Se nós, adeptos portistas, achamos que este defeso foi atípico, marcado indelevelmente pela luta pouco ortodoxa pela Champions, numa marcante e desgastante guerra de nervos, tempos houve onde a pré-temporada adquiriu momentos de quase guerra civil, numa titânica luta entre portistas entrincheirados nas suas convicções inabaláveis.
Ficou conhecido pelo Verão quente. Passe o pleonasmo, o Verão de 1980, para as bandas das Antas, foi mesmo infernal. A canícula, habitual nos meses convidativos da praia, teve uma visita inesperada: a das emoções toldadas, com a forte paixão clubista a extremar posições, num clube que vivia sistematicamente acanhado, confortável na sua concha de província.
A direcção do Porto, presidida na altura por Américo de Sá, viu-se a braços com um motim. O motivo, quase como um crime de lesa-majestade, foi a destituição de Pinto da Costa do cargo de director do Departamento de Futebol.
O clube, depois da travessia do deserto, impunha-se a pulso nos territórios habitualmente hegemónicos do sul. Sob a liderança sagaz de Pedroto, o jejum foi quebrado e, com ele, a aparente maldição que impedia, ano após ano, o lançamento do grito de “CAMPEÕES”.
Depois da repetição do êxito de 1977/78, com o bi-campeonato a ser comemorado efusivamente pelos adeptos nortenhos, o ano de 1980 viu o estilhaçar de alguns sonhos, contribuindo para o avolumar de tensões internas. A perda do TRI, sonho acalentado por uma imensa legião de fervorosos crentes, aliada à derrota na final de má memória, na Taça de Portugal, onde sob a égide de César Correia, juiz de campo, os benfiquistas ergueram o troféu maculado, revolutearam os espíritos nas Antas.
Solidários com Pinto da Costa, Pedroto e restante equipa técnica [António Morais, José Mota e Hernâni Gonçalves] foram suspensos preventivamente pelos dirigentes portistas, abrindo uma brecha no aparentemente sólido bloco de interesses corporativos que norteavam a Instituição.
O Zé do Boné, língua acerada e coração ao pé da boca, nunca foi homem capaz de calar as injustiças que via. E, sem falsos moralismos ou hipocrisias bacocas, bradou bem alto:
“Mais uma vez fica provado que Américo de Sá queria entrar na Assembleia da República com a cabeça de Pinto da Costa debaixo do braço, mas em vez disso leva na testa o grande letreiro de traidor”
Pinto da Costa, sentindo na pele o aguilhão das iniquidades, acrescentou mais umas achas para a fogueira, que ardia em lume brando:
“Américo de Sá disse-me que nos teríamos que condicionar a Lisboa…”
Diabolizado na praça pública, Américo de Sá desesperava por apoio. Retrucava nos jornais:
“Pinto da Costa quis ser o dono do Porto, mas a estratégia falhou. Nunca disse que o Porto deveria render-se a Lisboa. O que lhe disse é que não aceitava que o clube entrasse em guerras como aquelas que fizeram Pedroto e Pinto da Costa”
O País assistia, com um sorriso sardónico no rosto, ao ruir de um projecto que já assustava, na altura, o monopólio de títulos dos dois grandes da Capital. Em tom jocoso, os jornais causticavam as atitudes de Pedroto, enfant terrible do futebol português, não lhe perdoando os remoques habitualmente lançados sobre as nebulosas vitórias de Benfica e Sporting.
E assim, com pretensas pancadinhas de amizade nas costas, amparado pelos elogios provenientes de vários quadrantes, Américo de Sá desbaratava de uma assentada o trabalho de sapa encetado, anos antes, pela dupla proscrita. Estabelecido um perímetro de segurança em redor das Antas, Pedroto ficou, à boa maneira do Oeste americano, com a cabeça num cartaz de recompensas. Para o seu lugar, encabeçando o projecto de renovação encetado pela Direcção, chegou um austríaco, Herman Stessl de seu nome.
Tarefa hercúlea, essa de substituir alguém praticamente insubstituível. A mesma ideia teve um grupo de jogadores. 14 deles fizeram as malas e zarparam. Mais do que uma greve de zelo, foi uma afronta “à rendição de alguns directores ao poder concentrado em Lisboa”.
Para que não restassem dúvidas, os dissidentes emitiram um comunicado, também ele de solidariedade e companheirismo para com Pinto da Costa. Os motivos eram facilmente explicados e identificáveis. “Honra, devoção, honestidade de processos e grandeza de carácter”. Assim, de forma simples mas tocante, o mundo do futebol assistia, incrédulo, a um exemplo de tenacidade na defesa de uma mística. A nossa. Assinavam, com orgulho estampado em cada farrapo de tinta, Teixeira, Oliveira, Lima Pereira, Frasco, Simões, Gomes, Freitas, Jaime, Quinito, Octávio, Romeu, Albertino, Costa, Sousa e Tibi.
Mantendo a bitola de profissionalismo que lhes era reconhecida, partiram para Santa Cruz do Bispo, adoptando um regime de autogestão, treinando com afinco, mantendo o nível físico aconselhável a atletas de alta competição. Esperando. Pelo bom senso. Mas este foi afogado, num mar de vinganças mesquinhas e espíritos quezilentos. Coacção e chantagem passaram a ser termos facilmente identificáveis, com os jogadores dissidentes a serem pressionados, para retomarem o seu percurso de Dragão ao peito. Resistiram, mas cederam, por fim. Estávamos em Agosto. A concórdia tinha voltado ao potentado do Norte. Aparentemente. Faltava a “noite dos facas-longas”, o ajuste de contas, com as cabeças de alguns emblemáticos seguidores a serem mostradas à turba, como sinal de apaziguamento. Oliveira rescindiu. Gomes foi vendido. Octávio regressou a Setúbal. Os temores voltaram, em força, à Invicta, com os adeptos tementes de novo período longo de jejum de títulos. O Porto de Stessl ostenta, como coroa de glória, uma Supertaça, a primeira do seu historial, num jogo que coroou Jacques de glória eterna. Chegou-se a 1982. E o que parecia inevitável aconteceu. Pinto da Costa chegou à presidência. Com ele, no comando da equipa técnica, o Zé do Boné, já minado pela doença, mas ainda capaz de colocar nos trilhos o Porto de estatuto europeu.
Ficou conhecido pelo Verão quente. Passe o pleonasmo, o Verão de 1980, para as bandas das Antas, foi mesmo infernal. A canícula, habitual nos meses convidativos da praia, teve uma visita inesperada: a das emoções toldadas, com a forte paixão clubista a extremar posições, num clube que vivia sistematicamente acanhado, confortável na sua concha de província.
A direcção do Porto, presidida na altura por Américo de Sá, viu-se a braços com um motim. O motivo, quase como um crime de lesa-majestade, foi a destituição de Pinto da Costa do cargo de director do Departamento de Futebol.
O clube, depois da travessia do deserto, impunha-se a pulso nos territórios habitualmente hegemónicos do sul. Sob a liderança sagaz de Pedroto, o jejum foi quebrado e, com ele, a aparente maldição que impedia, ano após ano, o lançamento do grito de “CAMPEÕES”.
Depois da repetição do êxito de 1977/78, com o bi-campeonato a ser comemorado efusivamente pelos adeptos nortenhos, o ano de 1980 viu o estilhaçar de alguns sonhos, contribuindo para o avolumar de tensões internas. A perda do TRI, sonho acalentado por uma imensa legião de fervorosos crentes, aliada à derrota na final de má memória, na Taça de Portugal, onde sob a égide de César Correia, juiz de campo, os benfiquistas ergueram o troféu maculado, revolutearam os espíritos nas Antas.
Solidários com Pinto da Costa, Pedroto e restante equipa técnica [António Morais, José Mota e Hernâni Gonçalves] foram suspensos preventivamente pelos dirigentes portistas, abrindo uma brecha no aparentemente sólido bloco de interesses corporativos que norteavam a Instituição.
O Zé do Boné, língua acerada e coração ao pé da boca, nunca foi homem capaz de calar as injustiças que via. E, sem falsos moralismos ou hipocrisias bacocas, bradou bem alto:
“Mais uma vez fica provado que Américo de Sá queria entrar na Assembleia da República com a cabeça de Pinto da Costa debaixo do braço, mas em vez disso leva na testa o grande letreiro de traidor”
Pinto da Costa, sentindo na pele o aguilhão das iniquidades, acrescentou mais umas achas para a fogueira, que ardia em lume brando:
“Américo de Sá disse-me que nos teríamos que condicionar a Lisboa…”
Diabolizado na praça pública, Américo de Sá desesperava por apoio. Retrucava nos jornais:
“Pinto da Costa quis ser o dono do Porto, mas a estratégia falhou. Nunca disse que o Porto deveria render-se a Lisboa. O que lhe disse é que não aceitava que o clube entrasse em guerras como aquelas que fizeram Pedroto e Pinto da Costa”
O País assistia, com um sorriso sardónico no rosto, ao ruir de um projecto que já assustava, na altura, o monopólio de títulos dos dois grandes da Capital. Em tom jocoso, os jornais causticavam as atitudes de Pedroto, enfant terrible do futebol português, não lhe perdoando os remoques habitualmente lançados sobre as nebulosas vitórias de Benfica e Sporting.
E assim, com pretensas pancadinhas de amizade nas costas, amparado pelos elogios provenientes de vários quadrantes, Américo de Sá desbaratava de uma assentada o trabalho de sapa encetado, anos antes, pela dupla proscrita. Estabelecido um perímetro de segurança em redor das Antas, Pedroto ficou, à boa maneira do Oeste americano, com a cabeça num cartaz de recompensas. Para o seu lugar, encabeçando o projecto de renovação encetado pela Direcção, chegou um austríaco, Herman Stessl de seu nome.
Tarefa hercúlea, essa de substituir alguém praticamente insubstituível. A mesma ideia teve um grupo de jogadores. 14 deles fizeram as malas e zarparam. Mais do que uma greve de zelo, foi uma afronta “à rendição de alguns directores ao poder concentrado em Lisboa”.
Para que não restassem dúvidas, os dissidentes emitiram um comunicado, também ele de solidariedade e companheirismo para com Pinto da Costa. Os motivos eram facilmente explicados e identificáveis. “Honra, devoção, honestidade de processos e grandeza de carácter”. Assim, de forma simples mas tocante, o mundo do futebol assistia, incrédulo, a um exemplo de tenacidade na defesa de uma mística. A nossa. Assinavam, com orgulho estampado em cada farrapo de tinta, Teixeira, Oliveira, Lima Pereira, Frasco, Simões, Gomes, Freitas, Jaime, Quinito, Octávio, Romeu, Albertino, Costa, Sousa e Tibi.
Mantendo a bitola de profissionalismo que lhes era reconhecida, partiram para Santa Cruz do Bispo, adoptando um regime de autogestão, treinando com afinco, mantendo o nível físico aconselhável a atletas de alta competição. Esperando. Pelo bom senso. Mas este foi afogado, num mar de vinganças mesquinhas e espíritos quezilentos. Coacção e chantagem passaram a ser termos facilmente identificáveis, com os jogadores dissidentes a serem pressionados, para retomarem o seu percurso de Dragão ao peito. Resistiram, mas cederam, por fim. Estávamos em Agosto. A concórdia tinha voltado ao potentado do Norte. Aparentemente. Faltava a “noite dos facas-longas”, o ajuste de contas, com as cabeças de alguns emblemáticos seguidores a serem mostradas à turba, como sinal de apaziguamento. Oliveira rescindiu. Gomes foi vendido. Octávio regressou a Setúbal. Os temores voltaram, em força, à Invicta, com os adeptos tementes de novo período longo de jejum de títulos. O Porto de Stessl ostenta, como coroa de glória, uma Supertaça, a primeira do seu historial, num jogo que coroou Jacques de glória eterna. Chegou-se a 1982. E o que parecia inevitável aconteceu. Pinto da Costa chegou à presidência. Com ele, no comando da equipa técnica, o Zé do Boné, já minado pela doença, mas ainda capaz de colocar nos trilhos o Porto de estatuto europeu.
[nota do administrador: estejam atentos, muito atentos no decorrer da próxima semana... e nem adianta perguntar!]
Paulo em primeiro lugar é preciso dizer que Américo de Sá foi um grande presidente do F.C.Porto.Numa altura difícil, muito difícil, mesmo, onde não havia tudo que existe agora e ninguém se queria candidatar a presidente do F.C.Porto, A.de Sá, numa histórica Assembleia Geral no Teatro Sá da Bandeira deu um passo em frente e tomou conta do Clube, repito numa altura muito difícil.
ResponderEliminarDepois também como Presidente construiu o Pavilhão e fechou a maratona com a arquibancada, para aç´lém de entregar o futebol a Pinto da Costa e a Pedroto.
A política, maldita política, nos tempos pós Revolução, fizeram com que ele tomasse atitudes que a maioria dos portistas - eu incluido - condenou e que veio a dar origem ao Verão Quente. Acompanhei na altura os treino sno campo do Inatel em Pereró e nas matas de S.Cruz. Mais tarde P.da Costa ultrapasou os problemas e deu o nome do anterior Presidente ao Pavilhão.
Resumindo : um grande Presidente que, infelizmente, por questões políticas, viria a borrar a pintura.
Um abraço
Fantástico.
ResponderEliminarÉ para mim gratificante ler tudo isto q aqui escreveste. E com uma qualidade sublime.
Voltar a 1980 e recordar tudo isto... Grandes homens tinha o nosso Porto, liderados já por JNPCosta.
Já o anterior presidente Af.Pinto de Magalhães receava afrontar Lisboa tal como A.Sá...
Obrigado Paulo.
E se puderes traz mais uns capítulos da década de 80, aquela em q eu me apaixonei por completo por este mágico emblema.
Haverá alguém na blogosfera azul e branca com capacidade para elaborar um artigo como este?
Ao nível do nosso Paulo Pereira só o Zé Luís do Pdbancada.
Abraço
Só mais uma coisa, não deixem de ver os 2 vídeos deste post... Imagens da época 77/78 acompanhadas com 5 minutos de golos relatados pelo nosso bem conhecido GOMES AMARO. E no outro vídeo várias imagens do saudoso Pedroto.
ResponderEliminarUma história mal contada!
ResponderEliminarEsta "versão" dos acontecimentos, muito ao gosto de Pinto da Costa, tem a desvantagem de faltar à verdade e de forma que salta à vista!
Na verdade, não houve qualquer destituição de Pinto da Costa! O que aconteceu é que havia eleições e eras preciso fazer a lista. Pinto da Costa era, na altura, se não estou em erro, Vice-Presidente para o futebol. Recusou o convite que Américo de Sá lhe fez durante meses e só depois dele ter convidado para o lugar Luis Teles Roxo (grande dirigente que mais tarde o próprio Pinto da Costa viria a chamar para o futebol!) é que o actual Presidente passou a querer aceitar. Perante a recusa de alteração Pinto da Costa veio a público a dizer que Américo de Sá estava vendido a Lisboa e deu-se o Verão quente em que Pinto da Costa e um funcionário do clube, José Maria Pedroto, lideraram o afastamento dos jogadores.
A meu ver, essa "revolta" de alguns jogadores teve muito mais a ver com o "ego" de Pinto da Costa que com alguma causa verdadeira e substantiva!
Dos jogadores, creio que todos voltaram com excepção do Oliveira que Pinto da Costa andou até a oferecer ao Sporting e que acabou no Penafiel nessa temporada e no Sporting na seguinte!
Foi um tempo em que se viam portistas a querer que o FCP perdesse! Pela minha parte, como acho que o clube é muito mais importante que seja que pessoa for, sempre estive com o clube e com as pessoas que estavam à frente dele! As que lutavam para que o clube ganhasse!
Tenho um enorme respeito por Pinto da Costa e por tudo o que fez no clube, mas não posso esquecer o que se passou nesse tempo em que pôs o seu ego muito acima dos interesses do FC Porto!
Vila PoucA,
ResponderEliminarSei da importância k Américo de Sá teve no Porto e o artigo não pretendeu, de forma nenhuma, diabilizar a figura do presidente de então, apesar de ela se ter tornado pouco consensual...
Mas lá está, num grande clube como o nosso as divergências são sanadas e ultrapassadas, como o atesta o nome de Américo de Sá no Pavilhão...
Lucho,
És, sem dúvida, um exagerado de todo o tamanho:)
Na medida do possível, trarei alguns episódios dessa década que viu surgir o Porto emancipado.
Abraço,
Eu acho piada a este patriotismo todo, somos todos portugueses, o v. guimarães deve ganhar e passar...TRETAS. Onde é que estava o patriotismo do vitória de guimarães quando tentou com todas as forças excluir o fcporto da champions, onde está o patriotismo quando depois da uefa ter decidido que o fcporto ia participar, mesmo assim ainda foram tentar inverter o processo. Pra mim espero que a eleminatória fique decidida no primeiro jogo e que o vitória não passe e seja excluído da champions, não era o que eles queriam fazer ao fcporto??? A culpa disto tudo é dos dirigentes do vitória e não dos jogadores, mas como tudo sofre o justo pelo pecador. Força Porto vamos trazer mais uma champions para casa.
ResponderEliminar-----------------------------
outra coisa... MARIANO convocado pa azul celeste..
Nao percebo qual é o espanto do Mariano ter sido convocado, só quem é cego ou não percebe de futebol é que acha que o Mariano não vale nada...
Ele é um grande jogador metam na cabeça e abram os olhos, querem jogadores que joguem bem do noite para o dia depois da em 4 lugar...
Não precebo admiração por o Mariano ir a selecção, se nos tivemos o Ricardo durante 6 anos na baliza de Portugal. e vamos ver quantos mais..
O "craque AIMAR" da luz ficou de fora..... talvez numa próxima...
Antes da observação ao Aimar, ainda faltam ser convocados: Tomás Costa,Benitez,Farias e Bolati.
um bem HAJA...
ATE DIA 31... pa mais uma visita a MARROCOS CITY...
dRAGÃO 13,
ResponderEliminarAs fontes consultadas e a memória do meu pai, com tudo o k possam ter de subjectivo, não corroboram a tua versão...
Compreendendo que cada um fará os seus juízos de valor, sempre fui um aficcionado por conhecer os meandros, os pormenores, as histórias, de décadas passadas deste clube glorioso...
O artigo não pretendeu, como referi, atingir quem quer que fosse. Américo de Sá tem o seu nome perpetuado nos anais da história azul e branca. A bem. E a mal. Não pretendo, de nenhuma forma, entrar numa discussão sobre o "bem" ou o "mal", como se isto fosse algo bíblico. Não tenho, felizmente, uma visão dicotómica do Mundo...
Pelo que sei, pelo que li, não me parece que a história que aqui trago esteja, como dizes, "mal contada". É a minha versão. Para mim, está correcta. Podes ou não concordar, como parece ser o caso mas discordo em absoluto dessa ideia de transformar Américo de Sá num cordeiro beatífico, atraiçoado pela manigância e sede de poder de Pinto da Costa.
Um reparo: PC não era vice de coisa nenhuma. Chefe do Departamento de Futebol, era o cargo que desempenhava e onde, a par de Pedroto, travou violentas batalhas na imprensa, nunca do agrado do presidente portista.
A gota de água, julgo eu, terá sido a realização de um particular da Selecção, 2 ou 3 dias antes de um importante jogo portista, com Mario Wilson, inimigo ancestral de Pedroto, a convocar provocatoriamente atletas azuis. A reacção do Zé do Boné, sempre lesto a defender os interesses da sua dama, foi brutal. Incisiva. Contundente. E, ao que dizem, provocou ondas de indignação na "rapaziada" de Lisboa. Américo de Sá, deputado, ficou com as orelhas a arder. Achou que o Porto clube deveria ter uma postura mais cordata. E foi abrir a caixa de Pandora...
Esta é a minha história, pincelada como disse com muita leitura, memórias minhas desbotadas (10 anos de idade não ajudavam)e a normal ajuda do progenitor, dragão convicto.
Gostaria de saber como funciona o novo/recente conceito do Dragon Tour, por vezes falado no OJOGO. Tem site ou é so no Dragao? É so para socios? Como funciona? Qualquer informação, é favor comunicar.
ResponderEliminarCumprimentos portistas
A história está bem contada e só falta dar ânfase ao seguinte:
ResponderEliminarNa época, segundo veio nalguma imprensa e sem desmentidos, foi o Freitas do Amaral que impôs que o Porto baixasse a cabeça à capital do império, COM O QUE J. NUNO PINTO DA cOSTA NÃO ESTEVE DE ACORDO... Não admira, vendo à distância, que o benfiquista Freitas do Amaral, manhoso e mentiroso (como a biografia que escreveu sobre D. Afonso Henriques comprova...) fizesse o que se sabe, todo prazenteiro...!
Armando Pinto
O Lucho tem razão, Américo de Sá quis estar de bem com o Poder de Lisboa -no fundo ele estava com um pé no Clube e outro no Partido em que militava, já na altura o "Freitas/pai do parecer encomendado" exigia muito dos seus filiados relativamente a Lisboa- e pedia contenção aos travessos e irrequietos Pinto da Costa e Pedroto...Em Setenta e picos como agora, passados que são 30 e muitos anos...Há sempre os que acham que a cidade do Porto tem que se submeter a Lisboa e também existem -e não são poucos, valha-nos- os que não pensam assim, nem pouco mais ou menos.
ResponderEliminarEsta segunda forma de estar, levou a que fôssemos Campeões Europeus e Mundiais, de outro modo, estaríamos agora muito satisfeitos em conquistar ou disputar, de vez em quando, uma Taça de Portugal!
Claro que os Portuenses -e são muitos- que pendem para o Benfica ou para o Sporting, acham perigosos os que tentam lutar sem medo por um lugar de equidade seja com quem fôr, mas isso não nos surpreende pois não?... Vejam o "trabalho sujo" feito e desenvolvido por outro homem do Porto vendido a Lisboa, Rui Rio! -Entretém-se com os Ralis da Boavista e os Vôos entre as Pontes e com esse cansaço todo, com essa azáfama anual(uff!) fica tadinho "xeio de xono"...para o resto do ano.
Chamou-me a atenção uma foto em que aparecem, Oliveira, Pedroto, Morais e Pavão(?)...
Faltou dizer que, no meio disso tudo, A. Sá até convidou para o camarote das Antas, num célebre jogo em que o FCP foi prejudicado a olhos vistos(...), o então candidato presidencial Soares Carneiro, apoiado pela AD de que Freitas do Amaral (lider nesse tempo do CDS a que A. Sá pertencia), dizia, era um dos cabeças...
ResponderEliminarNo 1º vídeo o último golo relatado pelo Gomes Amaro é o golo do empate frente ao Benfica (ademir) nos últimos instantes da partida q acabou por decidir o título de 78, 19 anos após o último...Foi um estrondo monumental nas Antas!!!
ResponderEliminarMuitos parabéns ao autor deste post.
ResponderEliminarPovo que não tem memória, não tem futuro!
Quando alguns espertos, cópia destes Américos, falam de fotocópias de Pinto da Costa, e dizem que isto não é uma guerra, mas "dormem" com o inimigo, temos de passar a ser suficientemente atentos paraa que não apareça outro "apologista" da submissão a Lisboa.
Sou o sócio 664 do clube, o que deixará perceber da muita história que vivi, e que actualmente justifique que tenha apenas uma preocupação:
ajudar a encontrar uma fotocópia de PC!
Deus o torne eterno!
Gostaria também, ainda, de acrescentar que o que se passou nesse período mexeu muito comigo, por ver o mal que foi feito ao meu Porto... a pontos de, eu que nesse tempo era colaborador do jornal "O Porto" (onde escrevi com alguma regularidade desde 1974 até 1980), então até deixei de escrever para esse antigo órgão semanal do F. C.Porto, devido a ter sido censurado o (que foi) o último artigo enviado por mim para o referido periódico do Porto.
ResponderEliminarAgora interesse é desmascarar esse tal Freitas Amaral, antiPortista (apesar de nortenho, mas virado ao sul), que sempre foi e é um oportunista, como se comprova pelo seu percurso político, correndo quase todos os quadrantes conformes os interesses... e o resto do que se sabe...
Paulo Pereira:
ResponderEliminarO nosso presente... construiu-se num passado, em tudo idêntico aos tempos de hoje.
Obrigado por esta prosa SOBERBA!!
Meu Caro Paulo Pereira:
ResponderEliminarJá entendi que aquilo que aqui trouxeste é mais do que te contaram do que o que tu viveste! A verdade é que existem episódios relacionados com esta história que, além de serem pouco edificantes, também foram votados ao esquecimento!
Sócio do Porto há muitos anos, com 27 de vida nessa altura, as minhas lembranças são pessoais e daquilo que, na altura, tentei ver e entender!
Se calhar, a verdade do episódio, um muito triste episódio da vida deste clube, nem interessa muito agora! As coisas passaram e estão, felizmente, enterradas!
Apenas uma coisa te quero dizer: não quis fazer de Américo de Sá o "santinho da história" como não faço "santinhos da história" de absolutamente ninguém! A vida mostrou-me que nunca há os "bons" dum lado e os "maus" de outro! Geralmente há bons e maus misturados em todos os lados de cada história!
Um abraço (des)portista do
Dragão13
Viva !
ResponderEliminarSó comento agora porque o tempo me tem escapado.
Grande artigo Paulo Pereira. Como estes seriam precisos, quanto a mim, muitos mais.
Não só ilustras a história como autorizas debate.
Dás a entender que o Porto é debate e,logo, vida !
Fantástico !
Penso que textos assim seriam ainda mais necessários. Pena é que fosse em tempo de férias onde há menos leitores.
Se, materialmente, podes, Paulo Pereira, há que continuar !
E Viva o Porto !
Reparem nas imagens do 2º Vídeo: -A primeira faz-me lembrar as divulgadas pelo hastear da bandeira "maçónica" em Iwo Jima!...Salvaguardadas as devidas distâncias e circunstancialismos. O Clint Eastwood ou o Emir Kusturica deviam ver esta série e fazer daqui um filme épico! Aliás o segundo, já prometeu algo do género, esperemos que não se esqueça.
ResponderEliminarTambém eu vivi esse célebre Verão de 80 com uma grande angústia porque dividiu o Porto. Com 14 anos de idade, confesso que me preocupava muito mais o falhanço do tri (e aí houve muita culpa de Pedroto e de PC) quando na penúltima jornada fomos à Póvoa (e eu estive lá) e não passamos do 0-0 com o Varzim num jogo que tínhamos de ganhar e que nada fizemos para isso. É certo, que, ao mesmo tempo, o Sporting ganhava em Guimarães com um muito suspeito autogolo de Manaca, lo a seguir contratado pelos lagartos. E, essa derrota, é que provocou o Verão quente de 80 e a saída de Pedroto e PC. Pelo que sei, e foi dito por João Rocha e não desmentido por PC, este quis vender-lhe o Oliveira para o Sporting mas eles na altura não quiseram. Ao mesmo tempo despacharam o Gomes para o Gijon e isso foi muito FEIO. Por isso, e porque mantenho a memória, digo que Jorge Nuno PINTO DA COSTA é o melhor presidente do MUNDO e, talvez, INSUBSTITUÍVEL mas fez coisas muito más nesse Verão. Por outro lado, ele próprio quis dar o nome de Américo de Sá ao Pavilhão para homenagear alguém que juntou, pela primeira vez, Pinto da Costa e Pedroto para quebrar a hegemonia de Lisboa.
ResponderEliminarComo, para mim, o mais importante é o Futebol Clube do Porto, bem haja Dr. Américo de Sá, José Maria Pedroto (onde quer que estejam, no outro mundo, sempre a torcer pelo Porto), bem haja Jorge Nuno Pinto da Costa e um grande bem haja para todos os portistas e lembremo-nos de que esse episódio negro, transformou o Porto bi-Campeão Nacional no Porto Penta-Campeão, Campeão da Europa e Campeão do Mundo.
Força Porto a caminho do tetra