Uma questão de capacidade…

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Imaginemos a seguinte ilustração. Dois alunos na mesma turma, com os mesmos professores. Imaginemos que um deles tem um QI de 200 e o outro tem um QI de 100. O aluno com o QI de 200 farta-se de ser indisciplinado com os professores, estuda pouco, falta às aulas e frequentemente envolve-se em escaramuças com os colegas, sendo muitas vezes considerado o mau da fita. O aluno com o QI de 100 é esforçado, farta-se de estudar, é o menino bonito dos professores, sendo bajulado pelos colegas, no fundo é considerado o santinho da turma. Depois, no final do ano, o aluno com o QI de 200 chega aos exames nacionais e tira notas acima de 18 em todas as disciplinas. Apesar de toda a sua indisciplina, o raio do rapaz é inteligente, apreende tudo facilmente nas vezes em que vai às aulas, e bastam-lhe 2 ou 3 dias de estudo para cada disciplina para ele tirar grandes notas. Por seu lado, o aluno com o QI de 100, apesar de todo o esforço e bajulação por parte de colegas e professores, estuda semanas a fio para os ditos exames nacionais, mas depois no final de contas não passa do 16 em todas as provas que faz.

Mas para que raio serve esta ilustração “escolar”, estarão vocês a perguntar neste momento? Pois bem, muita gente, inclusivamente Portistas, tem questionado como é possível o FC Porto estar em 1º lugar no campeonato, faltando-lhe apenas 4 vitorias para selar o bi-campeonato. Para mim, é tudo uma questão de capacidade inata (algo relativamente ao qual não se pode fugir). Sim, é verdade que ao longo da época, o FC Porto tem sido muito inconstante, com vários problemas e episódios que nada têm a ver com o espírito do clube.

Mas a grande verdade é que o FC Porto tem a melhor estrutura e os melhores jogadores. Não é politicamente correto falar-se bem da estrutura num ano destes, mas eu estou-me nas tintas para o que é ou não politicamente correto. Sim, eu acredito piamente que há poucos clubes no mundo com a estrutura do FC Porto. Temos um presidente genial, uma SAD que por mais defeitos que tenha, é a mesma SAD que nos permite ter ao longo dos anos os melhores jogadores, que nos garantem a total hegemonia interna e ainda muito sucesso internacional. Sim, é a mesma SAD tão criticada por tantas coisas, mas caramba, é a mesma SAD que contrata Hulks, Falcoes, Moutinhos, James, etc, etc. É a mesma SAD que também contribuiu decisivamente para a ENORME época que o FC Porto teve o ano passado. Tem-se muito a demagógica mania de em grandes épocas elogiar apenas Pinto da Costa, ignorando a restante estrutura, e de em épocas menos boas, criticar imenso a estrutura, ilibando Pinto da Costa do insucesso. Não! Pinto da Costa é o homem forte da estrutura, mas a restante estrutura também existe nos bons e nos maus momentos.

No fundo, o tal rapaz com o QI de 200 representa fielmente o FC Porto da presente época. Indisciplinado, inconstante, mas na hora da verdade (os tais exames nacionais), diz presente, porque simplesmente é melhor que todos os outros, que são muito bem comportados e esforçados, mas que não têm a capacidade inata que também é preciso ter nas alturas de decisão.

Em duas alturas da época, o FC Porto demonstrou mesmo ter uma grande equipa. Foi pena que tivesse sido apenas em duas ocasiões, mas efectivamente foram situações que me deram um gozo tremendo em ver de volta o grande FC Porto. Aquilo que o FC Porto fez, quer no galinheiro, quer em Braga, foi uma demonstração inequívoca de força. Foi um FC Porto personalizado, imponente e dominador. Dois jogos em que o grande FC Porto esteve de volta e que se arrecadaram 6 pontos que podem ser preciosos na luta pelo título.

O futuro? Faltam 4 jogos. Estamos a 4 vitórias do título. Estou agora mais confiante. Há apenas algo que me deixou um desconfortável sentimento de desconfiança. Aquilo que o sr. homónimo do ministro da economia fez, não se admite. Fico-me por aqui. Espero que a mesma estrutura que aqui elogiei neste texto, resolva eficazmente o sucedido. Porque se há coisa que me habituei a ver no FC Porto é DISCIPLINA!!! Seja feito o que tiver de ser, para que situações daquelas não aconteçam mais.