Em Setembro de 1986 a minha recente paixão pelo FC Porto que «descobri» uns meses antes estava ainda apenas assente em cenários de magia absoluta. Os traços mais reais e concretos chegariam mais tarde (em Janeiro de 87) quando entrei nas Antas pela 1ª vez. No entanto a magia, aquele mundo perfeito tomou conta de mim, em absoluto, desde essa altura quando os meus 12 anos me faziam deitar e acordar a pensar nos golos do Gomes, nos malabarismos de Madjer, nas fintas do Futre, nas bombas do Celso e nas defesas de Mlynarczyck. Eram tempos dóceis que recordo com todo o prazer mas com tamanha nostalgia que quase me tolha o raciocínio. Na primeira época (86/87) em que dei por mim a devorar tudo quanto dizia respeito ao FC Porto, a chama do Dragão manteve-se acesa e bem forte até à noite memorável de 27 de Maio de 1987. Mas já lá vamos...
Tudo começou na Cidade onde resido desde os 4 anos, Vila do Conde, na 1ª eliminatória da Taça dos Campeões Europeus (Setembro 86) quando o FC Porto recebeu no Estádio do Rio Ave (obras nas Antas) o Rabat Ajax de Malta. Recordo o prazer infinito com que ouvi de rádio colado ao ouvido os 9 golos com que o Porto despachou os Malteses em mais uma exibição inspirada de Fernando Gomes. Na 2ª mão, só quando cheguei da escola, soube que o Porto tinha ganho 1-0 em Malta na tarde de uma quarta feira, mas recordo que o meu pai não me soube dizer o marcador do golo.
Na 2ª eliminatória a vida do FC Porto complicou-se com a derrota de 1-0 em território Checo diante do Vitkovice, jogo que ouvi sofridamente no meu rádio de pilhas enquanto regressava da escola. Na 2ª mão já nas Antas deitei-me cedo, rádio do quarto sintonizado no Quadrante Norte e voz de Gomes Amaro. André e Celso marcam 2 golos na 1ª parte. Os meus pés estavam transpirados com uma 2ª parte de nervos onde um golo sofrido poderia ser fatal mas Paulo Futre marca aos 82m e deixa-me ter um sono tranquilo e um acordar bem humorado.
Chegaram os quartos de final e com eles o Brondby de Schmeichel, na 1ª mão (nas Antas) o FC Porto pressionou todo o jogo mas só ao minuto 71 o Argelino Madjer conseguiu bater o gigante Dinamarquês. No meu quarto com a luz apagada um grito de revolta, até aí contida, fez-se ouvir numa noite fria que aqueceu subitamente nesse instante. Na 2ª mão o jogo deu na RTP e a coisa esteve muito tremida. Mlynarczyk fora batido na 1ª parte e o descalabro esteve próximo. Casagrande partiu a perna e entrou Juary. O rato atómico, aos 74 minutos, fugiu entre os defesas loiros e atirou a contar empatando o jogo a uma bola e decidindo aí a eliminatória. Tamanha alegria envolveu-me num abraço muito efusivo ao meu pai. Estávamos nas meias finais da mais importante competição de Clubes.
Chegava o gigante Russo Dinamo de Kiev com Tchanov, Belanov, Michaelichenko, Yakovenko... Nas Antas, jogo que segui via rádio, ganhamos 2-1 mas a exibição tinha sido prometedora, um golo de Futre com ressalto num defesa fez explodir o vulcão das Antas que teve nova ebulição minutos depois com um penalty de André após um Russo ter defendido com a mão uma cabeçada de Lima Pereira. Os Russos ficam com 10 mas marcam a acabar e as Antas silenciam-se tal como eu que desliguei o rádio nesse instante por não conseguir ouvir mais. Na 2ª mão a jogar na URSS os anti-Portistas cá do Burgo falavam em massacre e nessa tarde cheguei muito ansioso da escola. Recordo que o jogo deu na TV e o meu pai estranhou o suor que se notava no meu rosto. Mas o Porto cedo descansou os meus espíritos com um golo de Celso de livre, com a bola a bater na barreira e a enganar Tchanov. Logo depois Futre ganha um canto, Madjer bate largo e Gomes, o meu ídolo, ao 2º poste marca de cabeça. Os Russos incrédulos ainda reduziram mas estavam mais que eliminados e o Porto chegava pela 1ª vez à final da Taça dos Campeões Europeus.
Era ainda uma criança e não tive sequer noção da importância de tal facto. Chegamos a 27 de Maio de 1987 e nos dias anteriores a televisão trouxe várias reportagens dando conta do favoritismo esmagador dos Alemães do Bayern de Munique. Mas no coração desta criança a chama do Dragão estava pujante e esperançosa. Saio da Escola um pouco mais cedo porque a Professora de Francês admitira que aquele dia era especial. A ansiedade desta criança sobe para níveis assustadores mas quando os homens de azul e branco entram no relvado do Prater em Viena fico quase que anestesiado.
Um Porto de classe entra no Prater com um onze estudado ao milímetro por Artur Jorge que perdera recentemente, por lesão, Gomes e Lima Pereira. O Porto manda no jogo, mas os Alemães marcam um golo que sai de um lançamento lateral. Sozinho no quarto do meu pai (viu o jogo no café) desesperei com tamanha infelicidade. Na 2ª metade entra Juary e mais tarde Frasco com o Porto a arriscar tudo por tudo. Paulo Futre finta meia equipa Alemã e dá o golo a Madjer mas a bola atraiçoa-nos e não entra. Sozinho naquele quarto contenho o choro de desespero. As repetições que a TV nos traz deixam-me incrédulo com toda a classe da jogada de Futre e com toda a infelicidade no momento final.
E chega o momento da vida de tantos Portistas. Frasco pega na bola de forma elegante e rápida, entrega na área a Juary que no meio dos gigantes consegue cruzar e aparece um Deus Argelino (Madjer) de costas a meter a bola nas redes de Pfaff com um calcanhar que correu o Mundo. Salto da cama aos gritos pelo corredor
da minha casa e chamo o meu irmão que um pouco mais novo do que eu brincava com outros miúdos alheados daquele histórico jogo. Talvez tenha sido aí que a chama lhe tocou também e seja hoje tão adepto do Porto quanto eu. Juntos vimos as repetições e logo de seguida vemos Celso a lançar Madjer pela esquerda, uma finta estonteante e um centro perfeito para Juary encostar para o 2º golo. Que Mundo! Que magia, que emoções foram vividas, Juary ajoelha-se a rezar e eu imito o seu movimento. Choro de emoção. O meu irmão observa-me com estupefacção mas sorri com todo aquele cenário.
Acaba o jogo, ouvem-se na minha Rua buzinas de carros em festa, um camião de um vizinho enche-se de homens eufóricos de cachecol azul e branco e ruma à Invicta que já nessa altura devia estar em perfeita ebulição. As lágrimas escorrem-me pelo rosto. Estou feliz, volto à TV e vejo João Pinto a erguer o trofeu e a correr pelo Prater, de olhos brilhantes, vejo Pinto da Costa no relvado também eufórico e o Juary novamente a rezar. Ligo o rádio no Quadrante Norte e tento adormecer suspirando com toda aquela magia azul e branca... Terá sido obra Divina, certamente, mas foi mais que merecida toda esta epopeia com final feliz em terras Austríacas. Às vezes pego no DVD e revejo, deliciado, este jogo e volto a recordar todos aqueles momentos fantásticos. E vocês onde estavam? Contem-me como foi.
Um abraço,
Lucho.
Lembro-me perfeitamente de tudo. O golo alemão, o inicio da jogada do primeiro golo do FCP onde os locutores da RTP diziam que agua mole em pedra dura tanto bate até que fura mas naquele jogo não tinha furado. no Final da jogada o golo de Madjer. Logo a seguir o golo de Juary e eu fui para a janela da sala gritar golo. Lembro-me da raiva que fiqui quando a seguir ao final do jogo o telejornal não abriu com a vitoria do FCP mas com outra noticia qualquer. A vitoria do FCP foi relegada para as noticias desportivas. E lembro-me de um ano depois o Benfas ir a final e a RTP até uma musica de apoio fez. Mas é o pais que temos...
ResponderEliminarAqui segue a informação completa de todos os jogos do FCP nessa caminhada histórica:
ResponderEliminarChampions' Cup 1986-87
Round 1
17-09-86 FC Porto (Por) 9-0 Rabat Ajax (Mlt)
[Fernando Mendes Soares Gomes 20, 49, 69, 83, Francisco Chagas Eloia Eloi 25, Rabah Madjer 54,
António dos Santos Ferreira André 60, 65, Celso Dias dos Santos 80]
01-10-86 Rabat Ajax (Mlt) 0-1 FC Porto (Por)
[Antonio Augusto Gomes de Sousa 80]
Round 2
22-10-96 TJ Vítkovice (TCH) 1-0 FC Porto (Por)
[Jiří ourek 24pen]
05-11-86 FC Porto (Por) 3-0 TJ Vítkovice (TCH)
[António dos Santos Ferreira André 5, Celso Dias dos Santos 26, Paulo Jorge dos Santos Futre 82]
Quarter Finals
04-03-87 FC Porto (Por) 1-0 Brřndby IF (Den)
[Rabah Madjer 71]
18-03-87 Brřndby IF (Den) 1-1 FC Porto (Por)
[Per Steffensen 36; Juary Jorge dos Santos Filho 74]
Semi Finals
08-04-87 FC Porto (Por) 2-1 Dinamo Kiev (URS)
[Paulo Jorge dos Santos Futre 48, António dos Santos Ferreira André 57pen; Pavel Yakovenko 74]
22-04-87 Dinamo Kiev (URS) 1-2 FC Porto (Por)
[Aleksei Mikhailichenko 13; Celso Dias dos Santos 3, Fernando Mendes Soares Gomes 11]
Final
In Prater Stadion (Wien)
27-05-87 FC Porto (Por) 2-1 Bayern München (Ger)
[Rabah Madjer 78, Juary Jorge dos Santos Filho 80; Ludwig Kögl 25]
PORTO: Jozef Mlynarczyk; Joăo Domingos Silva Pinto (c), Celso Dias dos Santos, Eduardo Luis Marques,
Augusto Soares Inácio (António Manuel Frasco 66), Joaquim Carvalho Quim
(Juary Jorge dos Santos Filho 46), Jaime Fernandes Magalhăes, Antonio Augusto Gomes de Sousa,
António dos Santos Ferreira André, Rabah Madjer, Paulo Jorge dos Santos Futre
COACH: Artur Jorge
BAYERN: Jean-Marie Pfaff; Helmut Winklhofer, Norbert Nachtweih, Norbert Eder, Hans Pflügler,
Hans-Dieter Flick (Lars Lunde 82), Lothar Matthäus (c), Andreas Brehme, Dieter Hoeness,
Michael Rummenigge, Ludwig Kögl
COACH: Udo Lattek
YCARDS POR: Jaime Magalhaes 35, Celso 61, Sousa 71
BAY: Helmut Winklhofer 65.
REF: Alexis Ponnet (Belgium)
ATT: 57,500
Ora bem... a 27 de Maio de 1987 eu e o meu irmão fomos "corridos" da sala pelo meu Pai, tamanha era a nossa alegria!
ResponderEliminarProvavelmente a experiência dele o fizesse aguardar pelo apito final para ai sim, festejar connosco.
Para nós (eu 16 e ele 13), assim que o Porto marcou o segundo golo já nada nos impedia de pensar sequer noutro resultado: a Taça era nossa! Não me recordo a que minuto foi o segundo golo... mas a partir desse segundo - tivemos de ir festejar para outra sala - mas não mais nos calamos.
A minha Mãe, olhava e sorria... a casa parecia que vinha abaixo.
Heliantia, os golos do Porto na final foram aos 78 e 80m :)
ResponderEliminarVi o jogo com o meu pai num café (para poder ver a cores), na primeira parte. Como estava a correr mal e a urbe anti-portista estava contente e a mandar bocas decidimos mudar de poiso. Fomos para outro café.. em boa hora o fizemos! A mudança que fizemos também se sentiu na nossa equipa, que se soltou e agigantou, partindo para uma vitória de sonho.
ResponderEliminarNo final o passeio pela avenida principal de Águeda, com o cachecol e os maus pais a levar-me pela mão enquanto eu ia feliz...
Então apenas teve de "aguentar" 10 minutinhos +/- outros de desconto, se os houve :)
ResponderEliminarÉpoca extraordinária que catapultou definitivamente, o F.C.Porto para a alta roda do futebol mundial.
ResponderEliminarTantas alegrias, mas também muito sofrimento, para finalmente, tudo acabar na maravilhosa valsa de Viena.
Ainda fico com pele de galinha e com uma lágrima no canto do olho, quando vejo estas imagens.
Um abraço
Quase um ano antes, entrei pela primeira vez nas antas, na última jornada que nos deu o titulo, no mitico jogo com o covilhã, levaram-me para os cativos e fiquei no lugar do lado enquanto o dono do mesmo não chegasse...e não chegou mesmo, hoje ainda deve estar arrependido :)
ResponderEliminarNo dia da final, tinha 8 anos e estava na sala com os meus pais a ver jogo. Só me lembro de vir para a janela no fim do jogo com a bandeira e ver o resto do pessoal na rua tudo a festejar!
Ainda a poucas semanas me pus a ver o dvd, e como sempre, arrepiei-me e fiquei com os olhos aguados.
Dúvido que haja algum jogador no plantel actual que tenha esta reacção ao ver estas imagens, o que é pena...
Amigos portistas,
ResponderEliminareste jogo foi realmente marcante para uma geração inteira de portugueses. Como portista jovem, na altura, só tenho ideia da felicidade sentida, e das repetições do jogo que fui vendo nos anos seguintes, em VHS até a fita se gastar.
Agora, emoção e lágrimas, tive na final de Sevilha...
Jogo marcante? Não! Este foi mesmo O jogo de uma geração...
ResponderEliminarInolvidável. Ainda hoje, passadas duas décadas me arrepio ao relembrar pormenores dessa magnífica noite. 1984, ea profunda tristeza que me abalou, depois da derrota frente à Juve, teve a sua vingança. Redentora. Dia de nervos, andava eu no liceu, com o tempo parecendo não passar nunca mais...
E o jogo, sofrimento atroz depois do golo bávaro, a ser visto no apartamento, apenas com a minha mãe. Chorei, não me envergonho de dizer, de profunda frustração, ao ver a mais bela jogada de Futre ser desperdiçada. Ali, de mãos na cabeça na minúscula sala, perguntava aos Deuses da Fortuna o que era preciso para sermos bafejados por uma aragem de sorte, quando Madjer respondeu. Gritei descontroladamente, soltando o reprimido grito de GOLO. E, ainda em plenos festejos, abraçado comovido á minha mãe, o argelino tem uma jogada de predestinado, oferecendo novo golo a Juary...
Senti-me a viver um sonho, em 10 minutos finais de suplício tremendo, temendo o golo da igualdade. Depois, meus caros, foi comemorar nas ruas. Poucos, muito poucos, mas bons, saboreando o dia em que atingímos o Olimpo, esse lugar secreto apenas ao alcance de muito poucos...
O dia seguinte, ressaca de felicidade, de cachecol ao pescoço, foi o DIA DO ORGULHO. Finalmente, depois de décadas de luta, todos os que adoram o clube tiveram a sua prenda mais desejada: CAMPEÕES DA EUROPA.
Lembrei-me do meu avô. Fundamentalista azul e branco, criador do gene do Dragão na família Costa Pereira, deve ter assistido à final num lugar privilegiado. Junto a Deus, de sorriso nos lábios, sabendo que tantos anos de agrura suportados em silêncio tiveram ali o seu fim. Pena que ele não tenha estado fisicamente cá, ao meu lado, para saborearmos os dois essa sensação única...
Como nem só da final se faz a história, esse jogo contra uma mítica equipa do Dinamo de Kiev, base da Selecção russa e detentora da Taça das Taças foi inesquecível. Belíssima e perfeita exibição nas Antas, e uma clara demonstração de espírito corporativo na 2ª mão, sofrendo e resistindo ao assédio adversário, escrevendo uma página de ouro na história do clube...
Lucho,
ResponderEliminarA emoção foi a mesma. Apenas uma única diferença, acompanhei todos os jogos em casa... e fica-me esta pena de não ter estado no Prater ... ai se fosse hoje... Mas lembro-me do jogo como se tivesse sido ontem. Digo que esse jogo foi memso o jogo que mais me marcou. E recordo que nesse fim de tarde, tivemos lá em casa direito a jantar na sala para não se perder pitada do jogo e até me lembro o que era o jantar: "carapaus fritos" ... Enfim foi FENOMENAL ! Eu e o meu pai (GR PORTISTA a quem tudo devo) vivemos uma noite SUPER FELIZ e depois do jogo fomos para a rua festejar até altas horas...
Bem ... a escrita já vai longa.
Parabéns Lucho por partilhares essas tuas emoções connosco.
Saudações azuis.
Emília Dracaena
quase que chorei emocionado
ResponderEliminarlembro me perfeitamente desse jogo que vi num cafe perto de onde trabalhava,em odivelas eram so lampioes e escusado sera dizer quando o bayern marcou os saltos e gritos que eles deram mas como os nossos jogadores sao os melhores do mundo demos a volta ao resultado e no final quando olho para tras so vejo o dono do cafe que me disse parabens rui grande vitoria
Com 13 anos vivi esse jogo com grande intensidade.
ResponderEliminarEm casa, com o meu pai, lembro-me perfeitamente de saltar para cima do sofá.
A 2ª parte via na TVE2. O pai desesperou com quem comentava na RTP.
Vi o Porto - Rabat Ajax em vila do Conde.
Lembro-me bem desse fantástico jogo. Lembro-me do quanto estava nervoso e ansioso. A comida na mesa e não conseguia comer o que quer que seja. A primeira parte vista em constante sofrimento até ao momento... do golo dos alemães. De repente, fiquei calmo. Os nervos, a ansiedade foram-se embora. Acho que foi por ter aceitado a ideia que "já fomos". Então, fui jantar. Jantei tranquilamente a ver o jogo. De repente, surge o brilhante golo do Madjer. Só ele poderia perceber que naquele momento o calcanhar era a solução. Adorei ver o alemão em frente à linha de golo, com todo o seu peso apoiado no pé errado. Aquele olhar impotente. Sem nada poder fazer, pois já não havia tempo. A bola já tinha ultrapassado a linha. De repente, uma espiral tremenda de emoções. Logo a seguir o segundo golo. A alegria imensa que senti. Tudo voltou novamente. Os nervos, a ansiedade. O jogo que não acabava. Um sofrimento. Por fim, a explosão de alegria. A certeza que a taça era nossa.
ResponderEliminarLembro-me que só queria ir correr para os Aliados juntar-me àquela gente. E que festa incrível. Nunca tinha visto tanta gente a festejar um vitória do FC Porto. Só comparável à conquista da Taça UEFA. A alegria que se sentia naquela gente. O orgulho em ser portista.
Lembro-me de ter ido sozinho até ao Estádio das Antas para esperar pelos jogadores. Lembro-me de me sentar na superior sul, envolto pela minha grande bandeira. Esperei. Os jogadores que nunca mais vinham e ninguém me sabia
dizer a que horas viriam. Acabei por desistir de esperar e fui-me embora lá pelas quatro e tal da manhã. Cheguei a casa cansado mas imensamente feliz. Nessa noite, dormi como só um campeão europeu podia dormir.
Os locutores eram o Ribeiro Cristóvão e o Miguel Prates.
ResponderEliminarAcham que vale a pena dizer mais....
Viva !
ResponderEliminarVi o jogo da 2ª mão das meias finais no Porto. Estavamos de férias com um casal amigo que descobria pela primeira vez Portugal.
Fomos festejar a ida à final na Avenida, cheia de gente. Foi uma alegria !
Lembro-me, também, de termos assistido a um torneio internacional de futebol jovem na Maia.
A final vi-a na casa, mas já em Paris, eles moram em Paris, desse mesmo casal amigo. Naquela altura também moravamos em Paris.
Estava enervadísimo. Decidiu-se só jantar depois do jogo. E ficamos diante da televisão petiscando e bebendo kirs ( o aperitivo). Só que enervado como estava não me dava conta do que bebia. E como o meu hóspede desde que o meu copo estava vazio, servia sempre...
Acreditem ou não : Bebi como um poço sem fundo ( verifiquei vendo a garrafa de Bourgogne vazia no fim do jogo ), mas fiquei impecável. O stress deve ter sido tanto que anulou o efeito dos kirs.
Depois lembro-me que passámos o jantar a discutir se o árbitro tinha tido razão ou não, em obrigar a recuar Magalhães aquando o lançamento de linha lateral que está na origem do golo do Bayern.
A observação tinha sido feito pelos comentadores.
Resumindo : Estava Feliz !
Mudando de assunto : Assisti hoje a uma grande palhaçada. É extraordinário ! A palhaçada de Pequim ( onde está o espírito Olímpico ? ) não é só a cerimónia de abertura. Estou a referir o jogo de andebol Rússia-França ( mulheres).
A França, após dois prolongamentos, não segue em frente porque perdeu por um golo.
Não porque as juízas chinesas fossem desonestas. Eram incompetentes ! Realmente : Não conheciam as regras.
Não é que a dado momento o árbito de mesa tem que intervir aquando duma falta. Já tinha tocado, mas as Francesas tinham direito a marcar na mesma o livre. Só que as juízas, não conhecendo as regras, dão por fim a primeira parte.
Lol !
Esquecem de parar o cronometro !
Lol !
Quem deve rir menos é selecção Francesa que teve dois golos limpos anulados e várias expulsões durante o jogo. A Rússia nenhuma !
Um jogo que ficará na história do andebol mundial !
Recapitulando : Parabéns pelo artigo e parabéns pelo vídeo. Graças ao Juary a vitória também teve sotaque Português.
E em tom de provocação : A equipa de andebol do Porto tem que contratar a guarda redes Francesa : Não só defende uma maravilha como também é bem bonita !
E Viva o Porto !
Que coisa fantastica que me deixou arrepiado... lindo esta descrição sobre este grande jogo, parabens ao meu mano Ele consegue nos colocar com as lagrimas nos olhos..
ResponderEliminarUm abraço...
Eu estive em Viena!
ResponderEliminarTal como tinha acontecido três anos antes, em Basileia, também foi em Viena que vivi a final!
Fui cedo, no domingo anterior, e aproveitei para conhecer a bela capital austríaca! No dia do jogo, logo pela manhã, os nossos "adereços" eram, nas ruas da cidade, em número muito inferior aos alemães, mas os locais faziam-nos sentir em casa com os seus incitamentos!
Cheguei muito cedo ao estádio do Prater e fiquei de boca aberta! Era a primeira vez que via um estádio em que as bancadas eram todas cobertas!
Postado num dos topos do estádio, por trás da baliza onde aconteceriam os golos, na companhia de muitos outros portistas, a minha confiança era enorme! Eu sabia que o Porto era melhor que o Bayern e que, por isso, devia ganhar! Perto do meu lugar, um jovem, dos seus 18 anos, dava nas vistas porque mesmo antes do jogo começar não parava de incentivar o Porto. Tentei meter conversa com ele mas não tínhamos nenhuma língua em comum apesar de eu falar várias! Acabei por perceber que era grego, fanático pelo Porto e que tinha ido por terra ver o jogo! Ofereci-lhe um cachecol azul e branco e o seu sorriso ainda o conservo na minha cabeça, tal a alegria que irradiava!
Começou o jogo e o nosso Porto estava demasiado receoso! E como quem tem medo perde, foi o Bayern a fazer um golo por Kogl. Algum desânimo invadiu as bancadas e tenho de confessar que tive receio de ver repetida a final de Basileia. O intervalo chegou com 1-0 e pensei que tinha confiança no Artur Jorge.
Veio a segunda metade e o Porto foi-se a eles! Mais rápido e mais incisivo, os alemães começaram a sentir medo e a recuar na ânsia de segurarem a vantagemn! Mas as dificuldades cresciam para eles! O Rei Artur tira Inácio e Quim para meter Frasco e Juary e o Porto cada vez joga melhor! Vem a jogada fabulosa de Futre, pela direita, e parece que nada vai fazer a bola entrar na baliza de Pfaff. Falta já menos de um quarto de hora e o resultado não se altera! Na bancada portista desespera-se! Mais uma jogada de ataque e a bola vai para Frasco que entra na área e a mete em Juary. O brasileiro, rodeado de adversários, consegue meter para o meio e Rabah Madjer, mesmo à nossa frente, com Pflugler atrás, em vez de fazer o que o defesa espera que seria virar-se para rematar, faz com o calcanhar o golo do empate! Era um calcanhar de génio que, pior que derrotar, humilha os altivos alemães! Por detrás da baliza festejamos rijo! Abraçamo-nos uns aos outros, como se fôssemos amigos de longa data e sentimos que as coisas não iam ficar por ali! Madjer sai para receber assistência e o Porto fica com 10.
Dois minutos depois, o Bayern ataca e Celso recupera a bola. Madjer reentra em campo, no lado esquerdo e o central faz um passe longo para ele. O argelino corre para a área, dirbla Winkellhofer e cruza... Olhamos para o centro e percebemos que Juary vem pelo meio para fazer o golo! A bola de Madjer sobrevoa o desamparado Jean-Marie Pfaff e vai ter com Juary que corre com a velocidade do raio! Por detrás da baliza nem esperamos pelo toque final do Juary para saltar e fazer a festa! É que nada o pode impedir! Juary marca e o Porto fica a 10 minutos de ser campeão europeu! Mas á volta do campo já ninguém tem dúvidas! Ao meu lado, um emigrante nos EUA chora como uma criança e confessa-me que apesar de haver um avião directo para a final, preferiu vir ao Porto para sentir todos os momentos e poder saboreá-los! Estar ali, ter a consciência de estar a sentir um mnomento único na história do clube foi o máximo!
MemóriAs fantásticas, Lucho...
ResponderEliminarViva !
ResponderEliminarNão deixa de ser interessante que ninguém aqui tivesse discutido a decisão do árbito aquando o lançamento lateral que dá o golo do Bayern.
É que a decisão foi um paradoxo. Ao obrigar Jaime Magalhães a recuar, permite ao jogador do Bayern de tomar balnço e de centrar para a área. E foi golo.
Uma decisão injusta ( desonestidade ou incompetência) que acabou, no fundo, por ser favorável ao Porto.
E Viva o Porto !
Fiquei emocionado com este post e com vários dos comentários feitos. Parabéns a todos os portistas e que sorte eu ter tenho de ter vivido este momento.... Que saudades. Após o jogo fomos para os Aliados e depois para as Antas que encheu a superior Sul e Bancada Central. Viu-se passar o avião sobre o estádio e durante a madrugada finalmente chegram os campeõs da Europa. Foi simplesmente inesquecível e o início da época dourada.
ResponderEliminarparabéns Lucho
grande post! emoções a rodos, antes e agora!
ResponderEliminara final vi-a em casa dos meus pais (tinha 12 anos) e não é preciso dizer que tal como os outros, primeiro roi as unhas até ao sabugo, depois berrei como um vitelo (tinha idade para isso) e voltar a roer o que sobrava do sabugo. depois do segundo golo andei a correr pela casa às escuras e amassei a cabeça contra a porta da cozinha :)
Da caminhada vi todos os jogos nas Antas. Da segurança contra o Vitkovice, da escassez do Brondby e dos melhores 30m de sempre (dos 45 aos 75) - dignos do Porto-Lazio das meias da uefa de sevilha.
abraço azul e branco