http://bibo-porto-carago.blogspot.com/
As bandeiras desfraldadas nas varandas e nas antenas dos carros, o Zé povinho envergando o belo do equipamento comprado nos chineses. Os ajuntamentos de multidões de Norte a Sul do país coladas aos ecrãs gigantes. As conversas de café sobre os falhanços do Postiga e os penteados do Ronaldo. As horas a fio gastas pelas televisões generalistas e do cabo com os inúteis directos da Ucrânia só para dizer que os jogadores tinham acabado acordar, os programas que de dia e de noite repetiam o mesmo e sempre o mesmo. A insuportável excitação nas redes sociais com “posts” de exaltação momentânea do orgulho nacional. A masturbação colectiva nacional demorou, mas acabou. Finalmente.
Este nacional parolismo em torno da selecção provoca-me sempre terríveis e profundas náuseas. É um sacrifício enorme ter que viver neste país durante estas alturas de campeonato europeu ou mundial em que o povinho se junta para ter em uníssono orgasmos múltiplos sempre que há um jogo da selecção. Este ano, porém, o país bateu-se no fundo. Com estrondo. E comunicação social, claro está, foi na enxurrada e, porque os tempos são de crise para todos, tem que dar ao povo o que ele gosta – ou o que supostamente ele gosta. Durante um mês, a história era sempre a mesma. Ligava a RTP e lá estavam o porco do Gobern a dar palpites, mudava para a SIC e tinha o camelo do Rita e o “Brilhantina men” a ladrar, sintonizava à TVI e tinha que levar, imaginem até, com o demente do Octávio Machado. Como se não bastasse, o zapping chegava aos canais de informação das TV generalistas do cabo e mais cromos havia a falar sobre aquilo... Porra! Se isto tivesse durado mais uns dias, confesso que ia tentar a sorte ao Conde Ferreira para pedir que me internassem só para não ter que sujeitar os olhos e os ouvidos a estas fastidiosas e saloias manifestações.
Tal como no passado já aqui escrevi, não tenho qualquer tipo de apreço pela equipa que a comunicação social insiste em dizer que é de todos nós. “Jogámos bem”, “ganhámos”, “tivemos” azar... A conjugação do verbo na primeira pessoa do plural sempre que o assunto versa sobre a equipa que veste de vermelho e verde incomoda-me de sobremaneira. Para mim, “eles” são a selecção, “nós” somos o Porto.
Quer eles ganhem, quer eles percam é, portanto, para o lado que durmo melhor. Já não sou capaz de me identificar com a mentalidade destes gajos que são vistos como heróis valentes só porque chegaram a uma meia-final de um Europeu. Eles quase ganharam o Europeu em 2004, quase ganharam à Alemanha, em 2006, quase ganharam à Espanha, em 2012. São a equipa do quase, como os dois clubes de lá debaixo, que estiveram quase a ganhar o campeonato, estiveram quase a ganhar a Champions, a Taça de Portugal ou a Liga Europa, mas no fim não ganharam absolutamente nada – perdão, uns ganharam a Eusébio Cup e a Taça da Liga, esses troféus de reconhecido prestígio mundial.
A verdade é que eles, a selecção, não ganharam nada, mas foram recebidos no aeroporto pelos parolos da capital como se tivessem ganho tudo. Por momentos, fizeram-me lembrar os pobres lagartos que depois de terem sido eliminados pelo 10.º classificado da Liga Espanhola tiveram uma recepção na Portela como se tivessem ganho aquilo que nunca ganharam. Mas pior do que tudo isso, é ter visto o povo no Marquês de Pombal a festejar uma vitória nos quartos-de-final sobre a toda-poderosa República Checa. Este Portugal é surreal.
Este nacional parolismo em torno da selecção provoca-me sempre terríveis e profundas náuseas. É um sacrifício enorme ter que viver neste país durante estas alturas de campeonato europeu ou mundial em que o povinho se junta para ter em uníssono orgasmos múltiplos sempre que há um jogo da selecção. Este ano, porém, o país bateu-se no fundo. Com estrondo. E comunicação social, claro está, foi na enxurrada e, porque os tempos são de crise para todos, tem que dar ao povo o que ele gosta – ou o que supostamente ele gosta. Durante um mês, a história era sempre a mesma. Ligava a RTP e lá estavam o porco do Gobern a dar palpites, mudava para a SIC e tinha o camelo do Rita e o “Brilhantina men” a ladrar, sintonizava à TVI e tinha que levar, imaginem até, com o demente do Octávio Machado. Como se não bastasse, o zapping chegava aos canais de informação das TV generalistas do cabo e mais cromos havia a falar sobre aquilo... Porra! Se isto tivesse durado mais uns dias, confesso que ia tentar a sorte ao Conde Ferreira para pedir que me internassem só para não ter que sujeitar os olhos e os ouvidos a estas fastidiosas e saloias manifestações.
Tal como no passado já aqui escrevi, não tenho qualquer tipo de apreço pela equipa que a comunicação social insiste em dizer que é de todos nós. “Jogámos bem”, “ganhámos”, “tivemos” azar... A conjugação do verbo na primeira pessoa do plural sempre que o assunto versa sobre a equipa que veste de vermelho e verde incomoda-me de sobremaneira. Para mim, “eles” são a selecção, “nós” somos o Porto.
Quer eles ganhem, quer eles percam é, portanto, para o lado que durmo melhor. Já não sou capaz de me identificar com a mentalidade destes gajos que são vistos como heróis valentes só porque chegaram a uma meia-final de um Europeu. Eles quase ganharam o Europeu em 2004, quase ganharam à Alemanha, em 2006, quase ganharam à Espanha, em 2012. São a equipa do quase, como os dois clubes de lá debaixo, que estiveram quase a ganhar o campeonato, estiveram quase a ganhar a Champions, a Taça de Portugal ou a Liga Europa, mas no fim não ganharam absolutamente nada – perdão, uns ganharam a Eusébio Cup e a Taça da Liga, esses troféus de reconhecido prestígio mundial.
A verdade é que eles, a selecção, não ganharam nada, mas foram recebidos no aeroporto pelos parolos da capital como se tivessem ganho tudo. Por momentos, fizeram-me lembrar os pobres lagartos que depois de terem sido eliminados pelo 10.º classificado da Liga Espanhola tiveram uma recepção na Portela como se tivessem ganho aquilo que nunca ganharam. Mas pior do que tudo isso, é ter visto o povo no Marquês de Pombal a festejar uma vitória nos quartos-de-final sobre a toda-poderosa República Checa. Este Portugal é surreal.
Finalmente .. já não sinto que sou o único a pensar assim..
ResponderEliminarTexto muito triste. Experimenta viver uns anos fora do país e pode ser que percebas o sentimento.
ResponderEliminarExperimenta ver muitos chineses com a camisola da selecção a ver os jogos a altas horas da madrugada e pode ser que percebas.
Entretanto fica lá com o teu fanatismo parolo
O texto está perfeito!
ResponderEliminarÉ mesmo isto. Parabéns!
Não contribuo para esse parolismo que se vê aqui no nosso Portugal mas tb não sou tãio radical. Vejo os jogos e torço pela selecção.
ResponderEliminarSe fico em êxtase como com o FC Porto, é evidente que não. Nem podia, não se ganha nada;)
Identifico-me com parte do texto, compreendo tb que quem esteja fora de Portugal sinta mais a selecção.
Mas afinal onde está o Hulk?
ResponderEliminarAida está no FCPorto???
VALE MILHÔES mas ninguem os quer dar, talvez venham alguém do Qatar oferecer os ditos MILHÔES, para salvar as contas
Mais um brilhante texto, Farpas. Venho aqui só para o poder ler. Subscrevo integralmente, carago!
ResponderEliminarAbraço.
Pois é, realmente só devemos apoiar as equipas que ganham. Os outros são parolos, então aqueles irlandeses é que são uns idiotas por cantarem e apoiarem uma equipa que levou abadas. Quem apoiava o FCP antes de ganhar títulos também era grande parolo então...
ResponderEliminarEnfim, mais um texto infeliz do mesmo autor... Ao menos nisso é coerente.
Sobre a seleção já teci alguns comentários anteriormente...mas,em resumo...não os considero o orgulho da Nação e muito menos defensores da Pátria mas pareçe que são o elo mais importante que une os emigrantes ao seu País...não,meus amigos não são a família,as raízes ou mesmo os negócios que os ligam à Pátria...é a seleção...caramba pessoal a seleção de futebol Nacional é nada mais nada menos que um clube que só pode participar em encontros para o campeonato do mundo,da europa e jogos particulares...os emigrantes que gostam de futebol evidentemente que nestes campeonatos apoiam o clube que representa o seu País...quem não gosta de futebol nem lhe passa cartão...ou acham que por verem o ronaldo,o nani ou o Rolando que isso lhes cria uma empatia com a terra que os viu nascer...tal como em Portugal existe quem goste e apoie a equipa Portugal e existe quem não lhe passe cartão
ResponderEliminarÉ a minha opinião.
Ah...meu caro farpas desta vez foi um pouco mais fraco.lololol...abraço
"Somos um país de tristes e pequeninos ( se calhar por ainda existirem muitos mouros). Então anda o povinho a festejar a chegada ás meias-finais! Porque? Garantimos que somos das 4 melhores selecções da Europa! Mas esta merda e pra festejar? Aqui à tempos foram esperar uma equipa ao aeroporto por ter perdido uma meia-final da Liga Europa, mas eu como Portista só estou habituado a festejar as vitórias , por isso estes festejos,para mim não fazem qualquer sentido. Deixem-se de coisa e vamos festejar no final se formos campeões." Publiquei isto no dia em que Portugal venceu essa super potencia que é a R.Checa. Acho que as nossas opiniões não diferem muito uma da outra.
ResponderEliminarBoa noite,
ResponderEliminarBOA FARPAS
FARPAS DIGNAS DE RAMALHO E EÇA
Cumprimentos
Eu sou sincero. Para mim a seleção é ter um ou vários jogadores que me digam algo enquanto de azul-e-branco...
ResponderEliminarVi os jogos, torci por ela, e aqui ou noutros lados, traduzi o nacional-parolismo do Farpas pela "benfiquização" da seleção!
Quanto á indignação de alguns comentários, sobretudo dizendo respeito a emigrantes, deixem-me vos dizer, amigos que tambem eu me sinto indignado nos meses de Julho e Agosto de ver PORTUGUESES, falarem francês uns com os outros no velho estilo do "Michel viens ici, seu filho da puta..."
Felisberto Costa