e com uma direcção que defenda os reais interesses superiores do clube. Este treinador devia ter vergonha das posições que toma e das opções contraditórias que faz em cada jogo. Mas claro, está mais preocupado em agradar a quem o serve e na sua conduta irrepreensível.

Maldito dia em que o levaram a sério com a frase mais estúpida que se lembraram de celebrizar. Somos quê??? Deixem-se de clichés idiotas!

Agora percebo ainda melhor a posição tomada por Vítor Pereira em 2013. Já percebia mas agora está muito mais claro para mim porque é que o FC Porto não merece ter um treinador que defende o clube, que dá o peito às balas e que dá tudo de si como deu Vítor Pereira.

Posto isto, termino este assunto para passar ao jogo dentro das quatro linhas.

Duas partes distintas.

Primeira parte com sinal mais do FC Porto que poderia ter chegado ao intervalo com dois ou três golos de vantagem, fora as grandes penalidades não assinaladas. Mas quem tem na frente de ataque um cepo que veio para encher os bolsos a certas pessoas, não pode almejar a muito mais.

Na segunda parte, o descalabro. O FC Porto sofre um golo bastante cedo (49 min.) e depois bloqueia, fica sem reacção, os jogadores perdem a lucidez. E depois o triste espectáculo da arbitragem, o sorriso presidencial e a postura descontraída por parte da direcçāo leva ao desespero muita gente que ama e adora o clube de forma pura e desinteressada.

Quem nāo acabaria o jogo de cabeça perdida, revoltados com a arbitragem? É impossível nāo acontecer. Toda a imprensa séria e até o adversário reconhecem os erros clamorosos da arbitragem.

E fico por aqui.

Próxima paragem: Paços de Ferreira. Sábado é um jogo crucial. Mas esperem por mais um espectáculo arbitral. E mais um silêncio inerte e sepulcral.

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DECLARAÇÕES

Nuno: “Os árbitros estão a tirar-nos do jogo”

Falta de eficácia na primeira parte
“A reflexão que faço é que na primeira parte o inexplicável foi irmos para o balneário com o zero a zero no marcador, face às ocasiões que tivemos. Foram demasiado claras para justificar esse resultado. Tivemos responsabilidade, pois devíamos ter feito outro jogo e outra competição.”

Análise à arbitragem
“Seria demasiado arriscado da minha parte dizer o que sinto realmente. É um muito mau trabalho por parte do árbitro. Estou revoltado por não ter conseguido que os jogadores deixem de ver o árbitro como foco do jogo. É um trabalho que temos que fazer e refletir sobre ele, porque os árbitros estão a tirar-nos do jogo e a condicionar. Temos que olhar para as nossas responsabilidades, ser uma equipa que faz as ocasiões e concretiza as ocasiões para que o jogo se desenrole de outra maneira.”

Os pouco tempo útil dos segundos 45 minutos
“Depois do golo do Moreirense praticamente deixou de existir tempo útil. O Moreirense só fez antijogo. Entendo todas as questões, mas isto não prestigia o jogo nem o futebol.”

A eliminação das taças
“Há dois objetivos que já não temos. Temos os dois mais importantes e temos que nos levantar rápido para já no sábado estarmos bem perante um desafio em que não podemos falhar para continuar a nossa luta.”

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RESUMO DO JOGO