Preparar o “tri”

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Tive uma educação católica, apesar de não ser crente, mas parece que é este ano que começo a crer que há milagres que podem acontecer. Não me peçam, porém, para acreditar que coisas destas extraordinárias podem voltar a suceder. Eles ainda “acraditam”, apesar das vaias pouco católicas ao Jesus e da choradeira contra o Vieira, mas nós é que estamos a um passo de ser campeões. Não é brincadeira, mesmo tendo no banco um treinador chamado Vítor Pereira. É por isso que, com o “bi” quase no bolso, é o “tri” que já está a começar a ser preparado.

Anuncia-se uma verdadeira razia no plantel na próxima época. Uma revolução que deverá, ou melhor, terá mesmo que começar pelo banco, com a saída de um treinador que só ainda o é hoje, porque ganhou aquele jogo em Donetsk e porque está no clube em que está, com o presidente que tem. Diziam-me, no final do ano passado, que o próximo que aí vem chama-se Jardim, mas não é Alberto João, apesar de ambos serem da esplêndida ilha da Madeira. Hoje, porém, os tempos são outros, o cenário mudou e diz-se por aí que se acendeu outra luz para Jardim, lá para os lados de Carnide, onde parece terem-se fartado de dizer “ámen” a Jesus. O que pode muito bem significar que lá para entre Maio e Junho se perspectiva o primeiro duelo da época com os lampiões, nos bastidores do mercado de treinadores. Se a tradição se cumprir, é aqui que começamos a ganhar o “tri”.

Não é, porém, esta a questão que mais me assusta, até porque começo a acreditar cada vez mais na lógica daquilo que começou por ser uma piada – se nós até com este somos campeões, no próximo ano vamos experimentar com um macaco. O que me preocupa verdadeiramente é a debandada geral que vai haver no plantel. São oito os jogadores que estão na porta de saída. Na defesa, Sapu é quase certo, tal como Rolando e Álvaro Pereira. Otamendi, também dificilmente conseguiremos segurar. No meio campo, Fernando tem muitos tubarões com ele debaixo de olho e prepara-se para dar nome a um dos mais extraordinários negócios da história do clube, depois de ter custado meia dúzia de tostões. E ainda há Moutinho, que muito dificilmente aceitará ver mais uns outros a sair por valores abaixo das cláusulas, como se andou a queixar no início desta época.

No ataque, Hulk é carta fora do baralho e verá cumprida a saída que lhe foi prometida com muitos milhões como contrapartida. E Varela tem muitas probabilidades de regressar ao estrangeiro para fazer o contrato da carreira. É um ciclo que se fecha. Um ciclo que tivesse sido continuado pelo nosso antigo treinador que hoje está desempregado poderia perfeitamente ter terminado numa meia-final ou mesmo na final da Champions, a fazer lembrar 2004. É a vida, eles vêm, ganham e vão, nós ficamos e continuamos sempre a ganhar.

Nas alas resta James que ficará, pelo menos, mais um ano e Iturbe, que tem que explodir quando tiver um treinador a sério. Outros mais virão. O sucessor de Fernando já foi encontrado na Holanda. Lucas Piazón, do São Paulo, uma das estrelas mais promissoras do futebol brasileiro é um sonho que parece que se tentou tornar realidade, mas tem meia Europa atrás dele. Ganso, do Santos, também está na lista. E da América do Sul deverá chegar ainda o goleador que andamos a chorar durante esta época. Rumo ao "tri".