25 de Abril sempre

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O Tône andava preocupado.
Deveras preocupado.
Então não era que o vice-presidente do seu clube andava na mira da bófia.

Ora tal vice era assim pró alto e corpulento e tinha até sido conhecido, no seu anterior emprego, pelo número de sopapos que distribuía.
Constava até que tinha mesmo sido um sopapo mais mediático que o tinha levado a pedir a demissão.
Trocou então os sopapos pela tv, pela escrita e tentou mesmo um dueto com um advogado muito conhecido pelo bradar às armas nos meios futebolísticos.
Mas como parece que tal dueto cedo desafinou decidiu então dedicar-se tb. às coisas do futebol onde após uma candidatura á presidência falhada se sucedeu, sucessivamente e com sucesso, uma vice.
Não de sabe bem como mas ficou conhecido como alguém que controlava o presidente, o jardineiro, o guarda-roupa, os jogadores, as claques e até os porteiros das discotecas do burgo.
Dizia-se até (mas isto nem o Bino acredita...) que nas deslocações de avião da sua equipa fazia questão e acompanhar os... árbitros.
E além de perito em minas e armadilhas tinha até uma componente artística onde mandava decorar murais tanto com sujeitos de mãos abertas e estendidas como com girassóis amarelos.

Mas então porque é que o Tône andava preocupado? - Perguntam vocês.
É que um dia este vice mandou um seu empregado, que estava de férias no Funchal, a uma agência de um Banco da mesma cidade efectuar um depósito de uns quatrocentos contos e o raio do empregado enganou-se na conta.
E como se não bastasse um engano ainda se equivocou na morada de envio do comprovativo. Foi directamente para a caixa postal do próprio presidente.
E ainda como não há dois sem três a conta onde tal quantia foi depositada era de um Sr. juiz de linha que, por mero acaso, iria arbitrar o seu clube.

Mas então e afinal porque é que o Tône andava preocupado? - Perguntam vocês, já bastantes irritados.
Acalmem-se que eu respondo.
É que nem ele próprio sabe porque finalmente o despertador tocou e ele teve que acordar.
Mas, ainda meio adormecido, não conseguiu evitar um sorriso de troça.
-Ufa!!! Imagina se era com o Pinto da Costa.

Nota final: Este bitaite é uma obra de ficção acontecida em um qualquer 25 de Abril.
A foto, apesar de verde, é apenas e também uma foto de um qualquer 25 de Abril.
Acredita quem quer.
Factos, pessoas e situações narradas não aconteceram nem existiram, qualquer semelhança com a realidade é mera coincidência.
Os pormenores eventualmente chocantes dizem respeito a outros campeonatos onde os árbitros voavam sozinhos, não existiam enganos nas contas dos depósitos bancários e onde os jogos se resolviam dentro do campo.
O autor é pacato, tem cabelo branco e utiliza, na sua escrita, óculos na ponta do nariz. Não demonstra sinal visível de dotação para a arte da escrita, não percebe de futebol mais do que o simples comentador de café e ainda espera, sentado, pela informação se a devolução de tal depósito efectuado por engano foi já pedida.